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quarta-feira, 10 de maio de 2023

Rússia quer matar Zelensky

 E o grupo de mercenários Wagner acaba de ser informado pelo Kremlin de que irá receber os armamentos que pediu.

Jurandir Soares

A notícia é bombástica e foi divulgada pelo jornal El País da Espanha. Os círculos mais próximos do presidente Vladimir Putin estariam tramando, abertamente, o assassinato do presidente ucraniano Volodimir Zelensky. Isto seria em resposta ao suposto ataque com drones ao Kremlin, na quarta-feira passada, que teria por objetivo matar o presidente Putin. O ex-presidente e atual vice-presidente do Conselho de Segurança, Dmitri Medvédev, em declaração à televisão russa, disse: “Depois do atentado terrorista não há outra opção que não seja eliminar fisicamente Zelensky e sua camarilha”.

Medvédev é um conhecido capacho de Putin, pois tem se prestado ao longo dos últimos 20 anos a assumir simbolicamente o cargo de presidente, sem mandar nada. O que ocorria era que, pela antiga Constituição, Putin não poderia ter mais que dois mandatos presidenciais seguidos. Assim, na eleição seguinte ele fazia eleger Medvédev para a presidência e assumia como primeiro-ministro. Só que, quem mandava mesmo era ele, Putin. Depois ele conseguiu mudar a Constituição e agora tem possibilidade de ficar no poder até 1936. Mas outros dirigentes também se manifestaram. O presidente da Duma, o parlamento russo, Viacheslav Volodin, disse que “não pode haver negociações com o regime de Zelensky”. E acrescentou que usarão “armas capazes de deter e destruir o regime terrorista de Kiev”. Por esta declaração pode-se observar o grau de insanidade de Putin e seus assessores, pois a Rússia invadiu a Ucrânia, está matando sua população e destruindo o país e o regime de Kiev é que é chamado de terrorista.

Quanto ao suposto atentado ucraniano contra Putin, a indagação que fica é: por que um ato destes justo no Kremlin, que é uma imensa fortaleza e Putin poderia estar em qualquer parte da mesma? Não seria muito mais fácil atingi-lo quando estivesse na rua, numa de suas participações em eventos públicos, organizados para supostamente lhe dar apoio? Além disto, o explosivo detonado pelo drone não tinha potencial nem para fazer um rombo no telhado do Kremlin. E às duas horas da madrugada, seguramente que Putin estava dormindo em um local muito bem protegido. Zelensky, de sua parte, disse que seu objetivo não é matar Putin, mas levá-lo a um tribunal internacional para responder pelos crimes praticados contra o seu país. Ou seja, o episódio dos drones parece ter sido uma encenação da própria Rússia.

Seja como for, Moscou usou o episódio para lançar uma série de ataques com drones contra a Ucrânia, nesta segunda-feira. Justo um dia antes de a Rússia comemorar a vitória dos Aliados contra a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. No Ocidente a data é comemorada a 8 de maio, mas os russos comemoram a 9. Segundo as autoridades ucranianas, esta é a maior onda de ataques aéreos em meses. Os bombardeios foram desde a capital Kiev, passando por Kherson e indo até Odessa, no Sul, onde uma instalação portuária foi queimada. A maior parte dos artefatos usados nos ataques é constituída de drones camicases de fabricação iraniana.

E o grupo de mercenários Wagner acaba de ser informado pelo Kremlin de que irá receber os armamentos que pediu. O líder do grupo, Yevgeni Prigozhin, havia dado um ultimato às autoridades russas sobre a necessidade de reforço para sustentar a batalha que vem sendo travada há mais de mês com as forças ucranianas pelo controle de Bakhmut. Veja-se que este grupo é o que está obtendo os melhores resultados para a Rússia e mesmo assim não consegue avançar. Como não conseguem avançar as possibilidades de paz, embora a China siga insistindo com o seu plano para tal. O problema é que o plano chinês contempla a saída da Rússia de todos os territórios ocupados da Ucrânia, inclusive a Crimeia. Isto Putin não aceita, porque seria sair da guerra pior do que quando entrou. Pois tinha a Crimeia sob seu controle. Ou seja, a guerra continua.


Correio do Povo

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