O caso do rompimento das barragens da
mineradora Samarco, em Mariana, na região central de Minas Gerais,
causando diversas mortes, feridos e danos ambientais de monta, alguns
praticamente irreversíveis, já está gerando um ambiente favorável
para mudanças no marco normativo dessa atividade, algo que até
então era considerado difícil por conta da pressão das empresas
que atuam nesse segmento. A partir da tragédia que chocou o Brasil e
o mundo, o relator do novo código mineral na Câmara dos Deputados,
Leonardo Quintão (PMDB-MG), passou a admitir e até a defender duas
propostas antes apresentadas como emendas rejeitadas em 2014.
Trata-se da instituição de um seguro ambiental, que deverá ser
contratado obrigatoriamente pelo operador na área de extração, e
também a implementação de um programa de tratamento dos resíduos,
algo que não é feito hoje e explica o potencial de contaminação
do material expelido por ocasião da implosão das contenções.
Ainda que se careça de investigação
mais profunda, até mesmo da responsabilidade dos órgãos que
deveriam fiscalizar a atividade da Samarco e de outras mineradoras em
igual situação de risco, a verdade é que de novo a prevenção não
funcionou e as leis necessários só serão aprovadas pós-sinistro.
Não é razoável que o argumento mais contundente para que o código
de mineração seja estatuído com a efetividade necessária surja
somente após um evento trágico que desgraçou a vida de milhares de
pessoas. As medidas compatíveis, mesmo que tardias, precisam ser
adotadas e o poder público deve aprender as lições deste episódio.
Fonte: Correio do Povo, editorial da
edição de 16 de novembro de 2015, página 2.
Mais Médicos: RS preenche 97% das
vagas
Profissionais
brasileiros com registro no país preencheram 97% das vagas do edital
de reposição do Programa Mais Médicos no RS. Das 32 vagas
ofertadas, 31 foram preenchidas. Em todo o país, já foram ocupadas
99% das 327 vagas disponíveis. Ao todo, 5.414 profissionais
disputaram as oportunidades, resultando em uma concorrência de 16
candidatos por vaga, a maior em todo o programa.
O secretário de Gestão do Trabalho
e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Hêider Pinto,
considera o maior interesse dos médicos brasileiros um indicativo da
consolidação do programa. “O Mais Médicos agora é visto como
uma oportunidade de atuação e formação rica e segura na Atenção
Básica”, destacou o secretário.
Fonte: Correio do Povo, página 18 de
30 de outubro de 2015.
Malan
aponta erros do governo
Ex-ministro da Fazenda de FHC citou os
equívocos na transição dos mandatos de Dilma I para Dilma II
em palestra na abertura do XXVI
Congresso Nacional de Executivos de Finanças, na noite de ontem no
hotel Plaza São Rafael, o ex-presidente do Banco Central e
ex-ministro da Fazenda nos dois mandatos do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, Pedro Malan, apontou vários “equívocos” da
política econômica, na transição dos governos Dilma I para Dilma
II, que levaram o país às dificuldades de hoje. Citou, por exemplo,
o modelo ao sistema elétrico brasileiro anunciado em 7 de setembro
de 2012 baseado na “forte” redução nas tarifas de energia
elétrica, o que gerou as altas do governo Dilma de hoje. Outro erro
foi a política de forçar a Petrobras a não repassar o preço da
importação do óleo diesel e gasolina ao consumidor brasileiro.
Hoje, chegou a conta. “Mesmo que não houvesse a Lava Jato, a
Petrobras teria obrigatoriamente que passar por sérios ajustes”,
afirmou.
Talvez o equivoco mais sério, na
avaliação do ex-ministro, tenha sido considerar não preocupante o
fato de a inflação estar batendo na meta. Se a meta era 4,5%, o
governo não deveria deixar a inflação chegar ao pico da meta, de
6,5%. “Quando se chega ao máximo, o tendência é a taxa subir
mais ainda e devido à alta dos preços e pressão dos dissídios
salariais”, disse.
Mais de 200 executivos participaram
da abertura do Congresso, que continua às 9h30min de hoje com
palestra do economista Paulo Rabello de Castro, e se encerra às 16h
com a conferência do presidente da Agenda 2020, Humberto Busnello.
Em sua fala ontem, o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos
de Finanças (Ibef-RS), Ademar Schardong, defendeu maior protagonismo
dos executivos no planejamento estratégico das organizações
públicas e privadas.
Fonte: Correio do Povo, página 6 de 6
de outubro de 2015.
Mapas virtuais: aplicações dos
navegadores urbanos
Apesar de ter falhas, GPS serve para
apontar locais de descarte de lixo e identificar ruas e serviços de
saúde
Luis Tósca
O
mapa viário de Porto Alegre, usado como base para a localização de
logradouros, pessoas (por meio do smartphone)
ou veículo com navegador veicular, tem diversas versões em uso e
por conta disso pode apresentar divergências ou estar desatualizado
em algumas plataformas. O sistema de posicionamento referenciado por
meio dos satélites (GPS) tem grande precisão, mas ainda está longe
de ser perfeito. Os mapas de atualização mais rápida são os do
Google, Nokia, Bing, Waze e Moovit, pois dispõem de ferramentas que
permitem a imediata alteração de traçados, além do redesenho de
vias e viadutos, inclusão de acessos e troca do nome de ruas, como
ocorre nos mapas digitais de equipamentos portáteis de uso popular.
A Procempa, órgão da prefeitura da
Capital, trabalha para atender às demandas da cidade, desenvolvendo
diversas ferramentas, como banco de dados específicos que
posteriormente serão atualizados pelo órgão responsável pela
manutenção da informação. O arquiteto Rodrigo de Marsillac Linn,
da Unidade de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto Aplicado da
Secretaria Municipal de Urbanismo, destaca que os dados são usados
por profissionais da área da construção civil, ambiental e setores
ligados a pesquisas em planejamento urbano, geografia e economia.
