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STJ nega pedido de prisão domiciliar a Maluf

Defesa do deputado alega riscos a saúde para justificar pedido de medida liminar

Defesa alega riscos a saúde para justificar pedido de medida liminar | Foto: Sérgio Lima / AFP / CP Memória

Defesa alega riscos a saúde para justificar pedido de medida liminar | Foto: Sérgio Lima / AFP / CP Memória

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Jorge Mussi, indeferiu pedido liminar de prisão domiciliar apresentado pela defesa do deputado Paulo Maluf (PP-SP), preso desde dezembro de 2017 por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa alega questões humanitárias e riscos à saúde do deputado para justificar a concessão da medida liminar, mas o ministro entendeu que, por ora, os autos indicam que o parlamentar tem recebido assistência médica adequada na prisão.

As informações foram divulgadas no site do STJ. Maluf foi condenado pelo STF à pena de sete anos e nove meses de prisão, em regime fechado, pela prática de crime de lavagem de dinheiro. Ele é acusado de ter desviado recursos dos cofres públicos quando exerceu o cargo de prefeito de São Paulo entre  1993 e 1996 e enviado o dinheiro para contas nos Estados Unidos. Por meio do habeas corpus, a defesa apontou o "caráter humanitário do pedido de recolhimento domiciliar, tendo em vista o frágil estado de saúde do parlamentar".

Além da idade avançada do deputado, está com 86 anos, a defesa alegou que Maluf tem doenças graves como câncer e diabetes, "com possibilidade de deterioração rápida do quadro clínico no caso de manutenção da prisão". Ainda segundo a defesa, o crime imputado ao parlamentar teria sido cometido há mais de 20 anos, o que demonstraria "a ausência de risco à ordem pública ou econômica no caso de concessão de prisão domiciliar". O ministro Jorge Mussi destacou, inicialmente, que desde 2016 o Supremo tem adotado o entendimento de que é possível a execução provisória de acórdão penal condenatório, inclusive nos casos de ação penal de competência originária, não havendo que se falar, neste caso, em ofensa ao princípio da presunção de inocência.

"Por conseguinte, muito embora haja a possibilidade de julgamento do recurso defensivo pela Suprema Corte, é certo afirmar que, por ora, o recolhimento provisório do paciente não advém de um decreto preventivo, mas sim de execução provisória de pena, decorrente do acórdão condenatório, de modo a afastar a incidência do artigo 318 do Código de Processo Penal, invocado pela defesa, e atrair o regramento do artigo 117 da Lei de Execução Penal", apontou o ministro.

Em relação ao pedido de prisão domiciliar humanitária, Mussi destacou que, de acordo com informações do juízo da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, Maluf "vem recebendo a assistência médica necessária à sua saúde, inclusive com a adoção, pelo estabelecimento prisional, das exigências da defesa com vistas a evitar a ocorrência de danos mais sérios".

Ao indeferir o pedido de liminar, Jorge Mussi ressaltou. "A questão poderá ser analisada em maior profundidade pelo colegiado, quando do exame do mérito da impetração, pois não se desconhece o grave estado de saúde do paciente, mas também não se pode deixar de reconhecer, neste momento, o adequado tratamento médico aparentemente disponibilizado pelo estabelecimento prisional em que se encontra recolhido, o que não impedirá a adoção de outras providências que se fizerem necessárias, no curso da execução da pena, caso ocorra alteração do quadro fático, visando resguardar a dignidade e condições físicas e mentais do paciente." O mérito do habeas corpus será julgado pela Quinta Turma, sob a relatoria de Mussi.


Estadão Conteúdo e Correio do Povo

No STF, Barroso nega concessão de indulto a Henrique Pizzolato

Ministro concedeu liberdade condicional em dezembro

Pizzolatto está em liberdade condicional desde dezembro | Foto: Rodrigo Paiva / AE / CP

Pizzolatto está em liberdade condicional desde dezembro | Foto: Rodrigo Paiva / AE / CP

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido de concessão de indulto ao ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. Ele está em liberdade condicional desde dezembro, concedida por Barroso. O pedido pelo perdão da pena havia sido feito por sua esposa, Andrea Eunice Haas, com base no Decreto de 2017 concedido pelo presidente Michel Temer.

O indulto, no entanto, teve pontos suspensos por uma decisão da presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, que foi confirmada por Barroso, que também é relator da ação da Procuradoria-Geral da República (PGR) que questiona na Corte Suprema trechos do decreto. Entre outros trechos, foi impugnado aquele que conferia perdão a quem tivesse cumprido um quinto da pena nos crimes sem grave ameaça ou violência, e o que conferia a possibilidade da concessão do indulto a quem não quitou dívida e multa com a União.

