Zona Sul de Porto Alegre tem manhã de resgates e estradas bloqueadas

 Próximo à estrada Retiro da Ponta Grossa, moradores são retiradas de barco por voluntários


O cenário de resgate de moradores por barco se repete em Porto Alegre de Norte a Sul. A manhã deste domingo foi de retirada de atingidos em vários pontos da zona Sul da capital. Em um destes pontos, na estrada Retiro da Ponta Grossa, no bairro Ponta Grossa. O resgate é feito por voluntários de barco na região. Em alguns pontos do alagamento, a água está na altura da cintura de um adulto. No local, o Guaíba está quase atingindo as janelas das casas, que já estão dentro da água.



No bairro Cristal, moradores relatavam que a água estava na altura do peito de um adulto nas vilas Hípica e Resvalo, próximas à avenida Icaraí, que estava alagada próximo ao cruzamento com a rua Tamandaré. A luta na região é para salvar o pouco que ainda não estragou. Com a ajuda de barcos, os moradores retiram geladeiras, máquina e lavar roupa.


No bairro Ipanema, locais também usam barcos para ajudar outros moradores. Este é o caso de Jones de Oliveira, de 36 anos, que se voluntariou para entregar água e mantimentos de caiaque para pessoas que estão isoladas em suas casas na avenida Imperial. No mesmo bairro, a avenida Tramandaí também está bloqueada por conta da cheia do Guaíba.


Outro ponto de atenção na zona Sul é na estrada Gedeon Leite, onde o asfalto está cedendo em um ponto onde passa um córrego. A via é um importante acesso do bairro Hípica com as estradas Costa Gama e Oscar Pereira. Segundo a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), são ao menos 15 pontos com bloqueio total na via na região. Além disso, há registro de acúmulo de água no Túnel Verde e a queda de fios na estrada Retiro da Ponta Grossa.


Relatos também dão conta de que as partes mais baixas do Shopping Praia de Belas e do entorno estão completamente alagadas. Ainda pela manhã, o aumento dos alagamentos no bairro Menino Deus fez com que fossem encerradas as atividades de recolhimento de donativos no Gigantinho. Há também restrições no acesso ao hospital Mãe de Deus.

Correio do Povo

Eleitores de Lula presos no show da Madonna

 

Cerca de duas mil pessoas passam a noite nos abrigos provisórios da prefeitura

 Nível do Guaíba chegou a 4,96 metros na manhã deste sábado

Quase duas mil pessoas passaram a noite nos abrigos provisórios montados pela prefeitura de Porto Alegre. Com o avanço das águas do Guaíba e o aumento do número de famílias resgatadas, foram ampliados os locais de acolhimento. Agora, são oito espaços. O acesso a Porto Alegre pela BR-116 está fechado devido ao bloqueio da avenida Farrapos por alagamento.

O nível do Lago Guaíba chegou a 4,96 metros na manhã deste sábado, 4. Na sexta-feira, as equipes realizaram pelo menos mil salvamentos em áreas alagadas e de risco na cidade.

“Nesta enchente histórica, tivemos madrugada muito intensa de resgate de moradores. São quase duas mil pessoas acolhidas em oito abrigos temporários mobilizados pela prefeitura com parceiros. Estamos montando mais estruturas para a demanda crescente”, afirmou o Prefeito Sebastião Melo.

No Ginásio da Brigada Militar, estão 442 pessoas, destas 290 adultos, 152 crianças e 46 pets. No Centro Estadual de Tratamento Esportivo (Cete), passaram a noite 356 pessoas, sendo 200 adultas e no ginásio de lutas, outras 156.

O Centro Vida recebe 607 desabrigados, sendo 439 adultos, 168 crianças e 58 pets. No Theatro Renascença, estão 210 pessoas. Na Restinga, no Pe. Leonardi, 40 pessoas estão sendo acolhidas (21 adultos, 19 crianças e quatro animais). Também na Zona Sul, na escola Estadual Custódio de Mello, são 29 pessoas (19 adultos e 10 crianças). Na Igreja Brasa, parceira da prefeitura, estão cem pessoas.

A população em situação de rua está sendo recebida no Ginásio Calábria. O ingresso é feito por meio das equipes de abordagem da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc). Setenta e quatro pessoas estão no local.


