Jornais americanos protestam contra "duopólio" de Google e Facebook

Meios de comunicação alegam que as duas empresas de tecnologia ficam com mais de 70% dos 73 bilhões de dólares gastos anualmente em publicidade na web

Veículos reclamam que empresas de tecnologia absorvem grande parte da receita publicitária online | Foto: LEON NEAL, LOIC VENANCE / AFP

Veículos reclamam que empresas de tecnologia absorvem grande parte da receita publicitária online | Foto: LEON NEAL, LOIC VENANCE / AFP

A indústria jornalística dos Estados Unidos advertiu, nesta segunda-feira, sobre o "duopólio" formado por Google e Facebook e pediu para negociar com as empresas que dominam a difusão de notícias e publicidade na internet. A News Media Alliance disse que os meios de comunicação se veem forçados "a entregar seus conteúdos e jogar sob suas regras sobre como apresentar, priorizar e monetizar as notícias e a informação".

Uma declaração da associação que reúne cerca de 2 mil grupos de veículos disse que as organizações de notícias "estão muito limitadas em seu poder de negociação com o duopólio formado, que absorve o decrescente segmento de receitas de publicidade". O grupo, antes chamado Newspaper Association of America, inclui importantes jornais, como The New York Times e The Wall Street Journal, mas também veículos menores e organizações de notícias.

A indústria jornalística vive uma queda irrefreável da demanda por notícias impressas à medida que os leitores se voltam cada vez mais para as plataformas online. O presidente da Alliance, David Chavern, escreveu no The Wall Street Journal que as plataformas digitais "distorcem o valor econômico obtido fazendo bom jornalismo". Chavern disse que Google e Facebook ficam com mais de 70% dos 73 bilhões de dólares gastos anualmente em publicidade na web.

"Mas os dois gigantes digitais não empregam repórteres. Não mexem nos arquivos públicos para desvendar a corrupção, nem enviam correspondentes a zonas de guerra, nem aos jogos à noite", escreveu Chavern. "Eles esperam que a economicamente penosa indústria de notícias faça esse trabalho por eles", acrescentou.

O representante da associação insistiu que as empresas jornalísticas "devem poder negociar coletivamente com as plataformas digitais que controlam a distribuição e o acesso à audiência". Facebook e Google, que compartilham parte dos lucros de algumas plataformas com empresas de notícias, alegam que tentaram ajudar os veículos fazendo algumas concessões.

"Estamos comprometidos em ajudar a desenvolver o jornalismo de qualidade no Facebook. Avançamos em nosso trabalho com os veículos e há muito o que fazer", disse o diretor de alianças informativas do Facebook, Campbell Brown. "Queremos ajudar os editores a vencer sua transição para o digital", afirmou a Google em um comunicado. "Nos últimos anos, criamos vários produtos especializados e tecnologias específicas para ajudar" os jornais, completou a empresa.


AFP e Correio do Povo

Cabral admite uso generalizado de caixa 2 nas campanhas

Para o ex-governador do Rio, o Brasil “é um país de muito pouca tradição democrática”

Para o ex-governador do Rio, o Brasil “é um país de muito pouca tradição democrática” | Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil / CP memória

Para o ex-governador do Rio, o Brasil “é um país de muito pouca tradição democrática” | Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil / CP memória

Preso desde novembro do ano passado, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral afirmou nesta segunda-feira que receber doação de campanha por meio de caixa 2 é uma prática disseminada em "todo o Brasil” e usada “por todos os partidos” nos períodos democráticos do país. Para Cabral, o Brasil “é um país de muito pouca tradição democrática”.

“Este é o modelo do Brasil, esta distorção", destacou Cabral, reconhecendo que a prática de caixa 2 "é um erro", embora se veja isso "o tempo todo” no país. Cabral prestou depoimento perante o juiz da 7ª Vara Federal no Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, dentro do inquérito da Operação Mascate, um desdobramento da Operação Calicute.

