Morte de menina acende alerta para cuidados que devem ser tomados na hora de visitar um cânion

 Incidente ocorreu no Cânion Fortaleza, em Cambará do Sul, enquanto a criança passeava com a família

O Parque é uma unidade de conservação do bioma Mata Atlântica com 17 mil hectares | Foto: Prefeitura de Cambará do Sul/Divulgação/CP


morte de uma menina de 11 anos que caiu de um precipício no Cânion Fortaleza, nessa quinta-feira em Cambará do Sul, gerou comoção e dúvidas sobre os cuidados que se deve ter ao visitar espaços naturais que oferecem riscos.

O local fica dentro do Parque Nacional da Serra Geral, perto da divisa com Santa Catarina, e é conhecido por suas formações geológicas com grandes paredões e vales.

Apesar de não ser um local primordialmente turístico, assim como em outros parques nacionais de unidades de conservação, a visitação é permitida para aqueles que desejam apreciar a natureza.

De acordo com o Francisco Cardoso, montanhista com mais de 30 anos de experiência na área de roteiros de aventura, ao sair de casa para visitar um local como esse, é importante pesquisar sobre riscos e nível de exigência da atividade.

“É fundamental ter consciência que o ambiente natural tem suas belezas, mas também tem segredos que podem ser muito perigosos, seja um buraco, uma fenda ou um despenhadeiro.” explica.

Quais são as regras do local?

O Parque é uma unidade de conservação do bioma Mata Atlântica com 17 mil hectares e controlada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ambiental do governo brasileiro.

A entrada é gratuita e as principais atrações são as trilhas do Mirante do Fortaleza, onde a menina caiu, da Pedra do Segredo e da Borda dos Cânions. Os serviços de apoio à visitação do Cânion Fortaleza são da empresa privada Urbia, que lamentou o ocorrido e informou que está dando o suporte necessário.

Visitantes são responsáveis por sua segurança

Além disso, o instituto disponibiliza um guia de “conduta consciente em ambientes naturais”. Nele, diz que o visitante é responsável por sua segurança. As trilhas são autoguiadas e possuem sinalização que orienta sobre os riscos e cuidados necessários durante o passeio.

Contratação de um guia

Apesar de não ser obrigatório, o parque também orienta sobre a possível contratação de guias para aumentar a segurança durante o passeio.

“Caso você não tenha experiência de atividades recreativas em ambientes naturais, entre em contato com centros excursionistas, empresas de ecoturismo ou condutores de visitantes. Visitantes inexperientes podem causar grandes impactos sem perceber e correr riscos desnecessários”, afirma o instituto.

“O salvamento em ambientes naturais é caro e complexo, podendo levar dias e causar grandes danos ao ambiente. Portanto, em primeiro lugar, não se arrisque sem necessidade”, alerta.

A contratação de um guia local ou de uma empresa especializada também é a recomendação de Francisco. Segundo ele, se o visitante não se sentir seguro para explorar o local com segurança, uma pessoa experiente ajudará a diminuir riscos.

“Se gostamos da natureza ou temos curiosidade sobre algum lugar, temos o direito de visitá-lo, sejam adultos ou crianças acompanhadas. Mas se a pessoa não tem segurança, não deve exitar em contratar um guia. Jamais vá sozinho ou com alguém que não é experiente”, destaca.

Orientações visuais e alertas dentro do parque

Conforme o montanhista, é de responsabilidade da administração do Parque, nesse caso o ICMBio e a empresa privada Urbia, fornecer informações e alertas aos visitantes sobre os riscos no local. Isso deve ser feito, principalmente, por meio da fixação de placas em locais que apresentam maior risco de queda ou outro tipo de acidente.

“A informação deve ser clara, objetiva e incisiva quando necessário, principalmente quando se trata de um local que recebe muitos visitantes.” explica.

Como foi o acidente

A criança estava passeando junto com a família, que é natural de Curitiba, no Paraná. Segundo Andrews Mohr, secretário de Turismo de Cambará do Sul, eles haviam parado para fazer um lanche próximo a um dos mirantes quando a menina saiu correndo em direção ao penhasco do cânion. O pai tentou correr atrás, mas infelizmente não conseguiu salvá-la.

O acidente aconteceu por volta das 13h e, às 17h30, com auxílio de um drone, ela foi localizada a cerca de 70 metros abaixo do ponto da queda. Os bombeiros chegaram até o seu corpo por volta das 23h, utilizando técnica de rapel.

Caso Juliana Marins

No último mês, o caso de Juliana Marins, turista brasileira de 26 anos que caiu enquanto fazia uma trilha na Indonésia, também comoveu o país. Ela escalava o Monte Rinjani, na Indonésia. O corpo da jovem foi encontrado quatro dias depois do acidente.

Desde fevereiro, Juliana fazia um mochilão pela Ásia, passando por Filipinas, Vietnã e Tailândia antes de chegar à Indonésia.

A jovem participava de um passeio de três dias pelo vulcão, mas teria se separado do grupo após relatar cansaço, segundo familiares e a imprensa local. As buscas enfrentaram obstáculos como o terreno difícil, o mau tempo e a baixa visibilidade causada por neblina e chuva.

Correio do Povo

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