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terça-feira, 20 de outubro de 2020

Operando em queda durante todo o dia, dólar fecha em R$ 5,60

 Bolsa termina a segunda-feira em alta de 0,35%, apesar de dia negativo em Nova Iorque


O dólar reduziu o ritmo de queda perto do fechamento, voltando a encostar em R$ 5,60. Relatos pelas agências internacionais de dificuldades nas negociações em Washington sobre um pacote de estímulo fiscal trilionário, um dia antes do prazo final dado pelos democratas, ajudaram a fortalecer o dólar na tarde de hoje, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos anunciaram novas sanções à China por ligações com o Irã. No mercado doméstico, o governo brasileiro voltou a reforçar o compromisso com a responsabilidade fiscal nesta segunda-feira, o que ajudou a retirar pressão do câmbio. O real foi a moeda com melhor desempenho no mercado internacional nesta segunda-feira, considerando as 34 divisas mais líquidas.

No fechamento, o dólar à vista fechou em queda de 0,71%, cotado em R$ 5,6032. No mercado futuro, o dólar para novembro cedia 0,81%, a R$ 5,6035 às 17h.

O dólar operou em queda durante todo o dia, chegando a cair na mínima a R$ 5,56 no início da tarde. A presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, deu ontem prazo de 48 horas para se chegar a um consenso sobre o pacote de estímulo, ou ele ficará para depois das eleições. No mercado de moedas, a declaração ajudou a fortalecer as divisas de emergentes, pois estimulou a busca por ativos de risco. No final da tarde, em conversas com a bancada democrata Pelosi falou em progressos nas negociações, mas relatou diferenças a resolver.

Para a economista da corretora Stifel, Lindsey Piegza, a ação de Pelosi parece ser a última tentativa de aprovar o pacote antes das urnas, mas as divergências de valores sobre a ajuda fiscal entre democratas (US$ 2,2 trilhões), republicanos (US$ 1,8 trilhão) e o próprio Donald Trump, que fala em valores maiores que o defendido pelo seu partido, dificultam uma aprovação agora. Outro fator a impor cautela entre os investidores, destaca a economista, é o crescimento de casos de coronavírus no mundo, que superaram 40 milhões, com aceleração rápida na Europa, que vem batendo recordes diários e impondo novas restrições sociais.

No mercado doméstico, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltaram a falar hoje do compromisso em não gastar mais que o teto permite e que no ano que vem a situação fiscal começa a melhorar, com a retirada das medidas extraordinárias para lidar com a pandemia. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também reforçou no final de semana o compromisso em não prorrogar o estado de calamidade para 2021, além de respeitar o teto. Como ressalta um diretor de tesouraria, as declarações agradaram, mas é preciso mais que a retórica neste momento, pois os investidores querem mais clareza sobre o Orçamento para 2021, o que só deve ocorrer após as eleições. Por isso, os ativos domésticos não devem se distanciar muito dos níveis vistos nos últimos dias, no caso do dólar, o nível de R$ 5,60.

Ibovespa

Até o meio da tarde, o Ibovespa mostrava resiliência ao dia negativo em Nova Iorque, mas a falta de avanço nas negociações entre democratas e republicanos sobre o pacote fiscal inclinou Wall Street mais para baixo, com perdas em torno ou acima de 1,5%, levando o índice da B3 a devolver o nível de 99 mil pontos que ensaiava recuperar pelo terceiro dos últimos quatro fechamentos. Não deu, mas na máxima desta segunda-feira o Ibovespa reaproximou-se dos 100 mil pontos, chegando a 99.917,22, melhor nível intradia desde 18 de setembro, saindo de mínima na sessão a 98.309,80, com abertura a 98.310,35 pontos.

Ao final, mostrava leve alta de 0,35%, aos 98.657,65 pontos, colocando os ganhos do mês a 4,29% e as perdas do ano a 14,69%. Em dia de vencimento de opções sobre ações, o giro financeiro totalizou R$ 36,5 bilhões. As ações de commodities e bancos, que sustentavam os ganhos do Ibovespa mais cedo, limitaram o avanço, com a piora em Nova Iorque. Petrobras ON, que subia acima de 3% mais cedo, fechou em alta de 1,09%, e a PN, de 0,98%, enquanto Vale ON passava a terreno negativo (-0,47%, na mínima do dia no fechamento).

Entre os bancos, Bradesco PN subiu 1,38%, liderando o segmento, ao lado de BTG (+3,73%). Na ponta negativa do Ibovespa, JBS caiu 4,57%, seguida por BRF (-3,10%) e B2W (-3,05%). Na face oposta, Cielo subiu 6,74%, à frente de BR Malls (+5,43%) e Gol (+4,51%).

