PEC que muda regras de escolha e limita mandato no STF deve ser votada após recesso

Medida deve entrar na pauta da Comissão de Constituição e Justiça em breve

STF deve ter mudança nas regras de escolha de seus ministros

STF deve ter mudança nas regras de escolha de seus ministros | Foto: Nelson Jr. / STF / Divulgação / CP

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Pronta para entrar na pauta de votação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, assim que terminar o recesso parlamentar, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que muda as regras do processo de escolha e da duração dos mandatos dos ministros do Supremo Tribunal Federal promete ser uma das primeiras polêmicas do trimestre. A PEC 35/2015, de autoria do senador gaúcho Lasier Martins (Podemos), recebeu um substitutivo do relator, o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), que fixa o mandato dos ministros do Supremo em dez anos. O texto determina ainda que o presidente da República escolha os ministros por meio de uma lista tríplice.

O substitutivo de Anastasia mescla conteúdos de outras duas propostas que tramitam em conjunto com a PEC 35: a PEC 59/2015 e a PEC 16/2019. A PEC 59, de autoria da ex-senadora Marta Suplicy, é a menos abrangente e apenas determina prazos para a indicação, apreciação e nomeação dos ministros. A PEC 16/2019, do senador Plínio Valério (PSDB-AM), no entanto, estabelece prazo para que o presidente da República escolha os ministros do Supremo e fixa o mandato dos magistrados em oito anos.

O relator preferiu a PEC 35, que já havia recebido parecer favorável na CCJ e foi à discussão em primeiro turno no plenário. A PEC, que retornou à CCJ, altera o artigo 101 da Constituição, estabelecendo que o presidente deve escolher o ministro do Supremo por meio de lista tríplice. No substitutivo, Anastasia determinou que o tempo de mandato dos ministros do Supremo Tribunal Federal deve ser de dez anos.

De acordo com ele, esse prazo é um tempo adequado, até maior do que geralmente têm durado os mandatos dos ministros, hoje vitalícios, que têm aposentadoria compulsória aos 75 anos. “O modelo da PEC 35/2015, que prevê mandato de dez anos, sem recondução e com inelegibilidade de cinco anos após seu término, parece-nos o mais adequado, e é o que estamos incorporando no substitutivo”, afirmou Anastasia em seu relatório.


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A supremacia quântica

Um experimento do Google inaugurou uma nova era na computação. Entenda o tamanho da façanha – e até onde os computadores quânticos podem chegar.

Texto: Guilherme Eler | Design: Carlos Eduardo Hara | Edição: Bruno Vaiano | Ilustrações: Otávio Silveira

Em setembro de 2019, o Google alcançou a supremacia quântica. Você provavelmente ficou sabendo: o próprio Google dá uma lista de 15 mil jornais e sites que publicaram a notícia. O problema é que era segredo.

O anúncio aconteceu por acidente, sem a pompa que a gigante do Vale do Silício planejava. Um manuscrito preliminar descrevendo a façanha saiu sem querer no site da Nasa – provavelmente graças a algum funcionário desavisado da agência espacial americana.

Eles tiraram o documento do ar o mais rápido possível. Mas não rápido o suficiente para evitar a vigília do jornal britânico Financial Times, que monitorava em tempo real qualquer menção feita na web à expressão “supremacia quântica”.

Criada em 2011 pelo físico americano John Preskill, ela se refere ao momento em que um computador quântico executa uma tarefa que, de tão complexa, não poderia ser feita por uma máquina comum em tempo hábil. O computador quântico do Google se chama Sycamore.

Para testá-lo, a empresa bolou um exercício matemático que um supercomputador não quântico – como o Summit da IBM, o mais potente do planeta – demoraria 10 mil anos para cumprir. E aí foi ver quanto tempo o Sycamore leva para fazer a mesma coisa. Resultado? 3 minutos e 20 segundos.

Não pense que humilhar o Summit é pouca coisa. Inaugurado em 2018 no laboratório Nacional de Oak Ridge, ele tem o tamanho de duas quadras de basquete e 250 petabytes de HD. Essa engenhoca realiza até 200 trilhões de operações por segundo. Como é possível vencê-la?

O mundo quântico

A computação quântica é tão poderosa porque se aproveita da maneira estranha como a natureza opera na escala das menores coisas que existem: as partículas subatômicas – como os elétrons. Mas, antes de explicar o segredo por trás dessa nova tecnologia, é preciso entender como a computação clássica funciona.

Dá para pensar um computador tradicional como uma cidade cheia de ruas microscópicas, por onde circulam elétrons. Pela ação dos transistores, componentes eletrônicos que funcionam como guardas de trânsito, liberando e interrompendo a corrente elétrica, os elétrons vagam por esses microcircuitos.

Quando um usuário dá um comando qualquer ao computador, ele é interpretado pela máquina como uma sequência de zeros e uns – que correspondem a ligado ou desligado. Quando o comando recebido é um, é sinal de que deve haver fluxo de elétrons. Se é zero, nenhum elétron deve passar por ali. Essas unidades fundamentais de informação levam o nome de bits.

Pois bem. Enquanto a computação convencional obedece à lógica binária, a computação quântica funciona de outra forma. Bits quânticos, ou qubits,  podem ser tanto 0 zero quanto o um – e podem existir nos dois estados ao mesmo tempo. Essa propriedade é chamada de superposição – e é uma das coisas que tornam o mundo quântico tão estranho.

Para entender esse fenômeno, você pode imaginar um qubit como se fosse uma moeda. Se cara é um e coroa é zero, um estado entre esses dois seria como se a moeda estivesse girando de pé. Até que alguém encostasse nela, a tal moeda pode ser cara ou coroa ao mesmo tempo. Notou algo de familiar?

É a mesma história contada pelo gato de Schrödinger: até que alguém abra a caixa para observar o felino, ele pode estar vivo ou ter sido morto por um veneno. Tudo depende de um único átomo radioativo – que pode ou não ter decaído, abrindo um pote que libera a substância tóxica. Como, olhando de fora, não temos como saber o estado do átomo, em teoria o bichano se mantém vivo e morto ao mesmo tempo.

Hacker de Schrödinger

Entenda a mágica de um computador quântico com um exemplo banal: o que ele faz para descobrir a senha abaixo instantaneamente.

1. Como funciona o código binário
Cada letra, número e símbolo da senha é representado por uma sequência diferente de oito dígitos, que podem ser 0 ou 1. Ou seja: uma senha de seis caracteres tem 48 no código binário. Para descobri-la, o computador precisa testar todos os jeitos possíveis de combinar 48 zeros e uns.

