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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Um quarto dos jovens de 18 a 24 anos estão desempregados


Desemprego cresce no Brasil

LUCAS VETTORAZZO
DO RIO

 

O desemprego aumentou mais entre os mais jovens do que em outros estratos da população no ano passado, quando o número de trabalhadores sem ocupação bateu recorde no país, de acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Entre trabalhadores na faixa de 14 a 17 anos de idade, a taxa de desemprego atingiu 39,7% no quarto trimestre do ano passado, segundo informações da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar) Contínua divulgadas nesta quinta-feira (23).

Em relação ao fim de 2015, a taxa de desemprego aumentou 10,9 pontos percentuais nessa faixa etária, em que predominam jovens aprendizes que trabalham menos horas por semana do que a média.

Para trabalhadores entre 18 e 24 anos, estrato que inclui recém-formados que chegaram ao mercado de trabalho, a taxa de desemprego atingiu 25,9% no fim do ano passado, com alta de 6,5 pontos percentuais desde 2015.

Taxa composta da subutilização da força de trabalho - Agrega a taxa de desocupação, taxa de desocupação por insuficiência de horas e da força de trabalho potencial, em %

Na média, a taxa de desemprego do país atingiu 12% no último trimestre do ano, com alta de 2,7 pontos percentuais. Segundo o IBGE, o país virou o ano com cerca de 12 milhões de trabalhadores desempregados. "O jovem é o que tem mais sofrido com a escassez de vagas no mercado", disse Cimar Azeredo, técnico da coordenação de Trabalho e Renda do IBGE.

Com a lenta recuperação da economia, que entrou na atual recessão em meados de 2014, os economistas preveem que o mercado de trabalho só irá se recuperar no segundo semestre deste ano.

TEMPO DE ESPERA

Segundo o IBGE, quase metade dos 11,7 milhões de desempregados encontrados no fim de 2016 estava havia menos de um ano à espera de ocupação. Outros 2,3 milhões de trabalhadores estavam na fila do emprego havia mais de dois anos no último trimestre.

Os dados divulgados pelo IBGE oferecem outros indicadores da deterioração sofrida pelo mercado durante a recessão econômica, mostrando a subutilização do potencial de parte significativa da força de trabalho do país.

Pelos critérios do IBGE, são considerados subutilizados os trabalhadores desocupados, somados aos que querem trabalho e não estão procurando ocupação ativamente, mais os que trabalham menos de 40 horas por semana.

A taxa composta da subutilização calculada pelo instituto atingiu 22% no quarto trimestre do ano, o que representou avanço em relação ao trimestre anterior (21,2%). No último trimestre de 2015, a mesma taxa alcançou 17,3%.

NEGROS

Trabalhadores negros sofreram mais com a deterioração do mercado de trabalho durante a recessão econômica do que os brancos, de acordo com o IBGE.

A taxa de desemprego para pessoas que se declaram de cor preta atingiu 14,4% no último trimestre do ano passado, segundo o instituto. Entre os pardos, a taxa de desocupação alcançou 14,1%.

A taxa média de desemprego no país, independente de cor ou raça, foi de 12% no ano passado, de acordo com o IBGE. Entre pessoas de cor branca, a taxa atingiu 9,5% no último trimestre do ano.

"A população preta e parda tem problemas históricos de acesso ao mercado", afirmou Cimar Azeredo, da coordenação de Emprego e Renda do IBGE.

"São heranças do processo de colonização e da escravidão no país, que legaram aos negros uma realidade de baixa escolaridade e menos oportunidades."

A diferença entre brancos e negros também é grande quando se avalia a renda média do trabalhador considerando a raça. Negros tiveram, no final do ano passado, rendimento médio de R$ 1.461, o equivalente a 55% do rendimento médio dos brancos, que alcançou R$ 2.660.

Azeredo lembrou que negros são maioria em postos de trabalho da construção civil, que exige menor escolaridade em relação à indústria. Somente a construção fechou cerca de 1 milhão de postos de trabalho no último ano.

GÊNERO

O avanço do desemprego no ano passado também atingiu com mais força as mulheres do que os homens. A taxa de desocupação entre as mulheres atingiu 13,8% no último trimestre do ano, enquanto a dos homens foi de 10,7%.

Pela primeira vez, o IBGE também divulgou dados sobre o desemprego pelas cinco regiões do país. O Nordeste foi a região que registrou taxa de desocupação mais alta, de 16,5%. No Norte, o indicador foi de 16%. No Sudeste (13,8%) e no Centro-Oeste (13,2%), a taxa permaneceu acima da média no Brasil.

 

Folha de S. Paulo

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