Porta-voz da Lufthansa confirmou que a porta da cabine só poderia ser desbloqueada a partir de dentro
Porta-voz
da Lufthansa confirmou que a porta da cabine só poderia ser
desbloqueada a partir de dentro | Foto: Adek Berry / Pool / AFP / CP
Sistemas que travam a porta da cabine de aviões existem desde a década
de 1980 e os procedimentos rigorosos se tornaram padrão após os
atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos para evitar que
invasores assumam o controle de aeronaves civis.
"A cabine está
equipada com uma porta blindada", confirmou um porta-voz da Germanwings,
a companhia de baixo custo cujo Airbus A320 se acidentou na terça-feira
nos Alpes franceses matando as 150 pessoas que estavam a bordo.
"Existe
um sistema de vigilância de vídeo que permite que uma pessoa que queira
entrar na cabine seja identificada. Apenas um piloto lá dentro pode
destravar a porta", acrescentou o porta-voz.
O sistema foi
amplamente adotado após a utilização de aviões nos ataques de 11 de
setembro de 2001 que mataram quase 3 mil pessoas em Nova Iorque e
Washington.
A agência europeia de segurança aérea (EASA) e sua
equivalente americana, FAA, declararam que a indústria aérea encontrou
maneiras de evitar a tomada de aviões de passageiros, mesmo sob a ameaça
de força letal.
"Os sistemas diferem de acordo com cada avião e
companhia aérea para evitar um padrão e prevenir que supostos
terroristas saibam como funcionam", disse um especialista no setor que
pediu para não ser identificado.
Os aviões da Germanwings exigem
um código de acesso para abrir a porta, mas a companhia aérea, que é
propriedade da Lufthansa, não quis fornecer detalhes "por razões de
segurança", nem dizer se um pé-de-cabra ou um dispositivo semelhante
estava disponível para forçar a abertura da porta.
Alguns aviões, mas não todos, têm colocado ferramentas como machados em aviões para seu uso em tais casos.
O especialista do setor declarou que um código lança um sinal para pedir que a porta seja aberta.
Se ninguém dentro da cabine responder, a porta é desbloqueada automaticamente um minuto depois.
No entanto, o acesso à cabine ainda pode ser evitado se o piloto determinar que proteger o controle da aeronave é a prioridade.
A
câmera de vídeo permite que o piloto ou o copiloto vejam o que está
acontecendo do outro lado da porta, e eles têm um interruptor que pode
bloquear o acesso "com o objetivo de prevenir um ato ilícito", explicou a
piloto de Boeing 737 Daphne Desrosiers em uma rádio francesa.
Outro
código secreto aciona um sinal mais forte, mas se a pessoa dentro da
cabine estiver determinada a impedir o acesso, não é possível entrar,
disse o especialista do setor.
"Os sistemas são variáveis e podem
ser personalizados" pelas companhias aéreas e, até agora, "ninguém é
capaz de explicar a cadeia de eventos" que levaram ao acidente nos
Alpes, acrescentou o especialista.
Um porta-voz da Lufthansa
confirmou que a porta da cabine só poderia ser desbloqueada "a partir de
dentro, pressionando um botão".