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A ajuda do FBI no combate ao crime nas fronteiras brasileiras
A era da sobriedade
O consumo de álcool está caindo em boa parte do mundo, e no Brasil também. Entenda o que está por trás desse fenômeno.
Texto: Guilherme Castellar | Design: Carlos Hara | Fotos: Dulla | Edição: Alexandre Versignassi
O boêmio, ou o que restou dele, acorda numa daquelas manhãs de ressaca colossal e, num vislumbre de sobriedade, decide: “Acabou. Nunca mais vou beber!” Dois ou três dias depois, lá está ele de novo, treinando levantamento de copo noite adentro.
Mas essa história talvez esteja mudando. De uns tempos para cá, parece que mais juras de sobriedade de bebedores estão surtindo efeito – principalmente nos países onde o consumo de álcool sempre foi elevado.
Na Irlanda, que tem como um de seus símbolos nacionais uma fábrica de cerveja (a da Guinness), o consumo de álcool caiu em 17% desde o início do século 21. Na Rússia, que em tempos de URSS incluía 750 ml de vodca por semana na ração de cada um de seus soldados, a queda foi de 43%. Na França, onde pega mal almoçar sem tomar vinho, 14% – no Brasil também.
A tendência é ampla. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 47% da população mundial bebia no ano 2000. Em 2016 (data do levantamento mais recente da OMS) eram 43%. O Brasil está praticamente dentro dessa média: 60% dos brasileiros não ingeriram álcool nos últimos 12 meses – esse é o critério da OMS para considerar alguém abstêmio, o que faz todo o sentido.
Bom, a diminuição no consumo de álcool é antiga, pelo menos nos países desenvolvidos. O pico da beberagem na França aconteceu há exatamente um século. Na década de 1920, o consumo era de 20 garrafas de vinho mensais por habitante (não por bebedor, por habitante mesmo, incluindo crianças e abstêmios – então quem bebia tomava mais ainda). Hoje, o consumo por cabeça na França está em oito garrafas por mês – o que não é pouco, claro, mas trata-se obviamente de uma quantidade menos cirrótica.
Nos EUA, o pico foi há 200 anos. O consumo por lá em 1830 era de 5,4 garrafas mensais por habitante – garrafas de uísque. Hoje, eles bebem um terço disso.
Nota: usamos “garrafas” aqui como unidade de medida só para facilitar a leitura. A OMS faz seus cálculos em “quantidade de álcool puro”, já que quem bebe acaba tomando um pouco de tudo. Para situar, então: uma garrafa de uísque tem 400 ml de álcool puro. Uma de vinho, 90 ml. Uma lata de cerveja, 17 ml. Um copão bonito de gin tônica, 25 ml.
É isso. Levando em conta a quantidade de álcool puro, o consumo francês por habitante é de 9,2 litros por ano. O dos EUA, 8,7. O do Brasilzão, 7,8 litros. O do mundo, 6,4 – sim, relativamente pouco, até porque o álcool é proibido em 11 países, todos islâmicos.
Nada disso significa que o planeta esteja deixando de beber. Não é isso. Os 2 bilhões de humanos que saíram da pobreza extrema nas últimas décadas, principalmente na Ásia, ainda puxam o consumo total de álcool para cima. Mesmo com uma proporção menor da população bebendo, o consumo total do planeta aumentou, puxado pelos países em desenvolvimento. A subida, aí, foi de 5,7 litros de álcool puro por pessoa para os atuais 6,4 litros.
O Brasil, porém, também viveu uma era de crescimento econômico, pelo menos nos anos 2000, e mesmo assim o consumo per capita diminuiu em 14% neste século. Nos países desenvolvidos, mais ainda. A Europa como um todo baixou seu consumo por habitante de cavalares 12,1 litros de álcool puro para 9,8 litros. Uma queda de 19%.
E quem tende a beber menos são justamente os jovens. Em 2005, 17% dos britânicos entre 16 e 24 anos eram teetotaller (o termo inglês para “abstêmio”). Em 2015, de acordo com um estudo do University College, de Londres, eram 29%.
Beba menos, beba melhor
Em Mad Men, o seriado que se passa nos anos 1960, uma personagem diz para a amiga que tinha dado uma corridinha pela manhã. “Mas para quê?”, pergunta a amiga. Esse diálogo mostra um pouco das forças que fizeram boa parte do mundo, Brasil incluído, a maneirar na bebida: as pessoas se preocupam mais em se exercitar, em dormir melhor, em reduzir colesterol e triglicérides. Nada disso combina com o uso constante de álcool.
Mas não foi só essa postura mais saudável diante da vida que fez o consumo de álcool diminuir.
De acordo com a OMS, 80 países têm alguma política para a diminuição do consumo de álcool (não entram na conta os que proíbem, porque aí não é política, é só autoritarismo religioso mesmo).
Quais políticas? Cada país tem as suas, mas todas dizem respeito a reduzir a publicidade, impor limites de horário ao comércio de álcool, punir exemplarmente quem bebe e dirige e, mais recentemente, proibir o comércio de bebidas baratas demais – que servem de chamariz para jovens.
A França baniu os anúncios de bebibidas alcoólicas na TV em 1991. A Rússia proíbe em todas as mídias, incluindo a internet, desde 2013. No Brasil, a restrição é parcial: só não podem comerciais de TV antes das 21h. Parcial mesmo. A lei de 1996 que determina isso foi feita sob medida para permitir a propaganda de cerveja. Ela só restringe bebidas com 13% ou mais de álcool. Seja como for, há um Projeto de Lei em tramitação no Senado para colocar todas as bebidas nesse bonde.
