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domingo, 14 de maio de 2023

O ENIGMA DE CABRAL

 O subsolo da Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo, ali na Praça 15, encerra um mistério. A inscrição informa que, dentro desta pequena urna, estão os resíduos mortais de ninguém menos que Pedro Álvares Cabral, o descobridor do Brasil. Bem, “descobridor” é modo de dizer, já que os portugueses sabiam muito bem que havia terras nestas bandas do Atlântico — do contrário, o célebre Tratado de Tordesillas teria sido, apenas, para se decidir quem ficaria com mais água salgada. Antes de se falar do enigma contido na caixa mortuária, contudo, é preciso fazer uma digressão. Cabral, então um gajo de 33 anos, saiu do Tejo no comando da maior esquadra já montada naquele Século dos Descobrimentos, com treze navios, em março de 1500. Uma de suas missões era estabelecer uma feitoria na parte do Novo Mundo que cabia a Portugal. Soldado desde a adolescência, ele foi escolhido pelo rei D.Manuel I por seus feitos à Coroa. Era, contudo, sua primeira empreitada marítima de grande porte. Cabral e seus homens deram com os costados aqui em 22 de abril daquele ano, e o resto da história é bem conhecido. Depois de umas semanas, parte dos navios seguiram para o sul da Ásia com o comandante, deixando aqui os primeiros colonizadores.


Pedro Álvares Cabral só regressaria a Lisboa meses depois, abarrotado de especiarias e com o crédito pela chegada à então chamada Ilha de Vera Cruz — hoje, o nosso Brasil. Apesar do seu grande feito, Cabral não se tornou tão venerado como outros heróis do mar lusitanos, como Vasco da Gama, Bartolomeu Dias ou Fernão de Magalhães. Morreu quase no ostracismo, em 1520, e foi enterrado sem pompa. Nove anos depois, seu túmulo foi transferido para a Igreja de Nossa Senhora da Graça, na cidade portuguesa de Santarém, onde repousou, também, sua mulher, Isabel de Castro. Muito tempo depois, em 1882, o jazigo foi aberto, e aí, começou o mistério. Para surpresa geral, nele havia não dois, mas três esqueletos humanos e, pasmem, a ossada de uma cabra. A insólita presença do caprino se explicaria porque o brasão da família Cabral ostenta a imagem do bicho que origina seu nome. O terceiro esqueleto, provavelmente, era de um anônimo parente enterrado junto ao casal.

Pior ainda foi a exumação de 1903. Quando o cardeal Arcoverde quis trazer parte do corpo de Cabral para cá, abriram novamente o túmulo e encontraram nada menos que cinco ossadas humanas masculinas, duas femininas e outras duas de crianças, além do já citado quadrúpede. Como, até onde se sabe, esqueletos não se reproduzem, permanece o mistério: quem eram aquelas pessoas e quais dos restos seriam de Cabral? A solução encontrada foi remontar o que sobrou e dar um pedacinho de cada esqueleto aos interessados, sem qualquer certeza quanto à identidade dos finados. Uma parte ficou lá mesmo, em Santarém; outra foi colocada no panteão de Belmonte, cidade natal do navegante; e alguns despojos vieram para cá, sendo depositados nesta urna. Como não se coletaram, até hoje, amostras genéticas de descendentes do descobridor para uma confrontação por DNA, vale o que está escrito. Portanto, visitar esta cripta fica sendo uma homenagem ao intrépido Pedro Álvares Cabral, e pronto. 


Fonte: https://web.facebook.com/photo/?fbid=764914941919915&set=a.599504195127658

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