terça-feira, 13 de maio de 2025

MP era informado sobre condições insalubres da Pousada Garoa

 Advogada e curadora judicial, Vanessa Canabarro relatou em depoimento à CPI da Câmara de Porto Alegre que condições de segurança do estabelecimento já apresentavam problemas; proprietário estava ciente do vencimento dos extintores

Além de Vanessa, dona de empresa que fornecia extintores para Garoa também foi ouvida em sessão da CPI desta segunda | Foto: Marlon Kevin/CMPA/CP


Ministério Público vinha sendo informado sobre as condições precárias que a Pousada Garoa fornecia às pessoas em situação de vulnerabilidade, relatou a advogada Vanessa Canabarro. Isso porque Vanessa atua como curadora judicial, e alguns dos seus curatelados moram ou moravam nas unidades da Garoa – incluindo a da avenida Farrapos, que pegou fogo há um ano atrás, provocando a morte de 11 pessoas. Assim, em seus processos, a advogada relatava o estado da moradia oferecida.

Alguns dos meus curatelados preferem morar na rua do que morar em uma Pousada Garoa”, afirmou, em depoimento, nesta segunda-feira, à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara de Porto Alegre que investiga o acidente na Pousada Garoa.

À época do incêndio, a advogada tinha um curatelado hospedado na unidade Farrapos, chamado Jorge, mas ele não havia sido encaminhado para a pousada pela prefeitura de Porto Alegre. Acostumada a frequentar o local, Vanessa classificou as condições de segurança do estabelecimento como uma "tragédia anunciada", uma vez que não havia saídas de emergência, nem rotas de fuga, além das janelas e portas serem trancadas com cadeado.

Joseli Nogueira de Souza, segunda testemunha da CPI desta segunda, reforçou os problemas de segurança da Pousada ao relatar que o proprietário, André Kologeski, teria ciência sobre o vencimento dos extintores de incêndio. Dona da empresa Protege Comércio de Extintores, que presta serviços para a rede de pousadas, Joseli teria enviado, no mesmo dia do incêndio, uma mensagem a André informando sobre a data de validade. “No dia do incêndio, eu mandei um WhatsApp para o André (Kologeski, proprietário das Pousadas Garoa), mas não recebi retorno. À noite, pegou fogo na pousada”, relatou.

Ela contou que, somente após o incêndio e notificação dos Bombeiros, o proprietário das pousadas fechou contrato para sua empresa executar o serviço de troca dos extintores vencidos e também de treinamento de Brigada de Incêndio, esse último já em 2025. De acordo com a testemunha, eram em torno de seis ou sete extintores vencidos entre todas as Pousadas Garoa em que sua empresa prestou serviço.

A responsabilidade pelo prazo de vencimento dos extintores é do proprietário, não da empresa. A cópia de orçamentos produzidos por Joseli às pousadas foram solicitados pela comissão após seu relato.

Os vereadores devem realizar, nesta quarta-feira, uma sessão extraordinária da CPI, para realização de uma oitiva reservada com o sobrevivente do incêndio Glaucio Oxley da Rosa. O requerimento foi um pedido do vereador Ramiro Rosário.

Correio do Povo

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