domingo, 4 de maio de 2025

Temos que olhar para as eleições do Senado, afirma provável futuro presidente nacional do PT

 PT elege novos diretórios, executivas e presidências municipais, estaduais e nacional em julho e nova direção deverá trabalhar eleições 2026 e o partido após Lula



Um dos pré-candidatos à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores, o ex-prefeito de Araraquara e ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Edinho Silva, está em roteiro pelo país a fim de angariar apoio para a disputa interna. Ele esteve na manhã deste sábado em Porto Alegre, onde realizou ato junto a filiados e quadros do partido, em um encontro que contou inclusive com adesivos de campanha para o Processo de Eleição Direta (PED) petista.

Edinho é o favorito para comandar o PT a partir de 6 de julho, quando ocorre a eleição interna que define o presidente petista para os próximos quatro anos. Ele é o pré-candidato preferido de Luiz Inácio Lula da Silva, segundo articuladores próximos, e sua gestão na sigla será a responsável por trabalhar a tentativa de reeleição do presidente nas eleições 2026.

Além da corrida presidencial, que deve repetir a polarização das duas anteriores, a disputa pelo Senado Federal tem ganhado destaque devido ao plano do campo da direita de Jair Bolsonaro (PL) para construir maioria na Câmara Alta. Segundo Edinho, essa deve ser uma das prioridades do PT no país.

“Acabado o processo de eleição interna, temos que fazer um diagnóstico estado por estado. É uma questão preocupante. Além de olharmos os candidatos ao governo de Estado, olharmos principalmente as nossas candidaturas ao Senado. Se essa direita de inspiração fascista fizer maioria ou crescer de forma significativa a sua bancada no Senado, corremos o risco de vivermos, mesmo com a reeleição do presidente Lula, um cenário de muita instabilidade política”, afirmou com exclusividade ao Correio do Povo.

“Penso que eles vão jogar peso nisso. Mesmo se o Lula ganhar, não conseguiria governar pela instabilidade gerada no Senado. Temos que analisar Estado por Estado, enxergar quais são os cenários colocados e de que forma podemos construir as melhores alianças possíveis para que o campo democrático derrote o fascismo”, completou.

Para Edinho, o enfraquecimento do campo da direita também passa por uma vitória de Lula nas urnas. “A reeleição do presidente Lula, além da continuidade a m projeto de desenvolvimento nacional, representa também enfraquecer politicamente esse pensamento fascista que cresce no Brasil, no mundo, nos países europeus e toma uma dimensão muito grande com a volta do (presidente Donald) Trump nos Estados Unidos. O Trump, hoje, é o maior líder fascista do mundo. No Brasil, esse pensamento fascista também está organizado e a reeleição do presidente Lula significa também o enfraquecimento dessa força política”, refletiu.

Ato político com o pré-candidato à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva Camila Cunha

No Rio Grande do Sul, favorito é Valdeci

Apesar de um cenário pulverizado para as eleições do PT gaúcho, o deputado estadual Valdeci Oliveira desponta como favorito na disputa. Ele conta com o apoio com diversas correntes internas do partido e, após o ato que trouxe Edinho Silva ao Rio Grande do Sul, se reuniu com apoiadores de sua pré candidatura. Ainda se apresentam como pré candidato as suas colegas de bancada na Assembleia Legislativa, as deputadas estaduais Sofia Cavedon e Stela Farias, além de Eva ValérioJulio Quadros Thiago Braga.

Como pré-candidato ao comando estadual, Valdeci tomou a palavra para discursar aos filiados. “Precisamos fortalecer a base do nosso partido. Vivemos um momento extremamente delicado para a luta pela democracia e contra o fascismo. Precisamos de uma direção forte, ouvindo as bases partidárias e dialogando com todos os setores da sociedade.”

Relação de PT e PDT é maior do que recentes polêmicas, avalia Edinho

As investigações sobre um suposto esquema de fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que acabou por derrubar o agora ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), foi um tema que dominou Brasília nos últimos dias. A crise provocou declarações no sentido de que, por exemplo, demitir Lupi seria como demitir o próprio PDT do governo.

Para o provável futuro presidente nacional do PT, Edinho Silva, o caso não abala a relação com este partido que faz parte da base do governo Luiz Inácio Lula da Silva e é importante aliado no dito campo progressista.

“Tem o direito ao contraditório. Não é porque o Lupi saiu do governo que isso significa que ele tem a responsabilidade no processo. Ele tem o direito de se defender, de mostrar sua idoneidade. E a relação do PT com o PDT é maior que isso. É uma relação histórica e penso que não será abalada. Até porque o presidente Lula agiu com muita correção nesse processo todo. As coisas estão sendo bem conduzidas”, afirmou Edinho.

Nova gestão prepara transição para Pós-Lula

A reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva é a prioridade da próxima gestão do PT nacional a curto prazo, mas o futuro presidente petista precisará trabalhar também o futuro do partido: o ‘Pós-Lula’. Se reeleito em 2026, o presidente da República não poderá concorrer novamente em 2030. A saída de Lula do jogo eleitoral deve provocar um vácuo, diante da ausência de herdeiros políticos óbvios, que deverá ser pensada internamente na legenda.

“Em 2030, o Lula não será nosso candidato. Estamos começando a construir uma transição em um partido que se confunde com a história da luta do povo brasileiro, uma referência na esquerda da América Latina e do mundo e que terá a tarefa não só de conduzir a eleição de 2026, mas discutir o momento em que não tivermos Lula como candidato. Como vamos manter, organizar o partido? Qual será a nova realidade da esquerda brasileira? Qual será o papel do PT? Esse é o grande desafio da nova direção”, avalia o deputado federal gaúcho e ex-ministro da Secom, Paulo Pimenta.

“Nós teremos que saber construir um partido onde o presidente Lula não estará nas urnas para nos resgatar se nós enfrentarmos problemas políticos. Essa é a nossa missão”, admite Edinho Silva, que deverá comandar esse processo.

Ato político com o pré-candidato à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva | Foto: Camila Cunha


Correio do Povo

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