A França baniu os anúncios de bebibidas alcoólicas na TV em 1991. A Rússia proíbe em todas as mídias, incluindo a internet, desde 2013.
Outra medida é a proibição da venda de álcool em supermercados e lojas de conveniência após um certo horário, tipo 22h ou 23h. Trata-se de uma medida para evitar que quem bebeu um pouco no começo da noite tenha de lidar com a tentação de comprar um monte de cerveja, levar para casa, e seguir o happy-hour noite adentro.
Esse tipo de restrição é tão universal hoje que estranho mesmo é um país como o Brasil, onde as lojas de conveniência
vendem álcool livremente na madrugada. Pelo Rappi, inclusive.
Bem menos universal, mas também eficiente, é a ideia de não permitir gorós baratos. A Rússia, que ganhou fama por ter vodca mais barata do que leite nos anos de URSS, fez justamente isso.
Em 2010, o governo Putin estabeleceu um preço mínimo para qualquer destilado com mais de 28% de álcool (em outras palavras, qualquer destilado bom, rs). Hoje, está em R$ 25 o litro – levando-se em conta que o salário mínimo da Rússia é igual o nosso, o valor não é tão baixo quanto parece. Parece ter dado certo, já que boa parte daquela redução de 43% no consumo russo de álcool aconteceu de 2011 em diante.
(Dulla/Superinteressante)
A terra da vodca parece ter inspirado a terra do uísque. A Escócia se tornou o primeiro país do mundo a definir um preço por “unidade de álcool”. Uma unidade é o nome que a literatura médica dá para cada porção de 10 ml de álcool puro (uma lata de cerveja tem 17 ml, para você visualizar melhor).
Bom, a discussão foi feroz e durou anos. A Associação de Uísque Escocês levou a briga aos tribunais, mas o governo ganhou. Desde maio de 2018, o escocês tem que pagar o mínimo de 50 centavos de libra por unidade de álcool.
Isso leva uma garrafa de dois litros de cidra de alto teor alcoólico (7,5%), uma bebida popular no país, a sair por pelo menos 7,5 libras (R$ 40) – antes dava para encontrar por 2,5 libras (R$ 13). No primeiro ano da medida, o volume de álcool vendido caiu 3%, e alcançou o menor nível desde que os registros oficiais começaram a ser feitos, em 1994. O governo escocês estima que será possível salvar quase 400 vidas nos cinco primeiros anos da medida.
Zero álcool
Sinal dos tempos: agora os sóbrios estão na mira da indústria de bebidas alcoólicas. Os três primeiros colocados da Maratona de Berlim de 2017 brindaram no pódio com três imensos canecos de cerveja de trigo zero álcool – da Erdinger, que era uma das patrocinadoras da prova.
A categoria das cervejas sem álcool ainda é pequena – responde por 5% do volume total. Mas é a que mais cresce. O consumo planetário de cerveja sem álcool aumentou 3,9% nos últimos cinco anos, contra 0,2% da gelada tradicional. Na Alemanha, enquanto o consumo de cervejas tradicionais caiu entre 2001 e 2016, o de geladas não alcoólicas subiu 43%, segundo o
Euromonitor Internacional.
A AB InBev diz que, até 2025, pelo menos 20% virá de cervejas “com baixo ou zero teor de álcool”.
A Heineken, segunda maior fabricante de cerveja do mundo, lançou sua versão zero nos EUA em 2019 a tempo de aproveitar o Dry January (janeiro seco), movimento espontâneo que vem se popularizando e estimula os jovens a ficarem o primeiro mês do ano sem beber (até para compensar os excessos das festas de final de ano). A exemplo da rival alemã, a cervejaria holandesa tenta dar ao seu produto zero uma aura saudável, fitness. Anúncios da Heineken sem álcool espalhados no metrô de Nova York sugeriam: “Encontre alguém para tomar uma na academia.”
A AB InBev vai na mesma linha. A maior fabricante de cerveja do mundo, dona das marcas Stella Artois, Brahma e Budweiser, vislumbra que, até o final de 2025, pelo menos um quinto de suas vendas virá de marcas “com baixo ou zero teor de álcool” (no jargão da indústria, “baixo teor” é qualquer cerveja com 3,5% de álcool ou menos – dois terços de uma normal).
A ideia de focar nas cervejas zero faz mais sentido para a indústria do que parece. As grandes sofrem com a concorrência das cervejas artesanais no mundo todo, e já aprenderam que não basta comprar cervejarias pequenas. Os fãs das IPAs e APAs buscam as marcas independentes, até por uma questão filosófica. Soa sarcástico, mas as bebidas que não embebedam podem ajudar as gigantes neste cenário amargo para elas.
No fim, qualquer redução etílica é uma boa notícia. O álcool mata 3,3 milhões de pessoas por ano. Seja pelo que ele faz com o corpo – cirrose no fígado, câncer de boca, ataque cardíaco –, seja pelo que ele faz com a mente – a OMS coloca 27% dos acidentes de trânsito, 18% da violência doméstica mais 18% dos suicídios na conta do álcool.
Nada disso significa que o álcool seja um inimigo da humanidade. O vinho está entre nós há 8 mil anos. A cerveja, há 13 mil – por essas, há quem defenda que a criação da agricultura, pontapé inicial daquilo que chamamos de civilização, tinha como objetivo principal produzir cerveja, não comida. Dá para viver bem e beber, contanto que você o faça de forma civilizada.
Superinteressante
Por que é que a década de 20 só começa em 2021?
A culpa é de um monge do século 6. E, entre nós, você não deveria dar a mínima.
