Após chuvas no RS, entidades seguem recebendo famílias

 Estrutura está montada em unidade do Serviço Social do Comércio na Protásio Alves



Entidades seguem trabalhando em todos os cantos da cidade para acolher quem perdeu tudo nas cheias. Na unidade do Sesc-RS nos altos da Protásio Alves não é diferente. Antigamente conhecido como "Campestre", o local que abriga mata nativa e tem estrutura com espaços como piscinas e academia de ginástica, neste momento está com todas as atividades de lazer e esporte suspensas para dedicação total aos resgatados que chegam de regiões da área metropolitana de Porto Alegre.

O levantamento do total de acolhidos no ginásio de esportes já chegava a 329, de acordo com a assessoria de imprensa, que informa também que o sistema Fecomércio define a iniciativa de ajudar as vítimas das cheias como "investimento". O resultado, avalia a entidade, é ver as comunidades seguras e protegidas. Veículos da instituição estão todos a serviço dessa forca-tarefa. Funcionários também trabalham em todas as frentes, inclusive na cozinha preparando os alimentos para quem chega, iniciativa coordenada pelo Mesa Brasil.

Dentro do ginásio, em meio aos colchões já posicionados, os resgatados se organizam e secam as roupas que conseguiram trazer em varais Improvisados perto das arquibancadas.

Uma das funcionárias do Sesc-RS passou pelo susto de fugir da enchente em Eldorado do Sul. A auxiliar administrativa Karine Duarte Oliveira, 36 anos, está agora hospedada com amigos porque a casa onde morava de aluguel ficou inabitável. Os móveis e utensílios foram todos perdidos, e os pertences hoje se reduzem a uma mala, além da companhia do gato Pudim. Moradora do bairro Cidade Verde, ela conta que durante a semana passada a Defesa Civil já havia dado o alerta para que todos saíssem.

Karine comemorou por ter conseguido sair das águas e chegar a uma estrada Karine comemorou por ter conseguido sair das águas e chegar a uma estrada | Foto: Karine Duarte Oliveira / Arquivo pessoal

Na sexta de manhã ela reuniu alguns pertences e colocou Pudim em um saco. Muito assustado, o gato de pelagem amarela se agitava por todo o trajeto. Seguiu a pé pela principal avenida do bairro com água acima da cintura por oito quarteirões até conseguir pisar em terra firme, na BR 290. A filha de 18 anos, que mora com ela, já havia saído de Eldorado no dia anterior junto com os avós, os pais de Karine que moram no mesmo bairro e igualmente perderam tudo, mas se abrigaram com parentes.

Quando se viu livre da inundação e já estava em local seco, na estrada, Karine tomou um ônibus para Porto Alegre, não sem antes perceber que naquele ponto da rodovia havia aproximadamente mil pessoas em busca de ajuda. "Estavam em desespero procurando por familiares", relembra. Agora em segurança e tentando fazer a rotina voltar ao normal, Karine sabe que nada será fácil. "Ali naquele local vai se repetir, e em breve. E o inverno nem começou ainda", conclui.

Correio do Povo

Clínica veterinária é improvisada em viaduto para atender pets resgatados da enchente em Porto Alegre

 Mais de mil bichinhos já receberam atendimento



Um centro de saúde para animais resgatados da enchente foi montado na parte inferior do Viaduto José Eduardo Utzig, na avenida Benjamin Constant, na zona Norte de Porto Alegre. O espaço conta com veterinários voluntários, que oferecem medicação e abrigo aos pets.

Foram reunidos gatos, cachorros e até papagaios no local. Eles passam por triagem e, aqueles que não tem dono, são encaminhados para ONGs.

A veterinária Camila Dolejal, de 28 anos, estima que mais de mil bichos já receberam atendimento na clínica improvisada.

“Resgatamos animais a pedidos de tutores. Eles deixam os endereços com a gente e vamos de barco pegar os pets. Fazemos uma triagem inicial e, os animais sem dono, são encaminhados para ONGs”, disse.

