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segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Grande manifestação na Bielo-Rússia termina com repressão e prisões

 Multidão voltou a se concentrar na capital para exigir a saída de Lukashenko



A polícia bielorrussa dispersou neste domingo com jatos d'água, golpes e bombas de efeito moral milhares de manifestantes reunidos em Minsk contra a reeleição do presidente Alexander Lukashenko, na repressão mais violenta das últimas semanas.

O movimento de protesto sem precedentes, motivado por suspeitas de fraude nas eleições presidenciais de 9 de agosto, vem reunindo dezenas de milhares de pessoas aos domingos. Na tarde de hoje, uma multidão voltou a se concentrar na capital para exigir a saída de Lukashenko, mas a polícia bloqueou ruas e dispersou os manifestantes.

"Jatos d'água e bombas de efeito moral foram usados em Minsk", disse a porta-voz do Ministério do Interior, Olga Chemodanova. Foi a primeira vez que se recorreu a tantos dispositivos desde as manifestações que se seguiram às eleições, quando milhares de pessoas foram presas, dezenas ficaram feridas e várias foram mortas.

Prisões violentas

A imprensa independente da Bielo-Rússia divulgou imagens de prisões violentas feitas por policiais, alguns à paisana armados com cassetetes e de rosto coberto. A rádio financiada pelos Estados Unidos RFE/RL e o veículo eletrônico independente Tut.by divulgaram fotos de manifestantes feridos, alguns deles com a cabeça ensanguentada.

Um dos principais portais, Nasha Niva, publicou um vídeo em que se vê o que parecem ser soldados do Ministério do Interior armados com fuzis perseguindo manifestantes. Segundo a ONG Viasna, mais de 250 pessoas foram presas no país, a maioria em Minsk. De acordo com um balanço da organização, cerca de 40 jornalistas foram detidos.

O Ministério do Interior afirmou que o número de participantes "diminuiu em relação aos eventos anteriores". Foram realizadas grandes manifestações em outras áreas do país, também marcadas por uma resposta policial dura.

Encontro na prisão

Segundo a presidência, o chefe de Estado visitou ontem opositores detidos na prisão dos serviços especiais (KGB) em Minsk, com quem conversou sobre as mudanças constitucionais que deverá aplicar para tirar o país da crise política.

O presidente visitou adversários por quatro horas e meia. "A Constituição não será escrita na rua", disse Lukashenko, referindo-se ao projeto de reforma constitucional que está promovendo como sua solução para a crise.

O canal Telegram NEXTA Live, que coordena parcialmente o movimento de protesto e que tem 2 milhões de assinantes - em um país de 9,5 milhões de habitantes - havia convocado os manifestantes a se reunirem neste domingo, principalmente em torno desta prisão, para que "cada preso político possa ouvir" o povo.

Centenas de manifestantes, líderes de movimentos políticos, sindicatos e jornalistas foram presos desde o início de agosto e encarcerados por terem participado ou organizado a contestação.

O líder da oposição no exílio Pavel Latushko estimou que as prisões de hoje mostram que "o poder não está preparado e não é capaz de manter um diálogo aberto com a sociedade".

As principais figuras da oposição estão presas ou no exílio, como a candidata presidencial da oposição Svetlana Tikhanovskaya. Esta semana, vários países europeus, incluindo Reino Unido, Estônia e Letônia, convocaram de volta seus embaixadores em Minsk.

AFP e Correio do Povo

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