Da Agência Lusa
Milhares de venezuelanos estão impedidos de receber o salário, que é pago quinzenalmente no país, devido à falta de notas nos bancos, onde há vários dias se registram diariamente longas filas de clientes. As filas ocorrem na sequência da decisão do governo do presidente Nicolás Maduro de determinar a retirada de circulação das notas de 100 bolívares (Bs), que equivalem a 0,15 euros, as de maior valor existentes no país.
"Estive duas horas no Banco Plaza (propriedade de portugueses), para cobrar um cheque de 65 mil Bs (93,28 euros) e fui informado de que não dispunham de notas de 20, 50 nem de 10 Bs. Que apenas podiam pagar-me com notas de 5 Bs, o que significa que teriam que me entregar umas 13 mil", explicou o mensageiro Juan Pérez à Agência Lusa. Com 45 anos de idade, o venezuelano explicou que teve que deixar o banco sem cobrar o cheque, porque "é demasiado arriscado, em termos de segurança, andar com tantas notas na mão".
"É o dinheiro da minha quinzena (salário quinzenal) e não pude receber, tenho apenas uns 2 mil Bs (2,80 euros) e em notas de 100 Bs, que já ninguém recebe. Quando estava na fila houve um senhor que recebeu a sua pensão e ficou durante algum tempo a pensar se saía do banco com a bolsa, porque se percebia que era dinheiro", relatou. Juan Pérez explicou que também tem uma conta no estatal Banco Bicentenário, mas que lá apenas entregavam 2 mil Bs aos clientes, em notas de 2,00 Bs.
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Várias pessoas explicaram à Lusa que tiveram que correr ao banco nos primeiros dias desta semana para depositar as notas de 100 Bs, que tinham em casa para situações de emergência e que "literalmente" ficaram "limpos", com dificuldades até para pagar a passagem de ônibus, que na Venezuela agora é de 100 Bs (0,15 euros).
"Preciso comprar verduras e hortaliças para casa. Tenho o hábito de comprar às sextas-feiras em um caminhão de agricultores que vem do interior do país, mas não há "punto" (terminal de pagamento) de cartão de débito ou de crédito e não tenho dinheiro vivo, explicou Manuel Sanchez, de 40 anos. Preocupado com a situação, informou que trabalha numa sapataria onde o governo obrigou recentemente a baixar os preços e que todo o seu salário está retido, quando "falta apenas uma semana para o Natal".
"Como adultos, ainda podemos fazer um esforço, mas tenho duas crianças para as quais preciso comprar o presente e, para isso, contava com a 'quinzena' (salário quinzenal). A esta altura não há ambiente natalício, este será o Natal mais triste que tenho vivido. Sinto uma grande impotência", desabafou. O venezuelano questionou onde andam as notas novas que o governo anunciou que entrariam em circulação em 15 de dezembro, mostrando-se preocupado se "haverá outra razão para fazer sofrer a população".
O presidente da Venezuela determinou, domingo passado (11), que as notas de 100 bolívares (0,15 euros) fossem retiradas de circulação, para combater máfias internacionais (norte-americanas, colombianas, europeias e asiáticas) que estariam armazenando ilegalmente aquelas cédulas com o objetivo de desestabilizar a economia venezuelana.
Segundo o Banco Central do país, existem 6.111 milhões de notas de 100 bolívares em circulação na Venezuela, aproximadamente 48% do dinheiro que circula entre a população.
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Sérgio Cabral chega ao Rio e vai para o presídio de Bangu 8
Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil
O ex-governador Sérgio Cabral retornou hoje ao Rio, depois de ficar preso em CuritibaValter Campanato Arquivo/Agência Brasil
O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, foi transferido hoje (17) da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, para o presídio de Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó, no Rio de Janeiro.
A transferência de Cabral para Curitiba ocorreu há uma semana, devido a suspeitas não confirmadas de que ele estaria gozando de privilégios no presídio carioca. Cabral saiu hoje de Curitiba por volta das 12h, segundo a Polícia Federal. Após cerca de 1h30 de voo, desembarcou no Aeroporto Internacional do Galeão.