2. O jeito clássico
Um computador tradicional testaria as possibilidades uma a uma, até chegar à correta – o que pode arrastar bastante o processo. São 1,06 trilhão de combinações possíveis.

3. O jeito quântico
Os computadores quânticos driblam a lógica. Como os qubits são 0 e 1 ao mesmo tempo, é possível testar todas as possibilidades de uma só vez. O problema é que é difícil construir uma máquina com muitos qubits.

O senhor dos anéis

Então beleza: um qubit é zero e um ao mesmo tempo. Assim, ele faz simultaneamente operações que os computadores comuns precisam fazer uma de cada vez [veja o gráfico abaixo]. Resta a questão: como isso é fisicamente possível? Como é o hardware que roda os qubits?

Ele é bem diferente de um amontoado de transistores colado em uma pastilha de silício – que é o que encontramos no recheio de uma máquina convencional. Para uma coisa assumir o papel de qubit, ela precisa ser capaz de se manter por algum tempo (mesmo que seja apenas uma fração de segundo) naquele estado de incerteza do gato de Schrödinger.

Os qubits do Google e da IBM (pois é, a IBM também investe pesado na tecnologia) são anéis microscópicos fabricados com materiais supercondutores. Os supercondutores são metais que, resfriados a uma temperatura baixíssima, conduzem corrente elétrica sem oferecer nenhuma resistência – daí o nome.

A corrente elétrica, por sua vez, é uma fila indiana de elétrons – que são partículas fundamentais minúsculas. A ideia, então, é que se você fizer um anel com um fio supercondutor e soltar elétrons para rodar nesse fio, eles vão rodar para sempre, sem parar. Lembre-se: resistência zero.

Os elétrons podem rodar tanto no sentido horário quanto no sentido anti-horário. Para onde eles vão? Você pode decidir. Basta atingi-los com um pulso de ondas eletromagnéticas. Se elas forem de uma certa frequência, os elétrons rodam no sentido horário. Se forem de outra frequência, no sentido anti-horário.

Aqui entra o pulo do gato (de Schrödinger): existem frequências intermediárias que deixam o anel confuso. Ele acaba entrando no tal estado de superposição quântica, em que os elétrons rodam nos dois sentidos ao mesmo tempo. Assim, o qubit pode ser lido como zero ou como um – o que for mais conveniente.

Os anéis não são a única solução. “Várias plataformas estão em desenvolvimento em empresas e universidades pelo mundo. Qual vai ganhar, ninguém sabe. Talvez o que seja equivalente aos nossos transistores atuais ainda esteja alguns anos à frente”, diz Udson Cabral Mendes, professor do Instituto de Física da UFG (Universidade Federal de Goiás). Certos computadores funcionam usando íons aprisionados, por exemplo. Mas a explicação desses métodos é ainda mais cabeluda que a dos anéis.

Um chip quântico com 53 qubits, como o do Google – eram 54 inicialmente, mas um dos anéis deu problema –tem capacidade de processar 253 (um número com 53 zeros) combinações ao mesmo tempo. Já é muito. Mas então, para ter computadores cada vez mais potentes, basta empilhar o maior número de qubits possível, certo?

Sim. Mas boa sorte fazendo isso. O fenômeno de superposição quântica é muito sensível. Dura apenas uma pequena fração de segundo. Depois disso, os qubits decidem para que lado vão rodar, e é preciso calibrar todo o sistema novamente.

Além disso, quanto mais perturbado pelo ambiente exterior uma máquina quântica é, mais suscetíveis a erros estão os resultados de um cálculo. Qualquer coisa que tente interagir com esse sistema – como luz, calor ou qualquer vibração – pode fazer com que qubits assumam uma das faces da moeda.

Para evitar interferências ao máximo, os computadores quânticos são mantidos em um ambiente extremamente controlado. A começar pela temperatura. Um chip quântico precisa operar próximo ao zero absoluto: -273 ºC. Só nessa friaca que os anéis se tornam supercondutores de elétrons. É preciso, também, que as partes mais sensíveis estejam isoladas em uma câmara selada, sem uma molécula de ar. Vácuo, mais vazio que o vácuo do espaço.

“O difícil não é fazer novos qubits em laboratório, mas sim controlá-los”, explica Francisco Rouxinol, coordenador do Laboratório de Física em Circuitos Supercondutores para Dispositivos Quânticos da Unicamp.

O pesquisador lidera o projeto que, até o início de 2021, pretende fazer funcionar o primeiro dispositivo com qubits supercondutores do país. No começo, o modelo vai operar com até 3 qubits. “Precisamos, primeiro, demonstrar que temos controle sobre essa tecnologia. Só depois começar a montar um número maior de qubits.”

Só o começo

Após o vazamento do Financial Times, o Google não se pronunciou sobre o caso por semanas. Foi só em outubro de 2019 que a empresa publicou um artigo no periódico Nature detalhando o feito.

Antes mesmo de ouvir a versão oficial, porém, a IBM se apressou em jogar areia na farofa quântica do concorrente. Eles afirmam que, com alguns ajustes, conseguiriam fazer o supercomputador convencional Summit dar conta do recado em não mais que dois dias e meio. Nada de 10 mil anos. A vantagem do computador quântico não seria tão grande.

Não é a primeira vez que a IBM coloca em xeque um anúncio sobre computação quântica do Google. Em 2017, cientistas da empresa anunciaram que um processador de 49 qubits poderia garantir a sonhada supremacia ao final daquele ano – a IBM questionou, publicando por conta própria novos resultados, que obrigaram os pesquisadores do Google a rever suas metas.

Esse debate, porém, não diminui o feito. Mesmo que o Summit da IBM realize a tal operação matemática em dois dias e meio, ainda estamos falando em 200 segundos da computação quântica contra 216 mil segundos da computação clássica.

Não à toa, o movimento pioneiro do Google foi comparado ao voo dos irmãos Wright em 1903. “O que esse evento representou, mais do que de fato executou na prática, foi primordial”, disse William Oliver, pesquisador do MIT, em um comentário que acompanha o estudo na Nature.

O importante é que agora sabemos ser possível tirar a supremacia quântica do campo da teoria. “Atualmente o debate se concentra em quando teremos um computador quântico e não mais em se teremos um”, diz Bruno G. Taketani, pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Google e IBM não estão sozinhos nessa corrida. Outras empresas estão desenvolvendo seus próprios projetos. A Amazon, por exemplo, oferece um serviço chamado Bracket – no qual desenvolvedores que montam programas feitos para rodar em computadores quânticos têm a oportunidade de testá-los em máquinas de verdade. A Microsoft mantém algo parecido com o Azure Quantum. Na Ásia, Toshiba e Alibaba disputam espaço.

