O almoço de domingo de Páscoa vai pesar no bolso dos consumidores
brasileiros este ano, custando 25,03% mais, em média, do que o de 2014,
diz estudo divulgado hoje (19) pelo Instituto Brasileiro de Economia da
Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).
A alta dos itens da principal
refeição da Semana Santa superou a inflação medida pelo Índice de
Preços ao Consumidor (IPC-FGV), cuja variação acumulada nos 12 meses
findos em fevereiro foi 7,99%. Em 2014, o IPC anualizado até fevereiro
cresceu 5,95%, enquanto os produtos do almoço de Páscoa tiveram deflação
de 0,26%.
De acordo com a sondagem, as maiores variações de alta foram observadas na batata-inglesa (63,49%) e na cebola (30,44%).
O economista do Ibre, André Braz, esclareceu, entretanto, que, apesar
desses itens terem registrado alta acima da inflação média, não têm
muito peso quando as famílias vão às compras. “Eu diria que o que puxou
mesmo o aumento do almoço de Páscoa foi o preço do pescado, do vinho.
Esses são itens indispensáveis e têm nível de preço que compromete mais a
renda das famílias.”
Segundo Braz, o pescado fresco, por
exemplo, é um bom destaque, porque subiu em média mais de 16% até agora,
sem contar com a demanda da Páscoa. Ele acredita que o preço desse tipo
de produto suba ainda mais daqui para a frente, porque muitos deixam
para comprar perto do domingo de Páscoa, até para preservar a qualidade
do item. "Paga-se mais caro porque muita gente vai procurar o produto.”
Na
avaliação do economista, o aumento do consumo de energia, por causa do
uso intenso de câmaras frigoríficas, do combustível dos barcos de pesca,
dos salários dos pescadores e do frete para distribuição do produto,
ajuda a entender a elevação do preço de pescados frescos na Semana Santa
deste ano acima da inflação média. Problemas no campo, em função da
seca, explicam, por outro lado, o aumento dos produtos in natura, acrescentou Braz.
Para
que o consumidor não sinta tanto esses aumentos,o economista sugeriu
que, em um almoço em família, cada um leve um item. “Nada mais justo que
cada um participe com uma parte. É uma estratégia para driblar a
inflação”, afirmou. Se a família não vai se reunir nessa data, ele
recomenda pesquisa de preços. “Pesquisar desde já onde comprar os
alimentos para o almoço especial [ficar] mais barato.” Nesse caso, Braz
ressaltou que a concorrência ajuda a encontrar promoções de azeite, de
vinho e até de bacalhau e de peixe fresco.
Ovos de páscoa não entraram na pesquisa da FGV, mas devem ter variação bem acima da média dos demais produtos do períodoArquivo/Agência Brasil A
pesquisa da FGV mostra que o vinho teve aumento médio de 15,84% e os
bombons e chocolates, de 9,32%. O bacalhau e o peixe tipo bacalhau, que
integram o grupo de pescados salgados, tiveram queda similar à
registrada em 2014: 3,36%.
O levantamento não incluiu os ovos de
Páscoa que, segundo Braz, são os produto com maior apelo de compra, por
causa das crianças, e devem ficar com preço bem acima da variação
média.