Sobras de campanha

Antes de Cabral, o ex-assessor da Casa Civil do governo Ary Filho, preso em fevereiro na Operação Mascate, sob acusação de lavagem de dinheiro e organização criminosa, afirmou ter recebido ao todo entre R$ 9 e R$ 10 milhões em espécie, como bônus destinado por Cabral de sobras de campanha. Ele disse que coordenou todas as campanhas políticas de Sérgio Cabral desde 1998 até 2010, além das duas de Eduardo Paes à prefeitura do Rio, em 2008 e 2012, e a do atual governador Luiz Fernando Pezão, em 2014.

“O Sérgio Cabral pegava o dinheiro e mandava para mim, eu fui juntando. Tinha muita sobra de campanha, tinha empresários que ajudavam eles. Eu ficava afastado dessa parte, não me metia na arrecadação, não sabia a origem. Eram empresas privadas, de campanha mesmo. Ele [Cabral] pegava e me dava o dinheiro, não era tudo de uma vez. Ele falava: 'Ary, sobrou isso pra você, você vai receber isso'. Eles não me deixavam participar das decisões, eu só ia buscar o dinheiro”, afirmou Ary Filho.

Ele disse que, por sugestão do empresário Adriano Martins, dono de concessionárias envolvidas no esquema e da Imbra Imobiliária, usou esses recursos para comprar imóveis. “Ele disse: 'se você tem esse dinheiro, traz pra cá, compra esses imóveis e recebe aluguel, o dinheiro não fica parado'. Eu viajava com ele, ele frequentava minha casa. Eu dei o dinheiro pra ele comprar os imóveis. Inclusive comprei um dele, em Jacarepaguá. Ele disse: 'é bom porque os imóveis ficam na minha empresa'. Ele disse que eu poderia ser assaltado, então era para usar para ter lucro. Não comprei no meu nome porque não tinha caixa. Não tinha a origem desse dinheiro.”

Ary Filho disse que Martins também intermediava o aluguel de carros para as campanhas, cerca de 150 veículos, além de 10 blindados, com acerto de lançar apenas 20% do valor na nota fiscal a ser apresentada na prestação de contas ao Tribunal Regional Eleitoral. Os 80% restantes eram pagos em espécie. Ary Filho também contou também que intermediou reunião entre Carlos de Miranda, apontado pelo Ministério Público como operador financeiro da organização criminosa liderada por Cabral, com representantes da cervejaria Itaipava e do supermercado Prezunic. Na Itaipava e no Prezunic teriam sido arrecadados cerca de R$ 10 milhões, R$ 5 milhões em cada.

Cabral nega

No depoimento, Cabral admitiu que tinha entregado a Ary Filho algum recurso de sobra de campanha, mas ressaltou que o volume não chegou a 15% do que o ex-assessor afirmou. “Não reconheço esse valor. Eventualmente, após a campanha, alguma sobra pode ser, mas menos de 15% desse valor. Um milhão pode ser. Eu li no processo, mas eu não tenho nada a ver com esses imóveis, com essa compra e venda. Não é verdade isso, não reconheço esse valor de R$ 9 milhões.”

Segundo Cabral, é “comum na política” assessores próximos usarem o nome dos ocupantes de cargos eletivos para pedir contribuição. O ex-governador disse que ficou surpreso com o número de apartamentos, com os carros. "Eu não sabia. Agora, justificar o recurso (obtido) com essas empresas ou [como] sobra de campanha, não é o caso. Muitas vezes, os assessores próximos usam o nome do governador, do parlamentar, do juiz. Eu fui chefe de dois poderes, então sei como funciona.”

Sobre a Itaipava e o Prezunic, Cabral admitiu que as duas empresas fizeram doações para suas campanhas, mas disse que não se recorda se foram legais ou em caixa 2. O ex-governador também rechaçou a acusação de que havia um esquema de propina de 5% em contratos públicos para dividir entre os acusados.

“Isso eu posso afirmar ao Ministério Público Federal: nunca houve contrapartida. Nunca houve propina. O Ministério Pública colocou que os delatores falam de 5%. Nunca houve isso – eu vejo e fico atônito com isso. Que 5% é esse? Nunca houve isso. Reconheço, sim, que houve caixa 2. Mas esses valores para compra de apartamentos eu desconheço, nunca soube disso.”

