Corrida
é contra o tempo e para impedir que bancos fiquem sem dinheiro
Paris
– Líderes da Alemanha e da França se reuniram, ontem, em Paris, e
pediram que a Grécia seja rápida na entrega de suas propostas para
alcançar um acordo que libere recursos financeiros em troca de
reformas econômicas e impeça a quebra do país e sua saída da zona
do euro. “A porta está aberta para discussão”, disse o
presidente francês, François Hollande, ao lado da chanceler alemã,
Angela Merkel. Eles pediram ao primeiro-ministro grego, Alexis
Tsipras, que faça propostas “sérias” e rapidamente. Ontem,
Tsipras prometeu, em uma conversa por telefone com Merkel, que Atenas
apresentará hoje na cúpula europeia as novas propostas.
No
domingo, os gregos rejeitaram, em um referendo, as condições
impostas pelos credores para extensão da ajuda ao país que incluíam
aumento de impostos e cortes nas aposentadorias. O governo de Atenas
espera que esse resultado dê mais poder de barganha ao país na
negociação com os credores. A Grécia corre agora contra o tempo
para conseguir uma nova ajuda antes que os bancos fiquem sem dinheiro
e antes do vencimento de uma parcela de 3,5 bilhões de euros que o
país deve pagar ao Banco Central Europa (BCE) até o dia 20.
O
BCE decidiu ontem manter a linha de liquidez de emergência aos
bancos gregos “nos níveis do dia 26 de junho”, data em que a
realização do referendo na Grécia foi anunciada, mas salientou que
a ajuda só será fornecida com garantias suficientes.
O
governo da Grécia vai manter os bancos do país fechados até
amanhã. Desde a semana passada, apenas algumas agências estão
funcionando, e só para o pagamento de aposentadorias. Nos caixas
eletrônicos, os saques são limitados a 60 euros diários.
O
coordenador da equipe grega nas negociações com os credores e até
ontem vice-ministro das Relações Exteriores, Eliclidis Tsakalotos,
foi nomeado para substituir Yanis Varoufakis à frente do Ministério
das Finanças informou ontem o governo grego. Varoufakis renunciou ao
cargo horas depois da vitória do “não” no referendo de domingo.
Criticado pelos parceiros europeus, ele justificou a decisão dizendo
que sua saída pode ajudar Tsipras a chegar a um acordo com os
credores.
O
presidente do Parlamento Europeu (PE), Martin Schulz, disse que a
renúncia de Varoufakis representava um “alívio” para o diálogo
com Atenas, mas ressaltou que nem isso as negociações serão mais
fáceis. A Alemanha já sinalizou que não pretende ceder na questão
do perdão à dívida grega. O porta-voz do ministro alemão das
Finanças, Wolfgang Scäuble, Martin Jäger, afirmou que a redução
da dívida “não entraria na mesa de negociações”.
Fonte:
Correio do Povo, página 8 de 7 de julho de 2015.