O ex-governador está preso há um mês, após virar réu em ação na Justiça Federal do Rio de Janeiro, acusado dos crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa e corrupção passiva, apontados nas investigações da Operação Calicute.
De acordo com a Polícia Federal, Cabral liderava um esquema de corrupção que envolvia pagamento de propinas e lavagem de dinheiro, com o apoio da esposa, Adriana Ancelmo, e outras quatro pessoas.
De Curitiba para Bangu, no Rio
O desembargador federal Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, determinou ontem (16), que Cabral retornasse ao presídio do Rio de Janeiro, acatando pedido de habeas corpus apresentado pela defesa.
Na decisão, o desembargador esclareceu que a Lei de Execução Penal, ao tratar de cadeia pública, onde devem permanecer os presos provisórios, estabelece que os custodiados sejam mantidos em local próximo da família.
Ontem, Cabral e outras seis pessoas se tornaram réus no âmbito da Operação Lava Jato, incluindo a ex-primeira dama. Cabral é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por ter recebido, segundo a denúncia, R$ 2,7 milhões em propina desviada de um contrato da Petrobras com a empreiteira Andrade Gutierrez para realização de serviços de terraplanagem nas obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Após aditivos, o contrato, que no início foi de R$ 819,8 milhões, ultrapassou R$ 1,17 bilhão, destacaram os procuradores autores da denúncia aceita pelo juiz Sérgio Moro.
Itaipu ultrapassa Três Gargantas e reassume liderança em produção de energia
Ana Cristina Campos – Enviada especial da Agência Brasil*
Usina de Itaipu quebra próprio recorde de geração de energia elétricaCaio Coronel/Itaipu
A Usina Hidrelétrica de Itaipu quebrou, pouco depois da meia-noite deste sábado (17), o recorde mundial de geração de energia elétrica ao ultrapassar os 98,8 milhões de megawatts-hora (MWh) produzidos pela Usina Três Gargantas, na China, em 2014. Com o resultado, a empresa brasileiro-paraguaia reassumiu a liderança no setor.
A marca de hoje foi alcançada 13 horas depois que Itaipu superou seu recorde anterior de 98,6 milhões de MWh, registrado em 2013.
A equipe técnica de Itaipu prevê que a usina deve atingir na quarta-feira (21) a meta inédita de 100 milhões de MWh, energia suficiente para abastecer o consumo de todo o planeta por dois dias. A produção total de 2016 deve ficar acima de 102,5 milhões de MWh.
No ano passado, Itaipu também ultrapassou Três Gargantas e voltou a ser a maior em produção anual de energia elétrica. Em 2015, a usina binacional produziu 89,2 milhões de MWh, o que representou 2,5% a mais que a chinesa.
Em 2014, Itaipu havia perdido a posição de líder mundial de produção anual de eletricidade em decorrência da crise hídrica enfrentada pelo Brasil por causa da seca que atingiu grande parte do país, pelo segundo ano consecutivo.
Comemoração
A marca de ontem foi celebrada com uma cerimônia na empresa, onde foram instalados dois telões para o acompanhamento da contagem regressiva.
O diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, comemorou a conquista do recorde de geração de energia elétrica e destacou que a usina volta a assumir a liderança mundial de produção de energia à frente de Três Gargantas. Segundo ele, a chinesa deve produzir este ano em torno de 90 de milhões de MWh.
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“Mais energia é mais energia para o desenvolvimento dos países, mais royalties que cada país recebe. Este ano foi espetacular, vamos conseguir quebrar essa marca que há tanto tempo estávamos buscando [100 milhões de MWh] e devemos fechar o ano com 102,8 milhões de megawatts-hora. Dificilmente, uma hidrelétrica vai quebrar essa marca. Nós mesmos vamos ter muita dificuldade de ultrapassar esse número, porque foi um ano em que tudo funcionou bem”, disse Samek após a cerimônia.
Uma combinação de fatores contribuiu para o bom desempenho, segundo a empresa: a afluência regular do Rio Paraná, a alta demanda de eletricidade no Brasil e no Paraguai, a otimização do uso dos recursos naturais e a elevada performance dos equipamentos.
