Pelo menos 63 seguidores do regime sírio de Bashar Al Assad morreram
nas últimas 24 horas em combates contra o grupo Estado islâmico. Os
confrontos ocorreram no leste da província central de Hama, segundo
informou hoje (21) o Observatório Sírio de Direitos Humanos.
A
organização não governamental assinalou que os jihadistas lançaram um
ataque contra postos de controle e posições das forças do governo na
zona de Sheij Hilal, em Hama, com o objetivo de cortar uma das linhas de
aprovisionamento das autoridades. Representantes do Estado Islâmico
informam que o número de mortos é indeterminado.
Conforme
o Observatório, o número de pessoas executadas pelo Estado Islâmico nas
províncias de Deir Ezzor, Homs e Damasco subiu para 13. Três homens
foram crucificados e decapitados por tentarem se entregar ao governo
sírio. Outros dois foram executados a tiros por espionagem e insultos a
Deus. Outros cinco foram decapitados e três jovens mortos também por
espionagem.
Ontem (19), a mesma organização, com ampla rede de
ativistas no local, anunciou que 70 efetivos governamentais morreram em
confrontos contra o Estado Islâmico desde a noite de quarta-feira (18).
As
mortes ocorreram em Sheij Hilal e Al Sujna, na província central de
Homs. O Estado Islâmico iniciou o ataque em áreas rurais de Homs e Hama,
depois das derrotas sofridas nas províncias de Alepo e de Al-Hasaka.
*Com informações da Agência Lusa
Berço das águas, Cerrado precisa de proteção para garantir abastecimento no país
Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil
Edição: Lílian Beraldo
Ribeirão João Leite que abastece GoiâniaMarcello Casal Jr/Agência Brasil O
bioma que ocupa um quarto do território brasileiro não tem rios de
grande vazão, mas concentra nascentes que alimentam oito das 12 grandes
regiões hidrográficas brasileiras. Especialistas consideram o Cerrado
como o berço das águas, já que nele estão localizados três grandes
aquíferos – Guarani, Bambuí e Urucuia –, responsáveis pela formação e
alimentação de importantes rios do continente. Para esses pesquisadores,
a preservação da vegetação do Cerrado é fundamental para a manutenção
dos níveis de água em grande parte do país.
Professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás e diretor do Instituto do Trópico Subúmido, Altair Sales BarbosaMarcello Casal Jr/Agência Brasil “O
Cerrado é como uma floresta ao contrário, as raízes são profundas,
maiores que as copas. Elas são responsáveis por absorver a água da chuva
e depositá-la em reservas subterrâneas, os aquíferos”, explica o
professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e
diretor do Instituto do Trópico Subúmido, Altair Sales Barbosa.
Segundo
o especialista, com o desmatamento e a diminuição da vegetação nativa,
responsável por levar a água para regiões mais profundas, os aquíferos
chegaram ao nível de base, ou seja, deixaram de abastecer diversas
nascentes.
"A quantidade de água existente nesses aquíferos já
chegou ao seu nível mínimo. É como se fosse uma caixa d'água com vários
furos. Os furos são as nascentes. Quando ela está cheia, a água sai por
muitos furos. Conforme vai esvaziando, vai saindo nos furos mais
inferiores, até chegar ao último furo e há um momento em que não sai
mais. Estamos em um momento em que [a água] está saindo, mas de maneira
muito rudimentar, menor do que saía há 20, 40 anos", diz o especialista.
Segundo ele, cerca de dez rios desaparecem na região anualmente.
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O
professor ressalta que, uma vez degradado, o Cerrado não se recupera
totalmente. Também é difícil cultivá-lo. Das 13 mil espécies vegetais
catalogadas, apenas 180 são produzidas em viveiro.
“O Cerrado é
diferente da Amazônia e da Mata Atlântica, por exemplo. Enquanto esses
biomas têm 3 mil e 7 mil anos, o Cerrado tem mais de 45 milhões de anos
que se completou totalmente. Como ele é muito antigo, evolutivamente já
chegou ao seu clímax. Uma vez degradado, não se recupera jamais na
plenitude de sua biodiversidade".
De acordo com dados
disponibilizados pela organização não governamental (ONG) WWF Brasil
(sigla em inglês para Fundo Mundial para a Natureza), o Cerrado é a
segunda maior formação natural da América do Sul e concentra cerca de 5%
da biodiversidade do planeta e 30% da biodiversidade do Brasil. Metade
da vegetação nativa do Cerrado foi eliminada e menos de 3% está
protegida de forma integral.
“A ocupação dessa região se deu de
forma acelerada nos últimos 60 anos e isso trouxe problemas. Ambientes
importantes foram perdidos ou estrangulados por cidades, plantações e
hidrelétricas”, diz o coordenador do Programa Cerrado Pantanal do WWF
Brasil, o engenheiro florestal Julio Cesar Sampaio.
Para agravar a questão da reserva de água, o regime de chuva tem mudado na região nos últimos 20 anos.
Para
o pesquisador da área de hidrologia da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) Cerrados, Jorge Werneck, os períodos de chuva têm
ficado mais curtos e os de seca, mais longos. A média pluviométrica em
determinadas estações caiu de 1,5 mil milímetros para 1,2.
“Isso
muda bastante o ciclo hidrológico, faz com que nossos solos fiquem mais
secos, os lençóis freáticos desçam, sejam rebaixados e isso afeta
diretamente todo o regime de vazão dos nossos rios”, explica.
A
coordenadora de Monitoramento da Qualidade Ambiental do Instituto
Brasília Ambiental (Ibram), Vandete Inês Maldaner, reforça os prejuízos
com a mudança no regime de chuva. “Anteriormente, tínhamos uma estação
chuvosa, com distribuição ao longo do dia nos meses de dezembro e
janeiro, e tínhamos uma chuvinha bem distribuída. Hoje temos períodos
grandes de veranico e chuvas torrenciais, que não contribuem para o
abastecimento dos lençóis freáticos. Batem no solo e
escorregam, causando o assoreamento dos rios”, diz.
Para Werneck,
não é possível dizer se a causa da diminuição da chuva é a ação do
homem, nem se essa redução será permanente. Barbosa diz ser inegável a
influência da ação do homem e da ocupação desordenada nos grandes
centros urbanos, responsáveis pela formação de ilhas de calor que
impedem a chegada de massas úmidas.
O coordenador do curso de
engenharia ambiental e sanitária da Universidade Católica de Brasília,
Marcelo Gonçalves Resende, acredita que a ação do homem é a grande
responsável pela diminuição da chuva.
“A meu ver, tudo está
relacionado. O grande problema é a má gestão do uso e da ocupação do
solo, seja em áreas urbanas ou rurais. É possível que haja ocupação,
desde que seja feita de forma sustentável, existem técnicas, claro que
tem que ter agricultura, criação de gado, indústria, moradia. Mas isso
tem que ser feito de forma sustentável. Existem técnicas, mas o ser
humano esquece, pela ganância, pela vontade de obter lucro
fácil. O último ponto que leva em consideração é a questão ambiental.”