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segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Mortes em UTIs de covid caem no País, mas a internação de idosos volta a subir

 


As mortes em UTI de pacientes com covid-19 no país registraram forte queda este mês frente ao pico registrado em março. Apesar da boa notícia, profissionais de saúde estão preocupados com o aumento de idosos nos leitos. A proporção destes entre os internados subiu de 27,1% em junho para 43% em agosto segundo a Fiocruz.

Segundo levantamento da instituição, feito a pedido do jornal O Globo, a morte de internados em UTI para Covid registrou uma queda de 89,8% na primeira semana de agosto frente ao registrado na semana de 21 de março, quando o Brasil bateu o recorde de notificações de óbitos pela doença nos leitos intensivos: 11.115 mortes.

“Há uma redução evidente na sobrecarga, mas alertamos para os patamares ainda altos de ocupação e uma aparente tendência de reganho de casos, com possível reversão da queda até agora observada nas próximas semanas, como temos observado no Rio de Janeiro, epicentro da circulação da Delta no país”, afirma Raphael Guimarães, pesquisador de Saúde Pública da Fiocruz.

Os dados do levantamento da Fiocruz, compilados pelo pesquisador a partir do SIVEP-GRIPE, indicam que as mortes pela doença nas UTIs têm se concentrado desde meados de julho nos idosos de 70 a 79 anos. Os óbitos também voltaram a se concentrar em idosos (69,2%), segundo o último Boletim da Fiocruz. O crescimento nas mortes reafirma a importância da terceira dose das vacinas para proteger essa faixa etária.

Segundo médicos que atuam nestas unidades, a reabertura generalizada em cidades como São Paulo em meio à maior circulação da variante Delta põe em risco o alívio da sobrecarga dos leitos de UTI conquistado graças à campanha de vacinação.

Os mais velhos, que têm maior risco de agravamento e morte pela doença, são os mais afetados pela alta transmissão comunitária que faz com que até mesmo os raros casos de vacinados que apresentam casos graves apareçam com mais frequência nas UTIs.

Receio

Na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, chefiada por Jacques Sztajnbok, a população mais longeva voltou a ser o público predominante com covid-19. Os casos são em menor número e a pressão nos leitos diminuiu consideravelmente, relata Sztajnbok, o que permitiu que a unidade voltasse a receber pacientes graves de doenças infecciosas como HIV e leptospirose. Mas o receio de uma nova onda, ainda que em menor intensidade do que as anteriores, paira sobre sua UTI.

“Esperamos que não aconteça, mas o risco e o temor são grandes. Uma só dose das vacinas têm eficácia reduzida contra a Delta. É imprescindível que a população receba as duas doses completas e não abandone as medidas de proteção, pois temos reabertura ampla em meio à variante Delta, a mais infecciosa desde o início da pandemia”, diz.

A boa notícia, segundo Sztajnbok, é que os médicos hoje conhecem melhor a doença e incorporaram terapias e protocolos com maior eficácia, como o uso da dexametasona, que diminui a mortalidade em até 30%.

Segundo o professor de medicina intensiva da USP Luciano Azevedo, os casos atuais nos leitos intensivos em que atua, no Hospital de Clínicas e no Sírio-Libanês, se concentram no geral em pacientes idosos, em sua maioria vacinados, e em alguns poucos jovens não vacinados. Entre os idosos, os casos são mais moderados do que antes era observado, com menor necessidade de intubação e menor dependência da ventilação – o que pode ser um bom indicativo da atuação das vacinas em prevenir o agravamento da doença.

“Observamos uma diminuição substancial nos casos nas UTIs de hospitais públicos e privados. Mas os números indicam uma tendência de reversão dessa queda nas próximas semanas. Acreditamos que os casos devem aumentar com o avanço da variante Delta, mas torcemos para que não seja como em março.”

Segundo a Fiocruz, apesar de queda de 0,9% na mortalidade no país na última semana, a alta circulação do vírus, a retomada da circulação ao patamar da pré-pandemia e o progresso lento da cobertura vacinal acendem um alerta para o possível aumento de idosos em UTIs pelo Brasil nas próximas semanas. Os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave registrados no país, dos quais cerca de 96% são covid-19, pararam de cair e em nove Estados apresentaram curva ascendente entre 15 e 21 de agosto. As informações são do jornal O Globo.

O Sul

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