Pizzolato, condenado do mensalão, deve cerca de R$ 2 milhões à União em multa criminal. Ao negar a concessão de indulto, Barroso lembra da suspensão de parte do decreto. "Decisão cautelar confirmada por esta relatoria, ainda em exame sumário da matéria, em 1º de fevereiro de 2018, com pedido de inclusão do feito em pauta para julgamento do Plenário. A falta de amparo jurídico, portanto, impossibilita a concessão do indulto", afirmou o ministro na decisão, assinada nesta quinta-feira, 8. Barroso recorda também que, ao conceder a liberdade condicional a Pizzolato, foi feita uma série de exigências ao ex-diretor do BB. "Sem prejuízo, condicionei a manutenção do benefício à prestação de garantia exigida pela Fazenda Nacional para fins de formalização do parcelamento da multa".

O ministro destaca também que Pizzolato ainda não formalizou o parcelamento do débito da multa perante a Fazenda Nacional, "o que também impediria o deferimento do indulto". Parcelamento A dívida de Pizzolato também foi assunto da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) no início do ano, quando negou o pedido dele de dispensa de garantia para formalização do pagamento da multa criminal. Para conseguir a condicional, uma das exigências da Justiça era o pagamento dos débitos da multa. Para isso, foi determinado que Pizzolato apresentasse à Procuradoria Regional da Fazenda Nacional da 1ª Região, no prazo de 30 dias, "a garantia real ou fidejussória, necessária ao parcelamento de débitos".

Em despacho do dia 10 de janeiro, a PGFN mostra que o ex-diretor de marketing do BB havia pedido a suspensão dessa garantia, o que foi negado pela procuradoria-geral. Na ocasião, o advogado de Pizzolato, Hermes Guerrero, afirmou que o banco não concedeu essa garantia. "Esse é o problema. Nós fizemos uma petição ao ministro explicando isso. Temos que achar uma outra solução. O Pizzolato não pode ser prejudicado por uma coisa que não depende dele", disse Guerrero.

Condenado em 2012 por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro, Pizzolato passou um ano e sete meses cumprindo pena em regime fechado na Penitenciária da Papuda e, desde maio de 2017, estava no semiaberto. A reportagem entrou em contato com a defesa de Pizzolato, mas não teve resposta até a publicação desta matéria. O espaço está aberto para manifestação da sua defesa.


Estadão Conteúdo e Correio do Povo

STF arquiva inquérito contra José Serra na Lava Jato

Tucano estava sob investigação por suposta prática de caixa 2

Rosa Weber reconheceu a prescrição do ilícito atribuído a Serra | Foto: Carlos Moura / STF / CP

Rosa Weber reconheceu a prescrição do ilícito atribuído a Serra | Foto: Carlos Moura / STF / CP

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), extinguiu a punibilidade do senador José Serra (PSDB-SP) e decretou o arquivamento de um inquérito contra o tucano no âmbito da Operação Lava Jato. A decisão foi tomada na última quinta-feira. Serra estava sob investigação por suposta prática de caixa 2 - falsidade ideológica eleitoral por violação ao artigo 350 do Código Eleitoral. A magistrada, acolhendo manifestação da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, reconheceu a prescrição do ilícito atribuído a Serra.

O empresário Joesley Batista, da JBS, declarou que fez doações não contabilizadas, por meio de contratos simulados com empresas que teriam sido indicadas pelo tucano, na campanha presidencial de 2010. Em sua decisão, a ministra destacou que "o delito em questão possui apenamento de reclusão, se o documento é público, e reclusão até três anos, se o documento é particular". Rosa Weber observou que "prestação de contas de campanha eleitoral possui natureza de documento público". A ministra salientou que neste caso a prescrição ocorreria em 12 anos. Como o senador tem mais de 70 anos, a prescrição tem seu prazo reduzido pela metade.

"Logo, para o delito de falsidade ideológica eleitoral, cuja pena máxima é de cinco anos, a prescrição, para o investigado, consuma-se em seis anos", assinalou a magistrada. "Nos termos requeridos pela eminente Procuradora-Geral da República, declaro extinta a punibilidade quanto aos fatos relacionados à falsidade ideológica eleitoral supostamente ocorridos em 2010, nos termos do artigo 109 III, c/c artigo 115, todos do Código Penal. Como consequência, determino o arquivamento do inquérito em relação ao delito mencionado, sem prejuízo de novas investigações por fatos conexos, caso surjam novas evidências, tudo nos termos do artigo 18 do Código de Processo Penal."


Estadão Conteúdo e Correio do Povo

O búfalo e o agronegócio, por Lúcio Machado Borges*

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A carne de búfalo é saudável, com 12% menos gordura, 55% menos colesterol e tem 12% mais de proteína. O queijo mussarela fabricado a partir do leite de búfalo tem uma perspectiva melhor da produção em 2018.

O problema é que o Rio Grande do Sul tem menos de 60 mil cabeças de búfalo no estado. Logo, não temos como ter uma produção em grande escala.

