RS registra o maior número de casos autóctones de dengue em dez anos

 Mais de 3,3 mil pessoas contraíram a doença em solo gaúcho no ano passado, a maior marca desde 2010



O último ano chegou ao fim com uma marca negativa no combate à dengue no Rio Grande do Sul. Segundo o mais recente balanço divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), nesta sexta-feira (8), 3.323 pessoas contraíram a doença em solo gaúcho de janeiro a dezembro de 2020 – o maior número de ocorrências autóctones em dez anos.

Mais de 6,5 mil pacientes tiveram suspeita de dengue no ano passado. 3.613 estavam, de fato, doentes – sendo que apenas 290 tiveram contato com o vírus, transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti, fora do Rio Grande do Sul. 77 pessoas ainda aguardam o resultado dos exames, e seis perderam a vida em decorrência das complicações.

“2020 foi um ano com muitos casos de dengue em todo o Brasil. Os números registrados aqui no Rio Grande do Sul, que apontam para o maior número de ocorrências autóctones desde 2010, refletem uma tendência que se apresenta a nível nacional”, afirma a técnica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Cátia Favreto.

A maioria dos infectados apresenta dor no corpo (mialgia), dor de cabeça (cefaleia), febre, irritação na pele (exantema), dor nas costas e náuseas. Pelo menos 392 cidades gaúchas estão infestadas pelo Aedes Aegypti – número que representa quase 79% dos municípios existentes no Rio Grande do Sul.

Frederico Westphalen é a líder em diagnósticos autóctones, com 722. Na sequência, aparecem Santo Ângelo (620), Palmeira das Missões (586), Santa Rosa (571), Santa Maria (231), Ijuí (185) e Santa Cruz do Sul (166). Até o dia 2 de janeiro, Porto Alegre teve 174 casos locais de dengue.

Calor preocupa as autoridades

O mosquito transmissor do vírus da dengue está no Brasil há mais de 100 anos, e chegou a ser erradicado em alguns momentos. Entretanto, o processo de urbanização e o aumento de locais propícios ao acúmulo de água aceleraram o processo de proliferação do inseto – que tende a aumentar, especialmente, durante o verão.

Para a técnica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, a estiagem que castiga o Rio Grande do Sul desde o fim de 2019 também contribuiu para o aumento do número de casos. “A população se vê obrigada a armazenar água. Quando fazemos isso de maneira incorreta, podemos facilitar a vida do Aedes”, explica Cátia Favreto.

Segundo as autoridades, a melhor forma de combate à dengue é a limpeza dos ambientes. A orientação é eliminar a água armazenada em recipientes que podem se tornar possíveis criadouros, como vasos de plantas, galões de água, pneus, garrafas pláticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de garrafas.


Rádio Guaíba e Correio do Povo


Aras facilita acesso a dados sigilosos de forças-tarefa da Lava-Jato



Vacina e política: Quando, para alguns, 78% é mais do que 99%

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Defensoria Pública da União entra com ação na Justiça pelo adiamento do Enem

 O Inep vem afirmando que a data está mantida e que há condições seguras de realização do exame



A Defensoria Pública da União entrou com uma ação na Justiça Federal de São Paulo nesta sexta-feira em que pede, em tutela de urgência, o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), marcado para os dias 17 e 24 de janeiro, em função do avanço da pandemia no Brasil. Mais de 5,7 milhões de candidatos são esperados para as provas.

"Temos agora uma prova agendada exatamente no pico da segunda onda de infecções, sem que haja clareza sobre as providências adotadas para evitar-se a contaminação dos participantes da prova, estudantes e funcionários que a aplicarão", escreveu o defensor João Paulo Dorini.

O documento é encaminhado ao Juízo da 12ª Vara Cível da Subseção Judiciária de São Paulo e também cita as desigualdades educacionais ampliadas pelo regime de aulas remotas durante o ano de 2020. Segundo a ação, "não há maneira segura para a realização de um exame com quase seis milhões de estudantes neste momento, durante o novo pico de casos da Covid-19".

O defensor questiona o impacto de mais um aumento exponencial de contaminações em decorrência do Enem e destaca sistemas de saúde já colapsados em algumas cidades do País.

Para Dorini, a situação é nova, em razão de tratar-se de uma segunda onda de infecções. "E essa alteração da realidade fática, agravando-a, justifica a concessãode uma nova tutela de urgência, para que o exame seja adiado até que possa ser feito de maneira segura, ou ao menos enquanto a situação não esteja tão periclitante quanto agora."

Especialistas em Saúde ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo consideram que a realização da prova, no momento atual da pandemia, pode colocar em risco a vida de candidatos e suas famílias e contribuir para o aumento do número de casos da Covid-19 no País.

