Rio vive caos em hospitais com falta de médicos e cirurgias sem data

Carolina Farias

Colaboração para o UOL, no Rio

José Lucena/Futurapress/Estadão Conteúdo

  • Emergência do Hospital Federal de Bonsucesso tinha apenas um médico na última terça

    Emergência do Hospital Federal de Bonsucesso tinha apenas um médico na última terça

A dor nas pernas faz a auxiliar de escritório Iná Mendes, 57, andar com dificuldade. Há sete anos ela teve uma hemorragia nas varizes das pernas que causa dor e incômodo. Paciente há cinco anos do Hospital Federal de Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro, ela ouviu do médico semana passada que está apta para fazer a cirurgia, mas não sabe quando vai conseguir.

A unidade, referência em cirurgia vascular de média e alta complexidade, tinha fila própria para cirurgias, mas vai mudar de especialidade. Seus pacientes serão remanejados para outra unidade e irão para uma fila única com todo Estado, por conta de uma reestruturação dos hospitais federais proposta pelo Ministério da Saúde na semana passada.

A rede federal tem seis hospitais e três institutos de referência no Rio de Janeiro. Os hospitais são responsáveis por cerca de um milhão de atendimentos anualmente, entre consultas, emergência e cirurgias. No entanto, os últimos meses foram marcados por denúncias do Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio) sobre a falta de médicos, de insumos e a superlotação.

O Ministério da Saúde já anunciou que não renovará contratos temporários --um quarto dos profissionais de saúde dos hospitais (3.226) é terceirizado.

Em meio à crise, a pasta contratou ainda consultoria do Hospital Sírio-Libanês e anunciou que tornará os hospitais unidades especializadas para ampliar em 20% o atendimento em oncologia, ortopedia e cardiologia.

Marcello Casal Jr./Arquivo/Agência Brasil

Em abril, o Cremerj encontrou 53 pacientes internados em Bonsucesso, mais que o dobro da capacidade estabelecida em acordo com o MPF

Espera incerta por cirurgia

Com a mudança, os pacientes vasculares do Hospital de Ipanema passarão a ser atendidos no Hospital Federal da Lagoa, também na zona sul. O governo alega que a unidade de Ipanema faz seis cirurgias por semana e 25 atendimentos ambulatoriais por médico por semana e que na Lagoa se faz mais com uma equipe similar.

Farei um exame de risco cirúrgico dia 14 de agosto, com o cardiologista, e uma consulta dia 26 e ia marcar a operação. Mas não sei mais como vou ficar. Agora que consegui, vem a notícia que o governo cancela a clínica vascular. Como a gente fica?"

Iná Mendes, que mora em Magé (a 70 km do Rio)

"Não tenho convênio. Se eu for para o fim da fila vou perder as esperanças", disse a paciente.

O chefe da cirurgia vascular de Ipanema, o cirurgião Felipe Murad, rebate o argumento do governo federal. "As cirurgias são proporcionais ao número de médicos, enfermeiras e salas cirúrgicas. Me dá salas que damos mais números de cirurgias. Uma cirurgia de alta complexidade pode levar o dia todo. Na Lagoa só operam quatro dias da semana, vão levar mais salas para lá?", questiona o cirurgião, que está na unidade de Ipanema há oito anos.

Ele alega que a medida é danosa aos pacientes e não é para melhorar o atendimento, mas para fazer economia.

"É uma tentativa de mascarar a coisa real, que é economia e desassistência da população. Eu tenho seis médicos na equipe e perdi um porque não renovaram o contrato. Em agosto e setembro são mais dois que terão contrato vencido. Não sabemos para qual unidade a equipe vai", afirmou Murad.

Paulo Carneiro/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Funcionários do Hospital de Andaraí prostestaram no dia 29 contra a reestruturação

Redução de médicos

A não renovação de contratos com médicos afeta também a população que depende do setor de emergência do Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte. Por conta da proximidade com a avenida Brasil, artéria que corta a zona norte até a região oeste carioca, a unidade recebe moradores de todas as áreas da cidade e da Baixada Fluminense.

Na semana passada, somente um médico atendia na emergência do Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte do Rio. A reportagem esteve na terça-feira (27) na unidade e ouviu das recepcionistas que os pacientes procurassem outras unidades porque o único médico do plantão daria prioridade aos internados na enfermaria do setor.

Quem optou por esperar lotou a sala de espera do serviço pela manhã. Elpídia Moura Sayão, 98, era uma delas. Portadora de Alzheimer e com sangramento intestinal, ela esperou mais de uma hora por atendimento.

