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quarta-feira, 10 de maio de 2023

Recorde de endividados no Rio Grande do Sul afeta a atividade comercial

 Mais de 54 mil gaúchos passaram a ser inadimplentes de março para abril de 2023


João nem lembra qual foi a última vez em que ficou sem dever para uma pessoa física ou jurídica. Profissional liberal, chegou a ser bem remunerado no início da década, mas após a demissão, em 2017, nunca mais conseguiu se “equilibrar” financeiramente. “Eu tinha me casado um ano antes e, durante anos, ainda continuei pagando o que havia parcelado. E, pior que isso: três anos depois, me separei”, revela, atribuindo a falta de dinheiro como principal causa do divórcio.

Maria é professora e vivia ao lado da mãe até o falecimento dela, em 2013. Há dez anos, a filha convive com gastos que nem sabia que tinha, já que não era ela quem tinha intimidade com as contas da casa. “Entrei em depressão e comecei a fazer compras no cartão de crédito que se tornaram ‘bolas de neve’. Hoje vivo fazendo acordos para quitar as dívidas”, admite.

Os nomes desta reportagem são fictícios para não expor histórias reais de quem está entre os 2,756 milhões gaúchos com algum tipo de limitação de crédito, cheque ou protesto, representando 30,77% da população do Rio Grande do Sul, segundo o mais recente Indicador de Inadimplência CDL Porto Alegre.

Na Capital são 392,7 mil negativados (33,68%). Um recorde não muito alvissareiro foi registrado entre março e abril de 2023: 54,6 mil gaúchos ingressaram no grupo, dos quais, 8,4 mil porto-alegrenses.

Os dados foram obtidos a partir da base de restritivos da Boa Vista SCPC, a maior disponível no Estado. Desde o início da série histórica levantada pela CDL POA, em fevereiro de 2022, os indicadores são os mais altos de inadimplência da população.

De acordo com o economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, os números do Indicador de Inadimplência refletem a conjuntura desafiadora para as famílias. “Além de não haver projeção de cortes da taxa Selic no curto prazo, quaisquer efeitos de mudanças na política monetária, como o início de um ciclo de redução dos juros básicos, demoram de dois a três trimestres para se materializar efetivamente na economia real”, explicou.

Segundo o economista, o cenário futuro só não é pior por conta da concessão de incentivos do governo direcionados às classes de menor poder aquisitivo, como a valorização do salário mínimo e a correção da faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). O mercado de trabalho mostra um cenário promissor, acredita Frank, apesar dos dados que mostram algum retrocesso recente no emprego.

Segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada no início deste mês pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a parcela de famílias brasileiras com dívidas, em atraso ou não, chegou a 78,3% em abril de 2023. O índice é o mesma observado no mês anterior, mas está acima dos 77,7% de abril do ano passado. Já, a parcela de inadimplentes, aqueles que têm contas ou dívidas em atraso, chegou a 29,1% das famílias do país, abaixo dos 29,4% de março, mas acima dos 28,6% de abril de 2022. O aumento ocorreu principalmente na classe média.

Dicas para cultura financeira 

• Tenha uma compreensão clara de suas despesas mensais e receitas. Faça um orçamento detalhado de seus gastos, incluindo despesas fixas como aluguel, contas e empréstimos, bem como despesas variáveis como comida e entretenimento.
• Tente pagar suas dívidas em dia. As taxas de juros e multas por atraso podem facilmente acumular e tornar suas dívidas muito mais difíceis de quitar. 
• Antes de fazer uma compra, pergunte a si mesmo se é 
realmente necessário ou se você pode adiar a compra até ter economizado o suficiente 
para pagar à vista. 
• Aprenda a resistir a impulsos de compra e a dizer não a convites para eventos caros ou viagens inviáveis. 

Correio do Povo

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