“O regime hidrológico [de chuvas] em 2016 foi muito favorável para o nosso reservatório de Itaipu, no Rio Paraná, onde recebemos água com tranquilidade. Outro fator importante é a qualificação, o conhecimento e a organização das nossas áreas de operação e engenharia que têm otimizado a produtividade”, afirmou o diretor técnico executivo, Airton Dipp.
Itaipu e Três Gargantas
Segundo as projeções de Itaipu, este ano Três Gargantas, que fechou novembro com a geração em torno de 83 milhões de MWh, deve ter uma produção total de 90 milhões de MWh.
Com 22 mil megawatts (MW) de potência instalada, ante 14 mil MW de Itaipu, a usina chinesa começou a operar a plena carga em 2012. No entanto, embora com capacidade instalada de equipamentos superior, Três Gargantas só conseguiu produzir mais do que Itaipu em 2014, quando o Brasil enfrentava uma grande seca e a geração hídrica foi prejudicada.
Histórico
Desde a entrada em operação, em maio de 1984, Itaipu já gerou 2,4 bilhões de MWh, o que representa a maior produção de energia acumulada do mundo. Essa energia seria suficiente para suprir o consumo de todo o planeta por 40 dias.
Itaipu responde por 18% de toda a energia elétrica consumida no Brasil e atende a 82% do consumo paraguaio de eletricidade. A usina gera 2,7 mil empregos diretos: 1,4 mil no Paraguai e 1,3 mil no Brasil. Para construí-la, foram necessários U$$ 27 bilhões, captados em órgãos nacionais e internacionais, incluindo as rolagens financeiras. Atualmente, a dívida é US$ 10 bilhões. Cerca de 60% dos custos anuais tem como destino o pagamento dessa dívida. O pagamento total da dívida ocorrerá no primeiro trimestre de 2023.
A construção da usina é resultado de intensas negociações entre o Brasil e o Paraguai, iniciadas ainda na década de 1960. Em 26 de abril de 1973, foi assinado o Tratado de Itaipu, instrumento legal para o aproveitamento do potencial hidráulico do Rio Paraná. Em maio de 1974, foi criada a empresa Itaipu Binacional, para construir e gerenciar a usina.
Complexo de favelas no Rio ganha espaço de coworking para empreendedores
Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil
O Complexo de favelas do Alemão, na zona norte do Rio, ganha a partir de hoje (17) um espaço de trabalho colaborativo de serviços de comunicação voltados especificamente para empreendedores comunitários. Criada por um grupo de amigos, moradores de favelas de diferentes partes da cidade, a incubadora batizada de Casa Brota também promete ser ponto de encontro para troca de ideias e projetos relacionados à inovação, tecnologia, ao entretenimento e engajamento.
Um dos idealizadores do projeto, o ator e comediante Marcelo Magano explicou que a solidariedade e os trabalhos colaborativos sempre existiram nas comunidades pelo Brasil afora e que o novo espaço busca justamente fortalecer e divulgar esse espírito comunitário, criativo e resiliente da população de favela de ganhar a vida. “A ideia é desenvolver trabalhos de publicidade e projetos de negócios dentro do Complexo do Alemão e também nossos próprios trabalhos, além de criar parcerias”, afirmou. “Aqui na favela há muita gente inovadora e queremos tornar os produtos e serviços feitos aqui referência de qualidade. No longo prazo, o caminho é que esses empreendedores sejam referência para outras empresas de fora e até internacionalmente, pela inovação e criação de novas linguagens”.
Dados do Instituto Data Favela de 2015 mostram que quatro em cada dez moradores das favelas do país querem empreender e 55% pretendem abrir negócio próprio nos próximos três anos. Desses, 63% planejam empreender dentro da própria favela. O volume de pessoas com intenção de abrir negócio nas favelas é quase o dobro do que na população em geral (23%). Cerca de 56% dos candidatos a empreendedores pertencem à classe C.
