Mao Tsé-Tung

Este é um nome chinês; o nome de família é 毛 (Mao).

Mao Tsé-tung (CHN-long)
Máo Zédōng
毛澤東 (chinês tradicional)
毛泽东 (chinês simplificado)

1.º Presidente da China

Período
27 de setembro de 1954
a 27 de abril de 1959

Vice-presidente
Zhu De

Antecessor(a)
Chiang Kai-shek (República da China)

Sucessor(a)
Liu Shaoqi

Presidente do governo central popular da China

Período
1 de outubro de 1949
a 27 de setembro de 1954

Sucessor(a)
ele mesmo (Presidente da China)

Presidente do Comitê Central do Partido Comunista da China

Período
19 de junho de 1945
a 9 de setembro de 1976

Sucessor(a)
Hua Guofeng

Dados pessoais

Nascimento
26 de dezembro de 1893
Shaoshan, Dinastia Qing

Morte
9 de setembro de 1976 (82 anos)
Pequim, China

Nacionalidade
Chinês

Alma mater
Universidade de Pequim

Primeira-dama
Jiang Qing (1939–1976)

Cônjuge
Luo Yixiu (1907–1910)
Yang Kaihui (1920–1930)
He Zizhen (1930–1937)

Partido
Partido Comunista da China

Religião
Ateu

Profissão
lavrador, militar, político e filósofo

Serviço militar

Anos de serviço
1911-1912

Graduação
Soldado

Batalhas/guerras
Revolução Xinhai

Mao Tsé-Tung (em chinês tradicional: 毛澤東; chinês simplificado: 毛泽东; Mao Tse-tung pela transliteração Wade-Giles, ou Máo Zédōng, pela pinyin; Shaoshan, 26 de dezembro de 1893Pequim, 9 de setembro de 1976) foi um político, teórico, líder comunista e revolucionário chinês. Liderou a Revolução Chinesa e foi o arquiteto e fundador da República Popular da China, governando o país desde a sua criação em 1949 até sua morte em 1976[1]. Sua contribuição teórica para o marxismo-leninismo, estratégias militares, e suas políticas comunistas são conhecidas coletivamente como maoísmo.

Mao chegou ao poder comandando a Longa Marcha, formando uma frente unida com Kuomintang (KMT) durante a Guerra Sino-Japonesa para repelir uma invasão japonesa,[2] e posteriormente conduzindo o Partido Comunista Chinês até à vitória contra o generalíssimo Chiang Kai-shek do KMT na Guerra Civil Chinesa. Mao restabeleceu o controle central sobre os territórios fraturados da China, com exceção de Taiwan, e com sucesso suprimiu os opositores da nova ordem. Ele promulgou uma reforma agrária radical, usando a violência e o terror para derrubar latifundiários antes de tomar suas grandes propriedades e dividir as terras em comunas populares.[3][4] O triunfo definitivo do Partido Comunista aconteceu depois de décadas de turbulência na China, que incluiu uma invasão brutal pelo Japão e uma prolongada guerra civil. O Partido Comunista de Mao finalmente atingiu um grau de estabilidade na China, apesar do seu período no governo ser marcado pela crise de eventos como o Grande Salto em Frente e a Revolução Cultural, com seus esforços para fechar a China ao comércio de mercado e erradicar a cultura tradicional chinesa, o que tem sido amplamente rejeitado pelos seus sucessores[1].

Mao se intitulava "O Grande Timoneiro" e partidários[carece de fontes] continuam a sustentar que ele foi responsável por uma série de mudanças positivas que vieram à China durante seu governo de três décadas. Estas incluíram a duplicação da população escolar, proporcionando a habitação universal, abolindo o desemprego e a inflação, aumentando o acesso dos cuidados a saúde, e elevando drasticamente a expectativa de vida.[5] O seu Partido Comunista ainda domina na China continental, detém o controle dos meios de comunicação e da educação e oficialmente celebra o seu legado. Como resultado desses fatores, Mao ainda possui alta consideração por muitos chineses como um grande estrategista político, mentor militar e "salvador da nação". Os maoístas também divulgam seu papel como um teórico, estadista, poeta e visionário,[6] e os anti-revisionistas continuam a defender a maioria de suas políticas[1]. Em 1950, ele enviou o Exército de Libertação Popular para o Tibete para impor a reivindicação da China na região do Himalaia; esmagou uma revolta ali em 1959; e em 1962, Mao lançou a Guerra sino-indiana. Na política externa, Mao apoiou a "revolução mundial" e, inicialmente, procurou alinhar a China com a União Soviética de Josef Stalin, o envio de forças para a Guerra da Coreia e a Primeira Guerra da Indochina, bem como auxiliando movimentos comunistas na Birmânia, Camboja, e em outros países. A China e a União Soviética divergiram após a morte de Stalin, e pouco antes da morte de Mao, a China começou sua abertura comercial com o Ocidente.

Mao continua sendo uma figura controversa na atualidade, com um legado importante e igualmente contestado. Muitos chineses acreditam também que, através de suas políticas, ele lançou os fundamentos econômicos, tecnológicos e culturais da China moderna, transformando o país de uma ultrapassada sociedade agrária em uma grande potência mundial. Além disso, Mao é visto por muitos como um poeta, filósofo e visionário. Como consequência, seu retrato continua a ser caracterizado na Praça Tiananmen e em todos as notas Renminbi.