"Não tem médico e ela está sentindo muita dor. Temos que esperar", disse Sandra Sayão, antes de a mãe ser atendida.

No dia anterior, um paciente diabético, que estava com dores na região dos dedos amputados dos pés, esperou seis horas para ser atendido e ficou internado.

Mesmo reclamando de muita dor, ele só foi atendido às 13h e chegou às 7h. Ele pediu para almoçar porque às 15h estava com muita fome. Recebeu pão, água e suco de laranja."

Acompanhante do paciente, que não quis se identificar

A situação leva apreensão àqueles que precisam da emergência do hospital, como é o caso de Rosemeire Cruz, filha de Alzemira Vicenzo da Cruz, 80, que sempre recorre ao atendimento por conta de seu debilitado estado de saúde.

"Minha mãe tem problemas sérios nos rins e teve um AVC. Não podemos ficar sem essa emergência", afirma Rosemeire, que mora com a mãe em Duque de Caxias, na Baixada.

Segundo Ministério da Saúde, o setor de emergência do hospital em Bonsucesso atendeu 17.841 pessoas ano passado. O órgão não explica porque a emergência está somente com um profissional de plantão.

Um dos motivos de os hospitais federais em Bonsucesso, de Ipanema e outros serem procurados é a qualidade no atendimento, ressaltada pelos pacientes.

"Fiz a cirurgia oftalmológica aqui e foi ótima. Os médicos e equipamentos são bons. A gente vê que faltam algumas coisas, mas eles fazem o que podem", disse uma paciente que não quis se identificar.

Sucateamento e falta de materiais

A falta de insumos e condições de trabalho nos hospitais federais são as principais queixas das entidades das classes de médicos e servidores.

"Um tomógrafo não funciona e outro está parado há seis meses. Falta medicamento para quimioterapia nessa unidade e na de Andaraí. Aí vem o ministério falar em redefinição?", exclamou o presidente do Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro), Nelson Nahon.

Segundo ele, os problemas dos hospitais federais passam pela falta de investimentos no setor.

"Ano passado, pedimos ao ministro (Ricardo Bastos) um gabinete de crise e ele recusou. Tem que haver dinheiro novo e ele disse que não terá. Aí em maio ele apresenta o Sírio Libanês e diz que a situação foi levantada em 15 dias. A realidade é diminuir custos reduzindo atendimento. Quem está pagando é a população desassistida e os profissionais de saúde que vivem pressões e estresse", desabafou Nahon.

A situação é ainda agravada por conta da precarização da rede estadual de saúde. O hospital estadual Pedro Ernesto reduziu os leitos de internações em junho. Em situação normal são 512 leitos, aproximadamente 150 mil atendimentos ambulatoriais entre consultas e exames e 2.000 cirurgias por mês. Por conta da crise, atualmente há apenas 200 leitos em funcionamento e, segundo a direção, o número de cirurgias deve cair para entre 70 e 80 ao mês.

"Faltam trabalhadores, medicamentos, funcionários, não abrem concurso e dizem que os hospitais não são eficientes. Salvamos vidas. Brigamos por saúde e atendimento", afirma Luiz Henrique dos Santos, diretor do Sinsprev-RJ (Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Trabalho e Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro).

Pedro Ladeira/Folhapress

Ministro da Saúde, Ricardo Barros

Ministério nega corte de custos e atendimentos

O Ministério da Saúde nega que tenha reduzido o investimento com os hospitais do Rio de Janeiro.

A previsão de gasto para 2017 com a manutenção e os insumos das unidades é de R$ 673,8 milhões. Em 2015 foram R$ 510,5 milhões e ano passado foram R$ 547,91 milhões. Somente com os salários de funcionários e corpo médico, a estimativa para este ano é de R$ 1 bilhão – o órgão não informou o gasto com RH de anos anteriores.

O ministério afirma que a reestruturação não vai alterar o atendimento já agendado dos pacientes e não vai suspender as cirurgias marcadas. A previsão de migração das filas cirúrgicas dos hospitais para a fila única é de dois meses. Segundo o órgão, as posições nas filas são judicializadas e os pacientes graves não serão prejudicados.

Na próxima quinta-feira (6), o Cremerj vai se reunir com outros conselhos regionais para lançar um manifesto em defesa da saúde pública no Estado.