“Muitos projetos criativos produzidos dentro das favelas não estão inseridos e legitimados no circuito de inovação da cidade, já que muitos desses circuitos não veem as demandas populares como fontes legítimas dentro do processo de criação”, disse Thamyra Thâmara, que também é a fundadora do projeto GatoMídia, que há três anos estimula a convivência e o aprendizado em mídia e tecnologia para jovens de espaços populares. “Nós acreditamos que a favela pode apontar caminhos para a construção de uma cidade inteligente, sustentável e conectada”.
Além do GatoMídia, já ocupam o espaço projetos como Boca de Favela, AmareVê, Magano e Sonata e Favelê, iniciativa que mobiliza e influencia jovens das favelas cariocas a praticar ou consolidar o hábito de leitura
A inauguração oficial começa às 16h, com debate sobre inovação, tecnologia. rede e criatividade com Vitor Coffe (Kilombu), Sil Bahia, integrante da Olabi, empresa social focada em criatividade e tecnologia , Marcelo Ramos, criador do Bistrô R&R, de cervejas artesanais do Complexo do Alemão, Alline Cipriano, criadora da marca IBEJI, de produtos de limpeza biodegradáveis, naturais e artesanais, entre outros empreendedores.
O endereço da Casa Brota é Rua Ari Barroso – 17, Complexo do Alemão (central), zona norte, próxima ao Teleférico da Grota.
Moradores aguardam o reinício das operações de retirada da área que estava sob controle de rebeldes: http://glo.bo/2hvo1PO
Retirada de civis do leste de Alepo pode ser retomada após novo acordo
G1.GLOBO.COM
Lindbergh Farias foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Rio por ter permitido o uso promocional de sua imagem quando era prefeito de Nova Iguaçu e se candidatava à reeleição: http://glo.bo/2i1oOoX
Justiça do RJ suspende direitos políticos do senador Lindbergh Farias por quatro anos
G1.GLOBO.COM
Procuradores da Lava-Jato terminaram de ouvir todos os executivos e ex-executivos da Odebrecht que assinaram acordo de delação premiada:http://glo.bo/2hH1oso #GloboNews
Delações da Odebrecht serão encaminhadas ao STF na segunda-feira (19)
G1.GLOBO.COM
Pontífice argentino também falou sobre a importância do senso de humor para a vida: http://glo.bo/2hTPLin #GloboNews
Papa Francisco completa 80 anos e faz elogio a velhice
G1.GLOBO.COM
Henry Heimlich ficou famoso após ter inventado manobra que permite salvar pessoas quando estão engasgando: http://glo.bo/2hGzKf0#GloboNews
Morreu cirurgião que inventou a "manobra Heimlich"
G1.GLOBO.COM
O ex-presidente virou réu na Justiça pela quarta vez. Lula, o filho dele e mais dois empresários são acusados de tráfico de influência:http://glo.bo/2i0V1g4
Justiça Federal no DF abre ação penal contra Lula e o filho na Operação Zelotes
G1.GLOBO.COM
Familiares e amigos se reuniram para a cerimônia neste sábado (17), no Caju: http://glo.bo/2hGI6AL #GloboNews
Corpo de jornalista Villas-Bôas Corrêa é cremado no Rio de Janeiro
G1.GLOBO.COM
Papa vai a Portugal visitar santuário de Fátima
Da Agência Ansa
Papa Francisco visitará Portugal e o santuário de FátimaAgência Lusa/EPA/Giuseppe Lami/Direitos Reservados
O Vaticano confirmou hoje (17) que o papa Francisco viajará para a cidade de Fátima, em Portugal, nos dias 12 e 13 de maio de 2017. A visita se dará no cenário em que teria acontecido a aparição da Virgem Maria.
"Na ocasião do centenário da aparição da Beata Virgem Maria na Cova da Iria, e acolhendo o convite do presidente da República e dos bispos portugueses, Sua Santidade Papa Francisco fará uma peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima entre 12 e 13 de maio de 2017", informou o Vaticano, em nota.
Essa será a primeira viagem do papa a Portugal.
Goleiro Jackson Follmann é transferido para Chapecó
Flávia Albuquerque - Repórter da Agência Brasil
O goleiro da Chapecoense, Jackson Follmann, um dos seis sobreviventes do acidente aéreo ocorrido no dia 29 de novembro na Colômbia, foi transferido do Hospital Israelita Albert Einstein para o Hospital Unimed em Chapecó, Santa Catarina. De acordo com o boletim médico divulgado hoje (17) pelo hospital, a saída do goleiro ocorreu às 9h40.