(Image Source/Getty Images)
A ideia de contar o tempo a partir do nascimento de Jesus é mais recente do que parece. Só começou 5 séculos após a crucificação. Se você voltasse no tempo para 400 d.C, por exemplo, e perguntasse para algum cidadão do Império Romano em que ano vocês estão, ele responderia: “ano 116”.
Nessa época, o cristianismo já era a religião oficial de Roma. A Igreja, porém, usava outro marco para estabelecer a contagem do tempo: o início do mandato de Diocleciano, imperador romano que, pelo calendário de hoje, governou entre 284 d.C. e 305 d.C.
Não era por amor a Diocleciano que a Igreja usava o início de seu reinado como marco zero. Muito pelo contrário. Diocleciano foi um grande perseguidor de cristãos. Depois que a religião se tornou oficial, em 380 d.C., a época de Diocleciano passou a ser chamada de “Era dos Mártires” – por conta dos cristãos que tinham morrido nas mãos do imperador. O início da Era dos Mártires, então, passou a marcar a contagem do tempo.
O marco era o início do governo de cada imperador; por essa contagem, Cristo nasceu no ano 14, o 14º do reinado de Tibério.
Antes disso, o marco era o início do governo de cada imperador; por essa contagem, Cristo nasceu no ano 14, o 14º do reinado de Tibério. Outra forma de contar o tempo era a partir da fundação de Roma, segundo a qual Jesus nasceu no ano 753, o ano do centésimo quinquagésimo terceiro aniversário da cidade. Essa data de fundação, 753 a.C., é lendária – não se sabe quando Roma surgiu, pelo menos não com essa precisão toda, mas essa é outra história.
O que importa aqui, de qualquer forma, é que o ano do nascimento de Jesus simplesmente não era usado pela Igreja.
Isso só começou a mudar no século 6, pelas mãos de um monge chamado Dionísio, o Exíguo (“exíguo” no sentido de “humilde”). Dionísio não era exatamente um homem humilde: era considerado o maior intelectual da sede da Igreja, em Roma. Por conta disso, o papa João I (470 d.C.–526 d.C.) encomendou a Dionísio um recálculo dos calendários, para determinar em qual dia de abril a Páscoa deveria ser celebrada nos anos seguintes (não havia um consenso sobre qual seria o dia exato para cada ano, como há hoje).
Dionísio, então, aproveitou para fazer uma mudança mais profunda. Além de calcular, de acordo com seus critérios, em quais dias a Páscoa deveria cair, ele fez um adendo: estipulou que aquele ano, o 241 da Era dos Mártires era, na verdade, o anno ab incarnatione Domini 525. Ou seja: o 525º ano após a “encarnação” do Senhor (“Domini”) em forma de ser humano. Com o passar dos séculos, essa forma de contar o tempo se universalizou – não que tenha sido da noite para o dia; Portugal só adotou o sistema no ano de 1400. A Rússia, em 1700.
A Igreja Ortodoxa seguiu usando outra contagem, uma derivação do calendário judaico cujo marco zero é a “origem do mundo”. Por esse sistema, Jesus teria nascido em 5500 a.M. (de anno Mundi).
A Igreja Ortodoxa seguiu usando outra contagem, uma derivação do calendário judaico cujo marco zero é a “origem do mundo”. Por esse sistema, hoje conhecido como Calendário Bizantino, Jesus teria nascido em 5500 a.M. (de anno Mundi). Já era um arredondamento forçado, pois eles também não tinham como estipular nada – a começar pela origem do mundo, “calculada” a partir da leitura do Velho Testamento.
Os próprios judeus, que escreveram o Velho Testamento, chegaram a outra conclusão. De acordo com sua interpretação dos textos sagrados, estamos hoje no ano 5780 – e a data que Dionísio estipulou para o nascimento de Cristo equivale ao ano 3760 do calendário deles.
Na Europa Ocidental, o uso da Era dos Mártires não foi substituído imediatamente pelo sistema de Dionísio. Com o esfacelamento do continente em diversos reinos, o normal voltou a ser usar a data de posse dos soberanos locais como marco zero.
O conceito de Dionísio só se popularizou mesmo na Europa a partir do século 8, por cortesia de Carlos Magno (742 d.C. – 814 d.C.) – além de conquistar boa parte do continente, ele apoiou os religiosos que defendiam a ideia de centralizar a contagem do tempo no nascimento de Jesus. E aí a ideia foi pegando, até se universalizar.
Muito bonito, a não ser por um detalhe: está tudo errado. Ninguém sabe quando Jesus nasceu.
Muito bonito, a não ser por um detalhe: está tudo errado. Ninguém sabe quando Jesus nasceu.
O Novo Testamento não diz nada sobre. O que há são menções a personagens históricos cujas datas são conhecidas por outras fontes. O Evangelho de Lucas, por exemplo, diz que João Batista começou a pregar no ano 15 do reinado de Tibério. O de Mateus, diz que Jesus nasceu no tempo de Herodes, o Grande, rei judeu vassalo de Roma, e que morreu, sabe-se hoje, no ano 4 a.C. Lucas, por outro lado, diz que Jesus nasceu quando Quirino, um político romano, comandava a Síria. Seu governo, porém, começou apenas no ano 6 d.C.
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Dada tamanha imprecisão dos evangelhos, simplesmente não dá para especificar a data do nascimento de Jesus – até o papa Bento 16 assumiu a existência desse problema, em 2012. Dionísio, porém, decidiu cravar o ano 14 do reinado de Tibério como “ano zero”.
Opa: Zero? Não… O número zero ainda não era usado na Europa – só viria bem depois, do Oriente. Não que os europeus não soubessem o que “zero” significa, mas as contagens, nos algarismos romanos da época, sempre começavam a partir do número I (um).