UOL Notícias

Defesa de Temer ataca acusação de Janot em 11 capítulos

Documento com quase cem páginas será entregue pelo criminalista Antônio Claudio Mariz de Oliveira nesta quarta-feira, 5, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara

Fausto Macedo, Julia Affonso e Luiz Vassallo


Michel Temer. Foto: NIlton Fukuda/Estadão

Inexistência de provas de corrupção, ausência de conexão com a Operação Lava Jato, falta de autenticidade do áudio da conversa do empresário Joesley Batista com Michel Temer, ilicitude de gravação ambiental clandestina no Jaburu e um desafio aberto ao procurador-geral da República Rodrigo Janot para que prove em que circunstâncias o presidente teria recebido propinas da JBS formam a coluna central da linha de argumentos da defesa do peemedebista, a ser protocolada nesta quarta-feira, 5, na Câmara.

+ Leia a denúncia de Janot contra Temer


+ Ninguém está fora do alcance da lei, avisa Janot após denúncia contra Temer

+ Janot reage a Temer e diz que denúncia é baseada em ‘fartos elementos de prova’

Entre 15hs e 16 hs, o criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado de Temer, entrega a defesa ao presidente da Comissão de Constituição e Justiça, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB/MG).

É um documento de quase 100 páginas, dividido em onze capítulos que buscam fulminar ponto a ponto a acusação formal da Procuradoria-Geral da República contra o presidente. Perante o Supremo Tribunal Federal, Rodrigo Janot, chefe do Ministério Público Federal, atribui ao peemedebista corrupção passiva no caso JBS.

Mariz ataca inicialmente o ‘açodamento” dos investigadores. “Foi aberto um inquérito sem sequer haver verificação da gravação (da conversa de Joesley com o presidente). Pediram inquérito e o ministro (Edson Fachin, relator do caso no STF) foi logo deferindo. Houve açodamento tanto do Ministério Público como do ministro que, sem maiores verificações, e monocraticamente, autorizou a investigação”, questiona o advogado.

+ ‘Poderíamos concluir que os milhões não fossem unicamente para o assessor de confiança do procurador-geral’

+ Mariz desafia Janot a provar propina da JBS para Temer

“Mostramos a inexistência de provas de corrupção passiva. A prova toda é baseada em gravação ilícita e contaminou todos os demais elementos. Mesmo que assim não fosse, considerando-se como correta, como em ordem a gravação, mesmo assim, não encontra nenhum elemento que comprometa o presidente da República”, sustenta Mariz.

“Não há nenhum indício na gravação da conversa do presidente (com Joesley Batista, da JBS) que mostra que o presidente cometeu o crime de corrupção passiva”, crava o advogado.

Os argumentos da defesa serão levados a todos os parlamentares que compõem a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. O relator da denúncia contra Temer, escolhido nesta terça-feira, 4, é o deputado Sergio Zveiter (PMDB/RJ).

ÁUDIO: Ouça Temer e Joesley da JBS

O ponto central da defesa segue a partir da página 11 (‘considerações críticas sobre a denúncia’) e da 23 em diante, um desafio a Janot para que prove em que circunstâncias, quando, onde e por qual meio Temer recebeu propina de Joesley.

Segundo o procurador, a mala preta com R$ 500 mil que o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB/PR) pegou de um executivo da JBS na noite de 28 de abril tinha como real destinatário o presidente.

Outro ponto crucial, na avaliação de Mariz, é a ‘falta de autenticidade da gravação’ da conversa do presidente com Joesley na noite de 7 de março no Palácio do Jaburu.

O advogado põe em xeque o áudio. Para Mariz, a gravação foi editada – versão sustentada por Temer desde que o caso veio à tona, na Operação Patmos, deflagrada em 18 de maio.

Neste ponto, o documento divide-se em três itens, que abordam, respectivamente, o laudo do perito Ricardo Molina – contratado pela defesa -, ‘as posições de outros peritos’ e o laudo do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal.

+ Procuradoria investiga se homem da mala furou a fila da tornozeleira

A defesa indica, ainda, o que classifica de ‘ilicitude decorrente de gravação ambiental clandestina’. No curso da Operação Patmos, a JBS gravou reuniões do executivo Ricardo Saud – diretor de Relações Institucionais da J&F – com o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB/PR) em que foi acertado o pagamento de propinas do grupo.

Loures, aliado de Temer, também é acusado de corrupção passiva na mesma denúncia que será analisada pela CCJ da Câmara. Ele ficou preso durante 28 dias em Brasília.Agora está solto, sob monitoramento de tornozeleira eletrônica.

