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domingo, 21 de maio de 2023

Noite dos Museus em Porto Alegre atrai milhares de pessoas

 Show de Julieta Venegas foi a surpresa desta edição


Uma noite que coloriu Porto Alegre. Esta pode ser uma das definições da sétima edição da Noite dos Museus, que promoveu a visita a 16 espaços culturais da cidade. Projeções especiais de iluminação nas fachadas ressaltavam a arquitetura dos prédios. Além de conhecer o acervo de museus e espaços culturais,  mais de cem atrações culturais gratuitas ocorreram neste sábado entre 19h e meia-noite. A organização só terá o número estimado de participantes após consultar a Brigada Militar e os espaços que receberam o público. Mas quem circulou pelo Centro de Porto Alegre pôde ver centenas de pessoas nas filas e se deslocado entre um espaço e outro. 

A Praça da Alfândega atraiu milhares de pessoas que foram assistir a shows, visto que os museus do seu entorno não participaram desta 7ª edição. Esta foi a primeira participação de Lucas Jardim Moreira. O psicólogo de 30 anos foi conferir a abertura do Palco Praça da Alfândega, com o coletivo Avisem a Shana que Sábado Vai Chover. “Eu já conheço o bloco, foi até o que me motivou para vir para cá”, confessa. Ele e a namorada, Samara Onofre, não tem um roteiro definido para a noite. “Vi que tem bastante coisa diversificada acontecendo, dá para conferir um pouco de outros estilos. Minha expectativa é de muita cultura, muita diversão”.

A cantora e compositora mexicana Julieta Venegas, que foi a "atração surpresa" divulgada pela organização do evento no sábado à tarde, se apresentou na Praça da Alfândega a partir das 22h45min. Giulia Krolop Mazzini, 25, era uma das milhares de pessoas que curtiam o show. Ela conta que não conhecia a artista, mas que seus amigos a apresentaram. “Eu acho que a Noite dos Museus se propõe a isso, a frequentar espaços que a gente não conhecia, explorar, conhecer novos sons”, pensa a estudante de Psicologia.

Por volta das 22h, o número de pedestres na Rua dos Andradas, entre o Correio do Povo e o Museu da Brigada Militar, era tanto que ocupava as duas calçadas e o meio da via. Nas quadras do Museu Militar do CMS e do Museu da Brigada Militar, a Rua dos Andradas estava fechada para automóveis. Show musicais foram realizados em um pequeno palco em frente ao Museu da Brigada.

O diretor do Museu Militar, o tenente coronel Fabio de Castro Pereira, comentou que, até 22h20min, já tinham visitado o local cerca de 900 pessoas. Por isso calculava que, até o encerramento da noite, o número de visitantes ficaria entre 1200 a 1300. Ele considerou positiva a iniciativa realizada neste ano de uma entrada controlada, com o público reservando ingressos anteriormente. "Desta forma é possível atender melhor o público, porque as pessoas gostam de perguntar sobre o que temos aqui e aprender. Quando ficava muito cheio, se tirava a oportunidade de se fazer essa integração", opinou

Participam desta edição o Centro Cultural da UFRGS, o Centro Histórico-Cultural Santa Casa, a Cinemateca Capitólio, o Espaço Força e Luz, a Fundação Ecarta, a Galeria de Arte do DMAE, o Goethe-Institut, o Museu da Brigada Militar, o Museu da UFRGS, o Museu de Arte do Paço de Porto Alegre, o Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo, o Museu Militar do Comando Militar do Sul, o Palácio Piratini, a Pinacoteca Ruben Berta,  o Planetário da UFRGS e o Theatro São Pedro.

Adultos levam crianças e jovens 

A capacidade de visitação do Palácio Piratini estava estimada em 1500 pessoas e os organizadores respeitaram esse número, deixando pessoas entrarem somente quando outras saíam. Além das pinturas, obras de arte, mobília e arquitetura, dois carros históricos que pertenceram a governadores também estavam em exposição e atraíram olhares curiosos, especialmente de crianças.

Entre os visitantes no Palácio Piratini, estava a professora de Ensino Fundamental Lorena de Souza Moreira, que levou a neta, Maria Luisa Marques Moreira, de 9 anos. "A gente procura vir para incentivar a cultura", disse a avó. Ela ficou cerca de 1 hora na fila prioritária para conseguir entrar. Lá dentro, admirava obra de Aldo Locatelli no Salão Alberto Pasqualini. Depois da sede do Executivo, seu plano era ir para o Museu Joaquim Felizardo.