Não existe abigeato de búfalo. Porto Alegre possui 8% de área rural e tem criação de búfalo. Em Viamão, tem criação de búfalos e zero por cento de abigeato de búfalo. Porto Alegre tem casos diários de abigeatos de ovinos e bovinos. A capital gaúcha já teve forte bacia de leite e por causa das dificuldades encontradas com o abigeato, diminuiu muito nos últimos anos.

O búfalo é muito difícil de laçá-lo para carneá-lo. Porém, o búfalo é mais dócil do que o bovino. No entanto, é preciso abolir o cachorro, o laço e o relho para ter um bom relacionamento com o animal. O leite está caro em Porto Alegre. No entanto, o produtor está mal remunerado. Por causa da crise e por causa da grande produção, os preços caíram acentuadamente. A saída que os produtores estão tentando é aumentar a exportação. O Brasil já exporta para 45 países e o grande problema do país é o preço. Os insumos e o maquinário agrícola no país é muito caro, por causa da alta carga tributária. Isso acaba inviabilizando a comercialização dos produtos agrícolas brasileiros no exterior, já que os nossos preços acabam ficando muito elevado para competir.

Por falta de matéria-prima, o Rio Grande do Sul produz pouca ricota e manteiga de leite de búfalo. O animal se alimenta até de (capim) anoni porque a sua mandíbula é muito forte. Tendo pasto e água, o animal engorda bastante.

Uruguaiana também tem criação de búfalos. O preço da carne de búfalo é igual a do gado. No entanto, a lucratividade é muito maior, já que praticamente não há gastos com vermífugos (parasiticida, vermicidas ou anti-helmínticos) com os animais.

A vaca produz em média, 5,1 litros de leite por dia. O leite de búfalo é mais favorável porque necessita de mais de seis litro (entre seis e dez) para a produção de queijo.

Murrah e Mediterrâneo são os dois tipos de búfalos mais comum no Brasil. O Murrah é o mais encontrado no país. O Mediterrâneo é proveniente da Itália e produz mais leite. Já o Murrah veio da Índia e é mais utilizado para produzir carne.

*Editor do site RS Notícias

Sartori anuncia autorização de abertura para licitação de obras na ERS 040

Entre as melhorias estão alargamento do acostamento, drenagem e sinalização vertical

Entre as melhorias estão alargamento do acostamento e melhorias na drenagem e sinalização vertical | Foto: Luiz Chaves / Governo do Estado / CP Memória

Entre as melhorias estão alargamento do acostamento e melhorias na drenagem e sinalização vertical | Foto: Luiz Chaves / Governo do Estado / CP Memória

O governador do Estado, José Ivo Sartori, autorizou a abertura de licitações para obras de melhorias entre os quilômetros 91 e 93 da ERS 040, que liba Porto Alegre ao Litoral Norte. O trecho fica no bairro Pontal das Figueiras, em Balneário Pinhal.

A licitação prevê a padronização da largura do acostamento, melhorias na drenagem, principalmente das águas pluviais, e reforço da sinalização vertical e horizontal. A extensão da obra será de 2.912 metros. O prazo para conclusão será de seis meses e o valor é de R$ 1.763.240,38. “Hoje, é possível dar início a essa obra tão importante para a região, porque houve um trabalho sério, responsável. Houve gestão, integração e parceria". Afirmou o governador.

O Secretário dos Transportes, Pedro Westphalen, reconhece as dificuldades estruturais da região, mas defende que a iniciatíva irá oferecer benefícios principalmente a população de menor renda, que vive no entorno "É uma ação pequena, mas de grande repercussão social", ponderou Westphalen.

A obra constitui-se na melhoria do acostamento do lado direito da rodovia, em sentido Porto Alegre-Balneário Pinhal. O acostamento está com o asfalto deteriorado e com larguras variáveis, entre um e dois metros. No local, a dois quilômetros do Centro de Pinhal, vivem cerca de 450 famílias, e o meio mais usado de transporte é a bicicleta. O alargamento vai permitir a melhor utilização da área pela população local e será feito de forma a não afetar a funcionalidade urbana, levando acessibilidade aos usuários, como pedestres e ciclistas.


Correio do Povo

Delfim Netto levou R$ 15 milhões por Belo Monte, diz MP; ele nega

Ex-ministro é suspeito de receber propina das construtoras envolvidas na Belo Monte

Polícia Federal executou mandados de busca e apreensão na casa e no escritório do ex-ministro | Foto: Nelson Antoine / Estadão Conteúdo / CP

Polícia Federal executou mandados de busca e apreensão na casa e no escritório do ex-ministro | Foto: Nelson Antoine / Estadão Conteúdo / CP

A Operação Buona Fortuna, 49ª fase da Lava Jato afirma que o ex-ministro Antonio Delfim Netto recebeu porcentual de propina mediante contratos fictícios de consultoria sobre a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. O ex-ministro da Fazenda da ditadura militar e seu sobrinho, o empresário Luiz Appolonio Neto, são alvos de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal nesta sexta-feira.