A defesa de Temer aponta para a ‘inadmissibilidade de aceitação de prova ilícita no processo penal’, referindo-se ao que chama de ‘gravação ambiental clandestina’ – aqui incluída a gravação de Joesley no Jaburu, supostamente orientado pelos investigadores.

Para Mariz, os métodos adotados pela Procuradoria caracterizam ‘violação às garantias da intimidade e da vida privada’.

O advogado invoca ‘a posição do Supremo Tribunal Federal sobre a licitude das gravações clandestinas de conversa própria’. E, ainda, aponta para a violação das garantias do silêncio, contra a autoincriminação e do devido processo legal’.

À página 71, a defesa aborda ‘o conteúdo da conversa gravada’. À página 75, indica ‘reflexos da ilicitude no conjunto probatório’.

A partir da página 80, o criminalista fala da ‘impropriedade dos quesitos formulados pela autoridade policial’. O presidente recusou-se a responder as 82 perguntas que lhe foram enviadas pela Polícia Federal. Mariz afirma que as indagações foram ‘invasivas’, de caráter pessoal e muitas fora do período de Temer na Presidência.

Na 86, considerações de Mariz sobre ‘a ausência de conexão com a Operação Lava Jato’ – aqui, o criminalista anota que o ministro Fachin não poderia atuar como relator da Operação Patmos, que mira o presidente.

A partir da 92, o criminalista faz considerações sobre a delação premiada – expediente que ele condena, especialmente no caso de Joesley que, em troca de perdão total, denunciou o presidente.


Estadão

O vazio do triplex e do sítio alvos da Lava Jato

MPF acusa Lula de ter sido presenteado com imóveis como forma de propina; petista nega

José Maria Tomazela, Gilberto Amendola e Rafael Cicconi, ESPECIAL PARA O ESTADO, O Estado de S.Paulo


Embora sejam separados por mais de 150 quilômetros, o sítio de Atibaia e o triplex do Guarujá estão unidos por um destino. As duas propriedades atribuídas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Ministério Público Federal (MPF) estão vazias, sem uso. No caso do sítio, foi-se o glamour das visitas presidenciais e o cheiro de churrasco. Já no Condomínio Solaris, o apartamento 164-A está trancado, sem perspectiva de ocupação – e o edifício inteiro parece ter se “desvalorizado”.

Vizinhos do sítio comentam que o local já não tem o brilho de quando era frequentado pela família de Lula. “Não tem vindo mais ninguém aí, a não ser vocês da imprensa. O último acontecimento foi quando a Polícia Federal entrou e revistou tudo”, disse a vizinha Ana Lúcia Farias da Silva.

Naquele dia – em 4 de março do ano passado –, os agentes pediram à sobrinha dela, Marina, que fosse testemunha das buscas. “Foi a única vez que alguém da família entrou lá. Depois, até os churrascos pararam. Antes, a gente via fumaça e sentia o cheiro de carne assada”, disse. Pernambucana, Ana Lúcia conta que gostaria de ter visto Lula ali para agradecer pela aposentadoria, como agricultora, que conseguiu em seu Estado. “Vinha sempre um carro com vidros ‘filmados’, diziam que era ele.” Hoje, o acesso ao sítio, por estrada exclusiva, está às moscas, disse outra vizinha, a auxiliar administrativa Roberta Kubota.

Gerente de uma padaria próxima, Gesuldo Gomes disse que a ex-primeira-dama Marisa Letícia, já falecida, parava o carro na porta, mas não entrava. “Era sempre outra pessoa, uma empregada, que comprava pão, cerveja e refrigerante. Ela ficava no carro, com o vidro abaixado, fumando.”


Hoje, quem passa em frente ao sítio já pode observar sinais de abandono na entrada. Algumas pranchas da ponte de madeira que dá acesso ao portão apodreceram. O interfone ainda funciona, mas apenas na quarta tentativa o caseiro Élcio Pereira Vieira atendeu à chamada. Ao ser informado de que se tratava de reportagem, afirmou que não há ninguém na propriedade a não ser ele. “Não posso permitir a entrada sem autorização do proprietário”, disse.

Questionado se o proprietário é Lula, como diz o MPF, respondeu: “Que eu saiba o dono aqui é Jacó Bittar (ex-prefeito de Campinas e amigo de Lula).”

A reportagem entrou em contato com o escritório Toron Advogados, que atua em nome de Bittar, e foi informada de que o advogado Alberto Zacharias Toron é o único que fala sobre o assunto, mas ele está em férias. O advogado Ary Bergher, que defende Jonas Suassuna, disse que seu cliente não é dono do Sítio Santa Bárbara, mas do Sítio Santa Denise, uma propriedade contígua, com outra matrícula.