 Pets têm sido atendidos em viaduto da Capital | Foto: Fabiano do Amaral  Clínica improvisada atendeu bichinhos | Foto: Fabiano do Amaral

Correio do Povo

Furando a garrafa de Coca-Cola para lavar a louça em Porto Alegre

 


Saída de secretário que tirou férias em Porto Alegre é confirmada

 Durante catástrofe na Capital, exoneração de Léo Voigt, do Desenvolvimento Social, resultou em crise na prefeitura



Em meio ao uma enchente histórica em Porto Alegre, a demissão do secretário de Desenvolvimento Social, Léo Voigt, foi confirmada. Na terça-feira, o secretário entrou em férias "impostergável", segundo ele, e deixou o Estado em direção ao Exterior. Pasta está sob tutela do adjunto, Jorge Brasil.

A tarde, uma nota da prefeitura informando a exoneração de Voigt foi divulgada, mas a saída efetiva ainda não estava confirmada. Na segunda, ele havia enviado aos colegas uma nota, que posteriormente foi vazada, justificando sua saída. No informe, explicava que a viagem era "impostergável" e pedia compreensão dos colegas. O comunicado gerou uma crise dentro da prefeitura e, já no início da noite, eventual retorno do secretário para o comando da pasta se tornou inviável.

Em manifestação, o agora ex-secretário afirmou ser necessário "reconhecer as próprias limitações", alegando ausências familiares em função da alta demanda da pasta. Segundo ele, sua ausência "não mais alterará o plano de atendimento às vítimas".

A saída durante um dos piores momentos enfrentados pela Capital repercutiu negativamente nas redes sociais, inclusive na base governista. Em nota, Voigt disse "compreender as implicações da decisão".

Confira a íntegra da nota divulgada pelo secretário:

“Há um momento em que é necessário reconhecer as próprias limitações.

Os episódios recentes atingindo Porto Alegre, com minha dedicação integral no atendimento ao público da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e FASC, as ausências familiares há 3 anos, legitimamente cobradas, e um esgotamento inevitável diante de todos os compromissos desta Pasta, me levaram a entrar com “solicitação de exoneração a pedido para tratamento de interesse pessoal”.

Minha ausência não mais alterará o plano de atendimento às vítimas, que está sendo devidamente executado por todas equipes do Governo Municipal. O sistema está organizado, em plena operação. A área assistencial está fortalecida e integrada por profissionais competentes.

Com compreensão e ciente das implicações desta decisão, Léo Voigt"

Correio do Povo

MetSul alerta para enchente de graves proporções na Região Sul nos próximos dias

 Segundo estudos do instituto de meteorologia, água deverá chegar a locais em que jamais chegou



A MetSul Meteorologia divulgou um alerta nesta quarta-feira para uma enchente de grandes proporções na Lagoa dos Patos, principalmente na região Sul do Rio Grande do Sul. Segundo o instituto, a cheia já começou e se agravará nos próximos dias, seguindo com níveis em alta na próxima semana, em função do recebimento das águas dos rios e do Guaíba.

O alerta ocorre em função da grande quantidade de água que a lagoa já está recebendo, que será reflexo das enchentes históricas registradas nos rios que formam a bacia hidrográfica do Guaíba. Ainda de acordo com a MetSul, a água alcançará locais em Pelotas em que jamais chegou, inclusive no Centro, deixando grandes áreas da quarta cidade mais populosa do RS debaixo d´água.

Em alguns locais, a inundação será severa a extrema, aponta o alerta. Além da MetSul, a prefeitura de Pelotas divulgou mapa de áreas de risco de inundação que cobre uma extensa área da cidade. “Não será surpresa se este mapa for ampliado para outras áreas. Não há referências históricas de onde a água pode chegar porque nunca houve evento desta magnitude, além de existir a complicação por vento que muda de direção e intensidade a cada dia”, aponta o aviso do instituto de meteorologia.