Carlos de Miranda também foi convocado para depor hoje, mas, por orientação dos advogados, permaneceu em silêncio.  Para quarta e sexta-feira, estão marcados depoimentos relativos ao inquérito da Operação Eficiência.


Agência Brasil e Correio do Povo


Ministro da Saúde garante R$ 8 milhões ao RS em parceria com Sírio Libanês

Hospital de São Paulo prestará auxílio para melhorar setores de atendimento

Ministro da Saúde garante R$ 8 milhões ao RS em parceria com Sírio Libanês | Foto: Luiz Chaves / Palácio Piratini / CP

Ministro da Saúde garante R$ 8 milhões ao RS em parceria com Sírio Libanês | Foto: Luiz Chaves / Palácio Piratini / CP

Além da inauguração do Centro Obstétrico do GHC, o ministro da Saúde, Ricardo Barros também assegurou R$ 8 milhões via Programa de Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi), uma parceria de isenções de hospitais com o governo federal, que serão utilizados do Hospital Sírio Libanês, de São Paulo, para que o grupo auxilie Porto Alegre com uma consultoria para tentar melhorar, principalmente, setores de atendimento, como filas e agendamentos de consultas.

O recurso decorre de isenções fiscais do hospital. Barros também autorizou o repasse mensal de R$ 500 mil para as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da Capital. O prefeito Nelson Marchezan Júnior disse que o auxílio de um dos maiores hospitais de do país será essencial para tentar melhorar o atendimento fornecido ao cidadão.

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, também liberou R$ 8 milhões para que o governo do Estado decida em quais setores dos municípios gaúchos sejam destinados os recursos para a atenção básica, principalmente para qualificação das unidades, tanto com obras ou até mesmo de liberação para que os locais possam funcionar.


Correio do Povo



O namoro do PSDB com Rodrigo Maia


Publicado em 10 de jul de 2017

O editor Silvio Navarro e o cientista político Sérgio Praça analisam as articulações em Brasília que podem levar o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da República, caso Michel Temer perca o cargo.

Cármen Lúcia nega pedido para suspender tramitação da reforma trabalhista

Oposição alega que é preciso calcular o impacto da lei nos cofres públicos

Presidente do STF negou pedido feito por senadores da oposição | Foto: Nelson Jr. / STF / CP Memória

Presidente do STF negou pedido feito por senadores da oposição | Foto: Nelson Jr. / STF / CP Memória

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, negou pedido feito por 18 senadores da oposição para suspender a tramitação da votação da reforma trabalhista no plenário do Senado, prevista para esta terça-feira. No mandado de segurança, os parlamentares queriam a suspensão da tramitação por alegarem a necessidade da realização de cálculos do impacto da lei nos cofres públicos, como determinaria a Emenda Constitucional dos Gastos Públicos.

Na decisão, a ministra entendeu que o Judiciário não pode fazer interferência prévia nos atos do Congresso antes da aprovação da matéria. "Não compete ao Poder Judiciário, por maior que seja a extensão que se pretenda conferir às suas competências constitucionais, analisar o mérito de ato dessa natureza, nesta fase do processo legislativo", disse a ministra.

Na votação desta terça-feira no Senado, se a matéria for aprovada sem alterações, segue direto para sanção do presidente Michel Temer — que já se comprometeu a vetar seis pontos do texto e editar medida provisória posteriormente regulamentando os trechos que ficarão sem definição.


Estadão Conteúdo e Correio do Povo

Piratini quita na terça salários de 93% do funcionalismo

Governo Sartori chega ao 19º mês com parcelamento dos ganhos de servidores

Governo Sartori chega ao 19º mês com parcelamento dos ganhos de servidores | Foto: Ricardo Giusti / CP Memória

Governo Sartori chega ao 19º mês com parcelamento dos ganhos de servidores | Foto: Ricardo Giusti / CP Memória

O Palácio Piratini vai quitar nesta terça-feira os salários para os servidores do Poder Executivo com rendimento líquido de até R$ 7 mil. Depois de integralizar, ao longo desta segunda-feira, salários de até R$ 4,5 mil (81% do funcionalismo), a Secretaria da Fazenda anunciou um novo crédito de R$ 2,5 mil por matrícula, que vai estar disponível para saque na rede bancária nas primeiras horas da manhã. Com isso, 93% dos servidores estarão com a folha de junho integralizada.