Em nota, o Ministério Público Federal, no Paraná, informou que Delfim Netto é suspeito de receber parcela das vantagens indevidas que seriam direcionadas aos partidos PMDB e PT, em razão de sua atuação na estruturação do consórcio Norte Energia. "As provas indicam que o ex-ministro recebeu 10% do porcentual pago pelas construtoras a título de vantagens indevidas, enquanto o restante da propina foi dividido entre o PMDB e o PT, no patamar de 45% para cada partido", informa a Procuradoria da República.

Segundo os investigadores, já foram rastreados pagamentos em valores superiores a R$ 4 milhões de um total estimado em R$ 15 milhões, pelas empresas Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e J. Malucelli, todas integrantes do Consórcio Construtor de Belo Monte, em favor de pessoas jurídicas relacionadas a Delfim Netto, por meio de contratos fictícios de consultoria.

No caso da Odebrecht os pagamentos foram registrados no sistema de controle de propinas da empresa ("Drousys"), com o codinome "Professor". "As apurações demonstraram que realmente não foi prestado nenhum serviço pelo ex-ministro às empreiteiras que efetuaram os pagamentos", aponta a Lava Jato.

Delfim foi o todo poderoso ministro da Fazenda do regime militar, nos anos 1970. Ele ficou famoso como o ministro do 'milagre econômico'.

Buona Fortuna

Na operação desta sexta-feira, a Polícia Federal cumpre nove mandados de busca e apreensão em Curitiba e São Paulo. O Ministério Público Federal aponta "fortes indícios de que o consórcio Norte Energia foi indevidamente favorecido por agentes do governo federal para vencer o leilão destinado à concessão da Usina Hidrelétrica de Belo Monte". "Posteriormente, mediante acordos de corrupção, a Norte Energia direcionou o contrato de construção da usina a outro consórcio, formado por empresas que deveriam efetuar pagamentos de propina em favor de partidos políticos e seus representantes, no porcentual de 1% do valor do contrato e seus aditivos", informa em nota.

As investigações envolvendo o esquema de corrupção originaram-se de leniências firmadas pelo Ministério Público Federal com as empresas Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa, assim como acordos de colaboração premiada celebrados com seus executivos e homologados pelo Supremo Tribunal Federal em razão do envolvimento de pessoas com prerrogativa de foro.

Parte das investigações permanece em curso na Procuradoria-Geral da República, em Brasília, e a apuração dos fatos ilícitos relativos a pessoas sem prerrogativa de foro foi remetida à 13ª Vara Federal de Curitiba. As apurações envolvendo a Usina Hidrelétrica de Belo Monte vão continuar perante a 13ª Vara Federal de Curitiba "especialmente no que se refere aos pagamentos de vantagens indevidas direcionados ao Partido dos Trabalhadores e a seus representantes, assim como em relação a outras empresas integrantes do Consórcio Construtor de Belo Monte que destinaram parte da propina inicialmente direcionada aos partidos políticos para o ex-ministro e pessoas a ele relacionadas".

Para a procuradora da República Jerusa Burmann Viecili, integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato do Ministério Público Federal, no Paraná, "as provas indicam que o complexo esquema criminoso verificado no âmbito da Petrobras se expandiu pelo país e alcançou também a Eletrobras, em especial nos negócios relativos à concessão e construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte". "Essa obra, além de ter ocasionado graves impactos sociais e ambientais na região que já haviam sido demonstrados pelo Ministério Público Federal, também redundou em elevados prejuízos econômicos para toda sociedade", afirma a procuradora.

Defesas

Os advogados Fernando Araneo, Ricardo Tosto e Jorge Nemr afirmam que o ex-ministro "não cometeu nenhum ato ilícito em qualquer tempo". "O professor Delfim Netto não ocupa cargo público desde 2006 e não cometeu nenhum ato ilícito em qualquer tempo. Os valores que recebeu foram honorários por consultoria prestada", afirma a defesa. A reportagem fez contato com os advogados de Luiz Appolonio Neto. A defesa informou que só vai se manifestar quando tiver acesso aos dados da investigação.


Estadão Conteúdo e Correio do Povo

Justiça manda soltar Joesley Batista

Empresário da JBS, preso desde setembro do ano passado, terá que entregar passaporte

Joesley Batista estava preso desde setembro do ano passado | Foto: Sérgio Lima / AFP / CP

Joesley Batista estava preso desde setembro do ano passado | Foto: Sérgio Lima / AFP / CP

O empresário Joesley Batista, da JBS, foi solto nesta sexta-feira, pela 12.ª Vara Federal de Brasília. A decisão do juiz Marcus Vinicius Reis Bastos alcança também o executivo Ricardo Saud, da J&F.