Inversamente, no Ocidente, Mao é acusado de com seus programas sociais e políticos, como o Grande Salto Adiante e a Revolução Cultural, de causar grave fome e danos a cultura, sociedade e economia da China. Embora Mao tenha incentivado o crescimento populacional e a população chinesa quase tenha duplicado durante o período de sua liderança[7] (de cerca de 550 a mais de 900 milhões),[4][5] suas políticas e os expurgos políticos de seu governo entre 1949 a 1975, provocaram a morte em massa de 40 a 70 milhões de pessoas.[8][9][10][11][12] A fome severa durante a Grande Fome Chinesa, o suicídio em massa, como resultado das Campanhas Três-Anti e Cinco-Anti, e perseguição política durante a Campanha Antidireitista, expurgos e sessões de luta, todos resultaram destes programas. Suas campanhas e suas variadas consequências catastróficas são posteriormente culpadas por danificar a cultura chinesa e a sociedade, como as relíquias históricas que foram destruídas e os locais religiosos que foram saqueados. Apesar dos objetivos declarados de Mao de combater a burocracia, incentivar a participação popular e sublinhar na China a auto-confiança serem geralmente vistos como louváveis e a rápida industrialização, que começou durante o reinado de Mao, é reconhecida por estabelecer bases para o desenvolvimento da China no final do século XX, os duros métodos que ele usou para persegui-los, incluindo tortura e execuções, têm sido amplamente repreendidos como sendo cruéis e auto-destrutivos.[4] Desde que Deng Xiaoping assumiu o poder em 1978, muitas políticas maoístas foram abandonadas em favor de reformas econômicas.

Mao é visto como uma das figuras mais influentes na história do mundo moderno,[13] e foi nomeado pela revista Time como uma das cem personalidades mais influentes do século XX.[14]

Índice

Biografia

Juventude

Mao Tsé-Tung nasceu na aldeia de Shaoshan, província de Hunan, China, filho de camponeses, frequentou a escola até os 13 anos de idade, quando foi trabalhar como lavrador. Por conflitos com seu pai, saiu de casa para estudar em Changsha, capital da província[15].

Conheceu as ideias políticas ocidentais e especialmente as do líder nacionalista Sun Yat Sen.

Em 1911, no mês de outubro iniciou-se a Revolução de Xinhai contra a dinastia Manchu que dominava o país. As lutas estenderam-se até Hunan. Mao Tsé-Tung alistou-se como soldado no exército revolucionário até o início da república chinesa em 1912.

De 1913 a 1918 estudou na Escola Normal de Hunan, aprendeu filosofia; história e literatura chinesa. Continuou estudando e assimilando o pensamento ocidental e política. Tornou-se líder estudantil com participação em várias associações, mudou-se para Pequim em 1919, onde iniciou seus estudos universitários em Filosofia e Pedagogia, trabalhou na Biblioteca Universitária, conheceu Chen Tu Hsiu e Li Ta Chao fundadores do Partido Comunista Chinês[15].

Participou do Movimento Quatro de Maio contra a entrega ao império do Japão de regiões chinesas que até então tinham estado sob domínio alemão. Em função deste acontecimento, aderiu ao marxismo-leninismo. Em 1921, Mao Tsé-Tung participou na fundação do Partido Comunista Chinês. Nos primeiros anos à frente do partido, insistiu, contra a linha pró-soviética dos seus aliados, no potencial revolucionário dos camponeses (Inquérito sobre o Movimento Camponês em Hunan, 1927)[15].

Guerra

Ver artigos principais: Longa Marcha, Segunda Guerra Sino-Japonesa, Guerra Civil Chinesa e Revolução comunista chinesa

Fotografia de Mao Tse-tung em 1936

Em 1927, Chiang Kai Shek assumiu o poder e virou-se contra os comunistas. Após a ruptura com o Kuomintang, Mao Tsé-Tung organizou um movimento revolucionário em Hunan e Jiangxi, fundando, em 1931, um soviete que se defendeu dos ataques dos aliados, adaptando tácticas de guerrilha.

Em Outubro de 1934, Mao Tsé-Tung e seu exército rompem o cerco das tropas do Kuomintang e seguem para o noroeste do país, iniciando a Grande Marcha (1934-1935) até Yanan, na província de Saanxi, transformada em nova região sob controle comunista. Essa ação espetacular reafirmou sua independência do Kuomintang e tornou Mao uma personalidade dominante do Partido Comunista Chinês.

Em 7 de julho de 1937, os japoneses invadem a China após o Incidente Lugouqiao (Incidente da Ponte de Marco Polo), o que demarca o início da II Guerra Mundial na Ásia. De 1936 a 1940, Mao Tsé-Tung fez oposição à tese dos comunistas pró-soviéticos, e conseguiu impôr o seu ponto de vista, afastando do partido os seus oponentes.

Em 1945, Mao Tsé-Tung foi confirmado oficialmente como chefe do partido, sendo nomeado presidente do Comitê Central.

Após a invasão japonesa, e no término da guerra o exército revolucionário tinha em torno de um milhão de soldados; os comunistas controlavam politicamente noventa milhões de chineses.

Após o ataque japonês à China (1937), o Partido Comunista Chinês e o Kuomintang se aliam novamente, mas com o fim da guerra, estourou, em 1946, uma guerra civil entre comunistas e nacionalistas que durou até 1949 quando o Kuomintang é finalmente derrotado.

Liderança da China

Ver artigo principal: Era Mao Tse-tung (1949–1976)

Mao Tse-tung proclamando a fundação da República Popular da China em 1 de outubro de 1949 em Pequim.

Em 1 de Outubro de 1949, proclama na Praça Tiananmen, em Pequim, a República Popular da China; em Dezembro foi proclamado presidente da república[16].

Em 1954, após a promulgação da nova Constituição, Mao Tsé-Tung é reconduzido à presidência da República.

Após a consolidação do poder comunista, contrariando a linha soviética, Mao Tsé-Tung manteve-se fiel à ideia do desenvolvimento da luta de classes, tentando em vão, entre 1956 e 1957, na chamada Campanha das Cem Flores, dar-lhe novo impulso, através da liberdade de expressão[16], o que acabou em perseguição àqueles que criticaram o regime durante o breve período em que foram instados a fazê-lo.