Outros órgãos municipais, por sua vez, possuem aplicativos próprios
para cumprir pedidos específicos, como localizar ruas, pontos de
táxi, apontar para descarte de resíduos sólidos e identificar
hospitais e unidades de saúde onde há serviço de urgência ou
emergência, entre outros.
O
coordenador do POAdigital, Thiago Ribeiro, explica que a base de
dados georreferenciados da prefeitura é permanentemente atualizada
por equipe interdisciplinar e é usada por diversos órgãos de
acordo com sua área de atuação, a exemplo dos departamentos de
Esgotos Pluviais e Municipal de Água e Esgotos, secretarias de Obras
e Viação e Urbanismo e da Empresa Pública de Transporte e
Circulação (EPTC). Além disso, algumas informações podem ser
utilizadas por empresas de tecnologia como as gigantes Google e
Moovit e também por jovens startups.
“Alguns conjuntos de dados
disponíveis no DataPOA, nosso portal de dados abertos, podem
eventualmente ser incorporados a outros sistemas antes de serem
utilizados pelo público externo”, explica. Ribeiro detalha que
essas informações são referentes à localização de paradas de
ônibus, estações do BikePoa, escolas da rede pública municipal,
estações de radiobase da prefeitura e também incluem dados
estratégicos como a localização da tubulação de gás da cidade,
informações de uso restrito a engenheiros, empreendedores e
construtoras. Ele também afirma que o sistema depende de atualização
permanente e não é imune a falhas.
“O
processamento das informações é feito por sistemas externos das
empresas que usam a base de dados da prefeitura e cada uma tem a sua
periodicidade.” Ribeiro disse que um dos serviços de mapas mais
populares do mercado é o fornecido pela empresa Google, que trabalha
com as informações geradas no município e que alimentam um número
incontável de aplicações. Sobre essa plataforma é muito comum
outras empresas construírem soluções que chegam ao usuário
através de celulares, tablets
e
aparelhos de navegação baseados na tecnologia GPS. A precisão dos
sistemas depende de tantos fatores que é difícil de localizar
eventuais erros.
Em busca de cidades inteligentes
O
professor Leandro Pompermaier, da Faculdade de Informática da PUCRS,
orienta seus alunos a construírem aplicativos com dados
georreferenciados da base de dados municipal para serem usados
comercialmente. Ele é assessor da Incubadora Raiar, que conta com 24
empresas criadas a partir de projetos elaborados na universidade. As
áreas mais procuradas para o desenvolvimento dessas ferramentas são
as de transportes, climatologia e saúde. “Há uma tendência
mundial de criação de startups
que
atendam ao conceito de cidade inteligente, no qual o aplicativo traz
soluções para facilitar a vida nos centros urbanos”, destaca
Pompermaier.
O
professor entende que as oportunidades de negócio motivam os
estudantes a encontrarem soluções para problemas recorrentes. “A
viabilidade de um APP depende muito de utilidade prática”,
conclui. Uma destas startups
é
a Wigo, que elabora um navegador para o transporte público. A
empresa é administrada por uma equipe que inclui empreendedores
Thales Sarubi e Marcos Rogowski e o projeto permite encontrar as
linhas de ônibus para se deslocar a qualquer ponta da cidade.
Sistema tem margem de erro
Apesar
da alta tecnologia empregada nos sistemas de navegação, surgem
falhas nos aplicativos georreferenciados e incorreções nos sistemas
de navegação, que seguem em aperfeiçoamento pelas empresas de
tecnologia de ponta. O professor Raul Weber, do Instituto de
Informática da Ufrgs, avalia que um dos maiores problemas para quem
usa GPS é a precisão na localização de ruas, logradouros e
estradas. “O sistema tem uma margem de erro de alguns metros e seu
funcionamento depende de diversos fatores com as condições do tempo
e o posicionamento do aparelho em zonas de sombra”, diz. O sistema
de posicionamento global está em operação desde 1985 por uma rede
de satélites (hoje são 32 em órbita baixa da Terra), que enviam
ondas eletromagnéticas a partir de suas órbitas no espaço. O
cruzamento dos sinais de ao menos quatro satélites determina a
posição do seu aparelho em relação a latitude, longitude e
altitude (em relação ao nível do mar).
Weber explica que os mapas gerados no
GPS podem apresentar variações quando o sistema não consegue fazer
a triangulação adequada. “O GPS precisa fazer contato com os
satélites do seu campo de abrangência, processar os dados e gerar
imagens a partir de aplicativo gráfico em tempo real. O contato pode
falhar por alguns segundos, produzindo lapso que impede o
posicionamento exato do equipamento.” No caso de perder contato com
os satélites, o aparelho calcula estimativas de posicionamento que
nem sempre são reais, mas depois corrige os dados e gera novos
mapas.
Experiência insubstituível
O
presidente do Sintáxi, Luiz Nozari, diz que um GPS não substitui o
conhecimento e a experiência do profissional que está o tempo todo
nas ruas, como o taxista. “Não recomendo que o motorista siga
apenas as indicações do navegador porque é uma ferramenta que pode
apresentar falhas”, diz Nozari.
Ele
lembra que o guia das ruas fornecido pela prefeitura da Capital, cuja
última versão impressa é de 2012, ajuda a encontrar as ruas mais
escondidas da cidade. “A maioria dos taxistas da Capital usa o GPS
como auxiliar na localização”, finaliza.
Fonte: Correio do Povo, página 11 de
11 de outubro de 2015.