Correio do Povo

FOTOS: Centro de Porto Alegre amanhece alagado neste sábado

 Rio Guaíba atingiu cheia histórica e inundou a Capital

Prédio do Correio do Povo e da Rádio Guaíba cercado pelas águas na rua Caldas Júnior 

Após a cheia história do rio Guaíba, que ultrapassou os 4,80m na noite dessa sexta, o Centro Histórico de Porto Alegre amanheceu alagado neste sábado. A água já avança pelas ruas dos Andradas, Bento Martins, Caldas Júnior, João Manuel, Sete de Setembro, etc.

 Rua da Praia está alagada | Foto: Jonathas Costa / Especial / CP  Bento Martins com água na pista | Foto: Jonathas Costa / Especial / CP  Bento Martins com água na pista | Foto: Jonathas Costa / Especial / CP

Correio do Povo

Frente deve causar chuva forte nas áreas de enchente da Grande Porto Alegre

 Chuva prevista para as próximas horas não vai interferir na baixa dos rios, onde os níveis já declinam, conforme a MetSul

MetSul alerta para o alto risco de chuva forte com pancadas torrenciais 

Uma frente quente que avança de Norte para Sul vai trazer chuva para as áreas mais atingidas pelas enchentes, como a Grande Porto Alegre.

MetSul alerta para o alto risco de chuva forte com pancadas torrenciais, que podem vir com raios e trovoadas, não se descartando temporais isolados.

A instabilidade mais forte ocorre na noite deste sábado, no Norte do Estado, sobretudo na região da Serra gaúcha, onde chove forte em vários pontos. O tempo já apresenta chuva na área metropolitana.

Entre a madrugada e de manhã, a instabilidade mais forte migra para Sul, com elevado risco de chuva forte a localmente intensa, raios e trovoadas em pontos entre o Centro e o Leste do RS, sobretudo entre os vales, a Grande Porto Alegre e o Litoral Norte.
Ao longo do domingo, a chuva avança mais para o Sul. Com isso, vai abrir o tempo em muitas cidades, com sol e nuvens. A temperatura fica mais elevada na Metade Norte do Estado, com sensação de tempo quente e abafado. No Sul gaúcho, há chance de chuva da tarde para a noite.

A MetSul ainda esclarece que a chuva prevista para as próximas horas não vai interferir na baixa dos rios, onde os níveis já declinam. O máximo que pode ocorrer é reduzir o ritmo de baixa temporariamente em algumas localidades, mas, no geral, a tendência é de baixa da maior parte dos rios.

A massa de ar quente que avança na retaguarda da frente é a que cobre o Brasil neste momento, com temperaturas excepcionalmente altas no Paraná, Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil.

Esta massa de ar quente cobre o Rio Grande do Sul na segunda-feira, dia que será de sol e nuvens na maioria das regiões, com forte a intenso calor para esta época do ano. As máximas superam 30ºC em diversas cidades. No extremo Sul gaúcho, há alto risco de chuva forte e temporais.

Correio do Povo

Em novo boletim, Defesa Civil do RS confirma 55 mortos, e outros sete em investigação

 Pasta informou que o número de desaparecidos é de 74 pessoas

Equipes do órgão estadual seguem atuando para atender a população afetada e garantir a segurança da população 

A Defesa Civil Estadual atualizou na tarde deste sábado, as 18h, os números da tragédia em decorrência das chuvas no Rio Grande do Sul.

São 317 municípios atingidos, com 510.585 gaúchos afetados pelos transtornos causados pelas enchentes. Até o momento, a Defesa Civil Estadual contabiliza 69.242 pessoas desalojadas, 13.324 pessoas em abrigos e outras 107 feridas.

Segundo a instituição, são 55 mortes confirmadas, e 74 desaparecidos. Neste momento, também, há sete óbitos em investigação. As equipes seguem atuando para atender a população afetada e garantir a segurança da população.

Óbitos confirmados
Bento Gonçalves (3)
Boa Vista do Sul (2)
Bom Princípio (1)
Canela (2)
Caxias do Sul (4)
Encantado (1)
Farroupilha (1)
Forquetinha (2)
Gramado (6)
Itaara (1)
Lajeado (1)
Montenegro (1)
Pantano Grande (1)
Paverama (2)
Pinhal Grande (1)
Putinga (1)
Salvador do Sul (2)
Santa Cruz do Sul (3)
Santa Maria (6)
São João do Polêsine (1)
São Vendelino (2)
Segredo (1)
Serafina Corrêa (2)
Taquara (2)
Três Coroas (1)
Vale do Sol (1)
Venâncio Aires (3)
Vera Cruz (1)

Óbitos em investigação
Caxias do Sul (1)
Pinhal Grande (1)
Santa Cruz do Sul (1)
Santa Maria (1)
Três Coroas (3)

Alertas
Para aumentar o nível de prevenção, as pessoas podem se cadastrar para receberem os alertas meteorológicos da Defesa Civil estadual. Para isso, é necessário enviar o CEP da localidade por SMS para o número 40199. Em seguida, uma confirmação é enviada, tornando o número disponível para receber as informações sempre que elas forem divulgadas.