Outra experiência foi a da administradora Milena Santos, 49, que passou cerca de 3 horas esperando na fila para poder visitar o  Palácio do Piratini. A sede do poder executivo do Estado foi o único espaço a não aderir ao sistema de distribuição de ingressos. Ela estava acompanhada do filho, Murilo, e dos seus colegas de escola. “A ideia foi de um colega do Murilo e eu achei maravilhosa, eu queria fazer essa inserção cultural com ele”. Ela explica que é o primeiro ano que eles participam do evento. “Não temos esse costume, estamos tentando começar”. Murilo, de 13 anos, explica que veio com outros dois amigos, seus colegas do oitavo ano do ensino fundamental. “Eu tô achando muito legal a estrutura com as pinturas, é bem bonito”, conta. “Eu gosto desse tipo de arquitetura”. A família disse ter interesse em frequentar mais museus e espaços culturais no futuro.

Gente de todas as idades se misturou à juventude que movimentou o Centro de Porto Alegre. A aposentada Gema Losraschi, de 69 anos, e a professora de Educação Física Lorena Pimentel, de 65, não deixaram de marcar presença na noite que pulsa cultura. Presentes desde a primeira edição da Noite dos Museus, elas acompanharam a popularização do evento com o passar dos anos. “A gente notou que tinha gente mais da nossa idade, e agora a gurizada está tomando conta, mas a gente acha ótimo”, diz Lorena. Elas defendem a importância de continuar frequentando espaços culturais para nunca deixar de aprender coisas novas. Gema quer continuar se mantendo atualizada, independentemente da idade. “A gente fica velha, mas estamos sempre querendo aprender coisas novas, ainda mais em porto alegre que, agora, tem tanta coisa pra se conhecer e está sempre bombando em cultura”, complementa Lorena.

Confira um pouco do que aconteceu em diferentes espaços:

O Museu de Arte do Paço de Porto Alegre, com iluminação especial na sua fachada, deu início à programação cultural com a visitação guiada na exposição da Pinacoteca Aldo Locatelli "Coordenadas variáveis", com curadoria de José Francisco Alves, de paisagens de lugares distantes na Europa. O pontapé nas atrações artísticas no local se deu pela performance circense Jac Babalu, que realizou acrobacias com fogo.

O Centro Cultural da Ufrgs contou com a performance do grupo Poetas Vivos, uma iniciativa cultural de jovens pretos e periféricos que fomenta a arte e a educação antirracista. Em seguida, o público conferiu o show do músico Érico Junqueira. O violão e a bateria, junto com Bruno Neves no palco, deram o tom da apresentação do projeto Valentin, que já carrega 14 anos de caminhada. Ano passado, o artista também participou em conjunto com o grupo Candombe, com um cortejo da prefeitura à praça da alfândega. "Esse ano, percebi que houve bastante oportunidade para artistas locais, até mesmo nos palcos principais. Achei bem interessante, por parte da produtora, ter esse olhar mais cuidadoso com a galera daqui", salienta Érico. Fazendo arranjos no formato violão e bateria, os 30 minutos de apresentação contaram com um repertório que mesclava músicas de cada disco produzido dentro do projeto, para contemplar todos os fãs, diz o cantor.

No Museu da Ufrgs, o compositor Juliano Guerra se apresentou pela primeira vez, junto com Rael Valinhas no baixo e João Bauken na bateria. No repertório de música popular, cantou seis músicas autorais e inéditas, que estarão presentes nos seus próximos trabalhos. "Acho muito interessante a ideia de colocar todo mundo tocando ao mesmo tempo em todos os lugares”, avalia.

Além das atrações musicais, o público pôde conferir a exposição vigente “PALAVRAR”, de Elida Tessler, com curadoria de Eduardo Veras e Gabriela Mota. A exposição consiste em 581 pratos de porcelana espalhados pelas paredes dos três andares do Centro Cultural. Além dessa, a exposição de fotos do Departamento de Arte Dramática (DAD) da Ufrgs, celebrando a trajetória na instituição através de imagens de espetáculos.

Juan Lencina, de 28 anos, foi nas últimas duas edições do evento e, na deste ano, marcou presença nos shows no Dmae e no Instituto Goethe, na rua 24 de Outubro. Ele ficou descontente com a ausência das instituições da Sedac no itinerário desta edição. “A Casa de Cultura [Mario Quintana] é o principal lugar que a gente quer ir quando pensa em Noite dos Museus, mas, infelizmente, não teve como”, diz. Juan também não conseguiu retirar os ingressos antecipadamente, porque já estavam esgotados. Porém, acredita que a nova dinâmica de ingressos tornou o sistema mais organizado. “Antes, tinha uma fila quilométrica, a gente ficava sem saber se conseguiria entrar”, comenta.

Entre as apresentações da Fundação Ecarta, que participou pela primeira vez do evento, o grupo Feminino Tambor realizou uma performance instrumental, e a Orquestra Lux Sonora seguiu com repertório do período barroco.

Correio do Povo

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