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quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Aliados de Lula o alertaram sobre custo político de carona em avião de empresário preso na Lava Jato

 Assunto foi debatido antes da viagem do presidente eleito para a COP27, no Egito; evento discute questão climática

Aliados do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) debateram, previamente, os possíveis custos políticos da viagem do petista ao Egito para participar da 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP27). Lula foi alvo de críticas por ter viajado para o país no jatinho do empresário José Seripieri Junior, preso em julho de 2020 em um desdobramento da Operação Lava Jato.

A confirmação do petista no evento já tinha ganhado peso e repercussão quando a equipe do presidente eleito se deparou com as dificuldades logísticas para viabilizar a viagem. Por ainda não ter assumido a Presidência, Lula não tem direito a usar as aeronaves das Forças Aéreas Brasileiras (FAB) e dependeria do aval do governo Jair Bolsonaro (PL) para liberar o transporte. Nem o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), comparecerá à COP27. 

O uso de verba do fundo eleitoral também foi descartado, já que, passadas as eleições, os recursos não podem mais ser usados. Para bancar uma viagem em um jatinho particular, Lula teria que desembolsar do próprio bolso ou contar com verbas do PT.

Em meio à polarização política mesmo após o fim da corrida eleitoral, embarcar em um voo doméstico, mais acessível financeiramente, seria arriscado demais. Para completar, as viagens estão lotadas justamente em razão do evento climático.

O voo particular foi uma recomendação da equipe da Polícia Federal que faz a segurança do presidente eleito. Outra vantagem da aeronave foi a facilidade em garantir a segurança de Lula, já que ela tem autonomia para chegar no destino final sem realizar paradas para o abastecimento.

Avaliado em quase USD 58 milhões (R$ 306 milhões), o modelo Gulfstream Aerospace GVII-G600, tem capacidade para transportar até 18 passageiros, além dos dois tripulantes. A reportagem apurou com fontes ligadas ao PT que a saída mais viável foi aceitar a carona no jatinho de Seripieri, que ainda levou no mesmo voo a futura primeira-dama, a socióloga Rosângela da Silva, e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT).

Agora, a equipe de transição lida com a repercussão negativa da carona. A estratégia tem sido minimizar a associação de Lula a Seripieri. O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) disse, em coletiva, que não houve empréstimo da aeronave, já que apoiadores do presidente Bolsonaro começaram a comentar o episódio como uma provável troca de favores.

"O proprietário está indo junto para a COP27, não tem empréstimo, estão indo juntos no mesmo avião. Estão indo mais pessoas, ex-governador, lideranças políticas, ambientais, estão todos juntos", afirmou Alckmin.

Em entrevista na segunda-feira (14), o coordenador do Orçamento na equipe de transição de Lula, o senador eleito Wellington Dias (PT-PI), afirmou que o PT não tinha dinheiro para bancar a viagem e insinuou que ter aceitado embarcar com Seripieri não seria crime. "Foi de carona. Onde está o crime?", questionou.

"Você tem uma situação de um presidente eleito, ele não é presidente da República, ele não utiliza de voos do governo. Hoje, o Lula é uma pessoa física, ele, por conta disso, não tem qualquer regra que o impeça de pegar carona. Não tinha dinheiro para fretar uma aeronave para ir ao Egito. O PT não tinha esse dinheiro. O Lula foi de carona com o empresário", afirmou Dias.

Críticas

Enquanto aliados tentam estancar a crise, apoiadores de Bolsonaro aproveitam o momento para sangrar a imagem de Lula. Na avaliação do vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS), a viagem de Lula em jatinho de Seripieri compromete "os princípios da impessoalidade e da moralidade".

O deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS) afirmou que o aluguel do jatinho gira em torno de US$ 10 mil a hora. "Tratando-se de um fretamento milionário cujas circunstâncias merecem urgente apuração, notadamente por ambos possuírem passagem criminal justamente pela prática de corrupção ativa e passiva", disse, anunciando que enviou um ofício à Procuradoria-Geral da República (PGR), pedindo apuração do caso.

Até mesmo o político João Amoêdo, que declarou apoio a Lula no segundo turno, definiu a viagem como "um absurdo".  "Aqueles que admiram o presidente eleito e têm esperanças de que ele faça um bom governo deveriam criticar os seus erros, e não ignorá-los", escreveu, pelas redes sociais. 


R7 e Correio do Povo

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