Embarques de fumo são afetados por tarifaço Trump

 Efeitos sobre as exportações do setor são percebidos há cerca de 15 dias, de acordo com presidente do Sinditabaco, Walmor Thesing

Presidente do Sinditabaco explica que as exportações brasileiras de tabaco são significativas para os Estados Unidos, em torno de 9% do volume total, 250 milhões de dólares anuais | Foto: Felipe Krause / SintiTabaco / Divulgação / CP


Às vésperas da entrada em vigor do tarifaço de 50% para as exportações brasileiras, o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), Valmor Thesing, afirma que o setor vive um momento de tensão, incertezas e paralisações de embarques para os Estados Unidos. Cerca de 20 dias atrás, o dirigente manifestava-se mais otimista em relação à adoção de uma saída diplomática antes do dia 1º de agosto. “Vão parar as exportações, os clientes mandaram suspender”, alertou, referindo-se à data estipulada pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
De acordo com Thesing, nos primeiros dias depois da carta publicada por Trump em uma rede social, as empresas intensificaram os embarques das cargas para os Estados Unidos. “Mas, nos últimos 15 dias (começaram) a parar porque não haveria tempo hábil (antes da entrada em vigor para chegar ao destino)”, explicou.
Conforme Thesing, 90% das exportações de tabaco do Rio Grande do Sul são realizadas através do Porto de Rio Grande e outros 10% pelos portos localizados em Santa Catarina. A viagem das cargas até os EUA duram entre 12 e 20 dias.
Thesing acrescenta que o setor tinha a perspectiva de que uma solução fosse anunciada.

“Depois das informações ao longo desta semana a ‘casa caiu’. Como as exportações brasileiras de tabaco são significativas para os Estados Unidos, em torno de 9% do volume total, 250 milhões de dólares anuais, estávamos em uma expectativa muito positiva de que haveria uma negociação diplomática entre as duas nações”, disse, antes do presidente americano confirmar o tarifaço nesta quarta-feira, dia 30.

O fumo não foi incluído entre as exceções determinadas por Trump. Na próxima terça-feira, dia 5, Thesing terá uma reunião com os associados para definirem as próximas ações estratégicas do setor.
Máquinas. A vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), Carolina Rossato, diz que o setor teme retração do mercado, caso o Brasil decida aplicar a reciprocidade nas importações dos EUA.

“Hoje os Estados Unidos é um dos principais parceiros no fornecimento de materiais para a produção, como eletrônicos. Qualquer mudança brusca incidirá em um custo maior”, afirmou.

Carolina destacou que o Rio Grande do Sul é responsável por 65% das máquinas agrícolas do Brasil. “É uma indústria que qualquer país gostaria ter, gera patentes e tecnologia. Não queremos perder nossos diferenciais competitivos”, disse. A vice-presidente acrescenta que impactos sobre o setor podem aumentar na proporção em que são reduzidas as exportações de produtos como carne, soja, milho, café, algodão e laranja. “Nós produzimos máquinas para produzir alimentos”, enfatizou.

Sucos e vinhos perdem mercado

O vice-presidente do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS), Daniel Panizzi, adverte que os Estados Unidos é um mercado significativo para o setor. Segundo ele, os embarques para aquele país representam em torno de 14% das exportações de vinhos, espumantes e sucos de uva. A taxação poderá prejudicar o projeto Wines Of Brazil que tem os norte-americanos como uma das prioridades. A iniciativa é realizada com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) e com o governo gaúcho.
“Apesar do setor vitivinícola ser embrionário nas exportações, o impacto é representativo para o trabalho desenvolvido há mais de 20 anos na busca de espaço nas gôndolas”, afirmou o dirigente. Panizzi acrescentou que o custo de produção é muito alto no Brasil, comparado a outros países. “A Espanha classifica o vinho como alimento natural, com diferencial tributário”, exemplificou. Conforme o Departamento de Economia e Estatística (DEE), no primeiro semestre de 2025, o embarque de vinhos gaúchos para os EUA resultou num faturamento de 662,3 mil dólares.

Correio do Povo

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