A computação quântica não vai substituir a convencional – você não vai jogar Fifa em seu computador quântico pessoal tão cedo. Mas ela pode se tornar vital em muitas áreas, como na indústria farmacêutica, no mercado financeiro e na inteligência artificial [veja o esquema abaixo]. Um artigo sobre computação quântica publicado pelo Boston Consulting Group, que entrevistou mais de 100 especialistas, afirma que as primeiras aplicações práticas devem surgir em no máximo dez anos.

Algumas aplicações

1. Criptografia
Um computador tão potente pode gerar sistemas de criptografia mais seguros – e, por outro lado, ameaçar protocolos de segurança aparentemente “invioláveis”. Segundo um estudo de 2018, o avanço na computação quântica pode quebrar o sistema de proteção do Bitcoin já na próxima década.

2. Inteligência artificial
A área de machine learning – em que um computador melhora em uma tarefa por tentativa e erro, conforme a realiza – pode se beneficiar dos computadores quânticos. Afinal, quanto mais feedback ele recebe, mais rápido ele aprende.

3. Remédios
Certos remédios têm como princípio ativo proteínas, que são moléculas complexas. O computador quântico será capaz de prever o que a proteína vai fazer só com base em sua fórmula, sem que seja preciso sintetizá-la no laboratório. Isso economiza tempo (que é dinheiro).

4. Mercado financeiro
É possível usar computação quântica para descobrir padrões de comportamento dos investidores na bolsa – e ganhar dinheiro prevendo momentos de alta e de baixa.

Em 1965, a infância dos computadores, um dos fundadores da Intel, Gordon Earl Moore, postulou a chamada Lei de Moore. Segundo ele, a indústria poderia dobrar o poder de processamento de seus chips a cada 18 meses – adicionando transistores conforme eles se tornassem cada vez mais baratos e acessíveis. Com a computação quântica embalando de vez, a previsão de Moore pode ser superada em uma escala inimaginável.

Adicionar com sucesso um único qubit já pode dobrar a capacidade de processamento. Resta saber como vamos domar milhares desses monstrinhos na prática, com todas as suas exigências exóticas: frio extremo, pouquíssima interferência externa etc. A recompensa é um mundo diferente. Um futuro com máquinas capazes de resolver problemas que nós não conseguimos sequer formular.


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Qual a diferença entre árabe, curdo, turco, persa, sunita e xiita?

Não confunda: árabes, curdos, turcos e persas são grupos étnicos que habitam diferentes países; já sunitas e xiitas são vertentes da religião islâmica.

Por Da Redação

(Buena Vista Images/Getty Images)

Para começar, é preciso fazer uma distinção básica: árabes, curdos, turcos e persas são grupos étnicos, enquanto xiitas e sunitas são seguidores de correntes do islamismo. Nem todo muçulmano é árabe, nem todo árabe é muçulmano.

Os árabes são o maior grupo étnico do Oriente Médio. São maioria no Egito, Jordânia, Síria, Líbano, Iraque, nos países da península Arábica e nos territórios sob a Autoridade Palestina. Também estão presentes nos países do norte da África, reunindo ao todo 415 milhões de pessoas. O grupo é originário da península Arábica, de onde se espalharam, a partir do século 7, em uma grande corrente migratória provocada pela expansão do islamismo. O principal fator que os une, porém, não é a religião, mas a língua, que pertence ao tronco semítico (assim como o hebraico).

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Os persas são descendentes de povos indo-europeus que chegaram à região do Irã através da Ásia Central por volta do ano 1000 a.C. A língua é escrita em caracteres árabes, mas é parente da nossa. “Sendo uma língua indo-europeia, o persa é mais próximo do português que do árabe”, afirma Paulo Daniel Farah, professor de Língua, Literatura e Cultura Árabes da Universidade de São Paulo.

Os turcos são originários da Ásia Central, de onde migraram por volta do século 10. Eles formam mais de 80% dos habitantes da Turquia. O idioma era escrito em caracteres árabes até 1929, quando se adotou o alfabeto latino. Não confunda árabe com turco. Durante seis séculos, até a Primeira Guerra Mundial, os árabes do Líbano e da Síria foram dominados pelo Império Turco-Otomano. A confusão veio dos passaportes que eles usavam para entrar no Brasil – o documento era turco, mas o portador era árabe.

Os curdos são o maior grupo étnico sem Estado do mundo. Embora não haja um número exato dessa população, o Instituto Curdo de Paris, uma entidade que se dedica a estudar esse grupo, estima que existem entre 36,4 milhões e 45,6 milhões de curdos no mundo. Eles ocupam um território de cerca de 500 mil quilômetros quadrados – maior que o do Iraque – que engloba parte da Turquia, Irã, Iraque, Síria, Armênia e Azerbaijão. O idioma curdo é indo-europeu, como o persa, mas a grafia varia. “Os curdos da Turquia usam o alfabeto latino. Os da Síria, Iraque e Irã usam o árabe”, diz Farah.

Religião

Mais de 90% da população do Oriente Médio professa o islamismo. A religião, que conta com 1,8 bilhão de fiéis em todo o mundo, tem duas principais vertentes: o sunismo e o xiismo. Os sunitas são maioria, cerca de 85% do total. A palavra vem do árabe sunnat annabi (“tradição do profeta”). Os xiitas são maioria apenas no Irã, Iraque e Barein.

Essa divisão existe por causa de uma disputa para decidir quem seria o legítimo sucessor político e religioso do profeta Maomé – a sua linha sucessória não estava clara. Isso gerou uma briga entre seus familiares após sua morte, e desde então os islâmicos se dividiram em vertentes com visões distintas de como as autoridades, os califas, deveriam ser escolhidos.

1. Meca

É a cidade mais sagrada para todos os muçulmanos. Ali está o santuário da Caaba, local de peregrinação anual (hajj) construído por Abraão, o patriarca bíblico. Todo fiel deve fazer suas cinco orações diárias voltado para Meca.

2. Jerusalém

O maior centro de tensão do Oriente Médio é a terceira cidade mais sagrada para os sunitas (cristãos e judeus também a têm como santuário). Lá está a mesquita do Domo da Rocha, de onde Maomé teria ascendido aos céus.

3. Karbana

Santuário xiita onde está o túmulo de Hussein, neto de Maomé. Ele acreditava ser o sucessor do profeta, mas quem assumiu o trono foi Yazid. Seu assassinato marcou o cisma entre os xiitas – seguidores de Ali, pai de Hussein – e os sunitas.

