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sábado, 20 de maio de 2023

PF indicia ex-presidente da Funai por omissão no caso Bruno e Dom

 Para a Polícia Federal, Marcelo Xavier sabia dos riscos que funcionários da Funai corriam, mas não tomavam providências

O ex-presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) Marcelo Xavier foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por omissão no caso dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. O caso aconteceu na região do Vale do Javari, no Amazonas, em junho de 2022. A corporação também indicou Alcir Amaral Teixeira, ex-coordenador-geral de Monitoramento Territorial da Funai.

Para a PF, a dupla foi omissa ao não tomar providências para garantir a proteção de indigenistas e funcionários do órgão. O R7 entrou em contato com a fundação e aguarda a resposta. Xavier foi nomeado para o cargo em julho de 2019. Ele assumiu o posto no lugar do general Franklimberg Ribeiro de Freitas, que deixou a carga em 11 de junho, após ser alvo de forte pressão da bancada do agronegócio.

Depois de três meses no comando da Funai, Xavier fez uma missão generalizada e trocou 15 coordenações de áreas da autarquia. Naquele mesmo mês de outubro, ele demitiu Bruno Pereira, que na época era coordenador-geral dos Índios Isolados. Por causa dos posicionamentos durante sua gestão, Xavier foi alvo de críticas e protestos por parte dos servidores da Funai. Ele acabou exonerado em dezembro de 2022.

Caso Bruno e Dom

Dom e Bruno desapareceram em 5 de junho, após terem sido vistos pela última vez na comunidade São Rafael, nas proximidades da entrada da Terra Indígena Vale do Javari. Eles viajaram pela região entrevistando indígenas e ribeirinhos para produção de reportagens e de um livro sobre invasões de áreas indígenas. O Vale do Javari, uma terra indígena com o maior registro de povos isolados do mundo, está protegido há anos pela atuação intensa de narcotraficantes, pescadores, garimpeiros e madeireiros ilegais que tentam expulsar povos tradicionais da região.

Phillips morava em Salvador, na Bahia, e fazia reportagens sobre o Brasil havia 15 anos para o New York Times e o Washington Post, bem como para o jornal The Guardian. Bruno era servidor da Funai, mas estava licenciado desde que foi exonerado da chefia da Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato, em 2019. O avião com os restos mortais encontrados nas buscas pelo jornalista Dom Phillips e pelo indigenista Bruno Pereira chegou a Brasília por volta das 18h40 desta quinta-feira (16). Eles foram transportados de Atalaia do Norte (AM) para o Instituto de Criminalística da Polícia Federal, na capital, onde vão passar por perícia.

Ele foi dispensado do cargo logo depois de uma operação que expulsou garimpeiros da Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Na ocasião, um helicóptero que servia ao garimpo foi compreendido. Dias antes do desaparecimento, um bilhete apócrifo com ameaças dirigidas ao servidor e os líderes indígenas foi deixado no escritório de advocacia que representa a organização para a qual ele vinha trabalhando voluntariamente, em Tabatinga (AM).

Os corpos de Bruno e Dom foram encontrados após dez dias de buscas, logo depois de um dos suspeitos do crime ser preso. Os restos mortais foram transportados para Brasília, periciados e confirmados como sendo do indigenista e do jornalista. Até o momento, três pessoas foram denunciadas por participar do crime. Amarildo da Costa Oliveira está preso na penitenciária de Catanduvas (PR), enquanto Oseney Costa de Oliveira e Jeferson da Silva Lima estão na penitenciária de Campo Grande (MS).


R7 e Correio do Povo

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