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quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Reação ucraniana

 Jurandir Soares

Uma das imagens mais significativas dos últimos dias é a dos moradores de Kherson comemorando a retomada da cidade pelas forças ucranianas, depois de terem expulsado dali as tropas russas. Kherson é uma cidade portuária no Sul da Ucrânia, junto ao Mar Negro e o rio Dnieper. É o lar de uma importante indústria de construção naval e um centro econômico regional. Sua população em tempos normais era de cerca de 290 mil habitantes. A Rússia tomou a cidade no início da guerra, em março. O objetivo era anexá-la para estabelecer através dela uma ligação entre a região do Donbas, no Leste, que a Rússia pretende incorporar ao seu território, e a província da Crimeia, mais ao Sul, tomada em 2014. Os russos chegaram a realizar um plebiscito na cidade, que não é reconhecido pela comunidade internacional.

A euforia vem acompanhada de desafios que o governo ucraniano terá de solucionar. O acesso às redes de infra estrutura básica e Internet na cidade foi danificado nos últimos meses. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensy, afirmou que, antes de recuar, tropas russas teriam destruído a estrutura de comunicação, água e eletricidade. "Em todos os lugares, russos têm o mesmo objetivo: humilhar as pessoas o máximo possível", disse, em seu pronunciamento diário por vídeo. "Mas vamos restaurar tudo, acreditem em mim." E pela determinação demonstrada na luta pelas forças ucranianas, é de se acreditar.

A reação da Ucrânia acontece num momento em que o presidente Zelensky estava sendo pressionado pelo Ocidente a sentar a uma mesa de negociação com a Rússia. Há uma semana o jornal Washington Post noticiou que autoridades do governo norte-americano se manifestaram sobre uma “fadiga ucraniana” entre os aliados se Kiev continuar fechada a negociações. Mostram-se essas autoridades preocupadas com os efeitos econômicos de uma protelação do fim da guerra. Alertam que a guerra provocou uma grande elevação nos preços dos combustíveis e da alimentação, além de estar exigindo um elevado gasto mensal por parte dos aliados com suprimentos para a Ucrânia. Em função disto pressionam Zelensky, não a ir imediatamente a uma mesa de negociação, mas pelo menos acenar com a possibilidade de diálogo, sem imposição de condições. O presidente, no entanto, parece estar apostando mais na reação que as forças ucranianas estão tendo, com as derrotas que vêm impondo aos russos em áreas por estes ocupadas. Ou seja, apesar das pressões do Ocidente, Zelensky demonstra estar apostando mais na força das armas do que das palavras. Ainda mais que, como foi revelado pela agente da KGB Yeugenia Albats, Putin está cada vez mais desacreditado nos meios militares russos.


Correio do Povo

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