O que vem depois do ano 1 a.C., então, não é o ano 0 a.C. É o ano 1 a.C. Um erro grosseiro, já que bebês não nascem com um ano de idade.
O que vem depois do ano 1 a.C., então, não é o ano 0 a.C. É o ano 1 a.C. Um erro grosseiro, já que bebês não nascem com um ano de idade. Mas é assim que ficou. Com esse pecado original na contagem, a segunda década da Era Cristã começou só no ano 11 d.C., sendo que o último ano da primeira década foi o ano 10 a.C. E o problema segue. O terceiro milênio só começou em 2001, não em 2000. E a década de 20 do século 21 só começa em 2021, não em 2020.
Mas, quer saber? Isso não tem importância. Só não houve um ano zero por uma gafe matemática, digamos assim. Se você sempre entendeu que os anos 20 de 100 anos atrás – o das dançarinas de cancã, da Semana de 22 e do crash da bolsa de NY – começou em 1920, não tem nada demais em considerar que os novos anos 20 começaram agora. Aproveite.
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Quatro invenções praianas de Leonardo da Vinci
Stand up paddle, parapente, asa-delta, traje de mergulho... Estava tudo no cadernão de esboços do mestre há meio milênio.
(Divulgação / Reprodução/Superinteressante)
Stand up paddle
Leonardo Da Vinci (1452-1519), o mais renascentista entre os renascentistas, tem uma ligação inusitada com o verão. Entre seus vários projetos célebres (como o de um tanque de guerra e o de “robôs” analógicos) estão algumas criações que têm tudo a ver com as férias – e que, como boa parte da obra de Da Vinci ligada à engenharia, acabaria sendo inventada alguns séculos depois. É o caso desse equipamento para andar sobre a água – um primo desengonçado dos stand up paddles de hoje.
Era bem simples. De acordo com os esboços preservados cadernão conhecido como Codex Atlanticus, o usuário só precisaria calçar sapatos especiais, que não passariam de versões modificadas de odres (aquelas bolsas de couro para armazenar vinho) cheios de ar para dar flutuação ao aventureiro.
Nas mãos, ele seguraria um par de varetas com círculos nas pontas, mais ou menos parecidos com bastões de esqui, que lhe garantiriam equilíbrio. Mas não. Os vários protótipos que já fizeram da coisa indicam que esse não foi exatamente o momento mais brilhantes de Leonardo.

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Asa delta
Da Vinci era vidrado por aviação – cinco séculos antes do avião. O renascentista queria a todo custo descobrir o segredo dos pássaros. Gênio que era, achou que seria capaz de criar uma máquina voadora. E criou algo parecido com as asas-deltas de hoje.
O modelo tem asas inspiradas nas dos morcegos. A engenhoca seria equipada com uma grande argola, dentro da qual ficaria encaixado o corpo do piloto. Teria também suportes para direcionar as asas e estribos que permitiriam batê-las.
Tudo leva a crer que Da Vinci sabia o quão inviável era seu “morcegão”. Afinal, ele entendia muito de anatomia humana também. Seguramente tinha ciência de que nenhum ser humano conseguiria bater as asas do aparelho com a força e a rapidez necessárias para mantê-lo no ar. O mais provável é que o inventor, neste projeto específico, tenha literalmente dado asas à imaginação, com pouco – ou nenhum – compromisso com a realidade.

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Parapente
Esse projeto célebre de Da Vinci costuma aparecer descrito como “paraquedas”. Mas o que temos aí é um parapente – um artefato para quem pretende saltar de montanhas, dada a não existência de aviões. O próprio Leonardo descreveu: “Com ela, pode-se saltar de qualquer grande altura sem sofrer nenhum tipo de ferimento”.
Otimismo à parte, o fato é que, ao menos neste caso, o inventor não estava sendo propriamente revolucionário. Um desenho semelhante já tinha sido produzido por um engenheiro anônimo de Siena 15 ou 20 anos antes, por volta de 1470.
Superficialmente, o esboço mais antigo lembra o do florentino. O parapente em questão tem formato cônico e um sistema de armações de madeira para reforço, que serviria também como ponto de apoio para o usuário. Seu problema, aparentemente, era a escala: o mais provável é que a parte “mole” do paraquedas não fosse grande o bastante para dar sustentação a um ser humano no ar.
Ninguém sabe se Da Vinci ouviu falar desse primeiro esboço ou não, mas o fato é que seu projeto era melhor e teria mais chances de funcionar. Uma das principais diferenças era a moldura quadrada, que conferia ao aparato um formato piramidal. A estrutura seria feita de linho e teria uma abertura de aproximadamente 8 x 8 metros. Os desenhos indicam ainda que, da moldura até a ponta, o parapente também mediria cerca de 8 metros – proporções bem mais promissoras do que as apresentadas no esboço mais antigo. Diferentemente do que se vê nos equivalentes modernos, Da Vinci não previu no seu projeto um pequeno furo no topo – essencial para a estabilidade na descida, pelo que sabemos hoje.
PESADÃO, MAS ESTÁVEL
Em julho de 2000, com a ajuda de engenheiros da Universidade de Cardiff, no País de Gales, o paraquedista britânico Adrian Nicholas saltou de 3.000 metros de altitude com um paraquedas igualzinho ao projetado por Da Vinci. Mas igualzinho mesmo. Construído, inclusive, com os mesmos materiais aos quais o inventor teria tido acesso em sua época: algodão, madeira de pinheiro e cânhamo. O salto ocorreu na África do Sul, em meio a um clima de muita ansiedade. Mas foi um sucesso. O paraquedas renascentista se comportou tão bem que Nicholas chegou a afirmar que ele era mais estável que os similares modernos. Só um “pequeno problema”, por assim dizer, não foi devidamente equacionado: o equipamento pesa cerca de 90 quilos, o que torna o pouso um momento potencialmente perigoso. Para não correr riscos, Nicholas preferiu abrir um paraquedas convencional quando faltavam 600 metros para atingir o solo.

