A ação de policiais legislativos contra profissionais de imprensa na Câmara dos Deputados, considerada violenta por testemunhas, e a interrupção do sinal da TV Câmara durante a cobertura dos acontecimentos motivaram uma audiência pública no Senado nesta quinta-feira (11). Entidades representativas condenaram o que classificam como cerceamento ao direito à informação, ocorrido na última terça-feira (9).
O episódio teve início quando o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ocupou a cadeira da presidência da Câmara em protesto contra o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). Durante a retirada forçada do parlamentar, jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas e assessores relataram ter sido agredidos por agentes legislativos.
Reações no Senado e entidades de imprensa
Ao abrir a audiência na Comissão de Direitos Humanos, o senador Paulo Paim (PT-RS), autor do requerimento, afirmou ter acompanhado as cenas pela TV e por vídeos gravados por celulares:
“Todos nós ficamos chocados com a violência sofrida por jornalistas. Minha solidariedade a todos os profissionais de imprensa.”
O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Octávio Costa, informou que a entidade protocolou uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo ação contra Hugo Motta por crime de responsabilidade, alegando censura e violação da Constituição.
Costa afirmou ainda que a ABI apresentará denúncias à Comissão de Direitos Humanos do Senado, à OEA e à Comissão de Ética da Câmara.
“O que ocorreu é grave e não pode ficar sem resposta. Às vésperas de uma eleição, esse tipo de atitude é extremamente preocupante”, declarou.
Repórteres sem Fronteiras aponta cenário de banalização da violência
Para Bia Barbosa, coordenadora de Incidência para a América Latina da Repórteres sem Fronteiras (RSF), o caso reflete um processo contínuo de normalização da violência e da censura contra jornalistas no Brasil.
Segundo ela, esse ambiente se intensificou durante o governo anterior e deixou marcas profundas:
“Mesmo com a mudança de governo e de postura institucional em relação à imprensa, episódios como esse continuam acontecendo.”
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