Entre 1957 e 1958, iniciou uma política de desenvolvimento chamada de Grande Salto, baseado na industrialização associada à coletivização agrária. O "Grande Salto" pretendia tornar a República Popular da China uma nação desenvolvida e socialmente igualitária em tempo recorde, acelerando a coletivização do campo e a industrialização urbana. O primeiro plano, inflexível, fez aumentar a superfície cultivada e o aumento da produção agrícola no país. O segundo (que tornou famoso o termo "Grande Salto Adiante") incentivou a industrialização. A iniciativa enfrentou muitos problemas, sobretudo no campo prático graças a secas, inundações, falta de pessoal técnico, o rompimento das relações com a União Soviética (com a consequente saída dos técnicos soviéticos do território chinês e a suspensão dos tratados económicos bilaterais), o deslocamento da mão de obra do campo para a indústria e a insuficiência de transporte ferroviário.

Na mesma época, também foi adotado o sistema de Comunas Populares, onde foram criadas sociedades de um total de 20 mil pessoas. Cada uma das comunidades deveria produzir tudo do que precisasse: alimentos, roupas, calçados, ferramentas, além de possuir seus próprios moinhos, lavanderias comunitárias, postos de saúde, escola, centrais elétricas, etc.

Entre 1953 e 1958, houve o primeiro plano quinquenal chinês (reforma agrária, educação obrigatória e formação de cooperativas), em que foi formada a parceria com a União Soviética, governada na época por Nikita Kruchov, a qual exportava tecnologia para a República Popular da China. Porém, durante o período da Guerra Friachamado de coexistência pacífica, Nikita fez uma visita ao Estados Unidos, provocando um rompimento de suas relações com Mao Tsé-Tung. Esse plano representou, para a economia chinesa, o afastamento definitivo do modelo socialista soviético. Afastamento este que teve origem com a divulgação dos "Documentos Secretos" em que Nikita denunciava as práticas stalinistas.

Apesar disso, Mao Tsé-Tung continuou influente, como ficou claro na ruptura com a União Soviética, devido a profundas diferenças nas políticas interna e externa[1]. O prestígio internacional de Mao Tsé-Tung não foi afetado, tornando-se, após a morte de Stálin, em 1953, a personalidade mais influente do comunismo internacional[15].

Selo onde aparecem Mao Tse-tung e Josef Stalin

A Revolução Cultural

Ver artigo principal: Revolução Cultural Chinesa

A polêmica Revolução Cultural (1966-1969), empreendida por Mao Tsé-Tung com o apoio de sua esposa, Jiang Qing, destituiu os quadros do Partido Comunista Chinês, que queriam uma linha política e econômica mais moderada. Em 1968, Mao Tsé-tung destituiu Liu Shaoqi e, em 1971, tirou do poder seu sucessor, Lin Biao. Foram criados os guardas vermelhos, que se fundamentavam no chamado Livro Vermelho, que continha citações de Mao[17].

Mais tarde, apoiou a política de Zhou Enlai, consolidando o crescimento econômico e ultrapassando o isolamento da China. Em 1972, recebeu o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, em Pequim. Nos últimos anos de vida, com a saúde seriamente afetada, caiu sob a influência da facção radical do partido (Bando dos Quatro), organizada em torno de Jiang Qing[1]. Apesar da desmaoização iniciada após sua morte, Mao Tsé-Tung teve especial aceitação nos países do Terceiro Mundo como teórico da guerra popular revolucionária.

Vida pessoal

A primeira experiência sexual de Mao ocorreu ainda na adolescência, no vilarejo de Shaoshan, na província de Huan. Teve um romance juvenil com uma garota de doze anos. Em seus últimos anos, Mao gostava de relembrar essa iniciação e, em 1962, até providenciou para encontrar de novo a mulher com quem havia perdido a virgindade. Ela envelhecera, seus cabelos haviam branqueado. Mao lhe deu 2 mil iuanes e, depois que a idosa senhora se foi, comentou com melancolia: "Como está mudada!"[18]

Mao casou-se pela primeira vez em 1908, aos 15 anos de idade, com uma mulher seis anos mais velha. Ela morreu em 1910, de causas desconhecidas.

Em 1921 Mao casou-se pela segunda vez, com Yang Kai-hui, que lhe deu dois filhos. Nenhum deles teve um final feliz: em 1930, Yang foi executada por partidários de Chiang Kai-shek. Os dois meninos escaparam para Xangai, onde tiveram que cuidar da própria sobrevivência pelas ruas[15]. O mais novo, Anqing, desenvolveu uma doença mental que foi atribuída às pancadas que levou da policia de Xangai, quando o prenderam por vadiagem. O mais velho, Anying, foi morto num ataque aéreo norte-americano durante a Guerra da Coreia.

Mao casou-se com Ho Tzu-chen logo após a morte de Yang, que lhe deu ao todo seis filhos. Apenas uma menina, Lin Min, sobreviveu. Mao divorciou-se de Ho em 1939, para casar-se com Chiang Ch'ing.

Encontra-se sepultado no Mausoléu de Mao Tsé-Tung, em Pequim, na China.

Família

Antepassados

Seus antepassados foram:

Esposas

Mao com Jiang Qing e sua filha Li Nah por volta de 1940

Mao teve várias esposas que contribuíram para uma grande família. Estas foram:

  1. Luo Yixiu (罗一秀, 20 de Outubro de 1889 – 1910) de Shaoshan: casada de 1907 a 1910
  2. Yang Kaihui (杨开慧, 1901–1930) de Changsha: casada de 1921 a 1927, executada pelo KMT em 1930; mãe de Mao Anying, Mao Anqing, e Mao Anlong
  3. He Zizhen (贺子珍, 1910–1984) de Jiangxi: casada de Maio de 1928 a 1939; mãe de Mao Anhong, Li Min, e outras quatro crianças
  4. Jiang Qing: (江青, 1914–1991), casada de 1939 até a morte de Mao; mãe de Li Nah
Irmãos

Teve vários irmãos:

Os pais de Mao Tsé Tung ao todo tiveram cinco filhos e duas filhas. Dois dos filhos e duas filhas morreram jovens, deixando três irmãos: Mao Tse Tung, Mao Zemin e Mao Zetan. Como todas as três esposas de Mao Tse Tung, Mao Zemin e Mao Zetan eram comunistas. Como Yang Kaihui, tanto Zemin quanto Zetan foram mortos na guerra durante a vida de Mao Tsé-tung.