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Imagens atuais de triplex e sítio de Atibaia que podem incriminar Lula


Em um sítio vizinho – local de onde o Estado fez as fotos –, foi possível observar que os jardins estão com mato alto. Os dois pedalinhos em forma de cisne ainda estão em um dos lagos. Mas não se veem animais, como os pavões ou as galinhas que eram presas de gambás, conforme relatado pelo caseiro em e-mail enviado ao Instituto Lula que consta da denúncia. O MPF acusa Lula de ser dono do imóvel, supostamente adquirido com dinheiro desviado da Petrobrás. Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, da Lava Jato, o petista negou ser dono da propriedade.

O triplex. O Condomínio Solaris, na Praia de Asturias, no Guarujá, ainda resiste como ponto turístico involuntário. Não é raro ver alguém apontando o celular para o prédio com o firme propósito de tirar uma selfie – tendo “o triplex do Lula” como cenário. Os mais ousados chegam a tocar o interfone e fazer perguntas ao porteiro: “É dele mesmo?”

Na tarde desta sexta-feira, 30, uma família da Bahia estacionou sua picape bem na frente do edifício. Do carro, desceram seis pessoas. “Somos fãs do Lula. Meu pai é nascido na cidade de Caculé, no interior. Antes do Lula o lugar não tinha nem iluminação”, contou o empresário William de Lima, de 47 anos. Mas nem todos os curiosos param para demonstrar apoio. “Estou fotografando porque também é meu. Foi feito com dinheiro que roubaram do povo”, disse uma mulher que preferiu não se identificar.

Segundo moradores e funcionários, o triplex está fechado, com acesso bloqueado e sem nenhuma perspectiva de ocupação. Após a exposição do caso, o prédio passou a ser considerado um “mico” por corretores imobiliários da região – o valor de um apartamento comum (não um triplex) caiu de R$ 700 mil para R$ 550 mil e não há quase procura.

Em um voo de drone feito pela reportagem do Estado, foram notados dois trabalhadores na área próxima ao triplex. Como o edifício está em reforma, dois homens foram vistos dentro do limite do apartamento e logo depois pularam para a unidade ao lado. A assessoria de imprensa da OAS afirmou que o apartamento está fechado, mas que, eventualmente, funcionários podem entrar na área externa para trabalhos de reforma.

Questionada sobre a reforma, a assessoria do Instituto Lula disse desconhecer a obra e afirmou que o ex-presidente não é dono do apartamento. Nas alegações finais, a defesa do petista informou que o imóvel, desde 2010, é de propriedade de um fundo gerido pela Caixa Econômica Federal. A sentença pode sair a qualquer momento.


Estadão

Produção industrial do Brasil sobe 0,8% e tem melhor maio em 6 anos

Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira


RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A indústria brasileira mostrou expansão de forma generalizada e cresceu mais do que o esperado em maio, no melhor resultado para o mês em seis anos mas que pode não prosseguir por causa da forte turbulência política que atingiu o governo do presidente Michel Temer.

Em maio, a produção industrial subiu 0,8% sobre abril, melhor desempenho para o mês desde a alta de 2,7% em 2011, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (4). Na comparação anual, o avanço foi de 4%, mais forte desde fevereiro de 2014 (4,8%).

Ambos os resultados ficaram acima das expectativas em pesquisa da agência de notícias Reuters com economistas, de alta de 0,6% na variação mensal e de 3,05% na base anual.

"Há nitidamente uma melhora de ritmo da indústria com duas altas seguidas que repõem a perda de março (de 1,6%). Houve um perfil disseminado de aumento da produção, mas ainda estamos longe de recuperar o que se perdeu", avaliou o economista do IBGE André Macedo. No acumulado em 12 meses até maio, a produção tem queda de 2,4%.

Alta em 17 de 24 ramos

Em maio, todas as categorias apresentaram ganhos, com destaque bens de consumo duráveis (6,7%) e bens de capital, um indicador de investimento, com avanço de 3,5% na comparação com abril.

Entre os 24 ramos pesquisados pelo IBGE, 17 deles tiveram aumento de produção, sendo a maior influência positiva a alta de 9% registrada por veículos automotores, reboques e carrocerias, devido em grande parte à maior fabricação de automóveis e caminhões. Esse resultado foi o mais forte para esse segmento desde dezembro de 2016 (10,4%), segundo o IBGE.