"Havia muito entusiasmo pela manhã, com a possibilidade de avanço em relação ao pacote fiscal nos EUA, mas a Nancy Pelosi (presidente da Câmara dos Representantes, democrata) mais uma vez jogou um balde de água fria. E, aqui, há uma bomba armada para depois das eleições municipais, que é a definição sobre o Renda Cidadã", diz Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.

Ele chama atenção para dois sinais recentes que considera negativos para o cenário doméstico: a indicação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que aceita a prorrogação do auxílio emergencial a 2021 desde que não fure o teto de gastos e a retomada de imposto semelhante à CPMF na agenda do ministro da Economia, Paulo Guedes. "O Maia parece ter aberto uma brecha, antes parecia mais determinado a não transigir."

"As falas de Maia e Guedes foram positivas na medida em que reiteram o compromisso com o teto de gastos. Sabemos que a palavra final será de Bolsonaro e há pouca margem dentro do Orçamento, em termos de remanejamento, para que se viabilize o auxílio dentro do teto", diz Daniel Herrera, analista da Toro Investimentos. "O Ibovespa foi valente hoje, resistindo ao dia negativo lá fora", acrescenta o analista, observando que, depois dos números do segundo trimestre, os balanços do período julho-setembro começam a confirmar que as grandes empresas, com caixa, resistiram bem ao pior da crise e mostram recuperação antes do que se previa.

Juros

Os juros fecharam a segunda-feira com queda firme, refletindo o alívio no risco fiscal após declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do ministro da Economia, Paulo Guedes, nos últimos dias reforçando o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal. A sinalização de ambos dá um respiro ao mercado, mas não muda a percepção de que tendência é de pressão sobre a curva enquanto não houver decisões concretas que protejam as contas públicas de ataques ao teto de gastos. No exterior, o dia foi positivo para ativos emergentes, renovadas as expectativas de acordo sobre o pacote fiscal americano no curto prazo com a fala da presidente da Câmara dos EUA, Nanci Pelosi, no fim de semana. No fim da tarde, porém, o apetite ao risco arrefeceu com relatos de dificuldades no diálogos entre democratas e republicanos.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 terminou com taxa de 4,66%, de 4,825% no ajuste de sexta-feira. O mais negociado, DI para janeiro de 2022, fechou com taxa de 3,29%, de 3,385% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 6,645% para 6,48% e a do DI para janeiro de 2027, de 7,574% para 7,40%.

Nas mínimas, as taxas de médio e longo prazos chegaram a ceder mais de 20 pontos-base entre o miolo e a ponta longa, mas na última hora de negócios, o ritmo desacelerou a partir do exterior. O mercado amanheceu confiante sobre o pacote nos EUA após Pelosi ter dito ontem que um acordo teria de ser fechado em 48 horas para que pudesse ser assinado até a eleição presidencial de 3 de novembro. No fim do dia, no entanto, relatos de que permanecem as discordâncias na "linguagem" entre democratas e republicanos nos EUA esfriaram o otimismo em todos os ativos.

No mercado de juros, o impacto foi sutil, uma vez que o olhar do investidor está mais voltado aos fatos internos. "Maia e Guedes dando apoio ao teto e à ideia de não prorrogar o auxílio emergencial ajudam tanto o câmbio quanto os juros", disse o estrategista de renda fixa do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

Às pressões vindas de dentro do Congresso para a postergação da ajuda para 2021, Maia afirmou que "não existe" a possibilidade de prorrogação por mais três meses do estado de calamidade, decretado durante a pandemia. Segundo ele, isso significaria a prorrogação, também por mais três meses, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento de Guerra, o que "seria uma sinalização muito ruim quanto à âncora fiscal". Na mesma linha, na sexta à noite, Guedes havia descartado tal ideia. Hoje, o ministro reiterou que irá lutar pelo teto enquanto for necessário. Segundo o ministro, não há desculpa para a criação de despesas permanentes. "As medidas para conter a pandemia nunca foram desculpa para continuar gastando", defendeu.

"Ao se manter firme, Guedes passa ao mercado a impressão de que o presidente Bolsonaro endossa uma política fiscal mais responsável. Já Maia, sendo fiador dessa postura, deve dificultar que se aprovem no Congresso matérias que afrouxem a disciplina fiscal (como a prorrogação do auxílio)", disse Rostagno.


Agência Estado e Correio do Povo

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