“Verifico que a sua prisão temporária foi decretada em 8 de setembro de 2017 e convertida em prisão preventiva em 14 de setembro de 2017, estando o requerido (Joesley Batista) encarcerado preventivamente há exatos seis meses, prazo muito superior aos 120 dias previstos para a conclusão de toda a instrução criminal e flagrantemente aviltante ao princípio da razoável duração do processo (Lei nº 12.850, de 02.08.2013, art. 22, § único)”, afirmou o magistrado.

“In casu, sequer foi instaurada a instância penal, estando o feito na fase da investigação criminal.”

O juiz Marcus Vinicius Reis Bastos determinou que Joesley deposite ‘na sede desse Juízo Federal o seu passaporte’. O magistrado determinou que o empresário está proibido de se ausentar do País sem autorização judicial, deve comparecer a todos os atos do processo e manter atualizados os endereços onde pode ser encontrado.

“Registro, por fim, não restarem demonstrados, atualmente, os requisitos para a prisão cautelar. As garantias oferecidas pelo próprio MPF no acordo de colaboração premiada reduziram o temor de malferimento à ordem pública ou econômica. A investigação criminal, diante da colaboração do Requerido e das diligências já realizadas de busca e apreensão de provas e documentos em seus endereços, não sofre quaisquer inconvenientes, mesmo porque as investigações encontram-se em fase de análise ministerial, sem outras medidas em curso”, anotou o juiz.

De acordo com o magistrado, Joesley ‘ten residência conhecida, ocupação lícita e colabora com as investigações, sem notícia de antecedentes que o desabone, circunstâncias que favorecem o pretendido restabelecimento da sua liberdade’.

“A suposta prática criminosa foi interrompida com as medidas já adotadas pelo dominus litis, nos acordos de colaboração e leniência do grupo empresarial que administra. O risco à aplicação da lei penal há de ser afastado pela retenção de seu passaporte a proibição de ausentar-se do país, medidas suficientes, razoáveis e proporcionais à situação pessoal do Requerente”, registrou.

Joesley está preso desde setembro do ano passado. Ele está custodiado na Superintendência da Polícia Federal, em São Paulo.

O empresário tinha contra si dois mandados de prisão. O primeiro, no âmbito de uma investigação sobre insider trading, já havia sido revogado em fevereiro pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A segunda ordem de prisão havia sido expedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ele ter supostamente omitido informações de sua delação premiada na Procuradoria-Geral da República. Este mandado foi enviado à 12.ª Vara Federal por ordem do ministro Edson Fachin haver desmembrado.

O irmão de Joesley, o empresário Wesley Batista, foi solto em 21 de fevereiro. Wesley tinha contra si um mandado de prisão no âmbito da investigação de insider trading.


Estadão Conteúdo e Correio do Povo


Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande faz denúncia ao MPF sobre obra levada para a China

Entidade quer que o casco da plataforma P-71 seja construído em estaleiro no Sul do Estado

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico de Rio Grande e São José do Norte, Benito Gonçalves, denunciou a Petrobras ao Ministério Público Federal (MPF) por ruptura de contrato de forma unilateral para a construção dos cascos das plataformas P-71 e P-72 em Rio Grande. Ele também pediu ao Tribunal de Contas da União investigação sobre suposto desperdício de dinheiro público com a decisão. “O que levou o Benito a pedir ajuda em nível federal é que, há oito meses, o presidente Pedro Parente disse que a Petrobras não tinha interesse na P-71 e P-72 e, nesta semana, vimos o anúncio da encomenda da P-71 para um estaleiro na China”, disse o vice-presidente do sindicato, Sadi Machado.

A notícia causou revolta nos trabalhadores. “A nossa ideia é que a Petrobras volte atrás e termine o casco em Rio Grande, em vez de fazer todo o trabalho novamente encomendando fora do país.” Conforme Machado, há 80 mil toneladas de peças de aço no Estaleiro Rio Grande sendo cortadas para comércio como sucata.

Em nota, a Petrobras diz que não comenta a denúncia ao MPF e que contratou a construção do novo casco da P-71 por meio de licitação internacional. “Não foram identificados no Brasil estaleiros capazes de realizar o serviço, seja por ausência de condições técnicas ou econômicas, seja por impedimento de contratação, pela Petrobras, em razão do envolvimento de empresas em casos revelados pela Operação Lava Jato.”

O casco da P-71 será construído pelo estaleiro chinês CIMC Raffles e a integração dos módulos da planta de processo está prevista para ser realizada em um estaleiro no Espírito Santo. Em relação aos blocos já fabricados, a Petrobras diz que a decisão pelo modelo de venda busca melhor resultado financeiro para a empresa e parceiros. A estatal garante que vem cumprindo com todas as obrigações previstas no acordo de encerramento amigável de contrato com a empresa responsável pelo Estaleiro Rio Grande no fim de 2016.


