Cidades-esponja ganham espaço no debate sobre reconstrução e prevenção de enchentes no Rio Grande do Sul

 


Reconstrução após enchentes históricas

Desde as enchentes sem precedentes que atingiram cidades gaúchas em maio do ano passado, a reconstrução e a busca por soluções para evitar novos desastres se tornaram pauta constante no Rio Grande do Sul. Além de reparar os danos causados pela força das águas, cresce a necessidade de repensar a infraestrutura urbana para enfrentar chuvas intensas.

Conceito em destaque

Nesse contexto, o modelo das cidades-esponja passou a ser discutido no Estado e ganhou ainda mais visibilidade após a morte do arquiteto chinês Kongjian Yu, em setembro. Considerado o “pai” da ideia e um dos urbanistas mais influentes da atualidade, Yu faleceu em um acidente aéreo no Mato Grosso do Sul, quando visitava o Pantanal, que ele chamava de “a maior esponja natural do planeta”.

Filosofia de convivência com a água

Yu defendia que “nunca vamos lutar contra a água e vencer”. Em palestras, como na Conferência Internacional do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) 2025, realizada em Brasília, ele ressaltava que o segredo está em conviver com o ciclo da água e devolver espaço à natureza dentro das cidades.

“Os danos causados pelo ciclo da água são mais perigosos do que as próprias emissões de carbono para as cidades”, afirmou.

Como funciona uma cidade-esponja

O conceito prevê que parte das águas das chuvas seja absorvida e armazenada, retornando naturalmente aos lençóis freáticos, rios e oceanos. Para isso, substitui-se parte das infraestruturas de concreto por infraestruturas verdes, como:

  • Parques e áreas alagáveis

  • Jardins de chuva

  • Solos permeáveis

Além de reduzir inundações, o modelo cria novos espaços de convivência urbana, valoriza a vegetação nativa e pode aumentar em até 400% o valor das propriedades, segundo Yu, ao unir sustentabilidade, estética e desenvolvimento econômico.

Inspiração milenar

A proposta se inspira em práticas tradicionais de povos asiáticos, que há séculos convivem com enchentes e aprenderam a lidar com ciclos de cheia e seca.

“Há 2 mil anos, agricultores chineses trabalham com base nesse modelo”, destacou Yu em sua conferência.

Correio do Povo

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