Um estudo da Secretaria Estadual da Educação (Seduc) projeta estabilidade no número de estudantes da rede pública do Rio Grande do Sul até 2030, mas alerta para a aposentadoria de quase metade do quadro docente. Especialistas destacam ainda a desvalorização da carreira, a queda na procura por licenciaturas e os impactos prolongados da pandemia e das enchentes de 2024 sobre a aprendizagem das crianças.
📊 Quadro docente em risco
O RS possui 52 mil professores, sendo 39 mil em sala de aula.
A Seduc estima que será necessário manter 40 mil educadores até 2030, mas 22 mil devem se aposentar nesse período.
Entre 2006 e 2022, o número de professores efetivos caiu 57,7%, de 74.163 para 31.309, segundo levantamento do CPERS Sindicato.
Há carência de profissionais em áreas como Física, Matemática e alfabetização, enquanto 55% dos docentes têm formação em Pedagogia.
🏫 Iniciativas do governo
Para enfrentar o cenário, o Estado mantém programas de estímulo à formação e recomposição do quadro:
Professor do Amanhã: já concedeu 2 mil bolsas de licenciatura.
Entre 2023 e 2025: convocação de 7,5 mil novos professores concursados, promoções a 28 mil profissionais e qualificação de 12 mil educadores.
Pagamento do piso nacional do magistério garantido.
Novas convocações estão previstas para 2026.
🚨 Evasão escolar
Dados da Seduc mostram que, de cada 100 crianças que ingressam na escola, 67 abandonam antes do fim do ciclo, principalmente a partir do 8º ano do ensino fundamental.
“O desafio é manter os alunos até o fim do ciclo escolar, o ensino médio”, afirmou a secretária adjunta Stefanie Eskereski.
📌 Crise estrutural da docência
A pesquisadora Ângela Chagas (UFRGS) avalia que o magistério vive um “apagão”. Para ela, a queda na procura por cursos de licenciatura reflete a precarização da carreira, o cerceamento da liberdade de ensinar e o aumento da violência nas escolas. Reformas na carreira e no IPE Saúde também reduziram benefícios históricos, tornando a profissão menos atrativa.
📚 Desafios na alfabetização
O maior desafio está na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental.
Em 2024, a taxa de alfabetização caiu 5% no RS, enquanto a média nacional subiu 3%.
Escolas ficaram fechadas por mais de três meses devido às enchentes, agravando perdas já acumuladas na pandemia.
Para enfrentar o problema, a Seduc aposta no programa Alfabetiza Tchê, que promove atividades de leitura e escrita, avalia a fluência leitora e conta com 400 professores dedicados exclusivamente à alfabetização. Kits de leitura e materiais pedagógicos são distribuídos em parceria com os municípios.
🔮 Perspectiva
Com o envelhecimento populacional e a queda da natalidade, o Estado deve ter turmas menores e redes mais concentradas, exigindo planejamento para redistribuição de escolas e formação especializada. Mesmo com menos crianças, especialistas reforçam que a demanda por professores qualificados continuará alta, sobretudo em áreas técnicas e de alfabetização.
Fonte: Correio do Povo

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