Governador em exercício avaliou impacto na economia, mas não quis falar sobre sanções a Alexandre de Moraes. Nem ele e nem Eduardo Leite trataram da insistência de Trump em vincular processos contra Bolsonaro a “graves violações de direitos humanos no Brasil”
O governador em exercício, Gabriel Souza (MDB), classificou como “um embargo”, em alguns casos, a tarifação de 50% sobre os produtos brasileiros oficializada pelos Estados Unidos nesta quarta-feira. “É realmente muito pesada, e se torna inclusive, em alguns casos, um embargo, na medida e que inviabiliza completamente a exportação para o território americano”, considerou.
Conforme o emedebista, o Estado recebe com muita preocupação a confirmação da tarifa, apesar da extensa lista de produtos que ficaram de fora da taxação (são quase 700). “Mesmo assim, causa impacto significativo na economia do RS. Agora, a hora não é de ideologia, seja para que lado for, e sim de defender os interesses do RS e, em especial, os empregos dos gaúchos.”
Conforme o governador em exercício, os dados do Executivo apontam que cerca de 150 mil famílias dependem de setores que podem vir a ser atingidos. Ele lembrou ainda que o Estado já anunciou, na semana passada, uma linha de crédito de R$ 100 milhões, do BRDE, com o objetivo de suportar efeitos da medida. Disse ainda aguardar por medidas do governo federal na mitigação de efeitos e na renegociação das taxas.
O vice-governador, que está à frente do Executivo em função das férias do governador Eduardo Leite (PSD), não quis se manifestar a respeito das sanções impostas pelos EUA ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes foi alvo de acusações graves na ordem executiva que confirmou o tarifaço, como “perseguir opositores políticos” e “proteger aliados corruptos”. Também nesta quarta, o governo dos Estados Unidos anunciou que aplicará ao ministro as sanções previstas na Lei Magnisky.
Leite, por sua vez, usou as redes sociais para abordar as medidas tomadas em relação a Moraes. O governador disse que o ministro tem “acertos e erros”. Mas ressalvou que não é necessário concordar com todas as decisões de Moraes para “repudiar a medida imposta pelos EUA.”
Tanto Leite quanto Gabriel silenciaram sobre o fato de a ordem executiva assinada por Donald Trump novamente vincular o tarifaço aos processos pelos quais responde o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O documento afirma, sem apresentar qualquer comprovação, e referindo-se a processos criminais que pesam sobre Bolsonaro e apoiadores, que há, no Brasil, “graves abusos de direitos humanos que minaram o Estado de Direito.”
Em clara alusão a questionamentos sem fundamento sobre o resultado das eleições de 2022, o decreto norte-americano diz, ainda, que ações de membros do Governo do Brasil comprometem “a política dos Estados Unidos de promover eleições livres e justas e proteger direitos humanos fundamentais dentro e fora do país.”
O documento também faz alusão à responsabilização sobre conteúdos veiculados nas redes e o papel das big techs em discussão no Brasil, quando alega que Trump “tem compromisso na defesa de empresas americanas contra coerção censória ilegal” e quando cita remoção de usuários e políticas de moderação.
Correio do Povo

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