Para a epidemiologista Ethel Maciel, o momento da pandemia no Brasil é grave e várias regiões podem registrar cenas que não viram na primeira onda, como o colapso do sistema de saúde e filas para UTI.

"Considero que vamos colocar muitas vidas em risco e alguns candidatos precisam se locomover para chegar até o local de prova, vamos ter de mobilizar muitas pessoas", diz ela, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). "Esse jovem se contamina na prova, vai para a casa e leva a doença para lá. Estamos em um momento da pandemia em que essa prova seria muito inadequada, fere todas as nossas estratégias sanitárias."

Nesta semana, o jornal O Estado de S. Paulo acompanhou a realização do vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), prova aplicada para 77 mil inscritos. Os candidatos relataram aglomerações na entrada, embora tenham elogiado o distanciamento dentro das salas. No fim da prova, também houve concentração de alunos. Um candidato foi desclassificado após apresentar febre e tosse.

O infectologista Celso Granato, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) ainda destaca o risco de que pessoas doentes escondam os sintomas para não perder a data da prova e, portanto, a chance de ingressar no ensino superior. Sobre isso, o Inep afirma que pessoas com sintomas ou confirmação da Covid-19 não devem comparecer ao local de prova, mas podem pedir a reaplicação do exame. Nesses casos, é preciso apresentar documentação que comprove sintomas ou a doença na página do participante na internet.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pela realização da prova, vem afirmando que a data está mantida e que há condições seguras de realização do exame.

Agência Estado e Correio do Povo

MDB cobra apoio do Planalto em eleição no Senado

 Líder do governo e pré-candidato à presidência da Casa, Fernando Bezzera, do MBD, se reuniu com Bolsonaro em busca de suporte



A aproximação do presidente Jair Bolsonaro com o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato de Davi Alcolumbre (DEM-AP) à presidência do Senado, levou o MDB a cobrar apoio do Palácio do Planalto na disputa. Pacheco terá como principal adversário um candidato emedebista, que deve ser definido até o dia 15.

O Republicanos, partido do senador Flávio Bolsonaro (RJ), filho do presidente, declarou nesta sexta a adesão à campanha de Pacheco. O anúncio expôs a aproximação do governo com o nome escolhido por Alcolumbre para a sua sucessão e fez o MDB se queixar com o Planalto. A eleição que vai renovar o comando da Câmara e do Senado está marcada para fevereiro.

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), se reuniu na quinta-feira com Bolsonaro. Pré-candidato à presidência da Casa, Bezerra Coelho está em campanha e tem pedido voto aos colegas.

Bolsonaro, no entanto, mantém a disposição de apoiar Pacheco, líder do DEM, mesmo contrariando o MDB. Para não criar mais melindres, o presidente não deve fazer uma declaração pública.

"O Republicanos acredita que o senador Rodrigo Pacheco tem o preparo necessário para conduzir os trabalhos da Casa, com coerência e determinação e que, de forma conciliadora, saberá lidar com as demais instituições sempre com respeito à Constituição Federal", diz a nota assinada pelo líder do Republicanos no Senado, Mecias de Jesus (RR).

Embora tenha apenas dois senadores, a bancada do Republicanos indica para onde vai o governo nessa disputa, já que abriga Flávio Bolsonaro. Pacheco atraiu, ainda, o apoio do PSD e do PROS. As bancadas que fecharam com ele somam 21 votos. O PT, com seis senadores, também está prestes a compor essa aliança.

O aval dos petistas ao deputado Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pela presidência da Câmara empurra o partido a avalizar Pacheco para o comando do Senado. O motivo alegado é evitar que o MDB volte a ter o comando das duas Casas do Legislativo.

Além de Bezerra Coelho, o MDB tem outros três pré-candidatos. Estão no páreo Eduardo Braga (AM), Simone Tebet (MS) e Eduardo Gomes (TO), que é líder do governo no Congresso. De todos esses nomes, apenas Tebet não tem qualquer aproximação com o Planalto. Apesar de Baleia Rossi na Câmara se apresentar como uma chapa que prega independência do Executivo, no Senado o MDB é governista.

Para tentar barrar uma aliança do DEM com o PT, Braga -- que lidera a bancada do MDB -- fez ontem uma reunião virtual ontem com senadores petistas. Apelou para que o PT adie o anúncio de apoio que se prepara para fazer na próxima segunda-feira, mas o partido está praticamente fechado com Pacheco. Se vencer, o líder do DEM prometeu ao PT a Comissão de Assuntos Sociais (CAS), que hoje está com o Podemos.