4. Najaf

A cidade é o terceiro local de adoração dos xiitas. Lá está o túmulo de Ali, genro de Maomé e pai de Hussein. Os xiitas consideram Ali o sucessor de Maomé. A cidade é aberta a não muçulmanos, ao contrário de Meca e Medina.

5. Medina

Guarda os restos mortais do profeta Maomé e foi a cidade para onde o profeta fugiu. Essa fuga, no ano de 622, é chamada de Hégira e marca o início do calendário muçulmano. É o segundo local mais sagrado para qualquer fiel do Islã.

6. Mashad

É onde está o túmulo do imã Ali al Rida, mártir para os muçulmanos xiitas. Centro importante de peregrinação no Irã, Mashad é considerada a quinta cidade mais sagrada do xiismo (o quarto lugar é ocupado por Karbala).


Superinteressante

Príncipe Harry não foi o único a abdicar da Família Real

E olha, nem todos os casos foram tão amigáveis quanto os episódios recentes.

Por Carolina Fioratti

(Chris Jackson/Getty Images)

A última quarta-feira (8) foi agitada para a família real britânica. O Príncipe Harry e sua esposa, a atriz Meghan Markle, anunciaram por meio de um post no Instagram que estariam abdicando de suas posições. Antes disso, Harry, que possui o título de Duque de Sussex, seria o sexto na sucessão do trono. Antes dele há seu pai, Príncipe Charles, seu irmão, Príncipe William, e seus três sobrinhos, filhos de William e Kate Middleton.

O casal diz que pretende se tornar financeiramente independente, e afirma que dividirá seu tempo entre o Reino Unido e a América do Norte. De acordo com a nota oficial, foram “meses de reflexão e discussões internas” para chegar à decisão final. O clima ficou tenso no Palácio de Buckingham, pois nenhum outro membro da família foi consultado sobre a saída.

Mas essa não é a primeira vez que um membro da família real abdica do trono. Na lista abaixo, conheça outros casos:

Rei Edward VIII, Duque de Windsor

12 de dezembro de 1936 a 28 de maio de 1972

12 de dezembro de 1936 a 28 de maio de 1972 (Reprodução/Wikimedia Commons)

Se o Rei Edward VIII não tivesse abdicado do trono, a família real teria uma organização bem diferente da que conhecemos hoje.

O Duque de Windsor teve fator determinante para a atual configuração da realeza britânica. Ele chegou a governar por cerca de um ano, porém desistiu do trono por amor. Quem assumiu a posição foi seu irmão mais novo, Albert, que se tornou George VI ー o pai da Rainha Elizabeth II.

A responsável pela história foi americana Wallis Simpson, que já carregava dois divórcios em seu histórico amoroso. O grande problema estava na Igreja Anglicana, que não reconhecia o casamento daqueles que ainda tivessem o antigo parceiro vivo. O rei, claro, deveria seguir os mandamentos religiosos.

Então, em 1936, por meio de um anúncio no rádio, Edward abdicou do trono para se casar com Wallis. O casal firmou compromisso em 1937 e permaneceram juntos até a morte do Duque, em 1972. O filme O Discurso do Rei, vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2011, chega a abordar esta história.

Jaime VII da Escócia ou Jaime II da Inglaterra

14 de outubro de 1633 a 16 de setembro de 1701

14 de outubro de 1633 a 16 de setembro de 1701 (Reprodução/Wikimedia Commons)

Jaime VII não era nem um pouco bem visto pelo Parlamento. Além de apresentar uma tendência favorável à França (que possui antigos conflitos com a Inglaterra) e ser católico, o rei ainda nomeou católicos para posições de destaque nas esferas política e militar.

Notando o conflito que surgia, resolveu agir por conta própria, o que assustou os protestantes. Afinal, um rei católico com poder de monarca absoluto? Melhor não.

Convidaram, então, o príncipe holandês William, considerado por todos o rei ideal: bom militar e casado com a filha mais velha de Jaime. Vendo que não haveria como lutar, o rei se exilou na França, o que deu abertura para o Parlamento inglês declarar a abdicação. Em 1688, William e a esposa assumiram a posição em conjunto.

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Maria, Rainha da Escócia

7 de dezembro de 1542 a 8 de fevereiro de 1587

7 de dezembro de 1542 a 8 de fevereiro de 1587 (Reprodução/Wikimedia Commons)

A Rainha da Escócia tem uma história bem macabra. Ela era casada com Henrique Stuart, ou Lorde Darnley, que assim como muitos monarcas, estava cercado por inimigos.

Henrique foi assassinado misteriosamente nos arredores de Edimburgo. O principal suspeito? O Conde de Bothwell, conselheiro de Maria. Mesmo com tal situação, a rainha poderia ter saído impune, se não tivesse se casado com o Conde meses após a morte do marido.

Como suspeita do crime, os protestantes se revoltaram contra ela, forçando-a a abdicar em 1567.

Rei Ricardo II

6 de janeiro de 1367 a 14 de fevereiro de 1400

6 de janeiro de 1367 a 14 de fevereiro de 1400 (Reprodução/Wikimedia Commons)

A história do Rei Ricardo II também não foi amigável. Sua personalidade não era das mais agradáveis, digamos assim. E claro, muitos não gostavam dele, nem mesmo seus familiares.

Com o objetivo de barrar seu caráter autoritário, seu tio, o Duque de Gloucester, convocou um grupo para derrubar Ricardo e quem mais o apoiasse. Mas o monarca não deixou a história quieta, e decidiu prender (e banir) todos seus opositores, entre eles seu primo, Henrique de Bolingbroke, que teve seus pertences roubados e divididos entre partidários de Ricardo.

Na época, o rei foi para a Irlanda, mas Henrique tomou o poder e firmou aliança com o Duque de Northumberland. Ricardo não teve outra escolha a não ser se render, regressar a Londres e abdicar. A nova figura no trono, em 1399, tornou-se então Henrique IV.


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Jesus era moreno, baixinho e invocado

A história real de Cristo é bem diferente da imagem que a tradição cristã cultiva.

Por Cristine Kist e Alexandre Versignassi

(Son of God / BBC/Divulgação)

Pensou em Jesus, pensou em deserto. Pelo senso comum, a paisagem onde Cristo viveu é aquela que sempre aparece nos filmes sobre ele: areia, gente esfomeada, mais areia… Só que não. A região em volta do Mar da Galileia, onde Jesus passou a maior parte da vida, não tem nada de deserto. Está mais para uma daquelas paisagens suíças de propaganda de chocolate: um lago de água doce, com uma vegetação colorida em volta. Tudo emoldurado por montanhas. Cartão postal.