Correio do Povo

Tempo perdido com burocracia custa mais ao Brasil que impostos, diz diretora do Banco Mundial

Rita Ramalho, responsável pela pesquisa Doing Business, defende uma consolidação do sistema tributário brasileiro para agilizar a vida do contribuinte

LUÍS LIMA

O Brasil tem implementado medidas importantes para reduzir a burocracia, mas não na mesma intensidade que outras nações. Isso explica o fato de o país ter perdido sete posições no Doing Business, levantamento feito pelo Banco Mundial, que mede a facilidade de fazer negócios, nos últimos dois anos. Um dos principais entraves é o tempo – que tem um custo maior para a eficiência do país que o peso financeiro dos tributos, segundo a economista portuguesa Rita Ramalho, diretora do levantamento. “Houve avanços, mas poderia haver mais. No geral, em quase todas as áreas em que medimos, o problema não é o custo [financeiro], mas o tempo”, disse. Em média, abrir uma empresa no Brasil leva 80 dias, mais que o dobro do resultado da América Latina (32), e expressivamente mais que vizinhos, como Peru (26), Colômbia (9) e Chile (6). Para abrir uma empresa, a etapa mais demorada é a obtenção do alvará de funcionamento.

>> Quais governos estaduais mais mudam as regras de impostos, e como isso nos atrapalha
No quesito horas-homem para uma empresa pagar tributos, o Brasil também fica na lanterna. São 2.038 horas por ano, muito mais que o tempo levado em países como Peru (260), Colômbia (239) e Chile (291). A complexidade do sistema tributário ajuda a explicar a demora. “Existe a necessidade de simplificação, de consolidação de processos”, diz Rita. “O governo poderia arrecadar o mesmo montante, mas de forma mais simples. Poderia valer para os vários impostos sobre o consumo, o ICMS, o PIS/Cofins, IPI. São todos impostos sobre o consumo”, exemplifica. Ela diz que o Banco Mundial não comenta propostas específicas, como a da reforma do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), em tramitação na Câmara, mas defende uma simplificação do atual sistema tributário para facilitar a vida do contribuinte.

ÉPOCA – Como avalia o desempenho recente do Brasil no Doing Business, sobretudo no quesito “tempo para abrir uma empresa”?
Rita Ramalho –
Houve melhorias. Medimos esse aspecto de duas formas: do ranking, que é uma classificação relativa, em relação a outros países. E temos também um índice absoluto, chamado de “distância à fronteira”, no sentido que, se o país melhora, há um aumento nesse índice, enquanto o aumento no ranking significa que melhorou em relação aos outros. Na prática, quase todos os países melhoram, anualmente, e tem um sistema de fazer negócios mais simples. No geral, apesar de haver melhorias absolutas, no caso do Brasil, elas não são grandes o suficiente para compensar o avanço de outros países. Isso explica por que o Brasil não melhora no ranking. Mas houve, sim, algumas melhorias no aspecto de abertura de empresas. Outra área que nos últimos anos melhorou, sobretudo nos últimos dois anos, é a parte de importação e exportação, devido à implementação do Portal Único de Comércio Exterior [Portal Siscomex].

>> "Tributos complicados demais têm culpa na produtividade baixa", diz Meirelles
ÉPOCA – Qual a principal dificuldade no processo de abertura de empresa no Brasil?
Ramalho –
Uma das coisas que demoram mais é a obtenção do alvará [de funcionamento]. Isso é algo que continua sendo um processo demorado em São Paulo. Mas é muito mais rápido agora, do que há cinco ou seis anos. Houve avanços, mas poderia haver mais. No geral, em quase todas as áreas em que medimos o problema não é o custo, mas o tempo. O desperdício é relativamente barato em termos do montante que é necessário pagar, mas são demorados. Demora tempo para conseguir obter os diferentes instrumentos.

ÉPOCA – Em São Paulo, o programa Empreenda Fácil, implementado em maio, reduziu de 101 para até uma semana o tempo de abertura de uma empresa na capital paulista. Já sentiremos os efeitos dessa iniciativa no Doing Business deste ano, a ser publicado no mês que vem?
Ramalho –
Os dados que foram publicados no último Doing Business [do ano passado] se referem ao processo de abertura de empresa no dia 1º de junho de 2016. E o que vamos publicar no novo relatório, em outubro, será sobre o processo de abertura de empresa no dia 1º de junho de 2017. Uma mudança tem de ser utilizada e tem de ter impactos. Ou seja, a  maioria das empresas tem de usar o sistema. Estamos ainda verificando, mas ainda não é claro se o programa de São Paulo já vai ter um impacto nos dados neste ano.

