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domingo, 21 de maio de 2023

Ex-dono do Banco Santos hoje paga aluguel e anda de HB20

 


Quase 20 anos depois de o Banco Central ter decretado a falência do Banco Santos, o ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira parece ter deixado no passado a vida de opulência. Em vez da antiga casa de alto padrão com vista para o Jóquei Clube, no Morumbi, o empresário hoje vive em um apartamento alugado, de cerca de 300 metros quadrados, na capital paulista.

Se a antiga casa – da qual o banqueiro foi despejado – era decorada com mais de 1,5 mil obras de arte, entre esculturas de Victor Brecheret e quadros de Tarsila do Amaral e Jean-Michel Basquiat, hoje a mobília é bem mais modesta. Nas paredes brancas, estão fotos da família e, na sala de estar, uma mesa de centro com livros e uma única obra de arte: um prato pintado à mão por um dos seus sete netos. “Esse quadro foi pintado pelo meu neto de quatro anos, é um trabalho fantástico. Eu nunca o influenciei em nada”, diz Edemar.

O ex-banqueiro diz levar uma vida “espartana”. Afirma não ter mais nenhum bem físico em seu nome e viver às custas da ajuda dos três filhos.

Em 2005, então presidente do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira teve seu nome envolvido nos noticiários econômicos e policiais do País, com a decisão do Banco Central de liquidar extrajudicialmente o patrimônio do empresário para pagar aproximadamente R$ 2,6 bilhões em passivos da instituição.

À época, a autoridade monetária nomeou Vânio Aguiar como interventor do banco. Após quase um ano, a avaliação foi a de que a instituição era “irrecuperável” e devia ser iniciado o processo de falência. Ali, nascia uma “caça ao tesouro”, buscando imóveis comerciais, carros de luxo, uma enorme coleção de obras de arte, a casa no Morumbi e dois terrenos na Faria Lima, tudo arrestado pelo Estado para pagamento de dívidas.

Um dos principais patrimônios de Edemar, uma casa no Morumbi, foi avaliada em US$ 50 milhões (cerca de R$ 249 milhões na cotação de ontem). Em 2011, o empresário foi despejado e deixou o imóvel levando apenas um pijama. Após inúmeras tentativas malsucedidas de leiloar a propriedade que integraria a massa falida do banco, o imóvel foi arrematado pelo empresário Janguiê Diniz, do grupo Ser Educacional, por R$ 27,5 milhões.

Trabalho atual

Edemar costuma acordar às 7h15 em ponto, tomar o café da manhã e se preparar para a sua sessão matinal de exercícios. Às 9h30, ele e seu ajudante pessoal começam a estudar os antigos processos judiciais que o envolvem para repensar a estratégia de defesa. A tentativa é reaver parte dos ativos bloqueados pela Justiça para pagar credores do Banco Santos.

“São aproximadamente R$ 12 bilhões que eu acredito que posso receber”, afirmou. O montante faz parte da massa de crédito “podre” do banco falido, que envolve valores a receber de empresas como Grupo Veríssimo, Cia. Hering e Grupo Paranapanema, entre outros devedores, e é negociada para custear as dívidas com antigos credores da instituição financeira. Prestes a completar 80 anos, ele afirmou se tratar de “um trabalho muito desgastante”. Quem conhece o processo, porém, tem dúvidas se há alguma viabilidade de que esse dinheiro seja pago.

Sem renda própria para pagar pela assessoria jurídica, Edemar conta que os advogados que o defendem no caso são “amigos” que trabalham de graça e que podem receber algo caso os processos vinguem no futuro. “Meus filhos me ajudam muito, e meus advogados não me cobram.”

Diferentemente da casa de 12 mil m², a atual casa de Edemar demanda bem menos funcionários. Na casa da Rua Gália, o empresário dispunha de mais de 50 trabalhadores. Agora, no apartamento de cerca de 300 metros quadrados, convive com uma empregada doméstica

Edemar não diz quanto gasta com a casa hoje. Um imóvel como o que ele vive é anunciado em imobiliárias online por até R$ 16 mil – entre aluguel e condomínio. Ele também teve de trocar seus carros de luxo por um HB20.

O ex-banqueiro disse acreditar que, em algum momento, os valores a receber da carteira de crédito do banco falido retornarão aos “cofres” da família. “É para os meus netos, ou quem sabe até os bisnetos.”

O Sul

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