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segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Dois milhões de bebês nascem mortos por ano, diz ONU

 


Essa é uma 'tragédia ignorada', na qual os países mais pobres são os mais castigados

Cerca de dois milhões de bebês nascem mortos a cada ano no mundo, um a cada 16 segundos - revela um estudo, referindo-se a uma "tragédia ignorada" que pode se agravar com a pandemia da covid-19. Esse número representa quase 1,4% dos nascimentos registrados em 2019 e mais de 2% dos nascimentos em 27 países, estimam ONU, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Banco Mundial e Organização Mundial da Saúde (OMS).

A mortinatalidade - o nascimento de um bebê natimorto - designa a morte de um feto viável, ocorrida durante a gravidez (morte no útero), ou durante o parto (morte por parto). O relatório da ONU contabiliza as mortes registradas após 28 semanas de gestação (no terceiro trimestre de gravidez), para poder comparar os dados de diferentes países.

Avanços têm sido feitos, porém, ainda que "lentos", desde 2000, ano em que 2,9 milhões de bebês nasceram mortos, lamentam as entidades em seu primeiro relatório sobre o assunto.

Nos últimos 20 anos, essas mortes diminuíram 2,3% ao ano, enquanto a mortalidade neonatal (bebês com menos de um mês) diminuiu 2,9% ao ano, e a de menores de cinco anos, 4,3%. O relatório aponta que entre as "principais dificuldades" está a "falta de investimento em serviços" que sejam responsáveis pelo acompanhamento da gravidez e do parto, bem como "no reforço da equipe de enfermagem e parteiras".  "Além das vidas perdidas, as consequências psicológicas e financeiras são graves e duradouras para mulheres, famílias e sociedade", afirma a diretora-geral do Unicef, Henrietta Fore.

Os países pobres são os mais afetados, respondendo por 84% dos bebês natimortos. A África Subsaariana e o Sudeste Asiático respondem por cerca de 75% dos casos.

Cesárea de emergência

Em média, 40% dessas mortes ocorrem durante o parto, uma proporção que aumenta para cerca de 50% na África Subsaariana e na Ásia Central e do Sul, enquanto na Europa e na América do Norte chega a 6%.

As causas podem ser atribuídas a problemas da mãe, como hipertensão, diabetes, doenças infecciosas, hemorragia, ou ao excesso do período de gravidez, a um nó do cordão umbilical, ou a uma má-formação grave do feto.

Henrietta Fore ressalta, contudo, que "esse drama não é inevitável".

"A maioria" das mortes de bebês "pode ser evitada com um acompanhamento de qualidade, com cuidado pré-natal adaptado e com pessoal qualificado", defende.

A possibilidade de uma cesariana de emergência pode decidir o destino de um feto em dificuldade, enquanto o monitoramento da hipertensão durante a gravidez, a prevenção da malária e o diagnóstico de sífilis podem significar a diferença entre a vida e a morte.

O informe adverte, porém, que a atual pandemia da covid-19 pode "piorar a situação". Em particular, devido ao "aumento maciço da pobreza causado pela recessão global", disse à AFP o vice-diretor do Unicef encarregado de estatísticas, Mark Hereward.

"A outra razão é a interrupção dos serviços de saúde, seja porque os profissionais foram designados" para pacientes com covid-19, ou porque "as pessoas têm muito medo" de pegar o vírus se forem ao hospital, ou a um médico, acrescenta.

Nesse cenário, o balanço atual pode se agravar com mais de 200.000 casos adicionais em um período de 12 meses, se pelo menos 50% dos serviços de saúde não forem garantidos.



AFP e Correio do Povo

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