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terça-feira, 29 de novembro de 2022

Estacionamentos pagos são alternativas caras aos motoristas no Centro Histórico de Porto Alegre

 Sindicato argumenta que serviços agregados justificam os valores, e que demanda é determinante

Os estacionamentos pagos são opções em potencial para motoristas que precisam deixar seus veículos no Centro Histórico de Porto Alegre. Estes estabelecimentos existem às dezenas em diversas vias da área, como na avenida Mauá, em que há praticamente um ao lado do outro, e onde chamam a atenção tanto as placas quanto os funcionários que chamam os motoristas a todo momento. Em comum, embora haja manobrista e vigilância permanente, os valores são mais altos na comparação com outros modais de transporte.

O mais barato estacionamento de três horas encontrado na área, por exemplo, custa R$ 17,00, o suficiente para três viagens de ônibus dentro da Capital (R$ 4,80 cada), e ainda sobram R$ 2,60. Na lotação (R$ 8 a passagem), é possível realizar duas viagens, e sobra R$ 1. Neste estabelecimento, estacionar por meia hora custa R$ 14,00, uma hora é R$ 16,00, e duas horas, R$ 20,00. O preço máximo é de R$ 36 por 13 horas em uma vaga. O mais caro, a R$ 22,00 na rua Sete de Setembro, é suficiente para quatro viagens de ônibus, e sobram R$ 2,80, ou duas de lotação, e ainda restam R$ 6,00. 

Ali, um dos funcionários, sob condição de anonimato, afirmou que o valor para mensalistas, utilizado por cerca de 50% dos usuários, teve, neste ano, um reajuste de 20%, mas os preços das diárias se mantiveram iguais. O custo de estacionar na Mauá, onde há multiplicação de estacionamentos, varia entre R$ 7,00 e R$ 10,00 por 30 minutos, e há quem ofereça de R$ 3,00 a R$ 5,00 pela metade deste tempo. 

Em outro estacionamento, na rua Siqueira Campos, o proprietário afirmou que aumentou em 7% o preço para os mensalistas, utilizado por 90% dos usuários do local, passando de R$ 280,00 para R$ 300,00. Da mesma forma, o rotativo permaneceu com os valores já vigentes. O empresário José Luiz Ramos, que também presta serviços para um sindicato próximo, levando e trazendo documentações, diz considerar o valor justo e diz não ver problemas com o preço cobrado. 

“Aqui tem mais segurança em comparação com outros serviços, e a gente cria uma boa relação, de confiança”, comenta. José vem ao Centro Histórico ao menos duas vezes por semana. Conhece o proprietário do estacionamento que em geral frequenta, mas usa as vagas rotativas. Ou seja, apesar da cumplicidade, não tem o espaço garantido. “Os estacionamentos pagos são mais acessíveis e por vezes você não precisa rodar tanto para encontrar”, pontua.

Em uma garagem de condomínio na Sete de Setembro, onde o valor também subiu neste ano, um dos funcionários informou que o custo da vaga oscila entre R$ 300 e R$ 400, dependendo do proprietário e do andar. Nestes casos, o proprietário do espaço em questão pode usufruir a vaga ou alugá-la para outro usuário. “Durante a pandemia, vimos que havia pessoas que não utilizavam as vagas, então os proprietários resolveram negociar com outros até pela metade do preço. Neste período de final de ano e férias, algumas também não são muito utilizadas”, afirmou ele. Os aluguéis são feitos diretamente ou por intermediações de imobiliárias, e não há opção do rotativo.

O presidente do Sindicato das Empresas de Garagem, Estacionamentos e de Limpeza e Conservação de Veículos do RS (Sindepark-RS), Gabriel Loesche, rechaça a ideia de que o serviço é caro, e diz que cada estabelecimento é responsável por definir seus preços, a depender da estratégia dos respectivos proprietários. “Não existe um valor padronizado. Dependendo da situação, há lugares no Centro mesmo que cobram R$ 15 a diária”, afirma.

Segundo Loesche, os reajustes ocasionais nos preços dos estacionamentos são naturais e de maneira geral decorrem do aumento de preços dos itens relacionados, como o próprio aluguel dos espaços, inflação, dissídios, entre outros. “Há o público que, de fato, prefira comodidade e ter um estacionamento coberto, ou ainda a questão de economia, em relação a estacionar na rua. O que geralmente influencia no valor da mensalidade é mesmo a demanda de clientes.”

Compare os custos

- 3 horas de estacionamento pago no Centro Histórico: R$ 17,00 (mais barato localizado) a R$ 22,00 (mais caro localizado)
- 3 horas de estacionamento na Área Azul: R$ 12,00 (considerando tarifas da área de parques, em vias urbanas o máximo permitido é duas horas)
- Segundo dados da empresa Moovit Insights, o tempo médio gasto de deslocamento no transporte público de Porto Alegre é de 47 minutos. Ou seja, em 3 horas, é possível realizar quase quatro viagens, e sobram 39 minutos – o custo das viagens dentro deste período fica em R$ 14,40 em passagens de ônibus ou R$ 24,00 em lotações.


Correio do Povo

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