>> Nelson Barbosa: “Não vendam a Eletrobras para gerar caixa rápido”

ÉPOCA – Por que o processo para abrir uma empresa era tão demorado em São Paulo, antes do Empreenda Fácil, em relação ao Rio de Janeiro? Quais as especificidades do trâmite em cada uma dessas cidades?
Ramalho –
O processo em si nas duas cidades não é muito diferente. O número de procedimentos é praticamente o mesmo. O que muda é a duração de cada um. O que acontece, ou acontecia, em São Paulo é que a obtenção do alvará [para a abertura] demora mais tempo, cerca de 90 dias. Dos 101 dias, 90 é para a obtenção do alvará. No Rio de Janeiro é mais rápido.

Muitas das coisas são feitas com o governo nacional, como obter o CNPJ. Mas o que mais leva tempo são mais as obrigações municipais. A parte de registro propriamente da empresa, de ter uma forma legal para existir, é relativamente simples em ambas as cidades. Isso também melhorou ao longo do tempo. O que atrasa mais são os procedimentos após o registro. Após a empresa já existir legalmente, levam tempo as pendências para abrir portas e poder funcionar. Aí entra a obtenção do alvará, de registrar os trabalhadores, como programa de integração social, o FGTS. Isso complica um pouco o processo. Tem de contatar diversas entidades, o que aumenta o número de procedimentos e adiciona tempo.

Rita Ramalho, do Banco Mundial, diz que o custo do tempo é maior do que o financeiro. "O desperdício é relativamente barato em termos do montante que é necessário pagar, mas são demorados" (Foto: Banco Mundial/Divulgação )Rita Ramalho, diretora no Banco Mundial. Ela alerta que mesmo países com carga tributária alta, como a Suécia, as empresas resolvem suas obrigações com alguns poucos formulários (Foto: Banco Mundial/Divulgação)

ÉPOCA – Qual a importância da interlocução entre os três diferentes níveis de governo (municipal, estadual e federal) para reduzirmos a burocracia no Brasil?
Ramalho –
É fundamental. Em um país como o Brasil, com três níveis de governo, é essencial que haja uma interlocução entre os diferentes níveis para não haver duplicação de exigências ao empreendedor. Parece que há alguma coordenação nesse aspecto, mas, na prática, ainda é necessário pagar impostos a nível federal, estadual e municipal. O Brasil consome (do contribuinte) um tempo bastante elevado para o pagamento de impostos, e, em parte, é por esse aspecto de haver impostos a nível federal, estadual e municipal. E principalmente nos impostos sobre o consumo, o ICMS, por exemplo, com diferentes alíquotas nos estados. Quando uma empresa vende de um estado para o outro, é muito complicado fazer os cálculos. Não é só comunicação entre os entes, mas uma coordenação entre os estados. Obviamente numa economia tão grande como o Brasil, faz sentido haver comércio entre os diferentes entes da federação. Por isso, é importante que haja certa coordenação para facilitar esse processo.

>> Quanto custa cada recuo na reforma da Previdência

ÉPOCA – No Brasil atual é comum os estados aderirem à renúncia fiscal como forma de oferecer vantagens para atrair investimentos. Isso também acontece em outros países comparáveis ao nosso?
Ramalho –
Há muitos, sobretudo em países federativos, onde há estados que tentam diferenciar-se como tendo impostos mais baixos, para atrair mais investimentos, já que não têm recursos ou outros atrativos. O que vimos é que, mais que a redução das taxas, o problema do Brasil é a complicação do processo de pagar impostos. As taxas não são excessivamente altas comparadas a nível global. Mas o que pode render um custo mais elevado é a complicação do processo, o tempo que demora a cumprir com as regulamentações fiscais. Isso é que torna a vida das empresa mais complicada.

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ÉPOCA – Considera, portanto, necessária e urgente uma revisão do atual sistema tributário brasileiro?
Ramalho –
Sim. Existe a necessidade de simplificação, de consolidação de processos. Uma das boas práticas que propomos é não haver mais de um imposto para o mesmo tema. Se é um imposto sobre os lucros, por exemplo, só deve haver um imposto sobre os lucros. E depois, claro, o governo pode dividir a receita entre os entes da Federação. Isso é algo que no Brasil não ocorre. Há diferentes cobranças sobre o rendimento trabalhista, sobre os lucros, feitos em níveis diferentes de governo. O governo poderia arrecadar o mesmo montante, mas de forma mais simples. Poderia valer para os vários impostos sobre o consumo, o ICMS, o PIS/Cofins, IPI. São todos impostos sobre o consumo. Há países que até têm níveis de receita tributária elevados, como a Suécia, mas só com dois ou três impostos sobre as empresas. Com dois ou três formulários, a empresa paga tudo o que tem a pagar de uma maneira muito mais simples, em vez de ter múltiplos impostos sobre a mesma transação.