(Divulgação / Reprodução/Superinteressante)
Traje de mergulho
Tudo indica que uma rápida passagem de Leonardo da Vinci por Veneza, no fim do século 15, tenha inspirado a tentativa do mestre de criar um traje de mergulho – um escafandro, no caso. A tese faz sentido: além da localização semiaquática da cidade-estado italiana, com seus famosos canais, havia a motivação militar, que também está por trás de outros vários dos inventos do renascentista.
Naquela época, a república veneziana travava uma guerra duríssima contra o Império Otomano, liderado por turcos muçulmanos. O conflito colocava em risco o poderio comercial de Veneza no Mar Mediterrâneo. Diante desse cenário conflituoso, Da Vinci teria tido um estalo. E se os venezianos conseguissem atacar as embarcações turcas por baixo, com investidas pelo fundo do mar?
A solução, esboçada pelo inventor no Codex Atlanticus, lembra, à primeira vista, uma roupa de aviador do começo do século 20. Feita de couro, ela recobriria o corpo todo do escafandrista, incluindo jaqueta, calças e uma máscara com um par de visores para que o mergulhador conseguisse enxergar o ambiente ao seu redor.
A parte mais legal, complicada e incerta, no entanto, tem a ver com o mecanismo usado para que a pessoa conseguisse respirar debaixo d’água. Os esboços mostram longos tubos flexíveis que saem da máscara e vão terminar acima da linha da superfície, em flutuadores que seriam feitos de cortiça – e que, por isso, ficariam boiando. Isso permitiria que as pontas desses tubos ficassem permanentemente em contato com o ar, possibilitando a respiração regular do mergulhador.
Da Vinci também levou em consideração outras necessidades de seus escafandristas teóricos, como a estabilidade dentro d’água (ele chegou a pensar em um sistema de pesos que os mantivesse eretos no solo marinho), a possibilidade de subir ou descer com a ajuda de balões cheios de ar e até uma bolsa de couro separada para guardar o xixi dos mergulhadores caso eles ficassem apertados durante suas missões.
NA PRÁTICA, A TEORIA É OUTRA
Em 2003, o escafandro de Leonardo da Vinci foi testado por uma equipe de documentaristas da emissora britânica BBC, durante as filmagens de um programa sobre as invenções do gênio renascentista. Uma mergulhadora profissional experimentou o equipamento duas vezes. Primeiro, em uma piscina. Depois, nas águas turvas e geladas de Veneza. Nas duas situações, o aparato funcionou. Apresentou, no entanto, uma deficiência grave: pequenas variações de profundidade, por menores que fossem, tornavam a respiração da “cobaia” difícil e dolorosa. A solução encontrada pela equipe para contornar o problema foi o uso de um fole para bombear ar na câmara de cortiça. Da Vinci poderia ter previsto o bombeamento de ar em seu projeto, uma vez que havia tecnologia para isso na época. Mas não previu.
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E se o Irã entrasse em guerra com os EUA?
Quais são as chances de o país entrar em conflito com os americanos? E, caso isso ocorra, o que acontecerá com o Irã?
Por Fábio Marton
(Anadolu Agency/Getty Images)
A morte do general Qasem Soleimani em Bagdá, após um ataque americano, foi só a cereja do bolo bélico entre Irã e EUA. Em 13 de junho, dois petroleiros, um da Noruega, outro de Taiwan, foram danificados pelo que pareceram ser torpedos perto do Estreito de Ormuz, a saída do Golfo Pérsico, lugar por onde passa 30% de todo o petróleo do mundo. Os EUA acusaram o Irã, que negou.
Em 20 de junho, um enorme drone de reconhecimento americano RQ-4 Global Hawk, 40 metros de asa a asa, valendo US$ 130 milhões, foi abatido no mesmo estreito. Dessa vez o Irã reconheceu a autoria do ataque, afirmando ser seu direito, pois a aeronave estava invadindo seu espaço aéreo. Os americanos afirmaram que foi em mar aberto. Pouco depois, Donald Trump anunciou por seu Twitter que havia ordenado um ataque retaliatório, mas desistido a 10 minutos do início.
Em 1º de julho, a mídia iraniana revelou que o país havia superado em 300 kg o estoque máximo de urânio determinado no Plano de Ação Conjunto Global, acordo de 2015 que visava impedir o país de obter armas nucleares – dando a entender que o Irã pretende voltar a desenvolver um arsenal atômico. Não para por aí: no dia 4, um petroleiro iraniano foi invadido por tropas britânicas, que renderam seus tripulantes, sob a acusação que se destinava ao Hezbollah. O Irã prometeu retaliação.

Duas forças
Vai ter guerra? Se tiver, há algo para o que o Irã parece estar preparado: derrubar coisas do ar. O país conta com a Força de Defesa Aérea, parte do Exército especializada em lidar a partir do solo com ameaças pelo ar. A FDA opera equipamentos como bases de radar, mísseis, artilharia e baterias de canhões antiaéreos, e também conta com tropas de infantaria especializada antiaérea, que pode se esconder e disparar seus mísseis Missagh e Qaem contra aviões, drones e helicópteros, sumindo de vista depois disso.