Apesar da melhora em abril e maio, a produção industrial pode ainda sofrer revés diante as incertezas políticas que assolam o Brasil, após delações de executivos do grupo J&F que atingiram Temer em meados de maio, e elevaram os temores de que a reforma da Previdência possa não ser aprovada no Congresso Nacional.

"É importante lembrar que até maio as coisas iam bem para a indústria, mas a pesquisa não captou ainda esse momento conturbado do país que se agravou em junho", completou Macedo.

Indício disso veio do índice de confiança da indústria medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que em junho interrompeu série de três altas e caiu para o menor nível em quatro meses.


Reuters e UOL Economia


Rio de Janeiro vive caos em hospitais públicos com falta de médicos e cirurgias sem data


Relator de denúncia contra Temer foi "juiz de tapetão"

Em 1999, Zveiter era presidente do STJD e comandou procedimentos que salvaram o Botafogo do rebaixamento


Fies vai descontar 30% do salário de recém-formado

Governo vai anunciar novas regras mais duras para quem precisa de empréstimo para pagar a faculdade



Viagens de avião no Brasil têm 1ª queda em dez anos

Em 2016, 109,6 milhões de pessoas viajaram de avião; em 2015, recorde histórico, foram 117,7 milhões


Prisão enterra planos políticos de Geddel na Bahia em 2018

Ex-ministro do governo Temer se preparava para disputar vaga no Senado no ano que vem


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Time gaúcho bateu o Godoy Cruz por 1 a 0 na Argentina e avança com empate no próximo jogo



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Operação precisa resistir às pressões dos políticos interessados em acabar com investigações


USP aprova cotas raciais e sociais para vestibular

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Homem que ameaçou queimar juíza pega 20 anos de prisão

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CNJ quer imagens de crianças em cadastro de adoção

Ideia é chamar atenção dos interessados para crianças que são ignoradas na fila da adoção


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EUA dizem na ONU estar preparados para usar força contra Coreia do Norte

A embaixadora Nikki Haley disse que o seu país está preparado para agir militarmente contra a Coreia do Norte se for preciso

Nikki Haley disse que o seu país está preparado inclusive para agir militarmente contra a Coreia do Norte se for precisoFoto: Andrew Gombert/EPA/Agência Lusa

Saiba Mais

A representante dos Estados Unidos junto às Nações Unidas, embaixadora Nikki Haley, disse hoje (5), em uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU que o seu país está preparado para agir militarmente contra a Coreia do Norte se for preciso. Segundo ela, os norte-coreanos estão “rapidamente se fechando para qualquer possibilidade de uma solução diplomática” e afirmou que os EUA devem apresentar nos próximos dias uma proposta de resolução com novas sanções contra aquela nação asiática.
A reunião do Conselho de Segurança foi convocada emergencialmente após a Coreia do Norte ter lançado ontem (4) um míssil balístico intercontinental que atingiu o mar do Japão. O porta-voz do Pentágono (sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos), Jeff Davis, afirmou que esse é o primeiro míssil desse tipo lançado pelos norte-coreanos.

Segundo especialistas, esse míssil representa um novo padrão de ameaça, já que poderia atingir lugares mais distantes, como a Austrália, o Havaí e até mesmo o Alaska, nos Estados Unidos. A Coreia do Norte afirmou que o foguete tem capacidade de carregar uma grande ogiva nuclear.

Recado à China
Durante a reunião, a representante dos Estados Unidos afirmou que o seu país poderá interromper as trocas comerciais com nações que não respeitem as sanções impostas à Coreia do Norte pelo Conselho de Segurança da ONU. A mensagem pode ser um recado para a China, já que o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou hoje por meio de mensagens no Twitter que os chineses teriam aumentado o seu comércio com a Coreia do Norte em quase 40% no primeiro trimestre deste ano.
O representante da China no Conselho de Segurança, Liu Jieyi, disse na reunião que o lançamento norte-coreano é inaceitável e uma flagrante violação das resoluções da ONU. Já o representante russo disse que a possibilidade de ação militar deve ser excluída e que sanções não irão resolver a questão.

Numa ação conduzida como resposta ao lançamento do novo míssil norte-coreano, o Pentágono informou que os Estados Unidos e a Coreia do Sul realizaram hoje (5) exercícios militares conjuntos no litoral sul da península coreana.


Agência Brasil



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“A POLÍTICA DEMOCRÁTICA É FEITA DE CONTRAPESOS ENTRE FORÇAS DE REPRESENTANTES, MANIFESTANTES E ELEITORES”!