E o que o lugar tem de bonito, tem de fértil. Há dois mil anos, as vilas que pontuavam os 64 quilômetros de circunferência do lago produziam toneladas de azeite, figos, nozes, tâmaras – itens bem mais valiosos há 2 mil anos do que hoje.

Escavações arqueológicas mostram que a cidade onde Jesus se estabeleceu, Cafarnaum, era o centro comercial de onde esses alimentos partiam para o resto da Palestina. A pesca também era industrial. Magdala, a 10 quilômetros de Cafarnaum, abrigava um centro de processamento de peixes, onde as tilápias do Mar da Galileia eram limpas, conservadas em sal do Mar Morto, e exportadas para outros cantos do Império Romano.

O ambiente era de fartura, pelo menos para os padrões da Antiguidade. Tanto que o próprio milagre da multiplicação dos pães e dos peixes não aparece na Bíblia como uma “ação de combate à fome”. Mas como um lanche de fim de tarde mesmo. Segundo os evangelhos, uma multidão tinha seguido Jesus até um lugar ermo para ouvi-lo. Estava anoitecendo. Os apóstolos alertaram o mestre de que, no lugar onde estavam, o pessoal não teria onde comprar comida. Então operou-se o milagre. Sem drama.

A ideia de que Jesus pregava num deserto famélico é só a ponta de um iceberg de mitos que povoam o senso comum quando o assunto é Cristo. Nesta reportagem, vamos ver o que a história, a arqueologia e a própria Bíblia têm a dizer sobre os outros.

1. Ele não nasceu em Belém, nem no Natal

O sino que bate nas canções natalinas não é o de Belém. E também não foi no dia 25 de dezembro que ele nasceu. Tudo o que sabemos sobre o nascimento de Jesus está nos evangelhos de Mateus e Lucas – e são versões bem diferentes. Em Mateus, José e Maria aparentemente viviam em Belém quando ela deu à luz. No evangelho de Lucas, eles moravam em Nazaré, e só se deslocaram até Belém porque Augusto, o imperador romano, decretou que todos os habitantes do império deveriam ir até a cidade onde nasceram seus ancestrais para participar de um censo.

Como José, segundo a narrativa, era descendente do rei Davi, que nasceu em Belém, ele e a esposa foram até lá. Evangelhos à parte, hoje é consenso entre os historiadores de que Jesus nasceu mesmo em Nazaré. “Tanto Mateus quanto Lucas dizem que Jesus nasceu em Belém com o objetivo de dizer metaforicamente, simbolicamente, que ele é o ‘novo rei Davi'”, diz o teólogo americano John Dominic Crossan, um dos maiores especialistas na história do cristianismo. Crossan e outros descartam Belém por um motivo: do ponto de vista dos evangelistas, seria mais simples dizer que ele nasceu e cresceu em Belém mesmo – e então mudou para o Mar da Galileia, onde começou a pregar.

Mas como os textos se dão ao trabalho de dizer que ele veio de Nazaré, uma cidade que não tinha nada de especial, o mais provável é que ele tenha nascido lá mesmo. Mais: o motivo que Lucas dá para José e Maria terem ido a Belém não existiu. O governo de Augusto é extremamente bem documentado. E não há registro de censo nenhum. Menos ainda um em que as pessoas teriam que “voltar à cidade de seus ancestrais”.

Outro consenso é o de que Jesus nasceu “antes de Cristo”. A fonte aí é a própria Bíblia. Mateus e Lucas dizem que ele veio ao mundo durante o reinado de Herodes, o Grande (não confunda com Herodes Antipas, seu filho, o soberano da Galileia durante a fase adulta de Jesus). Bom, como esse reinado terminou em 4 a.C., ele não pode ter nascido depois disso.

E sobre o dia do nascimento a Bíblia é clara: não diz nada. “No início, o cristianismo não tinha uma data exata para o nascimento de Jesus. Então, lugares diferentes celebravam em datas diferentes”, diz o teólogo Irineu Rabuke, da PUCRS. O dia 25 de dezembro acabou adotado, no século 4, porque nessa data os romanos já comemoravam uma festa importante, a Natalis Solis Invicti, ou “Nascimento do Sol Invencível”. Era uma comemoração pelo solstício de inverno, o dia mais curto do ano. É que, depois do solstício, os dias vão ficando cada vez mais longos.

A festa, então, é pela vida, que a partir daí volta a florescer. Por isso mesmo, o solstício de inverno foi celebrado com festa em boa parte das culturas humanas, desde sempre. O círculo de pedras de Stonehenge, por exemplo, já era palco de festas assim 3 mil anos antes de Jesus nascer, por exemplo. Por esse ponto de vista, dá para dizer que o monumento pré-histórico inglês é, no fundo, uma enorme árvore de natal.

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2. Ele era moreno, baixinho e de cabelo curto

(Richard Neave/Divulgação)

A Bíblia não fala sobre a aparência de Jesus, Isso deu liberdade para que artistas construíssem a imagem de Cristo de acordo com suas próprias interpretações. Os do Renascimento, por exemplo, desenhavam Jesus à imagem e semelhança dos nobres do norte da Itália. E essa foi a imagem que ficou.

Ok. Mas vamos à ciência: esqueletos de judeus do século 1 indicam que a altura média deles era de mais ou menos 1,55 m. E que a maioria não pesava muito mais do que 50 quilos. Então o físico de Jesus estaria dentro dessa faixa. E mesmo se fosse bem alto para a época, com 1,65 m, por exemplo, ainda seria pequeno para os padrões de hoje. Determinar o rosto é mais difícil. Mas uma equipe de pesquisadores britânicos liderada por Richard Neave, um especialista em ciência forense, conseguiu uma aproximação boa. Usando como base três crânios do século 1, eles lançaram mão de softwares de modelagem 3D para determinar qual seria o formato do nariz, dos olhos, da boca… enfim, do rosto de um adulto típico da época. O resultado foi uma face parecida com a do retrato que abre esta reportagem. Não que aquilo seja de fato o rosto de Cristo. Mas que se trata de uma aproximação cientificamente confiável, se trata.