Note que o caracter ze (泽) aparece em todos os nomes dos irmãos citados. Esta é uma convenção de nomenclatura comum chinesa.

A partir da próxima geração, o filho de Zemin, Mao Yuanxin, foi criado pela família de Mao Tsé-tung. Ele se tornou colaborador de Mao Tsé-tung com o Politburo em 1975. Fontes como Li Zhisui (The Private Life of Chairman Mao) dizem que ele desempenhou um papel nas últimas lutas pelo poder.[19]

Filhos

Mao Tse Tung teve um total de dez filhos,[20] incluído:

  • Mao Anying (毛岸英, 1922–1950): filho com Yang, casado com Liu Siqi (刘思齐), que nasceu Liu Songlin (刘松林), morto em ação durante a Guerra da Coreia
  • Mao Anqing (毛岸青, 1923–2007): filho com Yang, casado com Shao Hua (邵华), seu filho é Mao Xinyu (毛新宇), e neto Mao Dongdong
  • Mao Anlong (1927–1931): filho com Yang, morto durante a Guerra Civil Chinesa
  • Mao Anhong (b. 1932): filho com He, entregue para o irmão mais novo de Mao, Zetan, e depois para um dos guardas de Zetan, quando ele partiu para a guerra, nunca se ouviu falar dele novamente
  • Li Min (李敏, b. 1936): filha com He, casada com Kong Linghua (孔令华), cujo filho é Kong Ji'ning (孔继宁), e neto Kong Dongmei (孔冬梅)
  • Li Na (李讷, Pinyin: Lĭ Nà, b. 1940): filha com Jiang (cujo nascimento deu nome de Li, um nome também usado por Mao enquanto estava fugindo do KMT), casada com Wang Jingqing (王景清), cujo filho é Wang Xiaozhi (王效芝)

A primeira e segunda filhas de Mao foram deixadas para os moradores locais, porque era muito perigoso criá-las enquanto lutava contra o Kuomintang e posteriormente contra os japoneses. Sua filha mais nova (nascida no início de 1938 em Moscou depois que Mao separou-se dela) e um outro filho (nascido em 1933) morreram na infância. Dois pesquisadores ingleses, que reconstituiram a rota inteira da Longa Marcha em 2002-2003 [21] localizaram uma mulher que eles acreditam que poderia muito bem ser uma das crianças desaparecidas abandonadas por Mao aos camponeses em 1935. Ed Jocelyn e Andrew McEwen esperam que um membro da família Mao responderá aos pedidos de um teste de DNA.[22]

Ideologia maoísta e o culto à personalidade

Parte da série sobre política

Maoismo

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Conceitos básicos[Expandir]

Maoistas[Expandir]

Internacional[Expandir]

Partidos[Expandir]

Livros[Expandir]

Relacionados[Expandir]

Hammer and sickle red on transparent.svg Comunismo Portal
Portal Política

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  • Uma das estratégias do regime implantado pelo Partido Comunista Chinês foi o culto à personalidade e as ideias de Mao.

Além do Livro Vermelho, de leitura incentivada nos tempos do poder, Mao Tsé-Tung produziu outras peças ideológicas, antes e depois de assumir o governo chinês (além dos excertos de seus discursos):[23]

  • Sobre a prática (《实践论》); 1937
  • Sobre a contradição (《矛盾论》); 1937
  • Uma Nova democracia (《新民主主义论》); 1940
  • Literatura e arte; 1942
  • Guerra de guerrilhas (《论持久战》).
  • O homem tolo que removeu as montanhas (《愚公移山》)
  • Servir ao povo (《为人民服务》).