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“A transferência só foi possível por se tratar de um processo de “hospital para hospital”, que resguarda a segurança do paciente. Até que o paciente esteja apto para ir de alta para sua casa, haverá o contato diário das equipes do Einstein, lideradas pelo Dr. Jorge Roberto Pagura, com as equipes da Unimed Chapecó, a cargo do Dr. Marcos Sonagli”, diz o boletim médico.
Follmann foi removido em um helicóptero da Uniair/Unimed, acompanhado do Dr. Marcos Sonagli, até o Aeroporto de Congonhas, de onde partiu em avião equipado para o traslado de pacientes com destino à cidade de Chapecó. Segundo o Albert Einstein, ele deixou o hospital utilizando um colar cervical rígido, sem sonda vesical e mantendo os curativos na perna esquerda e no coto de amputação da perna direita.
Follmann estava internado no Albert Einstein desde terça-feira (13), quando foi submetido à correção cirúrgica de uma fratura, com fixação da segunda vértebra cervical. Os últimos exames feitos ontem (16) no goleiro demostraram ausência de infecção ativa. A tomografia computadorizada da coluna cervical mostrou o bom posicionamento da fixação da vértebra C2, além de alterações consideradas normais no pós-operatório.
O goleiro da Chapecoense, Jackson Follmann, é um dos seis sobreviventes do acidente em que morreram 71 pessoas, entre atletas, membros do clube, tripulantes e jornalistas. Entre os seis sobreviventes, quatro são brasileiros e dois bolivianos.
Feminicídio: menos da metade dos casos investigados virou processo na Justiça
Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil
O feminicídio foi tipicado como crime hediondo em março de 2015 -Elza Fiúza/Agência Brasil
Desde que foi tipificado como crime hediondo em março de 2015, até 30 de novembro de 2016, o feminicídio teve 3.213 inquéritos de investigação registrados no país. Desse total, 1.540 tiveram a denúncia oferecida à Justiça (47,93%), 192 foram arquivados, 86 foram desclassificados como feminicídio e 1.395 estão com a investigação em curso.
Os dados foram divulgados na reunião deste mês do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que ocorreu no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). O tema voltou a ser debatido esta semana no Senado, durante o seminário Mulheres no Poder: Diálogos sobre Empoderamento Político, Econômico e Social e Enfrentamento à Violência.
Dados da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), do CNMP, de 2013 mostram que as denúncias de homicídios em geral no país ficam muito abaixo desse percentual. Dos 136,8 mil inquéritos abertos até 2007, em 2012 apenas 10.168 viraram denúncias, o que corresponde a 7,32%. Outros 39.794 foram arquivados.
A coordenadora do Grupo Especial de Combate a Homicídios de Mulheres (Gecohm), promotora de Justiça Lúcia Iloizio, explica que o objetivo da reunião foi discutir a meta do Ministério Público de combate ao feminicídio, instituída quando a tipificação do crime foi criada. O objetivo é oferecer a denúncia de todos os inquéritos à Justiça, para reduzir o número desse tipo de crime, meta da Enasp para 2016.
“A meta [de combate] do feminicídio previa concluir o oferecimento de denúncias pelo Ministério Público dos inquéritos policiais que apurassem a conduta, lembrando que a Lei do Feminicídio entrou em vigor no dia 10 de março de 2015. Então, a meta era, no primeiro ano de vigência da lei, concluir o máximo possível de inquéritos”.
Até o momento, 47,93% dos casos viraram processos na Justiça. De acordo com a promotora, para 2017 a meta de 100% continua a ser perseguida, já que muitos inquéritos ainda estão em andamento. “Pode acontecer de não ter uma linha de investigação definida, podem faltar os elementos ou provas para oferecer a denúncias e o laudo demorar a chegar. A gente só pode oferecer a denúncia se houver elementos suficientes para isso. Muitos casos ainda podem ter oferecida a denúncia, não foram arquivados. Vamos perseguir essa meta para zerar as investigações”.