(Angela Alonso, professora de sociologia da USP - Caderno Ilustríssima - Folha de S. Paulo, 02) 1. Diagnóstico, prognóstico e engajamento são bem diferentes. Querer é uma coisa, fazer é bem outra. O paradoxo some quando se distinguem três níveis de participação política: o do eleitor, o do político profissional e o do ativista.
2. O eleitor escolhe mandatários da forma mais simples, democrática e econômica já inventada, a de depositar voto na urna. Delega seu poder. Um representante o exercerá em seu nome, mediante remuneração, para que possa seguir seus ofícios e rotinas —assistir a aulas, operar doentes, dirigir ônibus. Na normalidade democrática, esta é a via preferencial da maioria das pessoas, na maior parte do tempo.
3. Este nível tem por contraparte uma carreira própria para gestão da vida pública. Os políticos são os que se dedicam a entender e representar anseios, valores e interesses tão difundidos quanto disputados na sociedade. E a discutir, negociar e implementar saídas para os problemas comuns. Este trabalho custa recurso escasso que o cidadão pouco se dispõe a despender com assuntos coletivos: o tempo.
4. Terceiro nível da política fica no meio do caminho. Trata-se do ativismo organizado. A abstração um indivíduo/um voto empana o fato de que todo mundo é membro de associações de interesse, grupos de status, comunidades de valores. Cada um tende antes a defender a comunidade concreta a que pertence a se bater por causas abstratas. E mesmo as bandeiras mais tangíveis não são brandidas por indivíduos avulsos, mas por lobbies de elites sociais (ou, eufemisticamente, grupos de "advocacy") e em manifestações de movimentos sociais. É a via do engajamento e da pressão: empurrar profissionais da política a agir em favor de coletividades específicas.
5. Apenas nas grandes crises a maioria de indivíduos desengajados larga o sofá. Mas não fica muito na rua. Seu ativismo é episódico. Logo a política perde de novo para a rotina. Quem descobre na política sua vocação, acaba por adotá-la por profissão, seja em movimentos sociais, no espaço público, seja disputando cargos eletivos, nas instituições.
6. Os três níveis não se intercambiam, tampouco se excluem. Ao contrário. Sem o eleitor (daí a importância do voto obrigatório), a política seria apenas de conluios entre grupos de interesse e políticos profissionais. Nela teriam exclusividade os mais organizados, os mais bem relacionados, os mais endinheirados.
7. De outro lado, se excluídos ativismo e "advocacy" em nome de coletividades sociais específicas, a distância entre cidadãos e instituições seria abissal em sociedades de milhões de pessoas. Por fim, sem políticos profissionais, que acumulam experiência ao longo de carreira específica, a gestão da vida pública ficaria à mercê de aspirantes tendentes a inventar regras "ab ovo", como se não houvesse aprendizado coletivo.
8. Tudo isso é óbvio, mas prudente repetir nestes tempos em que abundam sugestões mágicas e membros de elites sociais —empresários, militares, juízes— autodeclarados "não políticos" pleiteiam os primeiros postos do país. O próprio Datafolha lançou dois desses à Presidência, já que nenhum deles se declarara candidato. Sergio Moro negou a candidatura, mas Joaquim Barbosa se apresenta de esfinge: "Estou mais para não ser". Não quer dizer que não será.
9. A política democrática é feita de contrapesos entre forças de representantes, manifestantes e eleitores. Cabe aos elementos da equação controlarem-se uns aos outros. A democracia não carece de salvadores da pátria para sobreviver. Ao contrário, eles costumam sabotá-la.


Ex-Blog do Cesar Maia


Defesa de Temer ataca acusação em 11 capítulos

Documento será entregue pelo criminalista Antônio Claudio Mariz de Oliveira hoje na CCJ

Relator da denúncia diz ter 'independência'

Deputado Sérgio Zveiter, do PMDB, afirma que não está pensando 'em eleitor', mas no Brasil

O vazio do triplex e do sítio alvos da Lava Jato

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Ministério Público Federal defende permanência na prisão de ex-ministro de Temer para 'interromper continuidade delitiva'



Aécio retorna ao Senado e se diz inocente

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) voltou ao Senado na terça-feira e reafirmou sua inocência. Ele negou ter recebido propina do dono da JBS, Joesley Batista.

CCJ do Senado aprova PEC que muda forma de escolha de ministros do Supremo

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou hoje (5) uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que muda a regra para escolha de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e institui mandato de 10 anos.