Também é possível se cadastrar via aplicativo Whatsapp. Para ter acesso ao serviço, é necessário se registrar pelo telefone (61) 2034-4611 ou clicando aqui. Em seguida, é preciso interagir com o robô de atendimento enviando um simples "Oi". Após a primeira interação, o usuário pode compartilhar sua localização atual ou qualquer outra do seu interesse para, dessa forma, receber as mensagens que serão encaminhadas pela Defesa Civil estadual.

Correio do Povo

Nível do rio Guaíba volta a subir em Porto Alegre

 Cota estava em 5,22 metros às 20h deste sábado

No fim da tarde deste sábado, nível registrou baixa de 2 cm 

Após baixa de 2 centímetros, o nível do rio Guaíba voltou a subir na noite deste sábado, 4. A medição mais recente feita pela prefeitura de Porto Alegre registrou cota de 5,22 metros às 20h. Registro foi obtido por meio da régua da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (SEMA) e Agência Nacional de Águas (ANA).

A previsão da MetSul é de novas chuvas na Grande Porto Alegre na noite deste sábado, com risco de pancadas torrenciais. Ao longo de domingo, a instabilidade deve avançar para a região Sul.

Correio do Povo

Chuvas no RS: ministro diz que domingo será dia decisivo

 Governo federal intensifica presença no Estado e Lula volta três dias após primeira viagem para tratar da tragédia



O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, disse, no início da noite deste sábado, em Porto Alegre, que o governo está estabelecendo o domingo como uma espécie de dia decisivo para poder medir a evolução da tragédia climática no RS e planejar as próximas ações. O presidente Lula também volta pela segunda vez ao Estado neste domingo, em um intervalo de apenas três dias, para acompanhar a situação. Os governos federal e estadual estão organizando encontros de trabalho conjuntos e há expectativa, entre prefeitos, do anúncio de novas medidas de socorro.

Na segunda-feira o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, deverá participar, também em Porto Alegre, de uma reunião com senadores, deputados federais e estaduais, para tratar de recursos liberados via emendas.

Pimenta, o ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e o governador Eduardo Leite fizeram uma breve atualização da situação à imprensa após uma reunião realizada à tarde. Questionado sobre quais as regiões são consideradas mais críticas neste momento, Pimenta citou a região Metropolitana da Capital. Ele assinalou ainda que a Região dos Lagos e São Lourenço também registra aumento das águas, e há preocupação com as consequências do que isto poderá ter em outras áreas. Ressalvou, contudo, que, no Vale do Taquari, as informações são de diminuição no nível das águas, com trabalhos de resgate quase concluídos. O governador Eduardo Leite, por sua vez, voltou a afirmar que o RS vai precisar de medidas “absurdamente excepcionais, tanto em termos de processos como de recursos.”

Pimenta e Góes estão na Capital gaúcha desde a manhã. O governo federal instalou, junto à sede da Famurs, no bairro Menino Deus, um escritório para tratar diretamente com os prefeitos sobre a calamidade provocada pelas chuvas que assolam o Estado.

Conforme os dados atualizados neste sábado, 317 dos 497 municípios gaúchos estão afetados pelos eventos climáticos extremos da semana. Há 62 mortes confirmadas e 74 pessoas permanecem desaparecidas.

Correio do Povo

Rio Guaíba permanece elevado neste sábado, mas chuvas não devem agravar enchentes no RS

 Ruas de Porto Alegre foram invadidas pelas águas do rio Guaíba

Ruas de Porto Alegre foram invadidas pelas águas do rio Guaíba 

O nível do rio Guaíba seguirá elevado ao longo deste final de semana diante da enorme vazão de rios ainda alcançando a área de Porto Alegre. No sábado, o Rio Grande do Sul registrará chuva na maioria das cidades.

Entretanto, as pancadas não irão agravar a cheia já consolidada na Capital. Na última atualização, a elevação das águas estava em 4,70cm.

Conforme a MetSul, a instabilidade será maior no Norte com risco de chuva forte a muito forte em pontos da Serra e Aparados, onde estão as nascentes de rios dos vales.