Lúcia Iloizio acrescenta que outro objetivo é dar visibilidade ao problema do feminicídio no país e gerar dados estatísticos sobre a violência doméstica e as mortes de mulheres. “É efetivamente em situações de violência doméstica? É em situação de menosprezo? Qual é esse índice, qual esse percentual, qual esse montante? Ela chama a atenção para a questão da violência contra a mulher. O feminicídio é uma das formas extremamente graves da violência doméstica e familiar”.
O feminicídio é o assassinato da mulher pelo fato de ela ser mulher. É caracterizado quanto houver uma das situações de violência doméstica previstas na Lei Maria da Penha ou se for em decorrência de menosprezo à condição da mulher.
Diagnóstico
Dados divulgados em outubro pela Enasp mostram que, na ocasião, eram 3.673 casos registrados em todo o país. Minas Gerais aparece com o maior número, 576, seguido de Rio de Janeiro, com 553, e da Bahia, com 395. Na outra ponta, o Rio Grande do Norte registrou 12 casos de feminicídio desde que a lei foi criada, Roraima, 16, e o Maranhão e Sergipe tiveram 20 casos cada. Alagoas e o Piauí não haviam enviado dados para o balanço.
Uma das coordenadoras da iniciativa Dossiê Feminicídio, Marisa Sanematsu considera positivo o engajamento do Ministério Público na questão e destaca que o órgão é um dos parceiros da campanha Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha. Mas, para ela, é preciso avançar muito a partir do diagnóstico apresentado.
“Acho importante, porque nós precisamos de dados. Mas a meta é muito mais do que contar número de inquéritos. A meta de redução quer dizer que o Ministério Público está comprometido em apurar os crimes de homicídio, acompanhar as investigações, olhar os assassinatos para ver se são feminicídios, o que quer dizer ter visão de gênero para fazer o trabalho. A meta é implementar estratégias para que de fato se investigue e puna os culpados”.
O Mapa da Violência 2015 – Homicídio de Mulheres no Brasil, lançado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) Brasil, mostra que entre 1980 e 2013 o homicídio de mulheres cresceu, passando de 1.353 em 1980 para 4.762 em 2013, com aumento de 252%. Em 1980, a taxa era de 2,3 vítimas por 100 mil mulheres e passou para 4,8 em 2013, um aumento de 111,1%.
Antes da Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, o crescimento da taxa de assassinato de mulheres foi de 2,5% ao ano. Depois da lei, caiu para 1,7% ao ano. O levantamento revela que o Brasil está em quinto lugar no ranking de países que mais matam mulheres, atrás apenas de El Salvador, da Colômbia, Guatemala e Rússia.
Marisa, que é diretora de conteúdo do Instituto Patrícia Galvão, instituição que trabalha com informação e direitos das mulheres, ressalta que boa parte desses assassinatos de mulheres ocorre dentro de casa (27,1%) e é cometida por pessoa conhecida da vítima, o que indica o problema da violência doméstica como fator importante no desfecho trágico. Para ela, é importante que sejam feitas campanhas de esclarecimento sobre o tema e de capacitação dos investigadores para lidar com a questão. A diretora lembra que nem todo assassinato de mulher é caracterizado como feminicídio.
“A gente precisa ver que em todo o processo, desde a investigação até o julgamento, é preciso ter uma visão de gênero. Tentar identificar o que o fato de a vítima ser mulher alterou no sentido dos acontecimentos. No feminicídio íntimo, que ocorre dentro de casa, não é apenas olhar para uma cena de crime e falar que matou por ciúmes. Ninguém está olhando o contexto de violência que precedeu aquele desfecho. Se os investigadores começarem a olhar para as denúncias de violência doméstica com mais atenção, com mais sensibilidade, podemos conseguir evitar muitas mortes, muitos desfechos trágicos”.
De acordo com ela, o coordenador da Enasp, conselheiro Valter Schuenquener, informou no seminário em Brasília que o Cadastro Nacional do CMNP deve ser lançado em março, para fazer o registro dos casos de violência doméstica por estado.
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