As forças do Irã são divididas em duas: o Exército da República Islâmica do Irã e o Exército da Guarda Revolucionária Islâmica. Ambas têm suas respectivas forças de ar, terra e mar (com a citada FDA sendo parte do Exército da República). Respondem não ao presidente, mas ao Supremo Líder do Irã, a autoridade religiosa vitalícia, papel ocupado pelo aiatolá Ali Khamenei desde 1989. O Exército da República tem o papel de uma força militar tradicional, proteger o país de ameaças externas.
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O Exército da Guarda, que tinha Soleimani no comando, é bem diferente. Tem por função defender o regime islâmico e sua natureza religiosa. A Guarda foi fundamental na Guerra Irã-Iraque (1980-1988). Em geral, seu foco é mais na guerra assimétrica, que compreende situações de guerrilha e insurgência, do que no combate convencional. Sua força terrestre não tem tanques. A Força Aérea trabalha mais com drones e transportes que caças. A Marinha é formada por pequenos barcos, incluindo até veleiros, para ações rápidas de guerrilha.
Dentro do país, o poder da Guarda é imenso: ela é responsável pela repressão de dissidentes e dos costumes “ocidentais”. Para isso conta com, além das forças regulares já citadas, a Basij, uma organização de voluntários religiosos, posta para funcionar contra os manifestantes em 2009 e 2017-2018. E também a Força Quds, com espiões e comandos que operam também internacionalmente, treinando militantes no exterior – como o Hezbollah. Por esse motivo, EUA, Arábia Saudita e Bahrein consideram a Guarda Revolucionária uma organização terrorista – classificação que não aplicam ao Exército iraniano.

Falando em Hezbollah, é praticamente outra parte das forças iranianas. O “Partido de Deus” (significado do nome) do Líbano foi criado, treinado e armado pela Guarda Revolucionária do Irã. É, segundo vários analistas, inclusive o High Level Military Group (“Grupo Militar de Alto Nível”), formado por estrategistas da Otan, o “ator não estatal mais poderoso do mundo”. Com uma força estimada de 25 mil soldados e até 150 mil mísseis, tanques e dezenas de drones, é muito mais forte que o próprio Exército do Líbano, e uma ameaça bem próxima a Israel. Também um partido legalizado em seu país, com 13 assentos no Parlamento (de 128), com ramos em outros países. No atual conflito da Síria, o Partido tem lutado junto com a Guarda Revolucionária, forças sírias e russas contra dissidentes e o Estado Islâmico.
Ex-amigo
O Irã tem uma velha história com seus maiores inimigos, os EUA. Antes da Revolução Islâmica de 1979, que deu origem ao regime atual, havia a monarquia do xá Reza Pahlavi. Até então, o Irã era um aliado decisivo do Ocidente. Assim, quando a República Islâmica começou, tinha em mãos um arsenal do Ocidente, seu novo inimigo.
E recusou a se aliar à União Soviética, com o primeiro Supremo Líder, Aiatolá Khomeini, declarando o comunismo incompatível com o islã. Isolado, o país teve que desenvolver suas próprias armas. A herança dos tempos ocidentalizados é bem visível nos clones de fuzis alemães e americanos vistos nas mãos dos soldados, os helicópteros AH-1 Supercobra antigos e na versão local, o Toufan. Também os jatos F-14, que foram vendidos ao xá antes de sequer começarem a ser operados pelos EUA. O Irã basicamente copia os americanos, justamente porque são seus inimigos mais prováveis. Em 2012, o país se declarou autossuficiente em matéria de armas.
O nome é o da espada de duas pontas do profeta Ali – figura central na fé xiita, o sucessor de Maomé que, ao ser assassinado, em 661, levou à divisão do Islã em xiitas e sunitas. Sua tecnologia é uma amálgama dos tanques soviéticos T-72, exportados após o fim do regime, e dos americanos M-48 e M-60, heranças dos tempos do xá. Em 2016, os iranianos anunciaram um sistema de defesa ativa, capaz de detectar projéteis em 360 graus por radar computadorizado e inutilizá-los com seus próprios projéteis. Se de fato funciona, o tanque iraniano é realmente avançado.
O nome é o da espada de duas pontas do profeta Ali – figura central na fé xiita, o sucessor de Maomé que, ao ser assassinado, em 661, levou à divisão do Islã em xiitas e sunitas. Sua tecnologia é uma amálgama dos tanques soviéticos T-72, exportados após o fim do regime, e dos americanos M-48 e M-60, heranças dos tempos do xá. Em 2016, os iranianos anunciaram um sistema de defesa ativa, capaz de detectar projéteis em 360 graus por radar computadorizado e inutilizá-los com seus próprios projéteis. Se de fato funciona, o tanque iraniano é realmente avançado. (Zulfiqar/Divulgação)
Mesmo tentando imitar as armas americanas, o Irã sabe bem que não pode vencer no combate convencional. Então a doutrina é de guerrilha, causar o maior dano possível, de forma a tornar a invasão inviável política e economicamente.
Com seu arsenal de mísseis e drones, a ideia do Irã é saturar os céus, atingindo Israel, as forças americanas e possivelmente também a Arábia Saudita. Não é uma ameaça fácil de neutralizar. Em 2015, o chefe da Força Aeroespacial da Guarda Revolucionária, o brigadeiro-general Amir Hajizadeh, demonstrou como funciona uma base subterrânea profunda iraniana. Segundo o governo do Irã, essas bases ficam a 500 metros de profundidade, quase impossíveis de atingir, e “em todas as províncias e cidades do Irã”. Pura propaganda? O especialista em defesa israelense Tal Inbar, chefe do Centro de Pesquisa Espacial no Instituto Fisher de Estudos Estratégicos Aeroespaciais, discorda. Afirma que o Irã conta com um “sistema enorme e complexo de túneis” e que poderia ordenar um massivo ataque-surpresa.