Ver também

Referências

  1. Ir para:a b c d e «Mao Tsé-Tung - Biografia». UOL - Educação. Consultado em 23 de julho de 2012
  2. Ir para cima↑ Mao: A Biography, by Ross Terrill, Stanford University Press, 1999, ISBN 0804729212, p. 167–185
  3. Ir para cima↑ Biography (TV series)Mao Tse Tung: China's Peasant Emperor, A&E Network, 2005, ASIN B000AABKXG
  4. Ir para:a b c Mao Zedong article at Encyclopædia Britannica
  5. Ir para:a b The Cambridge Illustrated History of China, by Patricia Buckley Ebrey, Cambridge University Press, 2010, ISBN 0521124336, pp. 327
  6. Ir para cima↑ Short, Philip (2001). Mao: A Life. [S.l.]: Owl Books. p. 630. ISBN 0805066381. Mao had an extraordinary mix of talents: he was visionary, statesman, political and military strategist of cunning intellect, a philosopher and poet.
  7. Ir para cima↑ Atlas of World History, by Patrick Karl O'Brien, Oxford University Press US, 2002, ISBN 019521921X, pp 254
  8. Ir para cima↑ Death Toll Median Average Estimates of 14 Sources = 45.75 - 52.5 million people. Inclui os livros: Le Livre Noir du Communism, de Stephane Courtois, Hungry Ghosts: Mao's Secret Famine, de Jasper Becker, China's Changing Population, de Judith Banister, Contemporary Chinese Population, de Wang Weizhi, Mao: The Unknown Story, de Jung Chang, Victims of Politics, de Kurt Glaser, How to Prevent Genocide, de John Heidenrich, Mao's China and After, de Maurice Meisner, The Human Cost of Communism in China, de Robert L. Walker, juntamente com relatórios da Agence France-Presse (1999), Dictionary of 20 Century World History, Guinness Book of World Records, Washington Post (1994) e Weekly Standard (1997)
  9. Ir para cima↑ Fenby, Jonathan. Modern China: The Fall and Rise of a Great Power, 1850 to the Present. Ecco, 2008. ISBN 0-06-166116-3 p. 351: "Mao’s responsibility for the extinction of anywhere from 40 to 70 million lives brands him as a mass killer greater than Hitler or Stalin, his indifference to the suffering and the loss of humans breathtaking."
  10. Ir para cima↑ Short, Philip (2001). Mao: A Life. [S.l.]: Owl Books. p. 631. ISBN 0805066381; Chang, Jung and Halliday, Jon. Mao: The Unknown Story. Jonathan Cape, Londres, 2005. ISBN 0-224-07126-2 p. 3; Rummel, R. J. China’s Bloody Century: Genocide and Mass Murder Since 1900 Transaction Publishers, 1991. ISBN 0-88738-417-X p. 205: In light of recent evidence, Rummel has increased Mao's democide toll to 77 million. See also: «Source List and Detailed Death Tolls for the Twentieth Century Hemoclysm». Historical Atlas of the Twentieth Century. Consultado em 23 de agosto de 2008
  11. Ir para cima↑ Fenby, Jonathan. Modern China: The Fall and Rise of a Great Power, 1850 to the Present. Ecco, 2008. ISBN 0-06-166116-3 p. 351"Mao’s responsibility for the extinction of anywhere from 40 to 70 million lives brands him as a mass killer greater than Hitler or Stalin, his indifference to the suffering and the loss of humans breathtaking."
  12. Ir para cima↑ Mao Zedong sixiang wan sui! (1969), p. 195. Referenced in Governing China (2ª ed.), Kenneth Lieberthal (2004).
  13. Ir para cima↑ «Mao Zedong». The Oxford Companion to Politics of the World. Consultado em 23 de agosto de 2008
  14. Ir para cima↑ Time 100: Mao Zedong. Time, Jonathan D. Spence, 13 de abril de 1998.
  15. Ir para:a b c d e Thais Pacievitch (24 de fevereiro de 2009). «Mao Tse Tung». InfoEscola. Consultado em 23 de julho de 2012
  16. Ir para:a b Burkitt, Laurie; Scobell, Andrew; Wortzel, Larry M. (2003). The lessons of history: The Chinese people's Liberation Army at 75 (PDF). [S.l.]: Strategic Studies Institute. ISBN 1-58487-126-1. Consultado em 23 de julho de 2012
  17. Ir para cima↑ Shinn, Rin Supp. «History of China». University of Maryland. Consultado em 23 de julho de 2012
  18. Ir para cima↑ CAWTHORNE, Nigel. A vida sexual dos ditadores. São Paulo: Ediouro, 2003, p. 147-148.
  19. Ir para cima↑ Biographical Sketches in The Private Life of Chairman Mao
  20. Ir para cima↑ Jonathan Spence. Mao Zedong. Penguin Lives, 1999
  21. Ir para cima↑ «Stepping into history». China Daily. 23 de novembro de 2003. Consultado em 23 de agosto de 2008
  22. Ir para cima↑ The Long March, by Ed Jocelyn and Andrew McEwen. Constable 2006
  23. Ir para cima↑ Chunhou, Zhang. C (2002). Mao Zedong As Poet and Revolutionary Leader: Social and Historical Perspectives (em inglês). [S.l.: s.n.] ISBN 0-7391-0406-3. Consultado em 23 de julho de 2012

Bibliografia

Ligações externas

Wikiquote

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Commons

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Líderes da República Popular da China

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Socialismo revolucionário

Controle de autoridade


Wikipédia

As formigas azuis de Mao Tsé-tung

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Regressando a Pequim como triunfador, Mao Tsé-tung pode consagrar-se à organização do Império que conquistou. E poderá organizá-lo de acordo com suas ideias. Os inimigos que poderiam opor-se ao molde em que pretende vazar o comunismo chinês, os Lin-Pião, os Li Li-san, estão desarmados pelo aval que ele trouxe de Moscou. Embora esses “soviéticos” continue murmurando, criticando o modo como Mao interpreta o marxismo-leninismo, nada podem tentar, nem dizer abertamente, visto que Stalin reconheceu no seu visitante o título de vom dirigente comunista. E devem alinhar com ele.
     Essa é a grande vitória de Mao Tsé-tung, que pagou com o rompimento total com o Ocidente, com as importantes concessões políticas e econômicas. Em todo mundo, a imprensa informa que a China se transformou num satélite da União Soviética, como os outros. Na verdade, Mao Tsé-tung comrpou em Moscou a possibilidade de ser o senhor de sua casa. A oposição filo soviética está reduzida ao silêncio. A oposição anticomunista está esmagada, sem fôlego, incapaz de levantar a cabeça. A imensa multidão chinesa, por seu lado é passiva, resignada, pronta a entregar-se de corpo e alma ao seu novo imperador, do qual uma só coisa espera: não morrer de fome.
     Stalin, perfeito julgador, como sempre, do poder que entregou a Mao supõe no entanto que tem o interlocutor amarelo à sua mercê. Como irá arranjar para dar de comer a seu meio bilhão de famintos? Só terá uma solução, para manter o poder: voltar em breve a Moscou e, dessa vez, para pedir. E então terá de prestar seu preito de vassalagem.
     Em vez de ir a Moscou, porém, Mao agarra o touro pelos chifres. Sabendo que o maior problema da China é o da comida, promulga um reforma agrária sem precedentes, que começa classificando os chineses em quatro categorias, segundo as possibilidades de encherem o estômago:

Os proletários, que não trabalham suas terras;
Os camponeses ricos, que trabalham na terra e contratam rendeiros;
Os camponeses médios, que têm alguma terra e a trabalham;
Os camponeses pobres, que não têm terras e que trabalham para outros como trabalhadores agrícolas ou diaristas.