Pelo texto aprovado, os novos ministros passam a ser escolhidos pelo presidente da República a partir de uma lista tríplice, como já ocorre atualmente em outros cargos, como o de procurador-geral da República. O texto aprovado é um substitutivo à PEC 44/2012.

A lista será elaborada por um colegiado composto pelos presidentes do STF, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Tribunal Superior do Trabalho (TST), do Superior Tribunal Militar (STM),  do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); e ainda pelo procurador-geral da República e pelo defensor público-geral federal.

Não podem figurar na lista pessoas que, nos quatro anos anteriores à indicação, tenham exercido mandato eletivo, atuado como ministro, procurador-geral da República ou advogado-geral da União. Além disso, o texto estabelece um novo critério de escolha, o de que o indicado tenha pelo menos 15 anos de atividade jurídica. Atualmente, os critérios incluem notório saber jurídico e reputação ilibada.

Mandato

A PEC modifica ainda o tempo de permanência dos ministros no cargo. Atualmente, uma vez aprovada a indicação do ministro, ele fica no cargo até completar 75 anos. Pelo texto, eles passarão a ter um mandato de 10 anos, sem recondução.

A PEC vai tramitar a partir de agora no plenário do Senado, onde precisará ser votada em dois turnos. Se for aprovada, seguirá para análise da Câmara dos Deputados.


Agência Brasil

FHC defende atuação do Judiciário: quem é que vai pôr ordem na casa?

Do UOL, em São Paulo

Ernesto Rodrigues/Folhapress

Em meio a decisões judiciais que definem prisões ou libertações de políticos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) defendeu o Judiciário em vídeo publicado em seu perfil na rede social Facebook na manhã desta terça-feira (4). "Ou nós aceitamos que há regras e há o Judiciário ou então quem é que vai pôr ordem na casa?".

Decisões recentes de diversas instâncias da Justiça provocaram discussões entre políticos e integrantes da sociedade e também do Judiciário. O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello, por exemplo, liberou o retorno de Aécio Neves (PSDB-MG) ao Senado. Aécio é acusado de ter pedido propina à JBS. O presidente Michel Temer criticou a denúncia feita pela PGR (Procuradoria Geral da República) da qual é alvo, qualificando-a como inepta.

Na Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus defensores são críticos ao trabalho do MPF (Ministério Público Federal) e consideram o juiz federal Sergio Moro parcial. Mais recente, a prisão do ex-ministro de Temer Geddel Vieira Lima por atrapalhar investigações também foi criticada por seus aliados.

Segundo FHC, a Justiça é um marco em qualquer democracia". "[Ela] Tem regras, prazos, princípios e tem divergências e interpretações", avalia. "Nem sempre o resultado de uma decisão de um Judiciário me agrada ou agrada a quem estava me ouvindo".

Para ele, o juiz quando é consciencioso, "ele vai tomar em consideração o sentimento que está predominando na sociedade". "Mas não pode ir nem contra fatos ou contra o texto da lei", disse.

"Então, isso nos coloca, como estamos hoje, em uma certa perplexidade. Nós, às vezes, achamos que a Justiça errou. Pode ser que tenha errado, mas nós temos que obedecer. O norte é a Constituição", concluiu.

FHC: NÓS, ÀS VEZES, ACHAMOS QUE A JUSTIÇA ERROU
Leia a íntegra do pronunciamento de FHC:

"Em toda democracia, nós temos que acreditar que as instituições estão funcionando. Nós temos que fazer com que elas funcionem. A Justiça é um marco em qualquer democracia. E a Justiça tem regras, tem prazos, princípios. E tem divergência, interpretações. Ela se presta a interpretações.

Portanto, não podemos pensar que a Justiça vai funcionar nem como cada um de nós quer nem de uma maneira automática, matemática. Ela tem aí uma certa margem de manobra.

Nem sempre uma decisão do Judiciário me agrada ou agrada que está me ouvindo. Agora, ou nós aceitamos que há regras e há o Judiciário ou, então, quem é que vai pôr ordem na casa?

É claro que a opinião pública participa desse processo e tem que participar. Ela também toma partido. E, em certa medida, o juiz quando é consciencioso, ele, ao interpretar o texto da lei, ele vai tomar em consideração os sentimentos que estão predominando na sociedade. Mas ele não pode ir nem contra fatos nem contra o texto da lei.

Então, isso nos coloca, como estamos hoje, em uma certa perplexidade. Nós, às vezes, achamos que a Justiça errou. Pode ser que tenha errado, mas nós temos que obedecer. O norte é a Constituição".


UOL Notícias