A Guarda Costeira dos Estados Unidos interceptou neste sábado (20) um navio-tanque que transportava petróleo em águas internacionais próximas à Venezuela. A ação foi divulgada pela secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, nas redes sociais, e ocorre em meio ao aumento das tensões entre Washington e Caracas.
“Os Estados Unidos continuarão a combater a movimentação ilícita de petróleo sob sanções, usada para financiar o narcoterrorismo na região”, afirmou Noem em publicação no X.
Segunda apreensão em um mês
Este é o segundo petroleiro apreendido em pouco mais de um mês. O primeiro caso ocorreu em 10 de dezembro. Após o episódio inicial, o presidente Donald Trump determinou um “bloqueio total e completo” de embarcações sancionadas, intensificando a ofensiva contra o governo de Nicolás Maduro, não reconhecido pela administração republicana.
Para cumprir a ordem, os EUA mobilizaram navios, aviões e milhares de soldados no Caribe, justificando a operação como parte do combate ao narcotráfico. Caracas, por sua vez, acusa Washington de tentar provocar a saída de Maduro do poder e classificou a apreensão como “roubo flagrante” e “ato de pirataria internacional”.
Disputa por recursos
Em comunicado oficial, o governo venezuelano afirmou que a ofensiva americana tem como alvo os recursos naturais do país:
“Sempre se tratou dos nossos recursos naturais, do nosso petróleo e da nossa energia, que pertencem exclusivamente ao povo venezuelano.”
Trump, por outro lado, acusa Maduro de usar a exportação de petróleo para financiar “narcoterrorismo, assassinatos, sequestros e tráfico de pessoas”.
Impactos econômicos
Especialistas alertam que os bloqueios podem reduzir em até 50% as exportações de petróleo venezuelano. Dos cerca de 1.400 navios sob sanções americanas, aproximadamente 600 são petroleiros, segundo dados da AFP e da Organização Marítima Internacional.
Desde as sanções impostas em 2019, o escoamento do petróleo da Venezuela depende em grande parte de uma “frota fantasma”, composta por embarcações que desligam sistemas de rastreamento ou já foram punidas por transportar petróleo do Irã ou da Rússia.
Apesar das restrições, empresas autorizadas como a Chevron seguem utilizando frota própria. A China continua sendo o principal destino do petróleo venezuelano, responsável por cerca de 4% das importações do país asiático. Em dezembro, os embarques devem superar 600 mil barris por dia.
Caso o embargo se prolongue, analistas estimam que até 1 milhão de barris diários podem ser retirados do mercado global, pressionando os preços internacionais do petróleo.
Operações paralelas
As apreensões ocorrem no mesmo contexto das operações ordenadas por Trump contra embarcações no Caribe e no Oceano Pacífico, acusadas de contrabandear fentanil e outras drogas. Desde setembro, ao menos 104 pessoas morreram em 28 ataques registrados.
Com o novo episódio, a crise entre Estados Unidos e Venezuela ganha mais um capítulo, reforçando o impacto geopolítico e econômico das sanções sobre o setor energético.