No extremo Sul, o tempo fica firme. Ocorrem intervalos de melhoria temporária. Temperatura amena, sem muito frio, fato relevante com muitas pessoas fora de casa.

MetSul Meteorologia e Correio do Povo

“Façam algo por nós”, “não há resgate”, “não temos para onde ir”: os relatos comoventes no supergrupo das ilhas de Porto Alegre no WhatsApp

 Moradores, alguns ainda ilhados, usam o espaço virtual para compartilhar informações diante da tragédia da enchente

Eldorado do Sul Bairro Picada alagado 

O grupo "Vendas e informações das ilhas" tinha, nesta sexta-feira, 1.024 membros, exatamente o limite permitido pelo WhatsApp. Diante da já maior enchente da história de Porto Alegre, atingida na noite de hoje, moradores do Arquipélago ou com raízes no local utilizaram o espaço virtual como importante ferramenta de comunicação por meio de fotos, vídeos e áudios, pedidos de socorro e resgate. A região das ilhas é uma das que mais sofre com cheias na Capital, mesmo muito menores do que a atual.

A reportagem acompanhou o grupo por algumas horas, e ouviu alguns membros do mesmo, solicitando permissões para publicação dos nomes, a respeito de suas impressões diante da tragédia, ou sobre como eles próprios e seus familiares estavam. Um morador, Dennis Lima, também da Pintada, contou que na Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Maria José Mabilde, na mesma ilha, além dele, havia cerca de 20 pessoas, entre crianças, adultos e idosos. "Juntou um monte de gente para se abrigar", contou Lima.

Outro morador, identificado como Fábio disse que estava no segundo piso de uma casa na rua Nossa Senhora da Boa Viagem, na Ilha da Pintada. "Precisamos que seja feito algo por nós, estamos no segundo piso", pediu ele. "Ontem à tarde veio o último caminhão do Exército. Disseram que voltariam e não voltaram. Agora estamos aqui sem água potável, sem alimento, com crianças pequenas e idosos. Já pedimos para todos os órgãos e ninguém vem". Vanessa Rosa, da Ilha das Flores, contou que não conseguia contato com a Defesa Civil pelo telefone 199.

"O pessoal não tem para onde ir e não há resgate", comentou. "Tem muita gente pedindo por ajuda, na região das ilhas e Eldorado do Sul". A funcionária pública CIbelle Chaves mora no município de Tapes, no sul do estado, mas já viveu na Pintada. Atualmente, disse que aluga sua casa na ilha para uma idosa humilde com um neto que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ambos saíram do local ontem.

"Pago o IPTU regularmente, e depois da enchente de 2018, não tive mais psicológico para viver lá. Hoje pago meu aluguel com o valor que recebo da casa da ilha. Minha casa deve estar com água acima das janelas. Não tenho condições de pagar aluguel do meu bolso, porém serei obrigada, pois minha casa provavelmente estará condenada. Mesmo assim, não terei coragem de alugar para alguém sabendo que pode estar com a estrutura afetada", relatou Cibelle.


Para facilitar de alguma forma eventuais resgates ainda necessários, um número compartilhado como sendo da Defesa Civil Municipal pede para ser enviado quantidade de pessoas em um local, se há idosos, crianças, pessoas com necessidades especiais, se estão isolados ou ilhados, e a forma de acesso ao local, de barco ou aeronave. Demais relatos comovem, com pessoas perguntando sobre o paradeiro de mães, pais e irmãos, questionando sobre a retirada de pessoas em botes e chegada na Usina do Gasômetro, entre outros compartilhamentos de informações. A marca de 4,77 metros, por exemplo, que superou a grande enchente de 1941 em Porto Alegre, também causou surpresa.

"Estamos desde ontem tentando tirar meu sogro, ajudou várias pessoas e quando chegou a vez dele, ninguém para socorrer", disse uma usuária. "Alguém que está no Gasômetro, por favor, minha irmã está com o filho menor e uma senhora, correndo risco da casa cair", afirmou outra. Números de contato para resgates, inclusive de outros municípios, como Eldorado do Sul, são também compartilhados.

Hoje pela manhã, havia em um hotel no bairro Picada, em Eldorado, às margens da BR 290, por volta de cem pessoas aguardando para serem resgatadas. O local foi cedido pelo proprietário como abrigo, porém a água subiu acima do limite do térreo e manteve presas as famílias. Apenas uma das inúmeras situações pelas quais estes moradores estão passando neste dia trágico e histórico.

Correio do Povo