    Destas quatro categorias, só as duas últimas devem manter-se. Os proprietários e os camponeses ricos que desapareçam, voluntariamente ou à força; em caso de necessidade, devem ser fuzilados, pura e simplesmente.
     Suas terras são confiscadas e distribuídas aos camponeses pobres e, sobretudo, ao proletariado agrícola, sem que se fale ainda da coletivização. Centenas de milhões de chineses miseráveis vão achar-se, de um dia para o outro, pequenos proprietários. Mas contenta-se em decretar, para os ajudar, diversas formas de cooperação, mais próximas das antigas tradições comunitárias do que do comunismo estalinista.
     A reforma realiza-se por isso com entusiasmo, entusiasmo muitas vezes feroz, em que a bandas das aldeias acompanham as explosões de ódio pelos antigos proprietários, os processos públicos dos “feudais”, e julgamentos sumários, enforcamentos, fuzilamentos. A massa vive com exaltação essa revolução que lhe permite aplicar a necessidade de vingança nutrida há séculos, que lhe dá um palmo de terra, por pequeno que seja (um quinto de hectare, em me´dia, por família). Mao Tsé-tung é um bom imperador. … As superfícies cultivadas alargam-se. A produção de arroz aumenta de 5 a 6 por cento. Para o inverno de 1950-1951, o fantasma familiar da fome parece definitivamente afastado. Não há memória, na China de semelhante fato!
     Enquanto os proprietários de terras desaparecem brutalmente, os proprietários de fábricas, das poucas indústrias que a guerra civil não arrasou, não podem acreditar no que se passa: recebem ordem não para se apresentarem aos tribunais populares, mas para irem conferenciar com o presidente Mao Tsé-tung. E uma estranha assembleia se reúne assim no Palácio de Verão de Pequim. Em volta de Mao, mais afável do que nunca, juntam-se dezenas de “capitalistas”, com os olhos brilhando de esperança e mãos tremendo d medo. O que lhes vai acontecer? Alguns já haviam fugido para Hong Kong e voltam, na esperança, em que mal se atrevem a acreditar, de que talvez nem tudo esteja perdido. Mao dirige-se a eles, como um bom chefe de família. “Há entre vocês capitalistas, escravos dos estrangeiros, maus patriotas – diz. – com esses nada há que fazer. Mas há também entre vocês capitalistas nacionais. Com esses desejo entender-me. Não tenhamos ideias preconcebidas quanto ao futuro. Não esqueçamos que vamos edificar o comunismo. Mas posso apresentar propostas a curto prazo: revejam as contas, digam de quantos operários precisam, calculem o preço do custo. Pagarão os salários que fixamos, comprarão ao Estado as matérias-primas e ao Estado revenderão os produtos acabados, ficando apenas com um lucro razoável, equivalente a um bom ordenado de diretor. Se estiverem de acordo com estas propostas, poderão ficar na China trabalhando. Caso contrário, devem ir-se embora, mas só depois de pagarem os impostos atrasados, cujo montante determinaremos. E receberão indenizações, nos limites razoáveis, pelas instalações que deixam ...”
     Os “capitalistas nacionais” ( e todos que participaram da reunião do Palácio de Verão eram desta categoria) compreendem que não há por onde escolher. Recusar as propostas de Mao seria perder tudo, porque até um garoto de escola compreende que os “impostos atrasados” seriam sempre superiores às indenizações. Como a agricultura, o que resta da indústria chinesa recomeça a trabalhar bem ou mal. E em primeiro lugar a indústria têxtil, porque não basta dar de comer a chineses, é preciso vesti-los...
     Centenas de milhões de conjuntos padronizados, calça e paletó de tecido azul, inundam o território da China Vermelha e eliminam impiedosamente os vestuários tradicionais, cheios de coloridos. E por que tudo azul? Porque a tinta azul é a mais barata. E por falar em preços: a inflação galopante acaba imediatamente. E a desvalorização da moeda, o “Yuan”, é sustada com autoridade.
     Tranquilo para os meses mais próximos, quanto à vida econômica de seu gigantesco país, Mao Tsé-tung trata de reorganizar a vida social dos chineses, de forma a transformar os costumes ancestrais por meio de uma curiosa mescla de marxismo-leninismo, de nacionalismo, de verdadeiro culto da vida rural. Começa pelos costumes mais atingidos. As práticas seculares relativas ao casamento: compra de esposas, concubinagem múltipla, sequestro das mulheres mutilação dos pés – tudo isso é desfeito pela “lei do casamento”, que introduz a noção ocidental do casal, fundamento da célula familiar. O amor livre é proibido. Quanto à prostituição, é talvez a atividade mais próspera dos grandes de Xangai, onde há mais de quarenta mil prostitutas. De um dia para o outro, elas encontram-se em “centros de reeducação pelo trabalho”, dos quais só poderão sair, depois de “reconhecerem os erros do seu gênero de vida”, para trabalharem nos campos ou nas fábricas.
     O uso dos profacientes, muito espalhado – graças aos cuidados de traficantes ocidentais sem escrúpulos – é igualmente interditado. O que não significa que Mao proíba a cultura da papoula de que se extrai o ópio. Pelo contrário, a exportação de ópio vai fornecer as divisas necessárias para as importações, das quais a China Vermelha, embora fechada sobre si mesma e quase autossuficiente, continua tendo necessidade. Mas a reeducação, o trabalho obrigatório, a “lavagem de cérebro” (e esta expressão, na boca de Mao, nada tem de pejorativa: é a simples designação da higiene mental, senão o prêmio do chinês que não se deixe tentar pelos sonhos do ópio, debilitantes para o “cidadão produtor” em que se transformou.
     Há também outro ópio, na mais tradicional terminologia comunista e que , segundo esta, afasta o homem do trabalho e das atividades criadoras de bens materiais: a religião. Jogador demasiadamente esperto para a atacar de frente, Mao Tsé-tung decide empregar uma tática diferente para cada uma das religiões de meio bilhão de almas chinesas. Mas todas essas táticas convergem inevitavelmente para a sua eliminação, ou, pelo menos, para sua neutralização. Porque Mao está profundamente convencido de que a religião, seja ela qual for, é supérflua. Em 1954 dirá ao Dalai Lama, o “Buda vivo” vindo das montanhas tibetanas para o ver:
     “Creia em mim, a religião é um veneno. Tem dois males: demolir uma raça e diminuir o progresso do país. O Tibete e a Mongólia foram envenenados pela religião.”
     O budismo, a que pertence um quinto dos chineses, vai ser tratado, porém, com o maior cuidado. Mao declara que o respeita:
     “Os budistas são quase tão bons como os elementos do partido comunista, pois também pregam a não-violência e a cooperação com o poder.”
     No entanto, o imperador vermelho procura canalizar os sentimentos dos budistas para uma integração no governo. E mata dois coelhos de uma só cajadada: apodera-se do território tibetano e instala no vértice da hierarquia budista um homem seu. Confia o conjunto desta operação a Chu Enlai, que, pela segunda vez, depois da viagem a Moscou, vai fazer uma demonstração brilhante de sua habilidade diplomática.
     As tropas chinesas começam a infiltrar-se no Tibete. A Organização das Nações Unidas toma conhecimento daqueles movimentos, que o Dalai Lama, em sua capital medieval de Lhassa, considera uma invasão. De fato, há alguns combates entre soldados chineses e as forças tibetanas, em parte constituídas pelos belicosos Khampas, que dominam as mais altas montanhas do mundo. O exército tibetano tem apenas oito mil homens, mas dá muito o que fazer aos chineses, que pretendem estabelecer a soberania da China sobre o Tibete, perdida há trinta e cinco anos. A ONU recusa-se a inscrever o assunto na ordem do dia. É um grande êxito de Chu En-lai, que conseguiu convencer, Nehru – protetor e conselheiro principal do Dalai Lama, então apenas com dezesseis anos – a apoiar a tese chinesa. Lhasse é obrigada assim a suportar a invasão, aceitando uma guarnição chinesa e iniciando com Chu En-lai a negociação de um tratado que liga definitivamente o Tibete à China, como região autônoma.
     Fica assim a pátria do budismo integrada no império de Mao. O êxito ideológico e religioso deste fato é enorme, vão falando da vantagem estratégica que Mao Tsé-tung proporciona reinar no Himalaia, que domina a península hindustânica. Mas a presença do Dalai Lama, venerado como Deus vivo por  milhões de chineses, não deixa de ser perigosa para a China comunista em vias de formação. O Dalai Lama quer conservar suas prerrogativas, tanto espirituais como temporais. Tocar num de seus cabelos equivaleria a provocar a revolta de milhões de fiéis. Por outro lado, a qualquer momento, pode o jovem Dalai Lama, que teve a precaução de transferir o seu tesouro para a Índia, refugiar-se naquele mesmo país e escapar a qualquer controle. Por isso, Mao trata de solapar sua autoridade. E enquanto Chu En-lai é encarregado da operação diplomática, Mao, por seu lado, vai ressuscitar o Panchen-Lama. Na hierarquia budista, o Panchen-Lama, outra reencarnação divina, aparece no século XIV da era cristã e foi considerado o “imediato”, compartilhando a autoridade espiritual com o Dalai Lama, mas deixando a este, em exclusivo, a autoridade temporal. O entendimento entre estes dois Lamas foi perfeito até 1910, data d anterior invasão do Tibete pelos chineses. O Dalai Lama refugiou-se então na Índia Britânica, ao passo que o Panchen-Lama se mantinha em Lhassa e colaborava com o invasor. Acompanhou os chineses, quando estes se retiraram, e morreu em 1937.
     Ao passo que o presente Dalai Lama, décima quarta encarnação de Chenresi, o Buda da Misericórdia, foi “descoberto” pelos padres de Lhassa em 1935, dois anos depois da morte de seu predecessor, esses mesmos padres ainda discutem, em 1950, para escolher, entre dois possíveis candidatos, a verdadeira reencarnação do Panchen-Lama.
     Nessa altura, Mao Tsé-tung tira da manga “seu” Pannchen-Lama, descoberto na China. É um rapaz de onze anos, completamente educado à chinesa. O Dalai Lama é constrangido a aceitá-lo, caso contrário não será assinado o tratado sino-tibetano. Os padres de Lhassa exigem o pretenso Panchen-Lama se submeta aos exames tradicionais, mas os chineses recusam-se a deixá-lo sair da China.
     De boa ou má vontade, o jovem da China – que além de tudo é realmente um tibetano – é reconhecido como Panchen-Lama e começa a assinar proclamações de apoio ao governo comunista e a Mao Tsé-tung. Para as massas budistas da China, que nada sabem de maquinação, sua religião integraou-se no sistema. Mao é grande, Mao é poderoso, Mao segue pelo caminho traçado por Buda. O passe de mágica teve êxito completo.
     Quanto aos taoistas, que têm uma longa tradição de conspiração e de sociedades secretas. Mao emprega uma tática diametralmente oposta. Persegue-se e só os tolera desde que abandonem praticamente tudo o que é fundamental em sua religião, estranha mistura de adoração dos espíritos da natureza e dos antepassados. Considera o taoismo irracional e, por consequência, perigoso para a sociedade racional que pretende estabelecer em seu país.
     Para os muçulmanos, muito numerosos na China e cuja religião corresponde a particularidade étnicas, as minorias nacionais que interessa afastar de qualquer rebelião, Mao Tsé-tung mostra-se extrema tolerante.