Quanto à cor da pele, a hipótese mais provável é que fosse morena, como era, e continua sendo, a da maior parte das pessoas no Oriente Médio. E como seria a de praticamente qualquer um que passasse a vida toda ao ar livre naquele calor de lascar. Bom, sobre o cabelo dele quem dá a maior pista é a própria Bíblia. No livro 1 Coríntios, Paulo diz que “cabelo comprido é uma desonra para o homem”. O maior divulgador do cristianismo no século 1 provavelmente não diria isso se Jesus tivesse sido notório pela cabeleira. Na verdade, as primeiras representações conhecidas de Cristo, feitas no século 3, mostram um Jesus de cabelo curto. E sem barba, até. “A ideia era mostrar que se tratava de um jovem”, diz Chevitarese. A inspiração desses artistas eram as esculturas de Apolo e Orfeu, deuses gregos também retratados como jovens imberbes. Por volta do século 5, essa primeira imagem de um Jesus jovial e imberbe perdeu espaço para uma outra, em que ele está de barba e cabelos longos e escuros.

Esse Jesus moreno e barbudo surgiu no Império Bizantino e é conhecido como Cristo Pantocrator (“todo poderoso” em grego). “Os bizantinos começam a atribuir à figura de Jesus um caráter de invencível. E essa representação de alguma forma coincidia com as que eles faziam dos próprios imperadores bizantinos”, diz Chevitarese.

Os renascentistas, depois, também fariam um Jesus à imagem e semelhança das pessoas que conheciam, e que achavam mais bonitas. Daí a pele clara, os cabelo dourado e os olhos azuis. Nas últimas décadas, porém, artistas (e cineastas) têm se esforçado para não representar Jesus como um nórdico. Em A Paixão de Cristo (2004), de Mel Gibson, o protagonista Jim Caviezel chegou a ter os seus olhos azuis transformados em castanhos. Mas ainda falta um filme realista para valer nesse quesito.

3. Jesus era só um entre vários profetas

Cristo viveu em um período favorável para o surgimento de profetas. Só no livro Guerra dos Judeus (do historiador Flávio Josefo, que viveu no século 1) é possível identificar pelo menos 15 figuras semelhantes a Jesus, que viveram mais ou menos na mesma época dele. A Bíblia cita outros quatro. Um é João Batista, que anunciava o fim do mundo aos seus seguidores, e de quem os cristãos herdaram o ritual do batismo. “Cerca de cem anos depois da morte de João Batista, seus discípulos ainda diziam que ele era maior que Jesus”, diz Chevitarese.

Para o historiador, João Batista era um concorrente de Cristo. Os dois eram profetas apocalípticos (já que pregavam o fim dos tempos) e viviam na mesma região. A diferença é que João chegou primeiro. “Ele não se ajoelharia na frente de Jesus e diria que não é digno de amarrar a sandália dele, como está nos evangelhos. Pelo contrário”, diz. Segundo ele, foi a redação da Bíblia, evidentemente favorável a Jesus, que transformou Batista num coadjuvante: “Os textos pró-Jesus é que vão amarrar o Batista à tradição de Jesus. João Batista é um dos melhores exemplos que nós temos de um candidato messiânico marcadamente popular”. O segundo desses profetas contemporâneos é Simão, o Feiticeiro. Conforme o livro Atos dos Apóstolos, do Novo Testamento, Simão é conhecido por “praticar mágica”, e quando ouve os apóstolos falarem sobre Jesus, oferece dinheiro a eles para tentar comprar o dom de Deus (os apóstolos recusam a oferta, claro).

O terceiro desses é Bar-Jesus, que os apóstolos encontram quando chegam à Grécia e a quem nomeiam como “falso profeta”. E o último é o “egípcio”, com quem Paulo é confundido no templo de Jerusalém. O egípcio era um candidato a Messias que viveu por volta do ano 40, e prometeu levar os seus seguidores para atravessar o leito do Jordão, que, ele dizia, se abriria quando eles passassem. Chevitarese conta que eles sequer tiveram tempo de chegar às margens do rio: “Os romanos, quando ficaram sabendo disso, mandaram a tropa aniquilar todo mundo. Vai que o rio abre mesmo?”.

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4. Mateus, Marcos, Lucas e João não são os autores dos evangelhos

Mateus e João eram apóstolos. Marcos, um discípulo de outro apóstolo (Pedro). E Lucas era médico de Paulo. Mas a ideia de que eles escreveram os Evangelhos é um mito. A autoria de cada um foi atribuída aleatoriamente pela Igreja bem depois de os textos terem ido para o papiro.

O evangelho de Mateus, por exemplo, foi atribuído a Mateus porque ele dá ênfase ao aspecto econômico – e Mateus era o apóstolo que tinha sido coletor de impostos. Já o texto creditado a João é o único dos evangelhos a relatar o episódio em que Jesus, pouco antes de morrer, pede ao apóstolo João que ele cuide de Maria. Aí os créditos ficaram com João.

O que se sabe mesmo sobre os autores é que não eram “autores” no sentido moderno da palavra. Hoje, qualquer um pode ser autor, porque todo mundo sabe ler e escrever. Há 2 mil anos, não. Saber escrever era o equivalente a ser pós-graduado em robótica. Os antigos contratavam escribas profissionais quando precisavam deixar algo por escrito. Com os evangelhos não foi diferente. O mais provável é que comunidades cristãs tenham encomendado esses trabalhos – e ditado aos escribas as histórias que conhecemos hoje. Ditado e entregado outros textos também, para que eles usassem como fonte.

Dos evangelhos, o primeiro a ser escrito foi aquele que hoje é atribuído a Marcos, quase 40 anos após a morte de Jesus. Marcos, enfim, saiu por volta do ano 70. Mateus e Lucas vieram um pouco depois, ente 75 e 80 – até por isso ambos trazem alguns trechos idênticos aos do manuscrito atribuído a Marcos.

Também há muita coisa igual em Mateus e em Lucas, e que não aparece em Marcos. Como? A tese é simples: os dois autores teriam usado uma fonte em comum, que acabou perdida. Os especialistas chamam essa fonte de “Q” (“Q” de quelle, que é “fonte” em alemão). Sempre que Mateus e Lucas concordam em alguma história que não está em Marcos, então, ela é creditada ao suposto livro “Q”. Por causa desse entrelaçamento todo, costumam chamar esses três evangelhos de “sinópticos”. Ou seja: os três têm a “mesma ótica”. Contam basicamente a mesma história, cada um com algum adendo aqui e alguma omissão ali. Já João, o quarto evangelho, escrito por volta do ano 100, traz uma história diferente. Ali Jesus é mais do que o “filho de Deus”: é o próprio Deus encarnado. E a narrativa também muda. Em João ele destrói as barracas dos cambistas e vendedores do Templo de Jerusalém logo no começo da saga, por exemplo. Nos outros, esse ato está bem no final.

