O ano de 2025 chega ao fim marcando uma era: já se passaram 25 anos desde o chamado “bug do milênio”. Agora, o mundo inicia 2026 cercado de desafios de longo prazo, e no Brasil, temas como reforma tributária, Previdência e juros altos estarão no centro das atenções.
📊 Reforma tributária: transição até 2033
A reforma tributária aprovada prevê a implementação do IVA Dual, composto pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de competência federal, e pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), de estados e municípios. O modelo, já adotado em 174 países, substituirá gradualmente tributos como PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS.
Também será criado o Imposto Seletivo (IS), de caráter regulatório, para desestimular o consumo de produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente.
Segundo especialistas, a transição será lenta e pouco perceptível em 2026. As empresas terão de se adaptar às novas regras, começando pela chamada “alíquota de teste” de 1%, sem impacto relevante na carga tributária, mas exigindo maior organização e cumprimento de obrigações acessórias.
💰 Imposto de Renda: mais isenção e descontos
A partir de 1º de janeiro de 2026, trabalhadores que recebem até R$ 5 mil mensais estarão isentos do IRPF. Para rendimentos até R$ 7.350, haverá descontos progressivos.
Essa correção da tabela, segundo o economista Gustavo Moraes (PUCRS), representa um importante incremento de renda para famílias brasileiras, cujo salário médio gira em torno de R$ 3.200. Contudo, ele alerta que boa parte desse alívio pode ser direcionada ao pagamento de dívidas, limitando o impacto em bens duráveis, já que os juros altos dificultam financiamentos.
Estimativa de economia anual no IRPF:
Até R$ 5 mil: isento (R$ 4.365,89)
Até R$ 5,5 mil: desconto de 75% (R$ 3.367,68)
Até R$ 6 mil: desconto de 50% (R$ 2.350,79)
Até R$ 6,5 mil: desconto de 25% (R$ 1.333,90)
Acima de R$ 7.350: tabela progressiva (7,5% a 27,5%)
📈 Juros e inflação: obstáculos ao crescimento
Em 2025, o IPCA acumulado em 12 meses ultrapassou o limite de 4,5% estabelecido pelo IBGE. Para conter a inflação, a taxa Selic foi mantida em 15% ao ano, uma das mais altas do mundo — atrás apenas da Turquia.
Essa política monetária deve seguir em 2026, mantendo crédito caro e limitando investimentos. O Boletim Focus do Banco Central projeta que os juros só devem cair abaixo dos dois dígitos em 2028, chegando a 9,5%.
📌 Desafios de longo prazo
Além da reforma tributária e da correção do Imposto de Renda, o Brasil enfrenta o impacto das mudanças na Previdência, aprovadas em 2019, que exigem atenção a regras como pedágio, soma de pontos, tempo de serviço e idade.
Com o envelhecimento acelerado da população, conforme apontado pelo último censo do IBGE, o país terá de equilibrar finanças públicas, arrecadação e políticas sociais, em um cenário que promete marcar não apenas 2026, mas toda a próxima década.
Fonte: Correio do Povo

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