A vizinha Rio Grande deve ser outra cidade severamente afetada pelas inundações à medida que chega a maior quantidade de água vinda da lagoa em direção ao canal de desague no Oceano Atlântico. A cidade também deverá registrar inundações significativas em vários pontos.

“São prováveis inundações que afetem trechos de rodovias da região com bloqueios ou totais ou parciais. Com o grande volume de águas, o tamanho das lagoas deverá se expandir com as águas inundando lavouras ainda não colhidas e atingindo o gado. Será uma situação tão extraordinária que as lagoas Mirim e dos Patos podem se unir pela inundação na região e no canal São Gonçalo, formando uma única e grande massa d´água”, completou o alerta da MetSul.

Correio do Povo

Grêmio e Inter adotam cautela antes de tomar qualquer atitude

 A não paralisação do Brasileiro não surpreende, gera desgosto, mas não afoitamento


Sem qualquer atividade há quase uma semana, Grêmio e Inter estudam o que fazer diante da tragédia no Rio Grande do Sul. Querendo ou não, eles ficam pressionados com a postura adotada pela CBF ao adiar somente os jogos dos gaúchos no Brasileiro e Copa do Brasil. Cenário idêntico ao das competições continentais. O fato é que mais cedo ou mais tarde o calendário reconhecidamente apertado ficará quase inexequível.

Ao olhar para o restante do ano é ainda viável enxergar saídas. Por ora, os dirigentes têm procurado se manifestar o mínimo possível. No entanto, a pressão corriqueira em clubes grandes aumenta em cenários em que atitudes enérgicas são exigidas por parte da opinião pública. Acionar o STJD, por exemplo, é possível, mas não irá acontecer.

"Sim, os clubes podem acionar a justiça desportiva. O caminho não é fácil, existe o princípio do pro competitione (estabilidade das competições), que é muito importante no esporte e será analisado. Mas o princípio da isonomia também é muito importante. Vai depender da leitura que o intérprete fará nesse caso concreto", explica Andrei Kampff, jornalista e advogado especialista em direito esportivo.

Sem contar o final do mês de maio quando a dupla Gre-Nal seguirá sem jogar, 2024 ainda resguarda outras quatro datas-Fifa no segundo semestre. São quase 20 dias no total em que as competições ficam paradas. Nesse período seria possível reagendar os jogos do Campeonato Brasileiro até o momento adiados. O mesmo não vale para as competições eliminatórias.

Enquanto a hipótese de levar o grupo de jogadores para fora do Rio Grande do Sul é estudado, ninguém quer trocar os pés pelas mãos. "É momento de ajudar, socorrer, ajudar quem precisa e dai sim, depois, pensar em como enfrentar o nosso calendário", disse o presidente gremista Alberto Guerra em entevista à ESPN.


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Veja fotos da mobilização contra enchentes no RS

 Resgates e doações mobilizam o RS nos últimos dias







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Número de mortes pelas enchentes no RS chega a 100

 Novo boletim divulgado pela Defesa Civil aponta ainda que total de afetados pelas cheias no Estado é de quase 1,5 milhão de pessoas



A mais recente atualização do boletim da Defesa Civil, divulgado às 12h desta quarta-feira, mostra que o Rio Grande do Sul atingiu a triste marca de 100 mortes em função das chuvas no Estado nas últimas semanas. Mais quatro óbitos estão em investigação, além de 128 casos de desaparecimento e 372 feridos. Para efeitos de comparação, na passagem de um ciclone extratropical pelo Estado, no ano passado, foram 54 mortes.

O número de pessoas afetadas pelos eventos climáticos já beira o 1,5 milhão – no momento são 1.456.820. Os desalojados são 163.720 e as pessoas em abrigos alcançam 66.761, um número que tem crescido a cada hora.