Depois foram surgindo mais e mais “biografias” de Jesus. Para diminuir a bagunça, logo depois que o imperador Constantino legalizou o cristianismo, no século 4, a Igreja se organizou para definir quais seriam os livros que fariam parte da Bíblia Cristã. E bateu o martelo para a formação atual do Novo Testamento. O critério da Igreja foi usar os textos mais antigos – os mais confiáveis. Os quatro evangelhos, inclusive, faziam parte da primeira lista de livros sagrados do cristianismo de que se tem notícia, o Cânon de Muratori, compilado em 170 d.C. “A Igreja no século 4 apenas reconheceu o que já eram as suas escrituras por séculos”, diz o teólogo Ben Witherington, da Universidade de St. Andrews, na Escócia.

Os textos sobre Jesus que não entraram para a Bíblia acabaram conhecidos como evangelhos “apócrifos” (“ocultos”, em grego). Existem dezenas. Um deles, aliás, é aquele descoberto recentemente e que ficou famoso por dizer que Jesus era casado. Não é bem um “evangelho”, mas um fragmento de papiro do tamanho de um cartão, em que aparece escrito em egípcio: “Jesus disse a eles: ´Minha esposa (…)`” – o resto está cortado.

O manuscrito é dos anos 300 d.C. Bem mais recente que os evangelhos do Novo Testamento. O que ele significa? Que alguma comunidade cristã daquela época acreditava que Jesus era casado. Para a maior parte dos pesquisadores, isso não basta para mudar a “biografia oficial” de Cristo, como diz André Chevitarese: “João Batista era celibatário. Paulo era celibatário. Jesus é um desses casos”.

5. O episódio da traição de Judas pode ter sido criado para agradar fiéis romanos

Judas, um dia, foi nome. Hoje, virou adjetivo, sinônimo de ausência de caráter. Mas Judas Iscariotes, que teria entregue Jesus aos romanos em troca de 30 moedas de prata, pode ser um injustiçado. Essa história aparece nos quatro evangelhos – com uma ou outra variação. Para alguns estudiosos, porém, ela é uma farsa. A maior evidência estaria nos textos de Paulo, os mais antigos entre os do Novo Testamento, escritos por volta do ano 50 d.C. Numa passagem na Primeira Epístola aos Coríntios Paulo diz que, depois de ressuscitar, Jesus apareceu para os 12 apóstolos, e não para 11: “Ele foi sepultado e, no terceiro dia, foi ressuscitado, como está escrito nas Escrituras; e apareceu a Pedro e depois aos 12 apóstolos” (Coríntios, 15:5). Ou seja, Judas estaria lá. Não teria se matado após a famosa traição, como dizem os evangelhos. Essa epístola foi escrita pelo menos dez anos antes de Marcos, o primeiro dos quatro Evangelhos.

Outro documento que defende o suposto traidor é o Evangelho apócrifo que ficou conhecido como “Evangelho de Judas”. Uma cópia desse manuscrito foi revelada em 2006. Pesquisadores acreditam que o texto foi escrito originalmente por volta do século 2, já que ele foi mencionado em uma carta escrita pelo bispo Irineu de Lyon em 178 d.C. Segundo o texto, Judas teria apenas acatado um pedido de Jesus ao entregá-lo para as autoridades romanas. Nessa versão, Iscariotes era o apóstolo mais próximo do mestre – daí o pedido ter sido feito a ele.

Mesmo se levarmos em conta só os evangelhos canônicos, alguns pesquisadores acham pouco verossímeis as passagens que incriminam Judas. É o caso de John Dominic Crossan: “Para ser sincero, eu vou e volto com essa questão. Mesmo quando respondo afirmativamente [que Judas de fato traiu Jesus], penso nisso como remotamente possível”, diz ele. Durante a sua última semana de vida, Jesus era protegido pela presença da multidão durante o dia (“Procuravam então prendê-lo, mas temeram a multidão”, Marcos, 28:12), e se protegia ao sair de Jerusalém e ir para Betânia, onde estava hospedado, durante a noite. Na opinião de Crossan, as autoridades romanas não precisariam da ajuda de Judas para encontrar Jesus: “Certamente as autoridades teriam descoberto por si próprias o lugar exato para interceptar Jesus. Então, Judas era mesmo necessário? Essa é minha maior objeção com a figura histórica de Judas como traidor”.

Por esse ponto de vista, o episódio da traição de Judas teria sido criado para facilitar a conversão dos romanos ao cristianismo. Na época, parte da população do império já começava a se converter, e não ficaria bem se a maior parte da responsabilidade pela morte de Jesus recaísse justamente sobre um romano, Pôncio Pilatos. É o que Chevitarese defende: “Pessoas vindas do ambiente politeísta, principalmente das elites romanas, já estavam se convertendo ao cristianismo por volta de 70 d.C. Por isso, os evangelhos fazem Pilatos lavar as mãos”.

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6. O Reino dos Céus era na Terra

Todo ano, antes de avisar a Jesus Cristo que ele está aqui, Roberto Carlos olha para o céu e vê uma nuvem branca que vai passando. O céu virou sinônimo de paraíso, é de lá que Deus observa os nossos movimentos e é pra lá que vai quem já morreu. Mas o jovem Jesus, quando tentava convencer seus ouvintes a se comportarem de maneira justa, não dizia exatamente isso. O Reino de Deus (ou Reino dos Céus) que Jesus pregava iria acontecer aqui na Terra mesmo.

Os próprios evangelhos deixam isso claro. Em uma conversa com os discípulos pouco antes de morrer, Jesus diz que alguns deles estarão vivos para ver o reino de Deus chegar: “Dos que aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o Reino de Deus já chegando com poder” (Marcos, 9:1). Em outro momento, Jesus chega a afirmar que o Reino de Deus já chegou: “Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galileia pregando o evangelho de Deus; e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho” (Marcos, 1:15).

Os discípulos, portanto, acreditavam que o Reino de Deus seria instaurado imediatamente. “No tempo de Jesus, era muito forte a esperança de que se fosse fazer um reino nos moldes do Rei Davi, do Rei Salomão. Quando Jesus falava em ‘reino’, as pessoas achavam que só podia ser um reino desse tipo”, diz Irineu Rabuske. Mas Jesus era um profeta apocalíptico, e o que ele defendia é que Deus faria uma intervenção em breve e daria início a um reino de paz e justiça.

É verdade que também existem na Bíblia diversas passagens em que Jesus fala sobre um pós-morte. Uma delas está em Lucas. É sobre um homem rico e um mendigo que costumava pedir-lhe esmolas. Depois de morrer, o rico vai para uma espécie de inferno, onde “atormenta na chama”. E o mendigo é consolado por Abraão. Cristo é mais claro ainda no evangelho de João. Ele diz a Pilatos que “seu reino não é deste mundo”.

