Ucrânia não cederá seu território, diz Zelensky após anúncio de reunião Trump-Putin

 Washington e Moscou acordaram uma reunião entre seus líderes para encerrar a guerra de mais de três anos

Ao anunciar a cúpula na sexta-feira, Trump afirmou que 'haverá alguma troca de territórios para o benefício de ambos', referindo-se à Ucrânia e à Rússia, sem dar mais detalhes | Foto: HANDOUT, SARAH MEYSSONNIER, ILYA PITALEV / UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE / POOL / SPUTNIK / AFP


Ucrânia não cederá seu território à Rússia, advertiu o presidente Volodimir Zelensky neste sábado, 9, horas após Washington e Moscou acordarem uma reunião entre seus líderes para encerrar a guerra de mais de três anos.

O presidente americano, Donald Trump, e seu homólogo russo, Vladimir Putin, se reunirão no Alasca, perto da Rússia, em 15 de agosto, apesar das advertências da Ucrânia e da Europa de que Kiev deve participar das negociações.

Ao anunciar a cúpula na sexta-feira, Trump afirmou que 'haverá alguma troca de territórios para o benefício de ambos', referindo-se à Ucrânia e à Rússia, sem dar mais detalhes.

'Os ucranianos não entregarão sua terras ao ocupante', declarou Zelensky nas redes sociais. 'Não podem tomar decisões contra nós, não podem tomar decisões sem a Ucrânia. Seria uma decisão contra a paz. Não conseguirão nada', advertiu. A guerra 'não pode terminar sem nós, sem a Ucrânia', acrescentou. Zelensky também instou seus aliados a tomarem 'medidas claras' rumo a uma paz sustentável, durante uma ligação ao primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.

'Não sem os ucranianos'

O presidente ucraniano também afirmou ter conversado com seu homólogo francês, Emmanuel Macron, com quem trocou 'pontos de vista sobre a situação diplomática'. Após esta conversa, Macron afirmou na rede social X que 'o futuro da Ucrânia não pode ser decidido sem os ucranianos'.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse que teve uma conversa com Zelensky na qual expressou seu 'total apoio' e defendeu 'uma paz justa e duradoura que respeite a independência e a soberania da Ucrânia'.Os assessores de segurança nacional dos aliados de Kiev, incluindo Estados Unidos, países da UE e Reino Unido, se reúnem neste sábado para alinhar seus pontos de vista antes da cúpula entre Putin e Trump.

As três rodadas de negociações entre a Rússia e a Ucrânia realizadas neste ano não alcançaram resultados, e segue incerto se uma cúpula contribuirá para aproximar a paz. A invasão russa da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, deixou dezenas de milhares de mortos, milhões de deslocados e muita destruição. Putin resistiu aos múltiplos apelos dos Estados Unidos, Europa e Ucrânia para que seja declarado um cessar-fogo. Zelensky pressiona para que a cúpula seja trilateral, e insiste em que a única forma de avançar para a paz é se reunir com Putin, que descartou esta conversa neste momento.

Longe da guerra

A cúpula no Alasca, território que a Rússia vendeu aos Estados Unidos em 1867, seria a primeira entre os presidentes em exercício dos Estados Unidos e da Rússia desde que Joe Biden se reuniu com Putin em Genebra, em junho de 2021.

O Alasca está 'muito longe desta guerra, que é travada em nossa terra, contra nosso povo', declarou Zelensky sobre o local da reunião. Trump e Putin se reuniram pela última vez em 2019 em uma cúpula do G20 Japão, durante o primeiro mandato do americano, embora os dois tenham se falado pelo telefone em várias ocasiões desde janeiro.

Avanço russo

Após mais de três anos de combates, as posições ucranianas e russas continuam sendo irreconciliáveis.

No terreno, os confrontos e ataques mortais continuam, com lançamentos mútuos de drones durante a noite, e o Exército russo continua avançando no leste contra um adversário menos numeroso e pior equipado.As forças russas ameaçam importantes posições ucranianas no Donbass, entre elas a cidade de Pokrovsk, uma peça-chave para a logística das tropas de Kiev.

Na região de Donetsk, quatro pessoas morreram neste sábado após bombardeios russos e outras duas na região de Kherson, no sul, informaram as respectivas autoridades. Esses ataques deixaram cerca de vinte feridos.

Para acabar com a guerra, Moscou exige que a Ucrânia ceda quatro oblasts (regiões administrativas) parcialmente ocupados (Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson), além da Crimeia, anexada em 2014, e que renuncie ao recebimento de armas ocidentais e aderir à Otan.

Essas exigências são inaceitáveis para Kiev, que pede a retirada das tropas russas de seu território e garantias de segurança ocidentais. Isso incluiria mais suprimento de armas e o envio de um contingente europeu, o que a Rússia se opõe.

AFP e Correio do Povo

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