A pirâmide etária brasileira passará por transformações significativas nas próximas décadas. Projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em menos de 50 anos, pessoas com mais de 60 anos representarão cerca de 38% da população. Esse cenário torna o envelhecimento saudável e autônomo não apenas uma escolha individual, mas uma prioridade de política pública.
📈 Expectativa de vida em alta
Em 2000, a expectativa de vida ao nascer era de 71,1 anos.
Em 2023, subiu para 76,4 anos.
Em 2070, poderá alcançar 83,9 anos.
Segundo o IBGE, fatores como industrialização, queda da fecundidade, nutrição e saneamento básico explicam essa nova configuração demográfica.
🌍 Cenário no Rio Grande do Sul
O censo de 2022 revelou que o RS tinha 10,8 milhões de habitantes. O pico populacional deve ocorrer em 2026, com 11,23 milhões, mas a partir daí a curva tende a cair.
Em 2070, a população poderá ser de apenas 9,1 milhões, uma redução de mais de 2 milhões em 45 anos.
Porto Alegre perdeu cerca de 800 mil moradores entre 2010 e 2022.
Muitas cidades do interior também registraram queda populacional.
🚨 Impactos da estiagem e êxodo jovem
O economista Antônio da Luz, da Farsul, relaciona a redução populacional às regiões mais afetadas por estiagens. Ele alerta para a fuga de jovens qualificados para outros estados, o que agrava a falta de mão de obra.
“Não estamos falando apenas de economia, mas das pessoas saírem de suas casas. São jovens que estudaram em boas escolas e faculdades, mas não querem ficar aqui”, lamentou.
👵 Envelhecimento acelerado no RS
Em 1970, havia 14,8 idosos (65+) para cada 100 jovens.
Em 2022, o índice saltou para 80,35 idosos por 100 jovens, o maior do Brasil.
A população acima de 60 anos triplicou em cinco décadas, passando de 6% em 1970 para quase 20% em 2022.
🩺 Ações necessárias para envelhecimento saudável
O oncologista e epidemiologista Alexander Daudt, do Hospital Moinhos de Vento, defende políticas públicas voltadas à prevenção e promoção da saúde:
Hábitos saudáveis: alimentação equilibrada, atividade física, sono de qualidade, redução do sedentarismo, controle do estresse e evitar substâncias nocivas.
Investimento em atenção primária e cuidados integrados.
Ambientes amigáveis ao idoso e uso de tecnologia.
Parcerias público-privadas e papel ativo das escolas.
Daudt destaca que 80% das doenças crônicas estão ligadas ao estilo de vida e podem ser prevenidas.
“Precisamos redesenhar a saúde pública e os mercados de serviços em torno da capacidade funcional das pessoas, e não apenas da doença”, afirmou.
⚠️ Riscos da falta de políticas
Sem ações estruturais, o Brasil poderá enfrentar:
Aumento de doenças crônicas e incapacidades.
Maior demanda por cuidados de longa duração.
Sobrecarga nos serviços de saúde e custos elevados.
Impactos socioeconômicos como queda de produtividade, isolamento e vulnerabilidade dos idosos.
“Sem políticas e mudança cultural, a longevidade pode se transformar em longa dependência de tratamentos caros, acessíveis apenas a poucos, socialmente injusta e financeiramente insustentável”, alertou Daudt.
Fonte: Correio do Povo

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