Curaçá (BA), 29 de novembro de 2025 – O Instituto Chico Mendes (ICMBio) confirmou que as 11 ararinhas-azuis recapturadas no início de novembro testaram positivo para circovírus, causador da doença do bico e das penas – enfermidade sem cura e geralmente fatal para psitacídeos.As aves haviam sido soltas na Caatinga em 2022, após repatriação da Europa. O vírus, de origem australiana, não oferece risco a humanos nem a aves de produção, mas é devastador para araras, papagaios e periquitos.O ICMBio já isolou os animais positivos e negativos e reforçou protocolos de biossegurança. Investigações apontam falhas graves no Criadouro para Fins Conservacionistas de Curaçá: limpeza inadequada, uso irregular de EPIs e descumprimento de normas sanitárias. O local foi autuado em R$ 1,8 milhão pelo ICMBio e recebeu multa adicional de R$ 300 mil do Inema-BA.“Se as medidas de biossegurança tivessem sido rigorosamente cumpridas, talvez não tivéssemos passado de um para 11 indivíduos positivos”, lamentou Cláudia Sacramento, coordenadora de Emergências do ICMBio. “Agora torcemos para que o ambiente não tenha sido comprometido, ameaçando outras espécies de psitacídeos da Caatinga.”A contaminação foi detectada em maio, levando à criação de um Sistema de Comando de Incidente. Desde então, o programa de reintrodução enfrenta nova crise: o acordo com a associação alemã ACTP – que trouxe 93 ararinhas ao Brasil – foi rompido em 2024 após a entidade vender ilegalmente 26 aves para a Índia.Apesar do fim da parceria, o ICMBio mantém o objetivo de reestabelecer uma população viável na natureza, nas unidades de conservação de Curaçá (APA e Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha-Azul). Hoje, a única população considerada viável ainda é a mantida em cativeiro.
Correio do Povo
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