O novo depósito, que representou o desencaixe de R$ 118,8 milhões, foi possível diante do ingresso de ICMS e da variação de recursos do Caixa Único. Ao alcançar R$ 7 mil líquidos, a Fazenda quita o salário para 99% do Magistério, que é uma das principais categorias do serviço público. A previsão para complementar os salários para quem ganha acima desse valor segue sendo quarta-feira.

Ficarão faltando R$ 110,7 milhões para fechar a folha do mês de junho, que ficou em R$ 1,120 bilhão (excetuando-se os compromissos com as consignações e os tributos). Também na virada do mês foi paga a sétima parcela do 13º salário de 2016, o que representou outros R$ 102 milhões. Junho registrou uma receita líquida de R$ 2,448 bilhões, enquanto a despesa ficou em R$ 3,010 bilhões.

Passados dois anos e meio de mandato à frente do Palácio Piratini, o governador José Ivo Sartori (PMDB) parcelou salários pela 19ª vez em junho. Nesse período, a gestão atual só conseguiu quitar 11 folhas em dia. O primeiro parcelamento ocorreu ainda em julho de 2015, quando foram depositados R$ 2.150 para cada matrícula. Em janeiro de 2017, a Sefaz garantiu faixa inicial de R$ 5 mil, a maior já paga pelo Executivo, já que o primeiro mês do ano registra a maior receita, em função do IPVA. A menor parcela inicial repassada pelo Piratini se registrou em outubro de 2015, quando a Fazenda depositou R$ 450 na conta dos servidores.

Confira abaixo a faixa inicial paga em cada mês

Ano 2015

- Julho – Parcela inicial: R$ 2.150

- Agosto – Parcela inicial: R$ 600

Ano 2016

- Fevereiro – Parcela inicial: R$ 1.750

- Março – Parcela inicial: R$ 1.250

- Abril – Parcela inicial: R$ 2 mil

- Maio – Parcela inicial: R$ 3 mil

- Junho – Parcela inicial: R$ 2,6 mil

- Julho – Parcela inicial: R$ 650

- Agosto – Parcela inicial: R$ 800

- Setembro – Parcela inicial: R$ 810

- Outubro – Parcela inicial: R$ 450

- Novembro – Parcela inicial: R$ 2.150

- Dezembro – Parcela inicial: R$ 2.260

Ano 2017

- Janeiro – Parcela inicial: R$ 5 mil

- Fevereiro – Parcela inicial: R$ 3 mil

- Março – Parcela inicial: R$ 1,8 mil

- Abril – Parcela inicial: R$ 3 mil

- Maio – Parcela inicial: R$ 3,4 mil

- Junho – Parcela inicial: R$ 2 mil


Rádio Guaíba e Correio do Povo




Sol aparece, mas RS deve ter períodos de nebulosidade nesta terça

Temperatura seguirá acima da média para mês de julho

Sol aparece, mas RS deve ter períodos de nebulosidade nesta terça | Foto: Betina Carcuchinski / PMPA / CP

Sol aparece, mas RS deve ter períodos de nebulosidade nesta terça | Foto: Betina Carcuchinski / PMPA / CP

O sol aparece com nuvens na maioria das regiões gaúchas nesta terça, entretanto haverá períodos de maior nebulosidade em diversas áreas. Chove em maior número de locais do Oeste, Centro e do Sul enquanto mais ao Norte as precipitações tendem a ser um tanto localizadas a ponto de em muitas cidades da Metade Norte sequer chover.

A temperatura pouco muda e vai seguir acima da média de julho. Em Porto Alegre, o sol aparece com nuvens, porém não se pode descartar instabilidade, especialmente entre a segunda metade do dia e o começo da quarta.

