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quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Brasil e a América Latina

 Jurandir Soares


Como era de esperar os primeiros dirigentes a saudar a vitória de Lula na eleição brasileira foram os representantes da esquerda na América Latina. Gustavo Petro da Colômbia, Gabriel Boric do Chile, Luiz Alberto Arce da Bolívia, Andrés Manoel Lopez Obrador do México, Nicolás Maduro da Venezuela, Miguel Diaz-Canel de Cuba e o argentino Alberto Fernandez, que chegou a viajar ao Brasil para cumprimentar pessoalmente Lula, tendo dito que “aqui você tem um parceiro para trabalhar e sonhar alto com a boa vida de nossos povos”. Se há algo que os argentinos não estão tendo sob o governo de Fernandez é uma boa vida. Muito antes pelo contrário. A inflação lá deve fechar o ano beirando os 100% e pobreza atingindo 40% da população.

Manter boas relações com estes vizinhos é do jogo. Agora, seguir o que fazem será um desastre. O Brasil é um país com uma capacidade imensa, tanto no agronegócio, no setor industrial, como no de serviços. Em meio à crise decorrente da pandemia, enquanto Estados Unidos e Europa estão com inflação em torno de 10% a nossa deve fechar o ano em 5,6% segundo do Banco Central. Somos uma das menores inflações do G-20. A taxa de desemprego, que já bateu nos 14% no início da pandemia, está em 8,9%. De múltiplos setores se houve a oferta de empregos, faltando, no entanto, mão de obra qualificada. Hoje, um em cada cinco pratos no mundo é preenchido com comida oriunda do Brasil.

São números que precisam ser preservados. E para isto todos estes dirigentes que cumprimentaram Lula não servem de exemplo. Tampouco pode o governo brasileiro voltar a ser um patrocinador do desenvolvimento deles à custa da população brasileira, como aconteceu com as construções do metrô de Caracas, do porto de Mariel em Cuba, ou de refinarias na Bolívia, entre tantas outras obras. Financiadas pelo nosso BNDES, cujos empréstimos tinham a garantia do governo brasileiro. Em muitas dessas obras levamos o calote, fazendo com que o Tesouro Nacional tivesse que repor o dinheiro no banco, o que significou tirar de nós contribuintes brasileiros. No Peru a farra foi tão grande com as obras da Odebrecht, feitas com nosso dinheiro, que quatro presidentes foram condenados. Um dos quais, Alan Garcia, se suicidou para não ir preso.

Portanto, se Lula quiser fazer um governo decente, tem que adotar o provérbio “amigos, amigos, negócios à parte”. Nós, cidadãos brasileiros, não podemos compactuar com a realização em outros países de obras que deixamos de realizar aqui. Muito menos podemos compactuar com a falcatrua, que teve como expoente a Odebrecht, com suas obras na América Latina e na África. Hora, pois, de acompanharmos com muita atenção os rumos que tomará o “Forum de São Paulo” sob o futuro governo brasileiro.

Correio do Povo

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