O avanço do candidato de Alcolumbre poderá fazer Eduardo Gomes e Bezerra Coelho desistirem da disputa. Integrantes do PSDB, por exemplo, negociam uma aliança, mas rejeitam os dois nomes por serem líderes do governo no Congresso e no Senado, respectivamente.

"Eles vão precisar decidir o que fazer. O importante é que seja uma pessoa mais independente, que o Senado fique à altura. Não dá para ficar submisso ao Executivo ou apenas carimbando medida provisória", disse o líder em exercício do PSDB no Senado, Izalci Lucas (PSDB-DF).

O PSDB avalia a possibilidade de montar um bloco com Cidadania, Podemos e PSL para derrotar Alcolumbre, podendo inclusive apoiar o MDB. Juntos, esses partidos reúnem até 22 votos, mas não há consenso dentro das bancadas para apoiar um nome único. A falta de acordo pode levar o grupo a lançar vários candidatos.

Acordos

Outras bancadas também se movimentam para definir, na próxima semana, se apoiarão Pacheco ou o candidato do MDB. O Progressistas, presidido pelo senador Ciro Nogueira (PI), mantém conversas com os concorrentes em articulação paralela com a Câmara. O partido tenta favorecer Arthur Lira (AL), chefe do Centrão e seu candidato na Câmara, tirando votos do DEM de Rodrigo Maia (RJ), que está aliado a Baleia.

Em conversas reservadas, integrantes do Centrão dizem que as traições na Câmara podem levar o Progressistas a apoiar o DEM no Senado. Para que um candidato seja eleito presidente da Casa precisa ter o apoio de 41 dos 81 senadores.


Agência Estado e Correio do Povo

São Paulo iniciará imunização no dia 25, mesmo sem Ministério da Saúde

 Pasta ainda não definiu cronograma de vacinação



O secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou que a vacinação contra a covid-19 começará no dia 25 de janeiro mesmo se o governo federal optar por outra data pelo Plano Nacional de Imunização (PNI). A data pode até ser antecipada, diz. O Ministério da Saúde ainda não definiu um cronograma para iniciar a aplicação de doses - projeta 20 de janeiro como o cenário mais otimista.

"Em todas as campanhas vacinais, especialmente as de gripe, o Estado de São Paulo sempre se antecipou ao Programa Nacional de Imunização e iniciou a vacinação com as devidas doses proporcionais da sua população", disse Gorinchteyn.

Anteontem, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, assinou contrato para compra de 100 milhões de doses da Coronavac. O acordo prevê o fornecimento de 46 milhões de doses, com a opção de entrega de outras 54 milhões.

Os 10,8 milhões de doses da vacina que São Paulo já possui em estoque não são destinados unicamente para a população paulista. O Instituto Butantã confirma que os contratos com o ministério têm cláusula de exclusividade. Com isso, o Estado vai requisitar uma parte das vacinas, mas o resto será comercializado com o órgão federal.

"A partir do momento em que o Butantã fornece as doses ao órgão federal, cabe ao Programa Nacional de Imunizações distribuí-las aos Estados, conforme os quantitativos solicitados pelas Secretarias de Saúde, inclusive a de São Paulo", afirmou o instituto ao Estadão.

Em outras palavras, a quantidade de vacinas solicitada pelo governo paulista para a vacinar a população não vai sair do Estado. "Em torno de 20% dessas vacinas, pela situação demográfica do Estado, permanecem em São Paulo. Temos aí uma quantidade suficiente de vacinas para iniciar a vacinação", afirmou à GloboNews João Gabbardo, coordenador executivo do Centro de Contingência da Covid-19, órgão ligado ao governo paulista. Na 1ª fase da campanha é previsto imunizar 9 milhões de pessoas de grupos prioritários: profissionais de saúde, idosos, moradores de casas asilares, indígenas e quilombolas.

Em nota, o ministério disse que "Estados e o Distrito Federal têm autonomia para fazer adesão diretamente com os fornecedores das vacinas". Ainda segundo a pasta, o início da vacinação " deverá ser realizado no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com o Plano de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19". Também ressaltou que é preciso ter registro ou autorização de uso emergencial para começar a aplicação de doses.

Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que não há impedimento jurídico para o Estado começar antes. "O SUS é organizado num modelo federativo, de modo que os estados e municípios têm autonomia para executar as ações e serviços de saúde nos seus territórios", diz o médico e advogado sanitarista Daniel Dourado. Segundo ele, o "federalismo sanitário" foi reafirmado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2020.

Rio

A Prefeitura do Rio pretende iniciar a vacinação ainda em janeiro, no mesmo dia previsto por São Paulo, ou até antes. Para iniciar a imunização o prefeito Eduardo Paes (DEM) anunciou ontem a compra de 3,2 milhões de doses da Coronavac.


Agência Estado e Correio do Povo