por Jurandir Soares
Capital da Tailândia mescla religiosidade com restaurantes sofisticados e bazares para compras
Bangkok foi a segunda etapa de minha viagem, que começou por Dubai e terminou no Cairo. Fosse pela primeira impressão teria detestado a Tailândia. Na chegada ao aeroporto uma burocracia enorme. Tens que chegar com um visto de entrada, que deve ser providenciado três dias antes, assim como certificado de vacina da febre amarela. Enormes filas e poucos postos de atendimento da Polícia Federal, somados à má educação dos atendentes. Depois de muito tempo na fila chegamos ao atendimento e à informação que deveríamos voltar ao ponto de entrada para carimbar o certificado da vacina. Felizmente, com o taxista a recepção já foi melhor e alcançou alto nível de educação no hotel e em todo os demais locais por onde passamos, como templos, lojas, bares e restaurantes.
Assim, cabe dizer que Bangkok, a capital da Tailândia, é uma metrópole que pulsa entre o sagrado e o frenético. À primeira vista, impressiona pela intensidade: motos ziguezagueando, aromas de especiarias no ar e uma multidão que parece nunca diminuir. Mas basta cruzar uma esquina para encontrar templos centenários, monges caminhando em silêncio e rituais que preservam a essência espiritual do país. A tradição cultural tailandesa está profundamente enraizada no cotidiano de Bangkok — dos gestos de saudação, o wai, ao respeito quase reverencial às imagens de Buda que adornam casas, lojas e embarcações.
A religiosidade se destaca como um traço dominante. O Wat Pho, com seu monumental Buda Reclinado, e o Wat Arun, à beira do rio, revelam o esplendor arquitetônico do budismo theravada, predominante no país.
HISTÓRIA
No coração da capital está o Grande Palácio, antigo lar dos reis siameses e símbolo máximo do reino. Suas fachadas douradas, esculturas de guardiões mitológicos e mosaicos brilhantes desafiam a passagem do tempo. Ao lado, o Templo do Buda de Esmeralda, considerado o mais importante do país, guarda uma pequena imagem de jade altamente venerada.
Apesar do crescimento acelerado nas últimas décadas, muito da Bangkok antiga permanece preservado em bairros como Rattanakosin, onde as ruas ainda mantêm traços da urbanização do século XVIII.
ATRATIVOS
Entre as atrações mais procuradas por visitantes estão os passeios de barco pelo rio Chao Phraya, também chamado de Rio dos Reis. Imperdível um passeio noturno com jantar a bordo, com boa música e a vista dos prédios suntuosos e dos elementos sagrados que margeiam o rio. O contraste entre o sagrado e o urbano se mostra ainda mais evidente à noite, quando o Wat Arun brilha como um farol dourado sobre o rio.
Fora das águas, Bangkok também cativa pela gastronomia de rua, pelos mercados como o Chatuchak — um dos maiores do mundo — e pela vida noturna vibrante.
Para quem visita, uma comparação prática sempre aparece: o câmbio. O baht, moeda tailandesa, costuma ser mais valorizado que o real. Em média, um real vale menos de oito bahts, o que exige planejamento para quem pretende aproveitar passeios, refeições e compras. Ainda assim, Bangkok oferece opções para todos os bolsos, do luxo internacional a hospedagens e refeições acessíveis.
REGIÃO
A importância da Tailândia no contexto regional é indiscutível. Localizada no coração do Sudeste Asiático, o país se consolidou como um polo econômico, turístico e diplomático. Bangkok, sede de inúmeras organizações internacionais e centro logístico estratégico, funciona como porta de entrada para a região, recebendo milhões de visitantes por ano. Só para se ter uma ideia, a Tailândia recebeu em 2024 35,6 milhões de turistas, enquanto que o Brasil chegou ao recorde de 8 milhões. A estabilidade política relativa, aliada à tradição comercial, faz da Tailândia um elo entre grandes economias asiáticas e países vizinhos. Em termos políticos, trata-se de uma monarquia parlamentar, onde o rei é o chefe de Estado e o primeiro-ministro é o chefe de Governo.
Culturalmente, Bangkok influencia e é influenciada por países como Laos, Camboja e Mianmar, com os quais compartilha raízes budistas e expressões artísticas semelhantes. Ao mesmo tempo, absorve tendências globais sem perder a identidade própria. A força da capital tailandesa está justamente nessa habilidade de equilibrar o antigo e o novo, o espiritual e o material, o regional e o cosmopolita. Bangkok, portanto, permanece como uma das cidades mais fascinantes da Ásia: vibrante, densa, espiritualizada e sempre pronta para surpreender quem se dispõe a explorá-la.
Correio do Povo
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