AdsTerra

banner

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Donald Trump sai enfraquecido das eleições de meio de mandato

 "Onda vermelha" esperada não aconteceu e Ron DeSantis se apresenta como opção ao Partido Republicano


Donald Trump esperava surfar uma "onda vermelha" - cor dos republicanos -, de olho em uma nova candidatura presidencial em 2024 após as eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, mas com conquistas limitadas e um resultado de destaque de seu principal adversário dentro do partido, o ex-presidente parece ter morrido na praia.

O ex-inquilino da Casa Branca (2017-2021), que insinuou que anunciará sua nova candidatura presidencial em 15 de novembro, atuou nas primárias republicanas e realizou comícios em todo o país, nos quais repetiu suas declarações infundadas de fraude nas eleições de 2020, que perdeu para o democrata Joe Biden.

Mas vários dos candidatos que escolheu a dedo não se saíram bem nas urnas na terça-feira. Alguns inclusive perderam para os democratas assentos antes ocupados por republicanos. Analistas e alguns membros de seu partido o culpam pelo resultado, apesar da chance de recuperar por uma estreita margem a Câmara dos Representantes. O controle do Senado é incerto. "Embora de certa forma as eleições de ontem tenham sido um pouco decepcionantes, da minha perspectiva pessoal foram uma grande vitória", disse Trump nesta quarta em sua rede social, a Truth Social.

Mas sem dúvida, a vitória de maior destaque do lado conservador foi a de Ron DeSantis, que foi reeleito governador da Flórida e se consolidou uma estrela republicana em ascensão e o mais forte oponente de Donald Trump para a nomeação presidencial republicana de 2024.

Um editorial da emissora Fox News, de viés conservador, proclamou DeSantis como "o novo líder do Partido Republicano". Embora ainda não haja resultados finais completos, o mapa político que se desenhou na manhã desta quarta-feira claramente não se parece com o que tinha sido projetado.

"Não deveria ter sido tão difícil para os republicanos" recuperar o controle da Câmara dos Representantes e do Senado, disse à AFP Jon Rogowski, professor de Ciência Política na Universidade de Chicago. Sobretudo, se somados os contextos de alta inflação e baixa popularidade do presidente Joe Biden.

"Muitos candidatos (que Donald Trump apoiou) tiveram um desempenho inferior e custaram ao seu partido a oportunidade de conquistar assentos que deveriam ser alcançáveis" para os republicanos, destacou Rogowski.

"Enquanto isso, outros candidatos republicanos com os quais brigou publicamente conquistaram facilmente seus assentos", acrescentou. Um exemplo foi Brian Kemp, abertamente contrário a Trump, que manteve o cargo de governador da Geórgia. O ex-presidente sempre criticou o papel de Kemp na certificação eleitoral de 2020 a favor de Biden e tentou desbancá-lo, apoiando outro candidato nas primárias.

"Qualidade" dos candidatos

Os resultados mostram que "você pode ser conservador, ter princípios, se opor a Trump e vencer", declarou à AFP Peter Loge, professor da Universidade George Washington. "É realmente um ponto de inflexão para o Partido Republicano", disse à emissora CNN nesta quarta-feira de manhã Geoff Duncan, vice-governador republicano da Geórgia, que durante muito tempo foi abertamente crítico ao ex-presidente. "É hora de seguir adiante", acrescentou.

Antes das eleições, o líder da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell, já se preocupava com a "qualidade" dos candidatos apoiados por Trump. Em vista dos resultados, o ex-presidente poderia ter perdido sua aura de "fazedor de reis". O célebre cirurgião Mehmet Oz, apoiado por Donald Trump, não levou o assento-chave de senador no disputado estado da Pensilvânia.

Também neste estado, o candidato ultraconservador e antiaborto Doug Mastriano, que esteve na ocupação do Capitólio, foi derrotado em sua candidatura ao governo. Uma exceção notável foi a do trumpista J.D. Vance, eleito senador por Ohio. Segundo projeções da mídia, mais de cem candidatos republicanos que não reconhecem o resultado das eleições presidenciais de 2020 foram eleitos na terça-feira a cargos locais e nacionais.

Caminho para a Presidência

Na manhã de quarta-feira, o ex-presidente estava "furioso" e "gritando com todo mundo", admitiu um de seus assessores, citado sob anonimato pelo renomado jornalista da CNN Jim Acosta.

Na Truth Social, Trump argumentou que Don Bolduc, candidato republicano na disputa pelo Senado em New Hampshire, perdeu porque se retratou de seu ceticismo sobre os resultados das eleições de 2020. "Se tivesse se mantido forte e leal, teria vencido facilmente. Lições aprendidas!", enfatizou Trump.

Alguns comentaristas políticos têm especulado que o ex-presidente poderia adiar seu eventual anúncio de uma candidatura à Presidência em 15 de novembro, mas ainda não houve notícias de uma mudança de planos.

Embora alguns pensem que Trump poderia sair de cena e permitir que candidatos como DeSantis assumam a bandeira republicana, Loge avaliou que isso é pouco provável. "Donald Trump não é muito bom em deixar o palco", avaliou.

AFP e Correio do Povo

Nenhum comentário:

Postar um comentário