Só que Lucas e João são textos mais recentes que Marcos. E para boa parte dos pesquisadores, é por isso mesmo que eles dão ênfase à ideia de um Reino do Céu no “céu”.

“Essas referências foram sendo acrescentadas conforme o início do reino não ocorria”, diz o arqueólogo e especialista em cristianismo Pedro Paulo Funari, da Unicamp. Ou seja: chegou um momento em que os cristãos tiveram que lidar com o fato de que o reino de Deus talvez não estivesse tão próximo assim. A partir daí, começou um processo de reinterpretação. A pregação de Jesus, de que os bons seriam recompensados e os maus punidos num julgamento que marcaria o fim de uma era no mundo, foi sendo alterada. E o julgamento passou a acontecer no final da vida de cada pessoa. Faz todo o sentido: do ponto de vista argumentativo, é uma versão mais sofisticada. Só quem já morreu pode contestá-la.

7. Ele era invocado

Não há novidade em dizer que que o Jesus dos Evangelhos é um personagem temperamental. Um dos episódios mais importantes de sua jornada é justamente um momento de “destemperança”: quando ele revira as mesas e cadeiras das “casas de câmbio” que atulhavam o pátio do Templo de Jerusalém, e acaba condenado à morte – se fosse pelo código penal de hoje, seria por algo como “perturbar a ordem pública”. Ou seja: sabe-se muito bem que ele não era um guru transcendental, ou coisa que o valha, mas um homem com sangue quente fluindo nas veias.

Alguns pesquisadores, de qualquer forma, acham que era mais do que isso. É o caso do americano Reza Aslan, pesquisador de história da religião e autor de livros sobre Jesus e Maomé. Aslan defende que Jesus era um líder radical. Um homem que “juntou um exército de discípulos na Galileia com o objetivo de estabelecer o Reino dos Céus na Terra, um orador magnético que desafiou a autoridade dos sacerdotes do Templo, um nacionalista judaico que lutou contra a ocupação romana, e perdeu”.    

“Não há evidência de que Jesus tenha defendido ações violentas, mas ele certamente não era um pacifista”, diz Aslan. As pistas estariam em trechos dos próprios evangelhos. Em Marcos 10:34 Jesus diz “Não pensem que vim trazer paz ao mundo. Não vim trazer a paz, mas a espada”. Um pouco mais adiante, Jesus completa com uma frase típica de revolucionário: “Não serve para ser meu seguidor quem não estiver pronto para morrer”.

Em Marcos 11:21, Jesus mostra uma verve que nada tem a ver com o “dar a outra face”. “Ai de você, cidade de Corazim! Ai de você, cidade de Betsaida! Porque, se os milagres que foram feitos aí tivessem sido feitos nas cidades de Tiro e de Sidom, os seus moradores já teriam abandonado os seus pecados há muito tempo. “Pois eu afirmo a vocês que, no Dia do Juízo, Deus terá mais pena de Tiro e de Sidom do que de vocês, Corazim e Betsaida”

Tiro e Sidom, vale lembrar, eram cidades da província romana da Síria, ao norte da Galileia (hoje elas fazem parte do Líbano). Ou seja: tratava-se de um povo rival dos judeus (e a ainda se trata). Jesus estava amaldiçoando as duas cidades pelo fato de seus habitantes não terem dado bola para seus milagres.

Ele segue, agora desgraçando a cidade que lhe servia de quartel-general, às margens do Mar da Galileia: “E você, cidade de Cafarnaum, acha que vai subir até o céu? Pois será jogada no mundo dos mortos. Se os milagres que foram feitos aí tivessem sido feitos na cidade de Sodoma, ela existiria até hoje.”

Diante disso, esta passagem do Evangelho de Lucas (6:27) soa até destoante: “Amem os seus inimigos e façam o bem aos que lhe odeiam. Desejem o bem àqueles que os amaldiçoam”.

Independentemente de quem foi o Jesus histórico, o fato é que inspirou o grandes valores do cristianismo: o perdão, o altruísmo, a empatia. Uma filosofia que se resume no trecho seguinte de Lucas: “Faça aos outros aquilo que quiser que façam a você”. E isso é o que realmente importa.


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Trabalhadores com ensino superior são os que mais demoram para voltar ao mercado

Os brasileiros com ensino superior costumam trabalhar em regime formal

Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília

Os trabalhadores com ensino superior são os que levam mais tempo para conseguir voltar ao mercado de trabalho quando ficam desempregados. Um brasileiro que concluiu a faculdade demora, em média, 16,8 meses (quase um ano e meio) para se recolocar.

Já um profissional com ensino médio gasta 14,7 meses para encontrar um novo emprego no Brasil. Quem concluiu o ensino fundamental demora, em média, 13,1 meses.

Os números foram compilados pela consultoria iDados, com base nas informações da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada pelo IBGE.

Uma série de fatores, segundo especialistas, explica as razões para os trabalhadores mais escolarizados do País demorarem mais para se recolocar no mercado.

Os brasileiros com ensino superior costumam trabalhar em regime formal. Portanto, em caso de demissão, recebem indenização – como multa do FGTS e seguro-desemprego – e conseguem ter alguma folga no orçamento para buscar uma recolocação.

“Uma pessoa mais qualificada tem mais probabilidade de ter um vínculo formal e, portanto, já são criadas proteções para o indivíduo, o que diminui o grau de urgência para encontrar um novo emprego”, afirma Bruno Ottoni, pesquisador do iDados.

Pelo lado das empresas, a contratação de um trabalhador mais qualificado também costuma ser mais lenta.

“Acredito que, na verdade, essa questão não é conjuntural, é da natureza das ocupações [que exigem ensino superior]. São processos de seleção mais criteriosos, a disponibilidade de vagas específicas é muito pequena. Isso não deve estar atrelado à conjuntura, até porque a taxa de desemprego [desse público] é menor do que a de outros grupos”, diz Cosmo Donato, economista da LCA consultoria.

“A gente tem que pensar também com a cabeça do recrutador. Tem muitos profissionais com ensino superior no mercado, é uma gama muito grande de perfis pra analisar. E ainda existe o preconceito com quem está fora do mercado, muita gente prefere contratar alguém que esteja empregado e queira se movimentar. Aí a régua de exigências sobe”, completou Donato.

O fato de os trabalhadores mais qualificados levarem mais tempo para se recolocar não significa que eles sejam os principais afetados pelo desemprego no País.


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