Em Porto Alegre, o dia começará com temperatura em torno de 14ºC e a máxima pode chegar a 23ºC. No Litoral Norte, em Torres, os termômetros devem marcar mínima de 15ºC, enquanto a maior marca ficará nos 22ºC. Na mesma região, em Capão da Canoa, a menor temperatura ficará em 16ºC para no período da tarde chegar aos 21ºC.

Em Santa Rosa, no Noroeste do Estado, as temperaturas oscilarão entre 14ºC e 28ºC. Em Caxias do Sul, na Serra gaúcha, os termômetros devem marcar entre 13ºC e 21ºC. Santa Maria começará o dia com 15ºC e a máxima pode atingir 21ºC. Na Fronteira Oeste, Santana do Livramento terá 14ºC pela manhã e 18ºC no período da tarde.


Correio do Povo

Venezuela: o último suspiro da democracia


Publicado em 10 de jul de 2017

VEJA acompanhou por uma semana os protestos de rua contra o presidente Nicola?s Maduro, da Venezuela, nos quais mais de oitenta pessoas foram mortas em pouco mais de tre?s meses. De Caracas, a editora Nathalia Watkins conta que a pichação “hambre” (fome, em espanhol) substituiu “Chávez vive” como a mais comum nas deterioradas ruas e viadutos. As filas para comprar comida tornaram-se raras, já que não há mais produtos a preços subsidiados nas prateleiras dos supermercados e a inflação tornou os itens básicos proibitivos para a maioria dos habitantes.

BNDES será alvo principal da sabatina da OMC ao Brasil

Debate irá questionar papel da instituição financeira no apoio a determinados setores da indústria

BNDES será alvo principal da sabatina da OMC ao Brasil | Foto: Vanderlei Almeida / AFP / CP Memória

BNDES será alvo principal da sabatina da OMC ao Brasil | Foto: Vanderlei Almeida / AFP / CP Memória

O governo de Michel Temer passará por uma sabatina a partir da próxima segunda-feira com a política comercial do País sendo avaliada pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e pelos governos de todo o mundo. De acordo com diplomatas estrangeiros que enviaram questionamentos ao Brasil, um dos focos do debate é o papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no apoio a determinados setores da indústria nacional.

O jornal "O Estado de S. Paulo" apurou que, até agora, mais de 600 perguntas já foram enviadas pelas chancelarias dos parceiros comerciais, com perguntas e cobranças sobre dezenas de temas que afetam as relações de importação, exportação e investimentos.

A sabatina ocorre a cada quatro anos com o Brasil, quando a comunidade internacional faz um raio X da política comercial do País. Desta vez, é o papel do BNDES que aparece entre as prioridades nas perguntas enviadas pelos governos estrangeiros ao Brasil.

As perguntas se referem às taxas de juros cobradas pelo banco de fomento brasileiro para operações de comércio exterior e aos incentivos dados à indústria local. A própria OMC também produziu uma avaliação sobre o Brasil. Mas os resultados estão sob embargo até o dia 17.

Em 2009, a OMC pela primeira vez pôs o BNDES no radar, levantando suspeitas de que a atuação do banco pudesse estar distorcendo o comércio e criando vantagens ilegais para as exportações brasileiras. A OMC, em seu relatório apresentado sobre o Brasil há quase dez anos, deu todas as indicações de que os juros praticados pelo BNDES representavam naquele momento ganhos para os setores exportadores. Na prática, o banco estatal emprestava com juros de 6,5%, bem abaixo da taxa básica no País.

Explicação Naquele ano, a entidade estimou que o apoio do BNDES "possivelmente" causaria distorções no mercado internacional que, entre 2003 e 2007, triplicou de tamanho. O então embaixador do Brasil na OMC Roberto Azevêdo rejeitou a tese de que os programas estivessem distorcendo os mercados. "Isso não é subsídio", afirmou. A explicação do governo era de que o mercado de crédito privado não seria suficiente no Brasil para suprir as necessidades de empréstimos de longo prazo para as exportações. Hoje, Azevêdo é o diretor-geral da OMC.