ÉPOCA – Como funciona, em linhas gerais, a cobrança de impostos na maior parte dos países desenvolvidos? A “guerra fiscal” é uma realidade em nações como os Estados Unidos?
Ramalho –
Nos Estados Unidos só existe um imposto sobre vendas e que só é cobrado na origem. Nos países que não são federais, normalmente, há um imposto sobre o consumo, que é nacional e aplicado da mesma forma. Outro país que possui algo semelhante ao Brasil e que também era relativamente complicado era a Índia. É federal, tem impostos diferentes, de acordo com os três níveis de governo. E também tem impostos sob transações entre os estados, que era um pouco complicado. É mais semelhante ao Brasil, mas simplificaram isso há três meses. Consolidaram vários imposto sobre o consumo em um único imposto. Ainda é um pouco cedo para saber se foi um sucesso ou não, mas, como inclui os vários estados, foi um processo de negociação, em termos políticos, bastante complexo.

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ÉPOCA – Na América Latina, quais os vizinhos que podem servir de inspiração no sentido de termos um sistema tributário mais simples?
Ramalho –
Tanto a Colômbia como o Chile são bons casos em que o processo é mais simples e célere. Outro caso, pela dimensão do país, é o México. É federal e os processos de abertura de empresas e tributário são mais simples. Pelos resultados do ano passado, na América Latina, o México foi o melhor colocado nas dez dimensões que medimos. Continuamente tem melhorado os vários sistemas. Por exemplo, na parte tributária, eles usam sistemas eletrônicos para simplificar o processo de pagamentos. O formulário é mais simples, direto, tem de submeter menos vezes, pois utiliza a tecnologia da informação para simplificar. E, na abertura de empresas, fizeram o que chamamos de guichê único, que é semelhante ao Empreenda Fácil, de São Paulo.

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ÉPOCA – Qual a relação entre o elevado nível de burocracia e o fato de sermos um país comercialmente fechado e improdutivo?
Ramalho –
A relação seria mais com a produtividade. Normalmente, o fato de um país ser fechado tem mais a ver com a regulamentação de cotas, tarifas de importação, o que não é medido pelo Doing Business. A produtividade tem duas dimensões. Se um empreendedor perde tempo com burocracia, ele não usa esse tempo para atividades mais produtivas, que gerem lucro e criem novos produtos. De certa forma, para as empresas que já existem, as tornam mais improdutivas, pois não há uma utilização ideal dos recursos. Passam a lidar com instituições do governo, mais do que vender produtos, ou produzi-los. E a segunda dimensão é que torna a economia menos dinâmica. Novas empresas podem ser mais inovadoras, e se é muito complicado abrir uma empresa nova...  isso cria menos competição entre as empresas. Tanto que as empresas tendem a ser menos produtivas por isso. Porque não há concorrência.

ÉPOCA – Que contribuição a tecnologia pode dar para termos um país menos burocrático?
Ramalho –
A tecnologia nos permite simplificar o processo para conseguirmos fazer um grande número de transações a um custo bastante baixo. Há um custo fixo inicial para criar um sistema, mas, depois de criado, os [custos] marginais de uma transação são quase zero. Torna mais simples verificar se os dados que o empreendedor está incluindo no formulário estão corretos ou não. Se um computador faz isso, é mais simples e fácil, e mais confiável. Torna mais barato para as agências de governo. E também há o lado de diminuir a corrupção, porque para o que é feito on-line não tem a oportunidade de se pagar algo “extra” para que o processo seja mais rápido, ou ignorar o fato de o formulário não estar completo.

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ÉPOCA – Reduzir a burocracia é também uma mudança cultural? A decisão deve partir de quem?
Ramalho –
Pode ser, mas normalmente ninguém quer que a vida seja mais difícil do que é. Se existe a opção de fazer um processo mais simples, vai optar por isso, e não continuar seguindo o mais complicado. A burocracia é sempre imposta ao cidadão, não é uma escolha. De certa forma, é um hábito que as pessoas têm e é relativamente fácil de quebrar se houver uma mudança. A decisão tem de vir de cima, do governo, que deve dizer claramente: “Esta é a nova mudança”. Vimos em países grandes que há bastante energia, interesse, de governo, de ministros e presidentes, mas, depois, a própria burocracia previne que isso de fato aconteça. Muitas vezes são os atuais funcionários que querem que o sistema anterior continue. Há também um problema de dentro das próprias agências do governo de quebrar essa resistência e fazer com que as pessoas vejam que há valor em promover mudanças.

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ÉPOCA – Estamos imersos em uma resistente crise política e fiscal. É um timing apropriado para reduzir a burocracia para o empreendedor e também para o contribuinte?
Ramalho –
É possível colocar muitas dessas alterações em prática. Ao menos no longo prazo são ações que poupam dinheiro. São sistemas mais baratos e simples. Vimos que o ciclo econômico tem mais influência no timing da reforma do que o político. Quando o país está em crise é mais provável haver reformas e alterações porque não há outra opção.


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