Caso haja invasão, também não deve ser moleza. Primeiro porque não haveria um lugar por onde começar o ataque por terra, como na Guerra do Iraque, em que as tropas americanas puderam se concentrar no vizinho e aliado Kuwait. Não é certo que o Iraque, o aliado mais próximo com acesso ao mar, aceitaria permitir uma presença massiva americana logo depois de eles terem saído – e depois de Trump ter azedado as relações proibindo a entrada de iraquianos nos EUA. Além disso, o Iraque está infiltrado por milícias xiitas comandadas pela Guarda Revolucionária do Irã.
O Irã começou seu programa de mísseis balísticos – do tipo que vai ao espaço para cair novamente em velocidade hipersônica – importando e copiando modelos russos e norte-coreanos. Mas a família Sejil é uma criação original. Diferentes dos outros, usam combustível sólido, então podem ser armazenados prontos para atacar a qualquer instante. Um foguete a combustível líquido precisa ser carregado antes do disparo, ao longo de horas, expondo sua localização por conta dos comboios de caminhões de combustível. A ogiva do Sejil é do tipo MIRV: múltiplas cargas, evitando as defesas inimigas. Relatos não confirmados afirmam que o Sejil já estaria na versão 3, com o dobro do tamanho, três estágios e alcance de 4 mil km.
O Irã começou seu programa de mísseis balísticos – do tipo que vai ao espaço para cair novamente em velocidade hipersônica – importando e copiando modelos russos e norte-coreanos. Mas a família Sejil é uma criação original. Diferentes dos outros, usam combustível sólido, então podem ser armazenados prontos para atacar a qualquer instante. Um foguete a combustível líquido precisa ser carregado antes do disparo, ao longo de horas, expondo sua localização por conta dos comboios de caminhões de combustível. A ogiva do Sejil é do tipo MIRV: múltiplas cargas, evitando as defesas inimigas. Relatos não confirmados afirmam que o Sejil já estaria na versão 3, com o dobro do tamanho, três estágios e alcance de 4 mil km. (Sejil2/Getty Images)
Restaria uma invasão anfíbia pela costa do Irã, sempre algo bastante complicado e perigoso, momento no qual as forças americanas estariam extremamente expostas aos ataques por mísseis. Do lado americano, aviões, mísseis e drones tentariam exterminar a parruda defesa antiaérea do país, certamente sofrendo baixas. Além disso, o Irã seguramente mobilizaria suas redes pelo mundo islâmico para incendiar a região.
O Irã não tem chances de impedir que seu regime seja derrubado se os EUA realmente quiserem. A pergunta é: a esse custo todo, vão querer? E, se não quiserem, irá o Irã abandonar de vez a diplomacia e terminar de desenvolver suas armas nuclares? Isso mudaria o jogo completamente.
Superinteressante
Soleimani articulou atentado que matou 85 em Buenos Aires
Explosão em centro judaico na Argentina deixou 300 feridos em 1994
Por Ernesto Neves
Escombros deixados pela explosão na sede da AMIA, em Buenos Aires, em 1994 Veja/VEJA
O general Qassem Soleimani, assassinado pelos Estados Unidos na última quinta (2), esteve por trás dos atentados à Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em Buenos Aires, no dia 18 de julho de 1994.
O ato terrorista foi provocado por uma van carregada com 400 quilos de explosivos, deixando 85 mortos e 300 feridos. Esse foi o mais sangrento atentado da história argentina. Dois anos antes, outro atentado destruiu o prédio da embaixada de Israel em Buenos Aires.
O envolvimento de Soleimani foi lembrado por políticos e jornais de Israel nesta sexta (3).
“Parabenizo o presidente Donald Trump e todo o Oriente Médio pela ação que matou Soleimani”, disse Yair Lapid, líder do partido de oposição israelense Azul e Branco.
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“Ele planejou e liderou ataques terroristas mortais de Damasco a Buenos Aires e é responsável pelo assassinato de milhares de civis inocentes. Ele teve exatamente o que merecia”, completou.
Veja
Rejeição a planos de Moro na Câmara chega a 80%
Ministro tem enfrentado dificuldade com a classe política

Resultados passaram a ser mais duros para Moro após junho | Foto: Marcos Corrêa / PR / Palácio do Planalto / Divulgação / CP
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O ministro da Justiça e da Segurança Pública Sérgio Moro acumulou uma série de derrotas em votações de projetos de seu interesse na Câmara dos Deputados no decorrer do seu primeiro ano na Esplanada dos Ministérios. Embora continue sendo bem avaliado pela população em pesquisas de opinião, o antigo juiz da Lava Jato tem enfrentado dificuldade quando depende da classe política. A rejeição a alguns dos seus projetos em votações nominais chegou a 80%, segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo.
O ministro sofreu reveses em votações sobre a manutenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) em sua pasta; no pedido de tramitação em regime de urgência para o projeto sobre abuso de autoridade; num destaque sobre os efeitos da condenação por abuso de autoridade; e num destaque sobre o juiz de garantias.
Os resultados passaram a ser mais duros para o ministro após junho, com a divulgação de transcrições de supostas mensagens trocadas com procuradores da Lava Jato, que colocaram em dúvida a sua atuação como juiz na operação. Algumas das maiores bancadas - como as do PL, Republicanos, PDT e MDB, que teve políticos investigados por Moro na Lava Jato - passaram de divididas a quase totalmente contrárias às pautas do ministro.
