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Agiotagem institucionalizada, por Paulo Paim

Em 1998, o Estado do RS contratou uma dívida com a União no valor de R$ 9,7 bilhões. Já foram pagos R$ 22 bi, restando, ainda, R$ 47,2. Os juros leoninos aplicados deixariam os agiotas Abelardo I e Abelardo II, personagens da peça teatral “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade, envergonhados e horrorizados.
Vejamos: a posição privilegiada do emprestador, a ausência de clausula de equilíbrio econômico-financeiro, a exigência de garantias robustas e a total falta de compromisso com o social são alguns dos exemplos de que o Brasil é uma Federação semidemocrática e parcialmente paralisada. Seus entes estão na jaula sendo explorados pelo domador.
A analogia utilizada retrata a realidade e vale pata todos os estados, ou seja, o nosso, por exemplo, a priori já quitou essa dívida há muito tempo. Aliás, quem de fato arcou com ela foi o povo gaúcho, com seus impostos. Todos os governos, independentemente de grei partidárias, suaram sangue, uns mais, outros menos.
Deixando de lado a realidade da agiotagem, consta que não pagamos uma parcela da dívida no valor de R$ 280 milhões, o que levou a União a bloquear as contas do Estado. Não bastasse isso, os servidores públicos tiveram seus salários parcelados. Uma situação inadmissível.
O ex-Constituinte Hermes Zanetti sugere um alento a toda esta situação. A ideia não é de calote, nem de perdão, mas de justiça, impondo como único encargo financeiro a atualização monetária calculada pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
A proposta pretende uma readequação das condições nos financiamentos assumidos perante o Tesouro Nacional, em formas diversas das adotadas pelo governo federal. Na prática isso representaria a repactuação da dívida, beneficiando estados e municípios.
Os nossos atos não serão julgados somente no agora, mas também a partir da qualidade de vida que as próximas gerações irão usufruir. A responsabilidade é enorme, é de todos. Não h´´a como resolver esse problema se as picuinhas, a disputa de egos, os melindres não forem deixados de lado; se não houver, de fato, uma junção de forças da sociedade gaúcha, de pessoas públicas sérias, do empresariado e dos sindicalistas, no sentido de exigir mudanças em todo esse enredo oswaldiano.

Senador do PT-RS



Fonte: Correio do Povo, edição de 17 de agosto de 2015.