terça-feira, 6 de maio de 2025

Juíza que anulou ordem de captura contra Evo Morales é detida na Bolívia

 A detenção ocorreu em Santa Cruz de la Sierra, no leste do país

Morales, que presidiu a Bolívia entre 2006 e 2019, está refugiado na região cocaleira de Chapare, no centro do país. | Foto: AIZAR RALDES / AFP / CP


A polícia da Bolívia deteve, nesta segunda-feira, 5, uma juíza que anulou, na semana passada, uma ordem de captura contra o ex-presidente Evo Morales, acusado de tráfico de uma menor, e cuja decisão foi suspensa por outro tribunal dias depois, informou o Ministério Público.

A detenção ocorreu em Santa Cruz de la Sierra, no leste do país, onde fica o gabinete da juíza Lilian Moreno, que também anulou as acusações feitas contra o líder indígena, assim como o congelamento de seus bens e um impedimento de saída do país.

"Ao ter uma resolução fundamentada (...), os policiais cumpriram” uma ordem de captura contra Moreno, disse Roger Mariaca, procurador-geral da Bolívia, durante uma coletiva de imprensa.

No domingo, o Ministério da Justiça assinalou que havia denunciado a magistrada pelos supostos crimes de desobediência de resoluções constitucionais e prevaricação, que consiste em emitir disposições fora da lei.

O procurador-geral afirmou, nesta segunda, que a ordem de prisão contra a magistrada foi emitida devido a “risco de fuga e obstrução".

Em seguida, a juíza foi levada a La Paz em um voo comercial, segundo a imprensa local. “Nas próximas horas esta pessoa, que hoje se encontra na qualidade de apreendida, vai prestar depoimento” perante um promotor, disse Mariaca.

Vladimir Honor, advogado de Moreno, classificou a detenção como “arbitrária".

"Estamos falando de uma autoridade jurisdicional, que tem uma raiz natural, que tem uma família, que tem um trabalho conhecido”, afirmou. Morales, de 65 anos, e que presidiu a Bolívia entre 2006 e 2019, está refugiado na região cocaleira de Chapare, no centro do país.

De lá, dirige sua campanha eleitoral para as eleições de agosto. Aspira a um quarto mandato presidencial, apesar de um veredicto constitucional que estabelece um máximo de dois.

Ele é solicitado pelas autoridades por não ter se apresentado às intimações a que foi chamado a depor.

Segundo o Ministério Público, o ex-presidente manteve em 2015 um relacionamento com uma adolescente de 15 anos, com quem teve uma filha um ano depois.

A acusação sustenta que Morales teria concedido benefícios aos pais da menina em troca da filha, que fazia parte da 'guarda juvenil' do então partido do ex-chefe de Estado.Morales nega as acusações.

“Falta gravíssima"

Na semana passada, a juíza Moreno anulou o expediente da investigação e o julgamento contra Morales realizados no departamento de Tarija, onde mora a suposta vítima, no sul da Bolívia.

Ela dispôs, ainda, que o caso fosse retomado em Cochabamba, reduto político e área de residência do líder cocaleiro.

Na última sexta-feira, um juiz de La Paz suspendeu os efeitos da decisão de Morelo.Não cabia à juíza, mas à Suprema Corte, decidir qual autoridade deve resolver o caso, disse, nesta segunda, Manuel Baptista, presidente do Conselho da Magistratura, em coletiva de imprensa.

Há indícios "para considerar que existiu uma falta administrativa gravíssima”, que 'tem uma sanção que é a destituição', disse.

O juiz de La Paz também enfrenta um processo disciplinar similar, pois tampouco estaria habilitado a avaliar a decisão de Moreno, observou Baptista.

Esta não é a primeira vez que Moreno cruza o caminho judicial de Morales. Em outubro de 2024, ela anulou outra ordem de captura contra ele pelo mesmo caso.

AFP e Correio do Povo

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