Luís Castro e nova direção do Grêmio terão desafio com aproveitamento da base

 


O debate sobre o papel das categorias de base no futebol gremista ganha força com a chegada do técnico Luís Castro. Para alguns entusiastas, a formação de jovens pode funcionar como uma espécie de SAF alternativa, garantindo saúde financeira sem abrir mão do controle da gestão. As cifras das vendas recentes reforçam essa visão, mas a realidade mostra que o aproveitamento efetivo de atletas formados em Eldorado do Sul ainda é limitado.

⚽ O discurso e a prática

Na apresentação, Castro destacou a importância da base:

“Não podemos esquecer daquilo que é uma parte fundamental da vida do Grêmio, que é a sua base. Nós temos que ter na equipe, no nosso elenco, espaço para se manifestarem os jogadores que vêm de baixo.”

O desafio será transformar o discurso em prática. No Botafogo (2023/24), o treinador pouco utilizou jovens devido à estrutura defasada, aproveitando apenas Hugo e Matheus Nascimento. No Grêmio, o cenário é diferente, mas ainda restrito: dos 37 jogadores listados no site oficial, apenas seis são oriundos da base — Thiago Beltrami, Viery, Gustavo Martins, Arthur, Riquelme e Alysson. Este último, inclusive, está prestes a ser vendido ao Aston Villa, repetindo o padrão de negociações que aliviam as finanças do clube.

📉 Histórico recente

Nos últimos cinco anos, o Grêmio alternou entre rebaixamento, títulos estaduais e vice-campeonato brasileiro, mas com baixo aproveitamento de jovens como titulares. A chegada de novos nomes em 2026 — Gabriel Menegon, Luís Eduardo, Tiaguinho, Gabriel Mec e Roger — reforça o grupo, mas sem expectativa imediata de titularidade.

🔄 Vendas e aproveitamento

A base tem sido mais fonte de receita do que de reforço técnico. Entre os exemplos:

  • 2025: Nathan Fernandes (Botafogo, R$ 37,8 milhões) e Kaick (FC Dallas).

  • 2024: Ferreira (São Paulo), Guilherme (Santos), Cuiabano (Botafogo) e Gustavo Nunes (Brentford, €12 milhões).

  • 2023: Bitello (Dínamo de Moscou, €10 milhões).

  • 2022: Vanderson (Mônaco, €11 milhões) e Elias Manoel (New York Red Bulls, US$ 1,5 milhão).

  • 2021: Pepê (Porto, €15 milhões) e Matheus Henrique (Sassuolo, €10 milhões).

📌 O dilema

A expressão “furar a bolha” no futebol simboliza superar barreiras até chegar ao profissional. No Grêmio, muitos jovens são vendidos antes de se consolidarem como titulares, enquanto apenas uma minoria alcança grandes transferências internacionais.

O vestiário, com a troca de comando, vive expectativas, mas a realidade mostra que o clube ainda depende das vendas para equilibrar as contas. O desafio de Castro e da nova direção será encontrar o equilíbrio entre formar, vender e aproveitar talentos da base sem comprometer resultados esportivos.

Fonte: Correio do Povo

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