segunda-feira, 19 de maio de 2025

Direita vence em Portugal, mas não elege maioria parlamentar

 Esta é a terceira eleição-geral em Portugal em menos de três anos

Luís Montenegro obteve 32% dos votos neste domingo | Foto: ANDRE DIAS NOBRE / AFP


A coligação Aliança Democrática (AD), do primeiro-ministro conservador, Luís Montenegro, obteve 32% dos votos e venceu as eleições parlamentares de Portugal no domingo, 18. O Partido Socialista (PS) e o Chega!, de ultradireita, receberam 23,3% e 22,5%, respectivamente, e conquistaram o mesmo número de deputados.

O resultado marca o segundo avanço consecutivo da extrema direita em Portugal. O Chega!, que já havia crescido de 12 para 48 assentos nas eleições de 2024, contará agora tem 58 deputados, a segunda maior bancada do Parlamento, ao lado do PS.

'O Chega! matou hoje o bipartidarismo em Portugal', declarou o líder do partido, André Ventura. Com 89 deputados, a AD terá de formar alianças para governar com maioria em um Parlamento de 230 assentos. O resultado indica um cenário ainda mais difícil do que o enfrentado no último ano, quando Montenegro governou com uma minoria estreita depois de vencer as eleições do ano passado.

O resultado frustrou sobretudo o PS. O líder do partido, Pedro Santos, afirmou que sua legenda não deve apoiar o governo da AD. Ele também disse que vai deixar a liderança do partido. A AD pode formar um governo minoritário ou buscar acordos com partidos menores para garantir maioria.

A possibilidade de um segundo governo minoritário consecutivo frustra quem esperava o fim do período mais instável da política portuguesa em décadas. Nos últimos 50 anos, a política no país tem sido dominada por dois partidos: os social-democratas (líderes da AD) e os socialistas, que se alternavam. A frustração popular com a crise que atingiu o país após a crise financeira de 2008 e os anos de austeridade da União Europeia contribuíram para o crescimento de novas forças políticas e impediram que os grandes partidos obtivessem maioria suficiente para governar com estabilidade por quatro anos.

A votação do domingo foi a terceira eleição-geral em Portugal em menos de três anos. O país, conhecido na década passada por uma das maiores estabilidades políticas entre as nações europeias, se vê em um cenário político cada vez mais dividido e marcado por escândalos. A divisão desafia os esforços de união em torno de políticas em temas importantes para os portugueses, como moradia, custo de vida e imigração, que se tornou questão central para os portugueses por causa do aumento acentuado de imigrantes nos últimos anos. Segundo estatísticas oficiais, Portugal saltou de 500 mil imigrantes legais em 2018 para mais de 1,5 milhão no início deste ano, sendo muitos brasileiros. / AP

Estadão Conteúdo e Correio do Povo

Nenhum comentário:

Postar um comentário