De acordo com Brasília, o governo está elaborando as respostas para, na segunda-feira, apresentar aos países na OMC sua versão sobre como funcionam os programas do BNDES. Incentivos fiscais como a redução de IPI para fabricantes de carros e de outros setores também fazem parte do questionamento em 2017, ainda que o governo tenha já sido derrotado na OMC em uma disputa com a Europa justamente sobre esse ponto.

O governo brasileiro fará um discurso com base, principalmente, na mudança de postura que adotou a partir de 2015, quando a administração optou por reduzir as barreiras às importações, facilitou a entrada de investidores em determinados setores e reduzir a abertura de medidas antidumping.

Se o Brasil chegou a ser o País do G-20 a adotar o maior número de decisões protecionistas entre 2012 e 2014, a situação mudou a partir de 2015. Em seu último informe, publicado na semana passada, a própria OMC indicou que o governo brasileiro tinha sido o que mais adotou medidas liberalizantes entre todos os membros dos G-20.


Estadão Conteúdo e Correio do Povo


Número de CPFs negativados cresce 1,5 milhão no primeiro semestre de 2017

Inadimplência é mais forte no grupo de consumidores entre 30 e 39 anos

Inadimplência é mais forte no grupo de consumidores entre 30 e 39 anos | Foto: Tarsila Pereira / CP Memória

Inadimplência é mais forte no grupo de consumidores entre 30 e 39 anos | Foto: Tarsila Pereira / CP Memória

Com a recuperação lenta da atividade econômica e do emprego, o número de consumidores inadimplentes aumentou no primeiro semestre do ano. De acordo com dados da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil, a quantidade de CPFs negativados no país chegou a 59,76 milhões no final de junho, um volume 1,5 milhão superior ao do final do ano passado e equivalente a 39,6% da população com idade entre 18 e 95 anos. Contra junho do ano passado, porém, há uma redução de 0,83%.

"A estimativa de devedores vem se mantendo próxima ao patamar dos 59 milhões desde o segundo trimestre do último ano. Isso acontece porque, se as dificuldades do cenário recessivo fazem crescer o número de devedores, a maior restrição do crédito e a queda na propensão do consumo por parte das famílias agem na direção contrária, limitando o crescimento da inadimplência", avaliou o presidente da CNDL, Honório Pinheiro. A inadimplência é mais forte no grupo de consumidores entre 30 e 39 anos. Segundo o levantamento da entidade, mais da metade dessa população (50,44%) estava com o nome incluído em listas de proteção ao crédito, num total de 17,2 milhões de pessoas. A inadimplência também é alta nos grupos de 40 a 49 anos (47,79%) e de 25 a 29 anos (46,58%).

"Assumindo que a economia e o consumo irão se recuperar de forma lenta e gradual, a estimativa deve permanecer ainda oscilando em torno dos 60 milhões de negativados ao longo dos próximos meses, sem mostrar um avanço expressivo", completou Pinheiro. A maior parte dos devedores está na região Sudeste, com 25,8 milhões de negativados, ou 39,45% da população adulta nesses Estados. Em seguida, aparece o Nordeste, com 15,7 milhões de inadimplentes, ou 39,4% dos consumidores. O Sul tem 7,9 milhões de negativados (35,31% dos CPFs), o Norte tem 5,4 milhões de devedores (45,98% da população adulta) e o Centro-Oeste aparece com 5 milhões de inadimplentes (43,32% dos consumidores).

Volume de dívidas teve queda

Já o volume das dívidas caiu 5,34% em junho em relação ao mesmo mês do ano passado. Além disso, todos os setores apresentaram redução no número de pendências nessa comparação. A maior queda de dívidas ocorreu com o setor de comunicação (-13,13%) seguido pelo comércio (-4,46%), os bancos (-2,57%) e os serviços básicos de água e luz (-1,18%). Os bancos ainda seguem como os maiores credores de dívidas em atraso no país, concentrando 48,54% do total. Em seguida, aparecem o comércio (20,42%), comunicação (13,81%) e água e luz (7,96%).


Estadão Conteúdo e Correio do Povo