Além, disso, Moro perdeu, em duas ocasiões, o apoio integral do Cidadania e do Podemos - sigla que tenta encampar o discurso a favor da Lava Jato. Apenas o Novo foi integralmente a favor de Moro. Já o PC do B e PSOL são as únicas legendas que sempre votaram integralmente contra.
A primeira derrota nominal aconteceu na Câmara, em maio, e se repetiu na semana seguinte no Senado. Ao avaliar onde funcionaria a estrutura do Coaf, os deputados rejeitaram um destaque do Podemos para que o órgão ficasse dentro do ministério da Justiça, como desejava seu titular. Na votação, 228 deputados de um total de 438 votantes, discordaram do ministro e permitiram que a estrutura migrasse para o Ministério da Economia.
Na votação que deu caráter de urgência à proposta sobre abuso de autoridade, o revés para o ex-juiz foi de 342 a 83 - 80% dos deputados que votaram. Um destaque do PSL para excluir efeitos da condenação por abuso perdeu por 325 a 133, uma taxa de 70%. O texto-base foi aprovado em votação simbólica, ou seja, quando o voto individual não é registrado.
Enquanto perde apoio de políticos, Moro segue com 53% de aprovação da população, segundo pesquisa Datafolha divulgada no início de dezembro.
Autoria
A falta de valorização de projetos sobre os quais o Congresso já havia trabalhado é apontada por políticos como um dos motivos do mau desempenho na Câmara. Ministro da Justiça entre 2011 e 2016, José Eduardo Cardoso, conseguiu aprovar ao menos dois projetos voltados à área de segurança pública no primeiro ano no cargo. Um dos projetos alterou o Código de Processo Penal - tratando de prisões, medidas cautelares e liberdade - e o outro permitia a remição de parte da pena por estudo e trabalho. Ambas as propostas já estavam em tramitação havia anos no Congresso.
"Uma estratégia que utilizamos sempre que possível era valorizar o Congresso, porque isso facilita o diálogo", disse Cardozo ao Estado. "Não foi essa a estratégia que o Ministério da Justiça utilizou agora."
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a explicitar descontentamento com o fato de Moro ter apresentado novos projetos - em vez de encampar um já em tramitação. Em março, disse que o pacote anticrime era um "copia e cola" de plano que havia sido preparado em 2018 pelo hoje ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes - ele havia ocupado a cadeira de Moro entre 2016 e 2017.
O resultado da duplicação de projetos atingiu a proposta de criminalização do caixa 2 em eleições, ainda em tramitação. O projeto foi apensado no texto do deputado Mendes Thame (PV-SP), que foi juntado a outro, de Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), anexado a um terceiro, de Alexandre Silveira (PSD-MG), que, finalmente, foi inserido em um texto de Aécio Neves (PSDB-MG), alvo da Lava Jato.
Além disso, Moro também foi criticado por estimular aliados a colocarem três textos do pacote anticrime para tramitar no Senado em março, gerando desgaste com Maia, que havia sido criado um grupo de trabalho para avaliar a proposta.
Relevância
Procurado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o Ministério da Justiça afirmou que a aprovação do principal texto do pacote anticrime, "ainda que com modificações, foi um passo relevante" no combate à corrupção, ao crime organizado e à criminalidade violenta. A pasta cita três pontos aprovados que foram sugeridos por Moro: a execução imediata da condenação do Tribunal do Júri, a vedação de progressão de regime para preso que é membro de facção criminosa e a vedação da saída temporária em caso de crime hediondo com morte. A nota menciona ainda a conversão em lei da MP que tratou da gestão de bens apreendidos como produtos de crimes relacionados ao tráfico de drogas. O ministério disse, ainda, que medidas de caráter executivo reduziram a criminalidade.
Agência Estado e Correio do Povo
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De um lado, professores defendem que somente retomarão o período de retomada das aulas perdidas após o pagamento dos cortes efetuados. do outro, o governo tem sustentado que não há chance de pagamento, enquanto as aulas não forem retomadas. Ao Secretário da Educação Faisal Karam, foram dadas 48 horas para se estabelecer um cronograma de recuperação das aulas. Leia mais notícias ► http://correiodopovo.com.br/ Facebook ► https://www.facebook.com/correiodopovo Twitter ► https://twitter.com/correio_dopovo Instagram ► https://instagram.com/correiodopovo/
Michelle Bolsonaro tem alta de hospital e retorna ao Alvorada
Primeira-dama passou por três procedimentos estéticos

Após os procedimentos, a primeira-dama Michelle Bolsonaro apresentou "ótima evolução clínica" | Foto: Isac Nóbrega / PR / CP
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A primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu alta na manhã deste sábado (4) do hospital em Brasília em que estava internada após a realização, na última quinta-feira (2), de cirurgias estéticas. Ela retornou ao Palácio da Alvorada por volta das 11h30min.
Segundo boletim médico divulgado pelo hospital DF Star e assinado pelo cirurgião plástico Régis de Souza Ramos Júnior, após os procedimentos a primeira-dama apresentou "ótima evolução clínica".
Ontem (3), ao falar com jornalistas no saguão do hospital, o médico disse que Michelle estava "caminhando, comendo de tudo e muito animada".
Michelle passou por três procedimentos estéticos, sendo dois na região do abdome e uma troca das próteses de silicone nos seios.
Na barriga, foram feitas correções de diástase (afastamento do músculo abdominal) e de uma hérnia umbilical, ocorrência comum em mulheres que passaram por gestações. Já a troca do silicone se deu porque as próteses tinham mais de 10 anos e geravam desconforto na primeira-dama. Durante sua recuperação, a primeira-dama recebeu três visitas do presidente Jair Bolsonaro.
Agência Brasil, Agência Estado e Correio do Povo