Os dados mais recentes indicam que o nível do Guaíba estava, às 11h, em 5,10 metros (a cota de inundação é de 3 metros). O rio Gravataí, por sua vez, estava, às 7h, em 6,15 metros, enquanto o Rio dos Sinos, no mesmo horário, em 6,90 metros.

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Enchente na Grão Pará com a Barão do Cerro Largo

 



Enchente do rio Guaíba em Porto Alegre

Uma Porto Alegre “seca” com ritmo diferente

 Cenário é diferente em bairros que não foram afetados pelas enchentes

Mauren Xavier



As imagens do avanço das águas cobrindo de marrom regiões de Porto Alegre localizadas às margens do Guaíba impressionam e assustam. Trazem desespero. São milhares e milhares de desabrigados. Pessoas que tiveram que fugir de casa.

Porém, basta caminhar algumas quadras e ver que a paisagem começa a mudar.
A água da calçada desaparece. Já a luz aparece. O trânsito flui com mais tranquilidade. O café tem clientes. Pessoas fazem exercício físico.

Não é que as regiões não afetadas pelas águas e seus moradores estejam ignorando o que está acontecendo. Ao contrário. Praticamente todas as conversas giram em torno disso. Todos de alguma maneira estão sendo impactados, mas o ritmo é diferente. O som é diferente.

E isso ficou bem evidente ao longo desta quarta-feira, tão atípica em Porto Alegre. Com as aulas suspensas, as crianças estão na rua e na praça. Ou ainda o comércio de bairro, que têm itens nas suas prateleiras, mesmo a ausência de água que impera em todos os lugares. O próprio abastecimento tem sido o serviço que acabou por impactar todos os porto-alegrenses de alguma forma.

Mas voltando ao caminho da saída da Cidade Baixa, passando pelo Parque da Redenção e chegando no bairro Bom Fim o clima muda. Mesmo sem água nas ruas, a região tem sentindo as consequências da enchente. Os mercados e supermercados têm falta de alguns produtos, como ovo e farinhas, sendo possível ver prateleiras vazias e filas naqueles mais abastecidos. de forma geral já sente as consequências da enchente.

Alguns estabelecimentos comerciais não estão operando, mas recebendo doações para ajudar os flagelados. Outras lojas, pessoas compram roupas e itens de higiene porque deixaram tudo para atrás na fuga do avanço das águas. A luz segue instável nos últimos quatro dias, dificultando uma "normalidade" na rotina. Além disso, muitos moradores estão recebendo amigos vindos de áreas atingidas, como a própria Cidade Baixa e o Menino Deus.

E quem buscou abrigo em bairros afastados da tragédia chega a se surpreender com a diferença da parte "seca" de Porto Alegre, com aquelas que vivenciaram na pele.
No bairro Jardim do Salso, bem afastado da região central, a oscilação do abastecimento de água tem sido o principal transtorno. Mesmo assim, segue o racionamento por parte dos moradores, num gesto de solidariedade com o restante da cidade.

Outro movimento foi um esvaziamento natural do bairro, com a migração de muitas pessoas para o litoral norte, apesar de não serem atingidos pelas águas. Já no bairro Petrópolis, uma região residencial e que fica a cerca de 20 minutos de carro do Centro, tinha na maior parte água e luz nesta quarta-feira. E muitos moradores têm recebido pessoas de outras localidades para dar suporte, como um banho ou mesmo um espaço para descansar.

Porém, basta olhar pela janela de um dos apartamentos e ver que a vida parece praticamente normal. A pracinha tem bom movimento de crianças em função, especialmente, do calor.
Algumas pessoas que estavam evitando sair de casa em função do colapso de Porto Alegre, a paisagem na rua assusta. Pouco movimento de carros em alguns bairros, o que quase traz a sensação de um "domingo", como no bairro Lomba do Pinheiro, na outra ponta da capital gaúcha.

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