     Pelo contrário, está decidido a acabar o mais depressa possível com o catolicismo na terra chinesa. Os missionários, os padres e os prelados europeus ou americanos, são impiedosamente expulsos. Os que se recusam a partir vão para as prisões. Só podem exercer seu ministério os sacerdotes chineses, embora sua obediência ao Papa, esse “chefe estrangeiro”, lhes dê  aura de “agentes do imperialismo”, por vezes mesmo de espiões. Só poderá ser tolerada uma Igreja Católica nacional chinesa, separada de Roma, ou pelo menos mantendo com o Vaticano apenas laços muito vagos. Quanto aos protestantes, o problema é inteiramente diverso. É verdade que são cristãos, e portanro resíduos da colonização ocidental. Mas são mais vulneráveis, divididos como estão em diversas denominações e, por consequência, mais manobráveis. Não obedecem a um Papa estrangeiro; fizeram na China uma grande obra de educação e sua organização social ainda poderá ser útil, tem hospitais e dispensários. Por isso, apesar de sua repugnância, ainda maior pelo fato de seu velho inimigo Chang Kai-chek ser um protestante metodista, Mao Tsé-tung decide-se a tolerar os protestantes, desde que saiam do país todos os missionários estrangeiros, que os pastores deixem de is estudar no estrangeiro, que o cristianismo protestante se torne chinês, como aconteceu com o budismo. Chu En-lai fica encarregado de repetir com os protestantes a cena dos “capitalistas nacionais”. Para isso convoca os representantes do Conselho das Igrejas (protestantes) e explica-lhes a vontade de Mao nos seguintes termos: “consentiremos que continuem ensinando e tentando converter os chineses desde que continuam também a ação social. Os comunistas, como os cristãos, creem que a verdade acaba sempre por vencer. Achamos que a doutrina que têm é falsa. E, nesse caso, se tivermos razão, o povo há de acabar por os rejeitar, quando os vir lado a lado com os comunistas. E à luz desta comparação desfavorável a Igreja protestante entrará no declínio. Se a razão estiver do lado dos senhores, então o povo vai acreditá-los. Mas como temos a certeza que o erro é dos senhores, estamos dispostos a correr todos os riscos.”
     Que podem fazer os protestantes chineses? Curvam-se e aceitam as condições do novo imperador da China. O golpe mais duro é a expulsão dos missionários estrangeiros, através dos quais chegavam os subsídios vindos da Inglaterra e da América. Alguns deles conseguem ser recebidos por Mao e tentam levá-lo a modificar sua decisão deixando ficar pelos mesmos alguns. Mao ouve-nos. Finge refletir longamente e diz o seguinte:
     “Muito bem. Quantos são? Oito ingleses e sete norte-americanos. Pois muito bem: podem ficar na China e pregar livremente sua religião, mas com a condição de que o respectivo governo – inglês ou norte-americano – autorize número igual de missionários chineses pregando, na Grã-Bretanha ou nos Estados Unidos, o comunismo como nós o concebemos e com igual liberdade. Então? É difícil alguém trocar de maneira tão amável daqueles com quem se fala...
     No primeiro ano do seu reinado, Mao Tsé-tung pode considerar-se satisfeito. Seu prestígio é imenso na China e o mundo inteiro começa a tomar a sério, tanto os inimigos como os amigos. O chefe da família comunista, Stalin, dá-lhe auxílio limitado e conserva penhores importantes dentro da própria China. Mas garante-lhe o cartão de sócio do clube comunista ortodoxo, sem interferir na maneira como ele interpreta a doutrina marxista-leninista para aplicar em seu império.
     Pela primeira vez, a China torna-se uma unidade real. O Sul e o Norte começam a fundir-se num só país. Só a Manchúria e o Tibete, embora formalmente façam parte do conjunto chinês, conservam particularidades bem marcadas.
     A Manchúria transformou-se numa verdadeira república soviética, organizada segundo modelo soviético. Cheia de técnicos russos que aplicam seu próprio método na reconstrução da indústria manchu, com guarnições de tropas russas, a mais importante das quais é a de Porto Artur. À frente do governo local, há, na verdade, um chinês, Kao-Kang, mas este é considerado o mais cegamente estalinista da equipe de Mao, muito mais devotado a Moscou do que Li Li-san ou Lin-Piao. Chamam a Kao-Kong o “ditador do Nordeste” ou o “Stalin da Manchúria”.
     Ao sul, há o Tibete, onde as guarnições chinesas são cercadas de surda hostilidade, onde a assistência técnica chinesa, confundida com a penetração da ideologia de Mao Tsé-tung, é recebida com as maiores reservas. O poder espiritual do Dalai Lama e dos padres de Lhassa é tão forte que o país, embora faça parte da República Popular Chinesa, conserva suas estruturas feudais. Apesar destas anomalias, porém, o mundo inteiro – e sobretudo a Ásia – começa a olhar com espanto, com certa admiração o colosso que se pensava ter pés de barro e que se levanta em seu porte gigantesco. Os chineses comem; vestem-se; trabalham e produzem; estão sendo conduzidos, arrastados num esforço desmensurado, de que ninguém os julgava capazes, por um homem de cara redonda, cuja estrela sobre rapidamente no firmamento da política mundial. Mao Tsé-tung pode sentir-se satisfeito. Decide abandonar o Palácio de Verão e instala-se também na “Cidade Proibida”, demonstrando assim que dirige pessoalmente o trabalho do Governo, do Partido e o da Comissão Militar, que domina o Exército Popular, cuja desmobilização foi suspensa devido ao que se passa na Coreia.


Fonte: Mao Tsé-tung, o imperador vermelho de Pequim, E. Krieg.


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Não existe intelectual de esquerda


“Intelectuais de esquerda iniciam movimento pró Fernando Haddad”, diz o Estadão.

Não existe intelectual de esquerda.

Ou você é intelectual, ou você é de esquerda.

Na caso de Fernando Haddad, há apenas uns petistas que ganharam cargos na universidade pública ou na prefeitura de São Paulo.


O Antagonista

O Brasil está na rota da China, por Lúcio Machado Borges*

Resultado de imagem para O Brasil está na rota da China


O Brasil está na rota da China, que está se destacando pelo protagonismo internacional. A China está interessada nas commodities brasileiras. O país está interessado em petróleo, energia elétrica e ferrovias.
     A China é um dos principais países em tecnologia, em energia renovável, em energia eólica, solar e pretende fazer parceria com o Brasil nestas áreas. A China também pretende fazer uma parceria com o país, com a linha 6 do metrô de São Paulo.
     Em 2018, pelo menos dez grandes companhias chinesas estão se preparando para entrar no Brasil.


*Editor do site RS Notícias


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