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terça-feira, 23 de maio de 2023

Trégua entre generais entra em vigor no Sudão, mas enfrentamentos continuam

 Ainda não está claro se esta trégua facilitará o trânsito de civis e ajuda humanitária

O cessar-fogo de uma semana estabelecido pelo Exército regular e os paramilitares que lutam pelo poder no Sudão entrou em vigor na noite desta segunda-feira (22), mas os enfrentamentos continuam.

Ainda não está claro se esta trégua facilitará o trânsito de civis e ajuda humanitária, e se estava sendo aplicada no terreno, pois os combates, principalmente em Cartum e Darfur (oeste), normalmente são menos intensos durante a noite.

Durante todo o dia, a ONU registrou "combates e movimentos de tropas". Depois da entrada em vigor da trégua, enfrentamentos continuavam sendo registrados no nordeste de Cartum, segundo testemunhas.

Os mediadores americanos e sauditas haviam anunciado no domingo que, após duas semanas de negociações na Arábia Saudita, uma trégua de uma semana foi estipulada a partir desta segunda-feira, às 16h45 (horário de Brasília).

Ambas as partes afirmaram que querem respeitar a trégua, o que foi bem-recebido por ONU, União Africana e o bloco da África Oriental IGAD. No entanto, dezenas de tréguas foram violadas desde o início dos combates, há cinco semanas.

Desta vez, Riade e Washington garantiram que haverá "um mecanismo de monitoramento do cessar-fogo" com representantes de ambos os lados, além dos Estados Unidos e da Arábia Saudita.

Hussein Mohammed, que mora em Cartum, quer que o mecanismo funcione. "Desta vez, espero que os mediadores fiquem de olho nos beligerantes" e que eles sejam obrigados a cumprir o cessar-fogo. "Assim poderei levar minha mãe ao médico: ela precisa vê-lo toda semana, mas não conseguimos ir desde o dia 13 de abril", contou à AFP.

Desde 15 de abril, a guerra entre o Exército, comandado pelo general Abdel Fattah al Burhan, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), lideradas pelo general Mohamed Hamdan Daglo, deixou mil mortos neste país do leste da África, um dos mais pobres do mundo, e mais de um milhão de deslocados e refugiados.

Cartum, sem água nem eletricidade 

A infraestrutura do país também pagou um preço alto. Quase todos os hospitais de Cartum e Darfur já não podem funcionar e os médicos denunciam que há bombardeios aéreos e de artilharia contra os centros de saúde.

A maior parte dos cinco milhões de habitantes da capital está trancada em suas casas, sem água ou eletricidade, e os grupos humanitários pedem o estabelecimento de corredores para levar mantimentos, medicamentos e combustível.

No domingo, o secretário de assuntos humanitários da ONU, Martin Griffiths, voltou a exigir que "o fornecimento seguro de ajuda humanitária" seja garantido, já que mais de 25 milhões dos 45 milhões de sudaneses precisam dela.

Se a guerra continuar, alertou a ONU, mais um milhão de sudaneses podem buscar refúgio nos países vizinhos.

Antes de entrarem em conflito aberto, os generais Burhan e Daglo deram juntos um golpe para derrubar os civis do poder, em outubro de 2021.

Na sexta-feira, o general Burhan destituiu o general Daglo de seu posto de adjunto no Conselho de Soberania, e o substituiu por Malik Agar, um antigo rebelde. Também nomeou três de seus apoiadores mais leais para o alto comando do Exército.

No sábado, Agar anunciou que desejava "parar a guerra e sentar-se à mesa de negociações", mas colocou como condição a integração das FAR ao Exército regular, o ponto de discórdia que fez com que os generais entrassem em conflito.


AFP e Correio do Povo

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